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Estratégias de ingresso, corpo docente, cronograma e

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1 Objetivos gerais e específicos

4.1.2 Estratégias de ingresso, corpo docente, cronograma e

O ingresso ao Curso deu-se através de Concurso Vestibular, realizado nos dias 9 e 10 de outubro de 1993, de caráter classificatório, dirigido aos professores leigos em exercício, com 2º Grau completo, e atuando nas Redes Públicas de Ensino Estadual e Municipal. A coordenação foi do CED, CFM e CCB da UFSC.

Inscreveram-se trezentos e setenta e sete candidatos, dos quais cento e sessenta lograram aprovação. Desses, cinqüenta e quatro não concluíram o curso, dez o abandonaram por motivo de casamento; dezoito abandonos não foram justificados; três por reprovação, e ainda houve algumas transferências, sendo que cento e seis alunos-professores concluíram.

Como estratégia, os docentes e monitores, em face da peculiaridade do curso e por seu caráter experimental, receberam treinamento especial sobre os princípios e procedimentos da ação docente norteadora de todo o processo (fio condutor). Esse treinamento foi ministrado por especialistas em ensino de Ciências, do Curso de Mestrado em Educação, do CED da UFSC e por outros especialistas convidados.

Os docentes foram convidados pela coordenação pedagógica do curso, e seus nomes foram homologados pelos Departamentos de Ensino da UFSC envolvidos no processo, tendo como critério, titulação acadêmica, tempo de serviço, conhecimento e atualização no ensino das disciplinas, e pré-disposição do docente em aceitar inovações no ensino de Ciências Naturais e de Matemática.

Em face da sua característica experimental e especial, o curso não obedeceu ao cronograma letivo das licenciaturas das universidades, considerando que foi concentrado em três anos, perfazendo um total de duas mil e oitocentas e oitenta horas/aula.

A operacionalização do curso obedeceu as seguintes etapas:

- seleção de candidatos por Concurso Vestibular; - treinamento de docentes e monitores;

- aulas teóricas e experimentais em períodos de férias escolares na rede estadual e feriadões;

- avaliação somativa e formativa nas oito fases que compõem o Curso; - sistema de avaliação adotado nas licenciaturas da UFSC;

- integralização do Curso em três anos, no máximo, permitida uma reprovação, com oportunidade de recuperação paralela e via dependência, no semestre seguinte ao da reprovação.

Dentro das estratégias adotadas, estava a da criação de coordenação local sediada em São Miguel d’Oeste/SC, com as seguintes atribuições:

- orientação didático-pedagógica das atividades em serviço;

- representar o coordenador geral e pedagógico quando necessário;

- oferecer subsídios aos alunos para o desenvolvimento das etapas de ensino a distância;

- resolver problemas pendentes junto ao alunado, após consulta à coordenação geral;

- assessorar administrativamente professores e alunos.

4.2 Estrutura do curso

4.2.1 Organizacional e operacional

A estrutura organizacional do curso contou com uma Coordenação Geral e Coordenadorias Executiva, Pedagógica e de Área, sediadas na UFSC. Contou, ainda, com Secretaria Executiva, um Colegiado de Curso e dez Coordenadorias Locais, como apresentado na Figura 1 a seguir.

Figura 1: Organograma do curso de graduação em ciências naturais e matemática de 1º grau – 5ª a 8ª séries, na modalidade de licenciatura plena, intensivo e a distância.

Fonte: Relatório do curso (1997).

O curso obedeceu duas fases distintas, a “intensiva” e a “distância”. Na fase denominada de “intensiva”, as atividades ocorreram na sala de aula, propriamente dita. Os alunos se concentravam na cidade pólo de São Miguel d’Oeste/SC, por ser considerada geograficamente a mais central para reunir os alunos dos municípios circunvizinhos.

O curso esteve estruturado em regime intensivo e a distância, totalizando duas mil e oitocentas e oitenta horas (180 dias letivos = 2.880h.), concentradas em períodos intensivos de aulas nos meses de janeiro, fevereiro, junho, julho e dezembro, em três anos consecutivos. Observe-se que atualmente, haja vista a nova legislação de 1999, a carga horária mínima é de três mil e duzentas horas.

Na cidade pólo se desenvolvia a ação pedagógica intensiva e presencial correspondente a 60% da carga horária do curso, e era exercida diretamente com os

COORDENAÇÃO GERAL DO CURSO COORDENAÇÃO EXECUTIVA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA COORDENAÇÃO DE ÁREA SECRETARIA ADMINISTRATIVA COLEGIADO DO CURSO COORDENAÇÕES LOCAIS (10)

professores das disciplinas, onde aconteciam os aprofundamentos teóricos e práticos, com aulas práticas nos laboratórios das escolas.

As aulas presenciais, correspondentes ao período intensivo, ocorriam nos meses de janeiro, fevereiro, junho, julho e dezembro, portanto, no período de férias regulares escolares. Os meses de abril e setembro se caracterizavam por um período de estudos intensivos, denominados de “semanões”, momento em que ocorriam os reforços de aprendizagem e o aprofundamento de conteúdos.

A fase correspondente a distância realizou-se nas respectivas escolas e salas de aula dos licenciandos, considerando que são professores de Ciências Naturais e Matemática em serviço. Esta fase representou 40% da carga horária didático- pedagógica do curso, envolveu a disciplina Prática de Ensino de Ciências e de Matemática, e, concomitante, tarefas das demais disciplinas. Tais conteúdos eram supervisionados pelos professores das respectivas disciplinas e, na impossibilidade, pelo coordenador local, articulado com o sistema de monitoria.

Objetivando o alcance efetivo de resultados nesta fase a distância, a UFSC, por meio dos executores do curso, desenvolveu uma metodologia denominada de "metodologia do contrato".

Tratava-se de um contrato por escrito firmado entre alunos e professores das disciplinas, ou com a coordenação local e/ou monitoria, diretores das escolas, especialistas em educação ou outro professor da área com habilitação regular, objetivando acompanhar os trabalhos dos alunos, apresentando relatório das atividades realizadas para fins de avaliação da aprendizagem e também do processo de ensino.

4.2.2 Metodologia

Aponta o Relatório (1997) que o curso buscou aplicar teorias e tendências modernas, tanto na fase intensiva, como na fase a distância, tais quais:

- teorias que busquem soluções de problemas, teóricos e práticos, mas relacionados com as implicações sociais e comunitárias;

- teorias sociológicas da educação com enfoque no desvelamento das relações de poder e controle social nas escolas, situações que tanto impedem a introdução de inovações no ensino;

- relação Ciência, Tecnologia e Sociedade numa visão de totalidade local e/ou universal, assim como o impacto ecológico no meio ambiente devido aos meios de produção;

- outras teorias ou abordagens de ensino e aprendizagem que cond uzam os envolvidos a uma reflexão mais profunda sobre as metodologias que estão sendo empregadas.

Indica ainda o Relatório do curso, que todos os docentes que ministraram aulas foram submetidos a treinamentos específicos pela equipe coordenadora, objetivando aplicar as teorias norteadoras do Curso, num contexto interdisciplinar.

4.2.3 Sistema de avaliação

A avaliação se constituiu de dois processos distintos: avaliação da aprendizagem e avaliação do processo. A primeira é do tipo somativa e considerou, além do domínio dos conteúdos, atividades como apresentação de seminários e relatórios, execução de tarefas, criatividade e desempenho geral durante semestre.

É importante destacar a observação consignada no Relatório do curso (1997, p.23):

[...] O sistema de notas e recuperação é o mesmo determinado pela Resolução nº. 18/CUN/90 da Universidade, tendo apenas como peculiaridade o fato de oportunizar ao aluno apenas uma reprovação (dependência) com chance de recuperação no semestre seguinte. Quando a reprovação ocorria no último semestre, era tratada como excepcionalidade a ser considerada pelo Colegiado do Curso.

A avaliação do processo tratou dos resultados do curso como um todo, sendo do tipo formativa, tendo considerado aspectos como:

- postura pedagógica dos professores e alunos;

- inovações operacionalizadas tanto no curso como nas aulas dos alunos- professores;

- cumprimento dos “contratos de trabalho” entre professores e alunos; - princípios de procedimentos de ação docente e sua operacionalização; - soluções de problemas da comunidade;

- transferência de aprendizagem pelos alunos-professores para as suas salas de aula;

- rompimento de hábitos e posturas tradicionais por todos os envolvidos no curso;

- formação de alunos críticos com visão global de sua comunidade.

4.2.4 Visão pedagógica

Em face de sua característica emergencial, o curso priorizou o aproveitamento dos recursos locais, tais como, bibliotecas escolares e públicas, materiais de baixo custo, laboratórios escolares, muitas vezes em desuso, bem como profissionais de outras áreas. Uma atuação destacada no Relatório do curso foi a da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI).

Ênfase maior, contudo, diz o documento, deu-se na integração da Ciência com a Tecnologia e suas implicações sociais, principalmente dentro dos conteúdos ministrados em sala de aula, especialmente por serem os alunos do curso professores em serviço.

Tais atividades foram enfatizadas na disciplina de prática de ensino, quando os professores responsáveis visitavam as escolas e assistiam aulas onde os alunos- professores atuavam.

Houve três reuniões pedagógicas, as quais foram realizadas nas dependências do CED da UFSC, tendo como pauta de discussão aproveitamento escolar, dificuldades encontradas e adaptações necessárias, qualidade dos trabalhos escolares e pontualidade na entrega, análise individual dos rendimentos

dos alunos, decisão coletiva em caso de reprovação e recuperações ocorridas para encaminhamentos comuns, entre outros assuntos.

Concluíram o curso, cento e seis professores-alunos, cuja cerimônia de colação de grau, foi em 31 de janeiro de 1997, com a participação da comunidade.