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3. Apresentação dos Resultados

3.2. Estratégia e especificidades presentes nos cartazes contrapropagandísticos

Os resultados da análise de conteúdo aos cartazes evidenciam o número de cartazes contrapropagandísticos distribuídos durante os momentos eleitorais analisados (ver apêndices ver apêndices WW, XX, YY, ZZ e AAA). No caso das legislativas, esse número não sofre aumentos ou descidas contínuos que marquem uma tendência. Pelo contrário, observam-se diacronicamente oscilações no número de cartazes contrapropagandísticos usados. Existem momentos em que a contrapropaganda é mais e menos utilizada – é mais utilizada em 2015 (25 cartazes) e menos utilizada em 2005 (3 cartazes) – (ver figura 5). É possível apurar, com base nos picos, o uso crescente da contrapropaganda: 4, 14 e 25 cartazes contrapropagandísticos (ver figura 5).

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Figura 5. Número de cartazes contrapropagandísticos em cada legislativa

Fonte: Elaboração própria, baseada na análise de conteúdo.

A contrapropaganda em contexto de eleições presidenciais é praticamente nula – só em 2001 e 2006 são encontrados exemplos (ver apêndices BBB, CCC, DDD e EEE).

Nas legislativas de 2002, identificam-se quatro cartazes contrapropagandísticos. Estes apresentam elementos icónicos e textuais, fazendo uso da cor. Na sua maioria, a fotografia presente destaca um protagonista: uma figura não política. O enquadramento do cartaz é baixo e o ângulo dos elementos icónicos é normal.

Em 2005, registam-se três cartazes contrapropagandísticos, que se compõem por elementos icónicos, dispostos na lateral e utilizam a cor. Os protagonistas destacados retratam figuras políticas adversárias. O enquadramento dos cartazes é baixo e o ângulo das fotografias é normal.

Em 2009, o padrão do cartaz contrapropagandístico muda: apenas cinco dos catorze cartazes contrapropagandísticos integram o elemento icónico. A maioria não apresenta protagonistas ou atores humanos, ao contrário do texto e da cor, elementos comuns a todos os cartazes. O enquadramento tende a ser baixo e o ângulo normal.

Nas legislativas de 2011, o elemento icónico consta em apenas dois dos seis cartazes contrapropagandístico. O texto e a cor continuam a fazer parte da conceção do cartaz, mas, pela primeira vez, o enquadramento mais utilizado é o alto. O protagonista é, na maioria, uma figura política adversária.

As legislativas de 2015 são marcadas pelo emprego da fotografia e do elemento textual e pelo protagonista ser uma figura política adversária na maioria dos 25 cartazes analisados. A aplicação da cor é comum à maioria dos cartazes assim como a adoção do enquadramento alto e do ângulo normal. O elemento textual é, na maior parte dos cartazes, de grandes dimensões. (ver figura 6).

2002 2005 2009 2011 2015

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Figura 6. Significantes textuais, icónicos e plásticos presentes nos cartazes contrapropagandísticos das legislativas – características comuns

Fonte: Elaboração própria, baseada na análise de conteúdo.

No caso das presidenciais, o elemento textual está presente em ambos. De resto, são encontradas mais dissemelhanças que similitudes: apenas um tem protagonista, o de 2001 tem enquadramento alto e o de 2006 tem enquadramento baixo, e a paleta de cores é diferente – um a cores e outro a preto e branco (ver figura 7).

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Figura 7. Significantes textuais, icónicos e plásticos presentes nos cartazes contrapropagandísticos das presidenciais – características comuns

Fonte: Elaboração própria, baseada na análise de conteúdo.

Parte da informação acima apresentada está sintetizada na tabela seguinte:

Tabela 9. Localização e dimensão dos elementos icónicos e textuais nos cartazes analisados

Fonte: Elaboração própria, baseada na análise de conteúdo.

De forma a sintetizar a informação provinda da análise semiológica, construímos tabelas com as características mais presentes nos cartazes contrapropagandísticos de cada momento eleitoral.

46 Legislativas 2002

Dos quatro cartazes analisados (ver tabela 10), três estão divididos horizontalmente, distinguindo uma parte superior e inferior. Existe, na maioria, destacado um protagonista: uma personagem não política, que funciona como testemunho da ideia que o cartaz quer transmitir. O logótipo do partido encontra-se no canto inferior esquerdo, juntamente com o slogan. As cores mais utilizadas são o vermelho, o verde (ambas cores da bandeira portuguesa) e o cor-de- laranja (cor oficial do partido).

Tabela 10. Resultados gerais da análise semiológica - legislativas 2002

Fonte: Elaboração própria, baseada na análise semiológica.

Legislativas 2005

A cor é transversal aos cartazes deste momento eleitoral (ver tabela 11). Em dois deles, surge a opção de a conjugar com o preto e branco. Esse dualismo cromático com o preto e o branco é, muitas vezes, associado à perda e ao fascismo (Santos, 2013). A utilização de uma figura política adversária como protagonista é outra das similitudes, destacando-se o rival em detrimento do próprio emissor.

Tabela 11. Resultados gerais da análise semiológica - legislativas 2005.

47 Legislativas 2009

Neste momento eleitoral (ver tabela 12), o azul é a cor mais utilizada, estando associado à verdade (Lexikon, 1990) e ao conservadorismo (Santos, 2013). Na maioria dos cartazes, não existe protagonista ou elemento icónico, exceto o logótipo, presente no canto inferior direito. A relativa ausência do elemento icónico conduz à falta de transferência icónica, que não é aplicada à generalidade dos cartazes das legislativas de 2009. O enquadramento baixo é o mais utilizado. O motivo tende a prender-se com o excesso de tempo governativo do adversário.

Tabela 12. Resultados gerais da análise semiológica - legislativas 2009

Fonte: Elaboração própria, baseada na análise semiológica.

Legislativas 2011

O elemento icónico está presente em três dos cartazes, mas em nenhum deles são encontrados protagonistas (ver tabela 13). O azul, a cor mais utilizada, é a cor da verdade (Lexikon, 1990) e está associada ao conservadorismo (Santos, 2013). O branco, também uma cor central no cartaz, é “maioritariamente usado em texto” (Santos, 2013, p. 80), conferindo destaque sobre o tom escuro de fundo e transporta os espetadores para a ideia de pureza, paz e limpeza (Significados, 2017). O amarelo é uma cor utilizada para centrar a atenção do espetador e, normalmente, sinaliza uma apreensão (Evonline, 2017). O excesso de tempo governativo e a entrada do FMI são os motivos mais usados.

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Tabela 13. Resultados gerais da análise semiológica - legislativas 2011.

Fonte: Elaboração própria, baseada na análise semiológica.

Legislativas 2015

As cores mais utilizadas são o verde e o preto e branco (ver tabela 14). Simbolicamente, o verde está associado à paz, à liberdade e à esperança (Santos, 2013). O preto e branco conota a ideia de solidão, depressão e perda (Significados, 2017). A maioria dos cartazes tem protagonista, sendo este uma figura política de um partido adversário. O enquadramento alto e o ângulo normal são outras similitudes. A entrada do FMI e o excesso de tempo governativos voltam a fazer parte da transferência do motivo.

Tabela 14. Resultados gerais da análise semiológica - legislativas 2015.

Fonte: Elaboração própria, baseada na análise semiológica.

Presidenciais

Em 2001, o cartaz apenas apresenta um apontamento em cor-de-laranja, deixando o restante a preto e branco. Apesar de se verificar o elemento icónico, não existe qualquer referência a um protagonista. A letra está em caixa baixa, maioritariamente, e a preto, destacando-se do fundo branco. Para a análise detalhada, ver o apêndice LLL.

Pelo contrário, em 2006, o cartaz só aplica a cor. Não apresenta elemento icónico, mas sugere um protagonista: uma figura política de um espectro adversário. As cores mais utilizadas são o vermelho, o azul e o branco. O cartaz está dividido horizontalmente e o enquadramento é baixo. Para a análise detalhada, ver o apêndice MMM.

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