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3. Apresentação dos Resultados

3.3. Receção à contrapropaganda presente nos cartazes políticos

Avaliação aos cartazes contrapropagandísticos

Os participantes do focus group rejeitam a contrapropaganda, entendendo-a, na sua maioria, como negativa, fazendo a ressalva de que se trata de uma ferramenta mais eficaz que a tradicional propaganda. No entanto, reconhecem que a contrapropaganda possa ser geradora de desconfiança, descredibiliza a campanha política e a ação dos partidos, sendo apenas útil quando responsabiliza e intenta a prestação de contas (ver figura 8). Para consultar o focus

group na sua integralidade, ver os apêndices H, I e J.

Figura 8. Síntese das respostas do focus group

Fonte: Elaboração própria, baseada nos resultados do focus group.

A maioria dos inquiridos (66,3%) presta atenção aos cartazes políticos, sendo que, pelo contrário, estes passam despercebidos a 33,8% dos eleitores (ver apêndice P).

Quanto à importância dos cartazes políticos, a categoria de resposta “Pouco importante” é escolhida por mais de um quarto (36%). A categoria de resposta “Nada importante” é marginalizada e 64% da amostra reconhece o contributo destes instrumentos para os resultados eleitorais (ver figura 9).

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Figura 9. Importância dos cartazes políticos.

Fonte: Elaboração própria, baseada nos resultados do inquérito.

A maioria dos inquiridos (79,5%) diz já ter reparado nos cartazes com características contrapropagandísticos, em contraste com os restantes 20,5%. Sobre a regularidade com que esses veículos são visualizados, a categoria de resposta mais expressiva é a “Algumas vezes” (35,8%), seguida da “Muitas vezes” (31,3%) e da “Poucas vezes” (12,5%) (ver tabela 15).

Tabela 15. Regularidade na visualização de cartazes contrapropagandísticos.

Fonte: Elaboração própria, baseada nos resultados do inquérito.

Ao todo, 66% dos inquiridos rejeitam a contrapropaganda. Pelo contrário, 34% revelam preferi-la, em detrimento da propaganda (ver apêndice W).

“São mais engraçados” e “são mais criativos” são as respostas mais escolhidas para justificar a preferência pelos cartazes contrapropagandísticos (26%). Em seguida, “são mais honestos (24%) e “são mais convincentes” (21%) (ver figura 10).

De forma a justificar a rejeição face aos cartazes contrapropagandísticos, 41% dos inquiridos escolhem a opção “não dizem nada sobre o partido que o promove” (ver figura 11). Além disso, apontam, com maior representatividade, para as opções “geram conflito” (26%) e “procuram o ataque” (21%).

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Figura 10. Motivo da preferência. Total: 136 Figura 11. Motivo da rejeição. Total: 264

Fonte: Elaboração própria, baseada nos resultados do inquérito.

Sobre o objetivo que aciona a contrapropaganda, “chamar a atenção” é a opção mais escolhida (41%), acima de “humilhar” (29%) e de “responsabilizar o visado” (28%). Os inquiridos que penderam para a opção “outro” (2%) afirmam que todas as escolhas anteriores trabalham em conjunto (ver figura 12).

Figura 12. Objetivos dos cartazes contrapropagandísticos

Fonte: Elaboração própria, baseada nos resultados do inquérito.

Os resultados do inquérito também permitem verificar que o cartaz contrapropagandístico é o que costuma chamar mais a atenção dos inquiridos, em detrimento do cartaz propagandísticos (ver figura 13).

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Figura 13. Cartazes que chamam mais a atenção dos inquiridos

Fonte: Elaboração própria, baseada nos resultados do inquérito.

Os dados acima registados (ver figura 13) são explicados, na sua maioria, tendo em conta a criatividade do cartaz (22%). A honestidade e o convencimento (com 16,8% cada), o ataque (15%) e o conflito (13,8%) são os motivos mais expressivos (ver tabela 16).

Tabela 16. Motivo da maior atenção dada ao cartaz contrapropagandístico ou propagandístico.

53 Sobre o cartaz contrapropagandístico mais convincente, o cartaz “D”, distribuído nas legislativas de 2015 pelo PS, colhe 40,3% das preferências, seguido do cartaz “B” (16,5%), “A” (16,3%), “C” (14,5%) e “E” (12,5%), o último utilizada em presidenciais (ver tabela 17).

Tabela 17. Cartaz contrapropagandístico mais convincente

Fonte: Elaboração própria, baseada nos resultados do inquérito.

A justificar a preferência do cartaz, realçam-se os motivos: “pela questão que levante” (28%), “por mostrar a verdade” (20%), “pelo uso do nome ou da imagem do adversário” (17%) e “pelos números que são apresentados” (15%) (ver figura 14).

Figura 14. Motivo da preferência pelo cartaz contrapropagandístico

Fonte: Elaboração própria, baseada nos resultados do inquérito.

Quanto à importância da contrapropaganda, a opção “Importante” é a mais registada (46%), seguida da “Muito importante” (28%). A opção com menor expressividade é a “Nada importante”, que reúne 3,3% do total (ver figura 15).

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Figura 15. Importância da contrapropaganda

Fonte: Elaboração própria, baseada nos resultados do inquérito.

A “colocação da propaganda do adversário em contradição com os factos” (29,8%) é a resposta mais expressiva no que toca ao elemento mais eficaz de um cartaz contrapropagandístico, seguindo-se do “ataque aos pontos fracos” (12%) e do “ataque e desconsideração do adversário” (11,3%). As opções de resposta com a menor expressividade são o “silêncio” e “a referência ao nome ou slogan do adversário” (cada uma com 2,3%).

Tabela 18. Elemento mais eficaz num cartaz contrapropagandístico

Fonte: Elaboração própria, baseada nos resultados do inquérito.

O representante do PAN advoga que a contrapropaganda gera o “tribalismo exacerbado”, sendo prejudicial para que o trabalho em conjunto entre todos os espectros políticos (Guerreiro, 2017). Já Fernando Moreira de Sá, representante do PSD, diz que existe a

55 possibilidade de a contrapropaganda ser mais eficaz que a propaganda, ressalvando que esse fenómeno se deve, muitas vezes, ao desinteresse comum pela política (Moreira de Sá, 2017). Pelo contrário, João Almeida, deputado do CDS-PP, indica que a propaganda é mais eficaz que a contrapropaganda, e que a utilização desta última pode ser prejudicial para o partido, por concentrar-se na negatividade (Almeida, 2017). Do lado do BE, Ricardo Moreira refere a eficácia da contrapropaganda, ainda que apenas quando realizada da melhor forma (Moreira, 2017) (ver tabelas 7 e 8).

Relação entre as características sociodemográficas e de participação política dos residentes do concelho de Lisboa e a sua perceção ao cartaz e à contrapropaganda

Na análise estatística, atendeu-se à análise bivariada com cruzamentos entre variáveis independentes (características sociodemográficas e de participação política) e variáveis dependentes (perceção dos cartazes e da contrapropaganda) (ver apêndices HH e II).

77,8% dos inquiridos que dizem estar informados sobre política costumam prestar atenção aos cartazes políticos. Pelo contrário, 71,3% dos que não estão politicamente informados revelam não estar atentos (ver tabela 19). Também no sexo existem diferenças quanto à atenção prestada aos cartazes políticos. 53,6% dos que costumam prestar atenção aos cartazes são mulheres e 46,4% são homens (ver apêndice JJ). Os inquiridos inseridos nas faixas 25-34 e 35-44 estão entre os que prestam mais atenção aos cartazes políticos (ver apêndice KK).

Tabela 19. Consumo de informação política e atenção reservada aos cartazes políticos

56 Os respondentes lisboetas que votam sempre, ou quase sempre, e dizem estar informados e ter interesse na política tendem a rejeitar o cartaz contrapropagandístico, justificado por o cartaz não dizer nada sobre o partido que o promove (ver apêndices HH e II). O cartaz contrapropagandístico tende a ser também rejeitado por quem tem uma relação de militância partidária: 71,4% dos militantes rejeitam o cartaz contrapropagandístico e 28,6% preferem-no (ver tabela 20).

Tabela 20. Militância partidária e preferência pelo cartaz contrapropagandístico

Fonte: Elaboração própria, baseada nos resultados do inquérito

A maioria dos que preferem o cartaz contrapropagandístico respondeu votar quase sempre ou raramente, não ter interesse pela política e não estar informado sobre política (ver apêndices LL, MM e NN).

Fazendo um contraponto entre a rejeição e a preferência pelo cartaz contrapropagandístico, o sexo feminino prefere-o (98,5%), ao contrário do sexo masculino, que o rejeita (71,2%) (ver tabela 21). 100% dos que preferem o cartaz contrapropagandístico por ser mais engraçado são mulheres (ver apêndice OO), e 87,0% dos que o rejeitam, por gerar conflito, são homens (ver apêndice PP).

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Tabela 21. Sexo e a preferência ou não pelo cartaz contrapropagandístico

Fonte: Elaboração própria, baseada nos resultados do inquérito.

A faixa etária 55-64 é a que revela maior preferência pelo cartaz contrapropagandístico (27,9%) (ver tabela 22). Do lado da preferência estão também os inquiridos cujo nível de escolaridade é a licenciatura (26,9%) e o ensino básico (21,3%) (ver apêndice QQ). Dos que rejeitam o cartaz, 29,9% têm mestrado e dizem que o cartaz “não diz nada sobre o partido que o promove” (ver apêndice RR).

Tabela 22. Faixa etária e preferência pelo cartaz contrapropagandístico

Fonte: Elaboração própria, baseada nos resultados do inquérito.

48,3% dos que preferem o cartaz por ser mais convincente estão entre os 55 e os 64 anos, e 31,4% dos que preferem o cartaz por ser mais criativo estão entre os 18 e os 24 anos (ver tabela 23).

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Tabela 23. Faixa etária e motivo de preferência

Fonte: Elaboração própria, baseada nos resultados do inquérito.

36,7% dos que rejeitam o cartaz, por serem desonestos, pertencem à faixa etária 25-34 (ver apêndice SS). Quanto ao estado civil, os solteiros são quem costuma prestar mais atenção aos cartazes (38,9%), enquanto os casados ou em união de facto são os que costumam prestar menos atenção (47,4%) (ver apêndice TT). 55,2% dos que preferem o cartaz por ser mais convincente são casados ou em união de facto (ver apêndice UU). Dos que rejeitam o cartaz por ser desonesto, 50% são solteiros (ver apêndice VV).

3.4. Características comuns da contrapropaganda e dos cartazes

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