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CAPÍTULO 6 – ANÁLISE E RESULTADOS DA PESQUISA EMPÍRICA

6.2 ESTRATÉGIAS DE REDUÇÃO DE RISCO

6.2.2 Estratégias de Redução de Risco Manipulado

6.2.2.1 Estratégias de Clarificação

Esta classe de redutores de risco corresponde às estratégias de enfrentamento relativas a risco manipulado, sendo assim focadas no problema.

Estratégias de clarificação consistem, portanto, em buscar e processar informações vindas de diversos tipos de fontes. A informação pode ser comercial, legal ou independente.

Busca Por Informação Independente

Esta estratégia consiste em recorrer a outras pessoas para coletar informações referentes a um produto específico: este é o caso do “boca-a-boca”, informação fornecida por associações de defesa ao consumidor ou, até mesmo, a mídia (imprensa, rádio, televisão, Internet etc.).

“Com relação aos alimentos costumo ouvir conselhos dados por

nutricionistas nos programas de televisão, ler artigos sobre saúde e nutrição nas

revistas e também na Internet. Hoje, tudo que precisa saber sobre saúde e

alimentos está na Internet”. (A.K., 38 anos, sexo masculino, B1).

“Quando se trata de alimentos eu acredito muito em conselhos de

amigas porque eu sei que elas têm as mesmas preocupações que eu tenho. No

caso específico da carne, uma amiga me indicou um açougue muito bom onde

hoje eu faço boa parte da compra de carne. Eu ligo para eles e eles preparam a

carne do jeito que eu peço”. (A.C.C.C., 36 anos, sexo feminino, A1).

Busca por Informação Comercial

Esta busca está relacionada ao esclarecimento da ambigüidade ligada ao produto através da busca por informação disponibilizada em anúncios ou por intermédio de conselhos fornecidos por funcionários do varejista no próprio ponto de venda.

No que se refere a este tipo de busca verificou-se que alguns dos respondentes se mostram muito reticentes a buscar informações com funcionários das empresas varejistas por acreditar que estes seriam interessados na venda e, sendo assim, não forneceriam uma opinião imparcial. Por outro lado, houve respondentes que afirmaram recorrer com freqüência à ajuda

de funcionários porque já desenvolveram um histórico de relacionamento e confiam nas informações fornecidas alegando que não vêem razão para que os varejistas os engane e corra o risco de perder o cliente. Percebe-se que a utilização deste recurso é feita por consumidores com menor nível de instrução e, geralmente com menor poder aquisitivo e conseqüentemente menor acesso à informação.

“Raramente recorro aos funcionários da loja para pedir conselho ou

informação, principalmente no que se refere à carne. Confio muito mais na minha

experiência e conhecimento”. (M.R.S.P., 47 anos, sexo feminino, A2).

“Algumas vezes pergunto ao funcionário que corte é aquele, se for o

primeiro corte eu não compro. Às vezes pergunto se não tem um pedaço melhor

do aquele que está exposto, enfim, algumas perguntas eu sempre faço, por isso

prefiro comprar no açougue”. (A.O., 43 anos, sexo feminino, B1).

Busca por Informação Legal

Esta é a informação obrigatória por lei que todo produto deve fornecer em sua embalagem, tais como: data de validade, peso, preço, informações oficiais, número de registro nos órgãos de fiscalização, composição do produto e outras, dependendo do alimento.

Quando perguntados sobre as informações contidas na embalagem, a grande maioria dos entrevistados respondeu que verificava a data de validade, o preço por quilo e o peso. No caso da carne embalada, poucos afirmaram ler informações sobre a origem do animal ou a composição do produto e teor calórico.

“Eu sempre leio a embalagem e verifico a data de validade, o peso e o

preço por quilo. O resto eu não presto atenção”. (J.F.S., 49 anos, sexo

“Além das informações básicas, data de validade, peso e preço, eu

verifico se o produto tem selo de origem”. (R.N., 32 anos, sexo feminino, B2).

Intensidade de Busca antes da Compra

Esta estratégia diz respeito à intensidade de busca que o consumidor impõe antes de tomar a decisão por um determinado produto, loja ou marca e incluem o número de visitas a diferentes pontos de venda, comparações de diferentes produtos e exame de diferentes marcas.

No caso da carne bovina, o que se percebeu na análise dos dados é que normalmente o consumidor não empreende grandes esforços para a compra específica da carne. Em muitos casos ele compra a carne no supermercado de sua preferência quando analisado o conjunto de todos os produtos de sua cesta de compra ou então elege uma casa de carne de sua confiança ou conveniência aonde procura realizar a compra do produto. Uma vez escolhido o ponto de venda, geralmente não empreende novas buscas e se mantém fiel ao local escolhido. De fato, os respondentes admitiram que não mantêm apenas um local de compra, mas dois ou três que são utilizados de acordo com a necessidade e conveniência.

Com relação às marcas oferecidas não houve relatos de busca por marca de produto, até porque as marcas existentes no mercado são poucas e normalmente são vendidas com preços bem acima dos preços de produtos sem marca. Ainda assim, alguns entrevistados citaram algumas marcas reconhecidas no mercado como de excelente qualidade, mas admitiram que as compram esporadicamente e geralmente em ocasiões especiais como festas e churrascos.

“Eu costumo fazer as minhas compras de alimento em um único local.

Então, ali eu compro de tudo, desde leite, arroz e feijão, até carne, verduras e

bebidas. E também não costumo pesquisar preço, correr atrás de ofertas... o que

mais procuro é um lugar de confiança, onde eu me sinta segura em comprar os

“Eu compro carne em três lugares diferentes: no supermercado, no

açougue A e no açougue B. No supermercado eu compro a carne do dia-a-dia, no

açougue A eu compro só carne de primeira porque eu sei que eles se

especializaram nisso por causa do público que compra lá e o açougue B fica numa

cidade no caminho do meu sítio onde a maioria da população é de baixa renda,

então eu sei que a carne de segunda gira bastante e eu adoro carne de segunda, só

que eu não vou comprar carne de segunda naquele outro açougue que só vende

carne para bacana e provavelmente a carne de segunda não sai, entendeu?”.

(P.R.S.L.S., 37 anos, sexo masculino, A1).