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Estratégias e Desafios do Envolvimento da Família no Jardim de Infância

Parte II – EXERCÍCIO INVESTIGATIVO

2.5.2 Estratégias e Desafios do Envolvimento da Família no Jardim de Infância

O Núcleo de Educação Pré-Escolar do Departamento de Educação Básica (1994), sedeado no Ministério de Educação, salienta que o primeiro passo que cabe à educadora dar, para garantir o envolvimento das famílias no jardim de infância, é tornar a instituição num espaço de todos, no qual os familiares se sintam confortáveis e apoiados, sendo que lhes deve transmitir que são bem-vindos e que as portas da sala estão sempre abertas para os receber.

Brickman e Taylor (1996), enumeram quatro passos fundamentais que os educadores devem efetuar para que as famílias colaborem eficazmente com o jardim de infância. Assim, em primeiro lugar é necessário criar objetivos, que vão ao encontro das necessidades dos educadores e das famílias. Em segundo lugar, devem implementar-se duas ou três atividades, para cada um dos objetivos delimitados, anteriormente. Tendo sempre em conta os interesses e necessidades de cada criança, o educador terá, igualmente, de adaptar as atividades planeadas a cada contexto familiar existente no grupo. O terceiro passo consiste em realizar um balanço das atividades implementadas, no qual o educador deve fazer chegar a todas as famílias um resumo as atividades elaboradas em conjunto e avaliá-las. Para que esta etapa seja bem-sucedida o educador não deve deixar de escrever algumas notas sobre a participação e envolvimento dos familiares, durante o período em que as atividades são dinamizadas, pois esses pequenos detalhes irão permitir-lhe obter uma avaliação final muito mais eficaz. O último passo remete-nos para o ajustamento, ou seja, para que a participação e envolvimento dos familiares seja um processo gradual, mas continuo, o educador tem de

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ajustar, reavaliando e reformulando ou criando novas estratégias, alargando assim as atividades que estimulam o envolvimento da família no jardim de infância.

Para as famílias que não apresentam tanta disponibilidade para se envolver e participar na vida do jardim de infância, expõem-se algumas ideias-chave que o educador pode pôr em prática. Primeiramente, para que os familiares possam conjugar a sua vida pessoal e profissional com as idas mais prolongadas ao jardim de infância, o educador deve comunicar antecipadamente as datas para as quais estão agendadas atividades ou ocasiões festivas. De seguida, é espectável que o educador proponha e concretize encontros frequentes com cada uma das famílias em que o foco da conversa seja a criança. Nestes momentos, pode marcar encontros posteriores, solicitar a participação dos familiares, compreender necessidades, preocupações e interesses de colaboração com a escola, por parte dos principais cuidadores da criança. Se os encarregados de educação não for quem transporta a criança diariamente para o jardim de infância, o educador deve ter cuidado em manter o contacto com o mesmo, através de um telefonema, envio de notas escritas ou outro método que lhe permita facilmente alcançar uma relação de proximidade contínua.

Outra das preocupações que se espera que o educador tenha é o envio de um resumo informativo para os encarregados de educação, por forma a mantê-los informados do que se passa no jardim de infância (atividades dinamizadas, eventos especiais, novas experiências, etc.) e ainda, propostas de atividades que a família consiga dar continuidade em casa. Para que a família se sinta apoiada, o educador pode enviar, esporadicamente, artigos ou esclarecimentos sobre como poderão resolver pequenas angústias diárias que normalmente os preocupam, relativamente às crianças (como é exemplo, como superar os conflitos característicos da hora de deitar). Na perspetiva de dar a conhecer à família o dia-a-dia e evolução da criança no jardim de infância, o educador poderá gravar alguns vídeos da criança e fazê-los chegar aos seus encarregados de educação, bem como, emprestar alguns recursos educativos que a criança possa levar para casa, mostrar e interagir com a família através dele e trazê-lo de volta (exemplo: canções).

Quando a criança leva para casa algo que produziu no jardim de infância, o educador deverá acrescentar-lhe uma nota em que explique em que contexto se insere e com que intenção pedagógica foi planeado, esta estratégia permitirá que a família esteja informada dos projetos que vão decorrendo mas também das intenções do educador, ao propor a atividade, para o desenvolvimento da criança. Com o objetivo de proporcionar uma conversa entre a família e a criança, na qual a mesma explica o que realizou, com quem e com que materiais, entre outros pormenores, o educador pode criar um álbum fotográfico que inclua momentos vivenciados pela criança (rotina e outros), e sugerir que os encarregados de educação os levem para casa, visualizem-no em conjunto e devolvam-no de seguida.

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Com recurso à autorização de todos os encarregados de educação e por forma a facilitar, por exemplo, a partilha de transporte das crianças entre as várias famílias, o educador poderá elaborar uma lista de contactos na qual estejam também presentes nomes e moradas, com vista a distribuí-las por todos os elementos do grupo.

O educador deve também colocar a família a par dos temas que são abordados no jardim de infância e com o objetivo de promover o diálogo em casa, poderá fazer chegar à mesma uma lista de possíveis temas a debater e formas de iniciar uma conversa com as crianças. Se a família não dispuser de tempo para participar no horário escolar, o educador deve elucidá-los de que a sua colaboração é essencial, e apresentar sugestões para que se envolvam no jardim de infância, mediante a sua disponibilidade, não descartando a hipótese de o fazerem no período noturno e fora dos dias úteis, se assim for necessário.

Neste sentido, são referidos pelos autores inúmeros tipos de tarefas que poderão realizar nestas condições, são exemplos: levar para casa e cuidar de animais ou plantas no período não letivo; auxiliar na construção do recreio; realizar trabalhos manuais que sejam utilizados nas rotinas das crianças, como chapéus ou bonecos de pano.

Por fim, o educador deve ter sempre em conta a família de cada criança e encará-las como um caso particular. Neste sentido, quando solicitar ajuda ou sugerir a participação dos pais tem de estar consciente de que nos dias que correm, quem desempenha esse papel, na maior parte dos casos não são os pais biológicos e que, por isso, esta responsabilidade é acrescida na vida de alguém que pode não estar tão disponível quanto gostaria.

Para que o esforço das famílias ao participarem e envolverem-se no jardim de infância seja enaltecido, o educador deve ter o cuidado de agradecer e elogiar todos os familiares que colaboram, mesmo que esta atitude seja rara, pois só assim estes se sentirão reconhecidos e valorizados pela sua dedicação e empenho, e provavelmente motivados a dar continuidade ao envolvimento demonstrado. Este agradecimento poderá ser em forma de desenho, fotografia, postal, pessoalmente numa reunião ou algo personalizado que lhes faça compreender o quão importante é para as crianças que participem e também que o educador dá valor ao seu esforço acrescido.

3 Opções Metodológicas para a Recolha e Análise de Dados 3.1 Tipo de Estudo

Segundo, Fernandes (1991, pg.3), “(…) o foco da investigação qualitativa é a compreensão mais profunda dos problemas, é investigar o que está “por trás” de certos comportamentos, atitudes ou convicções”, como tal, pode afirmar-se que a investigação em causa, é de natureza qualitativa.

Assim, de acordo com Bogdan e Biklen (1994), sabe-se que as características da investigação qualitativa se baseiam em cinco aspetos fundamentais:

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I) A fonte direta dos dados é o ambiente natural dos participantes, neste caso, o jardim de infância, no qual, se constituiu a investigadora como o principal agente da recolha de dados.

II) Investigação qualitativa é extremamente descritiva, motivo pelo qual se torna num processo minucioso. Os dados recolhidos presentemente, apresentam- se sob a forma de palavras ou imagens, produções das crianças, transcrições de entrevistas, inquéritos por questionário e notas de observação direta. Considera-se este aspeto uma das vantagens da investigação qualitativa, dado que a investigação beneficia de uma maior riqueza de dados obtidos, por serem muito pormenorizados, o que possibilita a analise dos mesmos, de forma a apurar profundamente a questão da realidade em estudo.

III) É dada maior enfase ao processo do que simplesmente aos resultados ou produtos finais. Esta característica está presente nesta investigação, visto que não são focados apenas os resultados obtidos, mas também são demonstradas todas as preocupações, constrangimentos, dificuldades, evoluções, entre outros aspetos considerados relevantes no âmbito do envolvimento da família no jardim de infância. Estes aspetos são indicados em relação aos encarregados de educação, crianças e educadoras de infância, desde o início até ao final do estudo.

IV) A recolha de dados é feita de forma indutiva, ou seja, não confrontando as informações recolhidas com o intuito de validar ou contestar pressupostos iniciais.

V) A investigadora atribui importância às vivencias e individualidade dos diversos participantes do estudo. Neste estudo, é respeitada a individualidade participantes, sendo por isso, valorizadas as suas experiências e o significado que os mesmos concedem a cada uma delas. Relativamente ao design da investigação, esta caracteriza-se por ser um estudo de caso, o mesmo define-se como uma observação pormenorizada e intensiva de uma entidade. O estudo de caso pode ser desenvolvido com enfoque em inúmeras pressupostos passiveis de se tornarem um “caso” sobre o qual se poderá desenvolver um estudo investigativo, são exemplos: um determinado contexto, individuo, grupo, processo, incidente, acontecimento específico (Coutinho, 2018; Meirinhos e Osório, 2010). É destacado por Yin (1994), que a elaboração de um estudo de caso é a estratégia de pesquisa mais utilizada pelos investigadores quando procuram saber respostas ao “como” e o “porquê” de certos acontecimentos, dos quais tem um controlo muito reduzido. Neste sentido, considera-se que o desenvolvimento de um estudo de caso, acerca do envolvimento da família no jardim de infância dos seus educandos, revela-se uma opção metodológica absolutamente pertinente,

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para além do facto de não existir um grande número de investigações, alusivas ao tema abordado, que incluíam ou se centrem também na perspetiva das crianças.

Dado que o grande propósito com o qual se desenvolve este estudo é a compreender qual a importância e influência que o envolvimento da família no jardim de infância tem no desenvolvimento das crianças. Assim, foram estabelecidos objetivos para a investigação, nos qual se procura percecionar o “como” alcançando a compreensão da forma como o envolvimento familiar influência a vivência emocional das crianças, e percebendo como é percecionado o envolvimento familiar no jardim de infância, pelos vários intervenientes deste processo, conhecendo as estratégias utilizadas para promover o envolvimento dos familiares da criança, no jardim de infância. Relativamente aos objetivos detalhados para a entendimento do “porquê”, destaca-se o conhecimento os benefícios do envolvimento da família no jardim de infância para o desenvolvimento da criança e ainda, a identificação das principais barreiras que o educador pode encontrar no processo de envolvimento dos familiares das crianças, no jardim de infância.

Aos estudos de caso, aponta-se como uma das suas principais limitações a sua validade interna, isto é, como são estudo reflexivos na medida em que podem requerer diferentes abordagens, desenhos de investigação ou distintos aspetos a que o professor- investigador concebe mais relevância, dado que é o próprio que conduz a investigação durante todo o processo de estudo, sob o seu ponto de vista. Assim, as características do estudo de caso, podem sofrer variações, pelas razões anteriormente referidas, o que se considera uma limitação.

Porém, através da triangulação dos dados, é possível autenticar a sua validade. Isto é, se houver a conjugação da informação recolhida de diversas fontes e o cruzamento desses mesmos dados, for feito com diferenciadas fontes teóricas, a investigadora consegue alcançar a validade do estudo de caso. De acordo com Vasconcelos (2016) ao elaborar a triangulação dos dados, a investigadora visa retirar o significado dos dados recolhidos, questionando e destacando os aspetos mais relevantes. A triangulação dos dados, será efetuada através do cruzamento da informação recolhida a partir dos inquéritos por questionário aplicados aos pais, das entrevistas realizadas às crianças e às educadoras, bem como, a analise de produções das crianças, notas de campo e observação direta, com os vários fundamentos teóricos recolhidos, na perspetiva de múltiplos autores, ao longo da evolução da investigação. Assim, para assegurar uma maior perceção das complexidades da investigação, é objetivo de quem a dirige, reconhecer significados complementares ou alternativos. Desta forma, procuramos assegurar condições fulcrais para garantir a validade do presente estudo.

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3.2 Sujeitos da Amostra

O presente estudo teve como participantes educadoras de infância, encarregados de educação e crianças do Jardim de Infância. A instituição é do domínio público e apresenta apenas duas salas de educação pré-escolar.

Foram convidados a participar no estudo, 27 crianças (o número total de crianças que frequentam atualmente um Jardim de Infância), 24 encarregados de educação, 2 educadoras de infância e 2 assistentes operacionais.

A amostra acabou por ser constituída por um total de 45 sujeitos: 26 crianças, 2 educadoras, 17 encarregados de educação e 2 assistentes operacionais.

Relativamente às crianças, participaram dois grupos distintos: a) um grupo de 16 elementos, com idades compreendidas entre os 3 e os 6 anos, sendo que 10 são do sexo feminino e 6 do sexo masculino. Uma das crianças possui o português como língua não materna e duas das crianças apresentam um atraso no desenvolvimento e dificuldades de aprendizagem; b) um grupo de 12 crianças, com idades compreendidas entre os 3 e os 6 anos, sendo que 7 são do sexo feminino e 5 do sexo masculino, sendo que uma das crianças apresentava tipologia de necessidades educativas especiais, de carácter permanente, designadamente, uma paralisia cerebral.

No que se refere às educadoras de infância que o Jardim de Infância integra, estas apresentam idades compreendidas entre 56 e 60 anos, sendo que se encontram a exercer funções educativas entre os 35 e 39 anos de serviço. As inquiridas demonstraram disponibilidade, interesse e motivação para participar no estudo, pelo que foram executadas as entrevistas ambicionadas.

Os encarregados de educação indicam idades compreendidas entre os 23 e os 47 anos. Foram contabilizados, relativamente ao primeiro grupo (a), um total de 11 elementos, no entanto, apenas 6 devolveram a entrevista por inquérito preenchida, sendo 5 do sexo feminino e 1 do sexo masculino. Perante o segundo grupo (b) foram contabilizados, no total, 13 encarregados de educação, porém, apenas 11 devolveram a entrevista por inquérito preenchida, sendo que 10 são do sexo feminino e 1 do sexo masculino.

Por fim, no que diz respeito às 2 assistentes operacionais que se encontram a exercer funções de apoio às educadoras de infância do Jardim de Infância, com idades compreendidas entre os 60 e os 64 anos, estas apresentam entre 20 e 38 anos de serviço. Às mesmas, foram enviados via e-mail os inquéritos por questionário, aos quais responderam prontamente. Ao terminar a recolha de dados, verificou-se que existiram algumas dificuldades em conseguir alcançar todo o público alvo ambicionado. Justificando a diferença entre o número de elementos do público alvo e a amostra alcançada, é necessário salientar que uma das crianças não participou por se encontrar ausente por motivos de doença. Deste modo, nem

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todos os questionários foram devolvidos, percecionando-se como possíveis razões: o baixo nível de escolaridade que alguns encarregados de educação apresentam, um possível desinteresse ou esquecimento, ausência de disponibilidade, e ainda, por possuírem o português como língua não materna.

3.3 Instrumentos de Recolha de Dados

Foram várias as técnicas que estiveram na base da recolha de dados, nomeadamente a entrevista (elaboradas às crianças e educadoras de infância), o inquérito por questionário (realizados aos encarregados de educação e auxiliares), a análise de produções artísticas das crianças e ainda, relatos de observação direta do diário de bordo (atividades de colaboração entre a família e o Jardim de Infância).

Relativamente às entrevistas, segundo Quivy e Campenhoudt (2005), é possível afirmar que estas permitem ao investigador recolher dados bastante ricos e consistentes, mediante os objetivos do seu estudo, parecendo-nos, por isso, um instrumento adequado aos objetivos desta investigação. A entrevista apresenta ainda outra particularidade extremamente relevante, pois exige um contacto direto entre o entrevistador e os seus entrevistados, que permite ao investigador estabelecer um diálogo com o seu interlocutor, levando-o a exprimir-se com veracidade e profundidade, acerca de questões que alimentam o interesse da investigação.

Fortin (2000) salienta como uma das vantagens da entrevista, o facto de ser exequível na maior parte dos setores de população, dado não requerer que o entrevistado possua um alto nível de habilitações académicas. A autora salienta ainda que, ao utilizar esta técnica, o entrevistador usufrui de um maior número de respostas comparativamente à aplicação de inquérito por questionário. É de salientar que ao elaborar uma entrevista, os intervenientes podem esclarecer de imediato as suas dúvidas suscitadas pelo que escutam, não deixando margem para erros de interpretação. Por fim, considera-se relevante destacar que entrevistar pessoalmente alguém permite analisar os sentimentos com maior facilidade e obtém-se com mais clareza informações relativas a qualquer tema que possa ser complexo e que apresente uma forte componente emocional. Como inconvenientes da entrevista podem considerar-se os seguintes aspetos: o tempo que se despende para a realizar e a analisar o que, consequentemente, faz com que a amostra seja mais restrita. É de salientar que este último aspeto não foi um obstáculo para o presente estudo, dado que se incluiu toda a amostra.

De acordo com Vasconcelos (2017), produzir investigações que incluem as crianças, é dar-lhes a possibilidade de falarem sobre si e sobre o que as rodeia, recolhendo as suas opiniões relativamente a problemática em estudo, enriquecendo desta forma a comunidade científica com as suas conclusões, podendo também, com base nelas, dar azo a novas e pertinentes pesquisas. Importante será referir que a ideia referida anteriormente, vai precisamente ao encontro da principal intenção da investigadora ao efetivar este estudo.

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Segundo Folque (2010) citado por Vasconcelos (2017), quando o investigador toma a decisão de entrevistar crianças, terá de ser capaz de ultrapassar algumas barreiras que poderão surgir durante este processo. Neste sentido, para que a entrevista apresente bons resultados, é necessário que o adulto tome consciência de cinco aspetos essenciais: o entrevistador deve planear atividades que vão ao encontro dos seus objetivos para a investigação, no entanto, que sejam entendidas por parte da criança e que não lhe cause desconforto e inibição com o tipo de abordagem que o adulto realiza; o investigador deve adaptar o seu discurso à faixa etária da criança que está a entrevistar e encontrar formas distintas de a ouvir, procurando diversificar também a forma como esta se pode exprimir; é igualmente importante que o adulto promova um diálogo em que ambos possam conversar, sem que a criança seja bombardeada com questões e que este se torne um diálogo sem interação, baseando-se apenas na pergunta – resposta; antes da entrevista, afim de evitar que esta se torne num momento constrangedor para a criança, o investigador deve dispor de algum tempo para estar com quem pretende entrevistar, e investir na construção de uma relação maior proximidade; o entrevistador não se pode esquecer de que entrevistar é algo intimista e causa impacto nos intervenientes, pelo que terá de ser sensível a esta questão. Este método de investigação, requer um processo ético, que com os mais pequenos precede a autorização dos seus encarregados de educação e o consentimento da criança. Realça-se que os aspetos anunciados acima foram tidos em conta durante o todo o processo de conceção das entrevistas, pelo que se assegurou que todas as crianças questionadas, eram portadoras de autorização por parte dos seus encarregados de educação e ainda, houve o cuidado de obter consentimento das mesmas.

Porém, realizar entrevistas a crianças é diferente de entrevistar um adulto e requer alguns cuidados. Vasconcelos (2017) realça que existe uma forte ligação entre o contexto e o sucesso de uma entrevista a crianças, pois o local onde a mesma é realizada, pode influenciar a maneira como a criança responde. Confere ainda especial ênfase à realização de entrevistas a crianças quando se deseja investigar com ou sobre elas, visto que quando se interroga apenas os seus progenitores, não se consegue alcançar uma recolha de dados tão completos sobre si, como quando se estabelece um diálogo cara a cara.

As entrevistas elaboras às crianças (ver anexo XXI), foram dividias em duas partes, sendo que ambas incluíam quatro blocos. Assim, a primeira parte era constituída por onze questões e a segunda por sete. Foram estabelecidos como os seus objetivos gerais, os seguintes aspetos: perceber como é percecionado (pelas crianças) o envolvimento familiar no