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Capítulo 3 – Unidade de ensino

3.5 Estratégias de ensino

Estavam previstas oito aulas destinadas ao tema da Organização e Tratamento de dados, das quais pelo menos seis estariam à minha responsabilidade. De facto, essas oito aulas realizaram-se e verificaram-se suficientes, no entanto, todas elas foram lecionadas por mim. Durante estas aulas foram promovidos diversos contextos de aprendizagem:

o Revisão e aprofundamento de conteúdos o Planeamento estatístico (exploração estatística) o Discussão e partilha de resultados e processos o Discussão de interpretação de notícias

Para cada contexto de aprendizagem previa-se a satisfação de diferentes objetivos, contemplados no programa de Matemática do ensino básico. Para que assim fosse foram

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construídas e propostas tarefas de diferentes tipos, propiciando assim, o seu total cumprimento. Para além da exploração estatística, de onde adveio um relatório escrito e uma apresentação oral, realizaram-se tarefas com as seguintes tipologias:

o Exercícios, de diferentes níveis de dificuldade

o Interpretação e comentário de gráficos integrados em pequenos textos.

No quadro seguinte (Quadro2) indica-se a metodologia de trabalho utilizada com os alunos durante o desenvolvimento da diversas tarefas.

Quadro 2- Metodologia de trabalho por tarefa

Tarefa Metodologia

Campeonato da Europa de Atletismo Trabalho a pares Análise de Notícias Trabalho em grande grupo Exploração Estatística Trabalho em pequenos grupos Quem vivia em Portugal em 1998 Trabalho a Pares

A exploração estatística foi desenvolvida por seis pequenos grupos compostos por 4 ou 5 elementos. A escolha dos elementos que constituíam cada grupo foi feita em conjunto com o professor cooperante por este ter um melhor conhecimento da turma. Os principais critérios de divisão foram o nível de conhecimentos, tentando criar grupos heterogéneos e equilibrados entre si e a disposição dos alunos na sala de aula, que além de estar associada a hábitos de trabalho em conjunto facilita o trabalho em sala de aula. Optou-se pela metodologia de pequeno grupo por ser mais propícia à partilha de reflexões e à obtenção de conclusões interessantes sobre os conjuntos de dados disponíveis. O número de grupos (seis) foi pensado de forma a facilitar o apoio a todos os grupos. Se se optasse por um número maior esta tarefa seria dificultada. O número de alunos por grupo (quatro ou cinco) também foi idealizado tendo em conta os meios disponíveis nas salas de informática.

Nas duas tarefas que envolviam essencialmente exercícios, os alunos trabalharam a pares, não só por ser o método de trabalho habitualmente desenvolvido nas aulas desta turma, mas por ser propício à troca de ideias e de processos. Para que esta troca se proporcionasse poder-se-ia ter optado por uma metodologia de pequenos grupos mas, julgo que o tipo de tarefas proposto não tinha como principal objetivo desenvolver a comunicação e a argumentação, daí não haver a necessidade de grande

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diálogo/discussão. Para além disso, existia o receio de que num grupo existisse mais dispersão de conversa e mais desequilíbrio no trabalho que cada elemento realiza. A argumentação acabou por ser trabalhada nas discussões coletivas que seguiram sempre a realização deste tipo de tarefas.

Em turma, discutiram-se gráficos e textos integrantes de notícias já publicadas. O conjunto de notícias a analisar foi proposto por mim, mas os alunos foram convidados a trazer as suas próprias notícias para análise, não havendo no entanto nenhuma proposta dessa parte. Os momentos de trabalho individual estiveram associados ao trabalho de casa, quando os alunos completaram as tarefas iniciadas em aula.

A revisão e discussão de conteúdos foram feitas em turma, sempre no início da aula, tendo como ponto de partida o já aprendido em anos anteriores ou os conceitos pré-existentes nos alunos, tentando assim rentabilizar o trabalho já desenvolvido complementando-o sempre que necessário. Uma outra estratégia de ensino utilizada nestes momentos de discussão de conceitos foi o recurso a situações familiares aos alunos de forma a despertar o seu interesse e mobilizar o seu conhecimento de senso comum.

A definição formal de conceitos nunca foi um dos principais objetivos, mesmo para aqueles considerados novos para os alunos. Foi uma prioridade garantir que estes eram compreendidos e bem aplicados. Esta opção prendeu-se essencialmente com o dilema de construir, com os alunos, uma definição incompleta ou cientificamente dúbia mas de fácil compreensão ou, em contrapartida, apresentar-lhes algo demasiado formal, recorrendo a conceitos por eles desconhecidos, cientificamente correta mas de compreensão difícil ou impossível para alunos neste nível de escolaridade.

Houve a preocupação de escolher tarefas que suscitassem diferentes resoluções. Esta é uma forma de promover a discussão entre grupos/pares de trabalho, incentivando a partilha e compreensão de diferentes resoluções e soluções.

No que diz respeito às discussões coletivas, toda esta intervenção foi pensada de forma a proporcionar discussões diversificadas. Duas das cinco discussões realizadas incidiram sobre a revisão ou discussão de conceitos. Este tipo de discussão revelou-se importante para construir uma perspetiva do saber estatístico desta turma e completá-lo. Outro tipo de discussão que ocorreu, também por duas vezes, concentrou-se na partilha de estratégias e correção de resultados das tarefas propostas. Para completar foi ainda realizado um outro tipo de discussão que incidiu sobre a resolução de uma tarefa em turma. A aposta na diversidade de tipos de discussões foi benéfica não só para o

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desenvolvimento desta investigação, mas também para o enriquecimento do ambiente em sala de aula em termos de experiências de interação para os alunos.

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