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1 AVALIAÇÕES EM LARGA ESCALA E O DESAFIO DA APROPRIAÇÃO DOS

1.2 Avaliação Externa no Amazonas e a implementação do SADEAM

1.2.4. Divulgação e estratégias de apropriação dos resultados do Sadeam

1.2.4.2 Estratégias de apropriação dos resultados do SADEAM na esfera interna da

dessa política, favorecendo a busca do crescimento da qualidade educacional. Para isso, é importante que, ao analisar os resultados, os gestores e professores compreendam os conceitos utilizados, como habilidades e competências, itens e testes cognitivos, análise de contexto, matriz de referência e escala de proficiência, entre outros.

1.2.4.2 Estratégias de apropriação dos resultados do SADEAM na esfera interna da SEDUC-AM

Um dos grandes desafios da avaliação em larga escala é justamente garantir que os indicadores gerados pelo sistema de avaliação em larga escala sejam

compreendidos pelos membros da comunidade educativa e, quando compreendidos, sejam utilizados de modo apropriado. No instante em que os resultados das avaliações externas não são apropriados pelos atores do processo de ensino e aprendizagem que estão na ponta da lida do cotidiano escolar, o fulcro principal dessa importante política acaba por prejudicar sua identidade na busca constante por uma educação pública de qualidade.

É grande o esforço do sistema educacional do estado e dos gestores educacionais para que os resultados pedagógicos das avaliações externas possam, cada vez mais, ser apropriados e utilizados como instrumento pedagógico que balize o trabalho de escolas e professores, a partir dos resultados do Sadeam.

A primeira esfera envolvida na apropriação dos resultados do Sadeam se dá no interior da Gerência de Avaliação e Desempenho (GAD) da Seduc-Am, que tem a responsabilidade de implementar as ações necessárias que envolvem o sistema de avaliação externa do Amazonas.

Em seguida, o DEPPE, através da Gerência de Ensino Fundamental e Gerência de Ensino Médio, realiza uma análise prévia dos resultados da proficiência e descritores da rede estadual para planejar as ações de divulgação junto aos assessores das coordenadorias distritais/regionais e gestores escolares. São realizadas várias reuniões envolvendo, inicialmente, os coordenadores adjuntos pedagógicos das coordenadorias distritais e regionais, tanto da capital quanto dos outros municípios, de modo que todos tomem ciência dos resultados e planejem as ações de divulgação e apropriação dos resultados da avaliação externa junto aos gestores escolares.

O próximo passo envolve as coordenadorias distritais/regionais e diretamente os gestores das escolas estaduais, quando são convocados para participar das reuniões por coordenadoria distrital com a presença dos técnicos de cada coordenadoria, que assumem a responsabilidade pela divulgação, interpretação e apropriação dos resultados da avaliação externa de cada escola estadual. Os gestores saem destas reuniões com o intuito de voltar às suas escolas com os dados de Proficiência Média de Língua Portuguesa e Matemática e percentual de acerto por descritores nas mesmas disciplinas e replicar estas informações, discutir, analisar, refletir sobre estes resultados junto à equipe pedagógica e aos professores de suas escolas. Importante esclarecer que, neste momento, ainda não são

disponibilizados esses dados através da Coleção de Revistas Pedagógicas, mas sim através de arquivos informatizados.

Na sequência de ações realizadas, chegamos ao interior das escolas estaduais que têm até o início do 2º bimestre letivo, após a Oficina de Apropriação de Resultados realizada pela GAD e Caed/UFJF, para que seus gestores socializem as informações referentes à Proficiência Média e ao percentual de acertos por descritor, recebidas da GAD, DEPPE, GENF, GEM e coordenadorias distritais/regionais com seus professores. As escolas deverão refletir sobre seus resultados e elaborar um Plano de Ação Pedagógico focado na melhoria da proficiência em Língua Portuguesa e Matemática e baseado na identificação dos descritores que tiveram menos acertos, sendo necessário o replanejamento pedagógico dos professores no sentido de retrabalhar estes descritores para garantir a aprendizagem dos alunos, sem deixar de lado os demais conteúdos curriculares que fazem parte da Proposta Pedagógica de cada escola. Este Plano de Ação Pedagógico é monitorado e acompanhado pelos técnicos das coordenadorias distritais/regionais, que fazem visitas periódicas as escolas com esse fim.

Paralelo a estas ações da escola, o DEPPE, através de suas Gerências de Ensino Fundamental e Ensino Médio, formou um Grupo de Trabalho envolvendo professores e pedagogos das duas gerências que também realizaram ações e atividades administrativas e pedagógicas, descritas na seção anterior, com objetivo de influenciar a melhoria dos resultados educacionais em cada escola estadual, estas ações foram detalhadas na seção anterior.

Pautado nestas considerações, o Sadeam, visto aqui como uma ferramenta de gestão através das avaliações em larga escala, tem procurado contribuir para a melhoria da qualidade da educação do Amazonas, não apenas como um instrumento para aferir as competências e habilidades, mas como uma ferramenta contínua de trabalho a partir da qual gestores, professores e pedagogos têm a oportunidade de identificar condições dificultosas para propor novas possibilidades pedagógicas na escola.

Os resultados das avaliações nos mostram possíveis deficiências no processo de ensino e aprendizagem que emanam da falta de domínio de algumas competências e habilidades que devem ser implementadas no seio da escola. Importante ressaltar que as deficiências demonstradas nos resultados não expressam a derrota da escola, mas a deficiência em algum lugar, que, quando

percebida e trabalhada de forma adequada, pode se transformar em uma intervenção pedagógica, e, por consequência, transforma também a qualidade da educação.

Para que isso aconteça é necessário que os gestores dos sistemas de ensino conheçam de perto a realidade escolar da rede de ensino e disponibilizem profissionais que acompanhem e monitorem os processos do trabalho pedagógico, assim como a identificação das ferramentas que levam a superação das dificuldades e ao incremento de uma educação de qualidade. Sem esse assessoramento as avaliações externas estão destinadas a se constituírem apenas um “ranking” de escolas, onde as melhores ficarão cada vez melhores (a tendência é que sejam atraídos para seus quadros os melhores alunos e profissionais) e as escolas que não foram tão bem posicionadas ficarem ainda piores.

João Horta (2011) afirma que existem dois grandes entraves que devem ser superados pelas escolas para que possam usar os resultados das avaliações para revisão e aprimoramento dos projetos pedagógicos:

O primeiro deles é em relação à gestão, pois de pouco adianta ter os dados e não conseguir transformá-los em informações e utilizá-las de forma a construir projetos pedagógicos viáveis, consistentes e coerentes. [...] O segundo entrave é compreender melhor a abrangência do ato de avaliar, que não significa um julgamento de valor para classificar instituições ou pessoas. Significa compreender que a avaliação, seja ela externa ou a realizada no interior das escolas, é um ato que, apesar de estar fincado no presente, aponta para a construção do futuro a partir da análise do que ocorreu no passado. (HORTA, 2011, p. 4).

A imprensa em geral e os próprios gestores escolares têm focado muito nos resultados do Sadeam, no sentido de estabelecer uma disputa entre as escolas e até mesmo na formação de um “ranking” das escolas e dos alunos. Essa prática, muitas vezes, influencia as equipes escolares, fazendo esquecer que os resultados das avaliações devem conduzir a uma reflexão diagnóstica da aprendizagem e deve voltar o olhar para o que pode ser feito a partir daquele momento em favor da qualidade do ensino. Essa visão distorcida acaba fazendo com que se enxergue que o resultado do Sadeam seja uma ferramenta de medição e classificação de escolas e, portanto, de seus profissionais.

Mesmo com todas as ações de apropriação de resultados do Sadeam promovidas pela Seduc-Am, ainda percebemos que é necessário oferecer aos gestores, professores e pedagogos das escolas resultados de fácil compreensão e

auxiliá-los na apreensão e interpretação dos resultados da avaliação, da interpretação das escalas e das análises e reflexões em torno dos baixos percentuais de acertos dos alunos nas avaliações externas.