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A Importância da Relação Família Jardim de Infância para o Bem-estar da

Parte II – EXERCÍCIO INVESTIGATIVO

2.5.1 A Importância da Relação Família Jardim de Infância para o Bem-estar da

rodeiam, nomeadamente, por parte dos familiares e amigos. O autor refere ainda que as crianças que sentem que as pessoas usualmente gostam delas, pela forma como elas são, terão tendencialmente uma melhor autoestima do que aquelas que referem nutrir-se com menos apoio.

Brazelton e Sparrow (2003) enaltecem o facto de os cuidadores da criança contribuírem positivamente para a autoestima da mesma ao simplesmente valorizarem e aceitarem as formas individuais de como esta consegue enfrentar aquilo que a rodeia. Estes adultos podem também contribuir para o aumento da segurança que a criança tem em si mesma, em relação às suas ações, estimando a forma como estas superam os seus obstáculos, dado que encontram as suas próprias formas para o fazer. Assim, os cuidadores devem aceitar e apoiar estas decisões da criança, pois estarão a transmitir-lhes segurança na tomada das suas próprias decisões.

2.5 Envolvimento da Família no Jardim de Infância

2.5.1 A Importância da Relação Família - Jardim de Infância para o Bem-estar da Criança

Antes de mais, é importante referir que a família representa a primeira referência do mundo social para a criança, no qual a mesma constrói a sua perceção primordial da realidade e atribuí significado aos factos do seu dia-a-dia. (Diogo, 1998; Homem, 2002; Miranda, 2002; Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar, 2016). Como tal, faz todo o sentido que o(a) educador(a) de infância não a ignore e promova o seu envolvimento na vida escolar de cada criança. (Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar, 2016).

Neste sentido, Bee (2003) explica que a Abordagem Ecológica de Bronfenbrenner, trouxe um importante contributo para a compreensão da influência que a interação da criança com o meio onde está inserida, tem para o seu desenvolvimento, e as suas implicações no mesmo. Deste modo, Urie Bronfenbrenner, apresenta três sistemas interligados entre si, que se expandem e interagem em simultâneo com o desenvolvimento do individuo. Assim, estes fatores atuam em conjunto com a herança genética, formando a personalidade da criança. Bronfenbrenner com vista à explicação da sua teoria, apresenta um esquema em círculo, no qual coloca a criança no centro, e a partir dela, surgem outros círculos que aumentam o seu volume, desde o centro até às extremidades. Sendo que quanto maior, menos direta é sua interação com a criança. Isto é, o primeiro sistema é composto por um pequeno círculo de interação direta com o desenvolvimento da criança e designa-se por Microssistema, engloba os ambientes constantes do dia-a-dia da criança, como são exemplos, a família e a escola. De seguida, surge um segundo círculo, maior, que incluí o sistema anterior, e nomeia-se por Exossistema. A este pertencem aspetos que estabelecem contacto indireto com a criança e influenciam o meio onde a mesma vive. São exemplos, os amigos da família e a situação

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profissional dos encarregados de educação. Por fim, nasce o terceiro círculo, o maior, designado por Macrossistema. Abrange os dois sistemas anteriores, e caracteriza-se pela sua elevada amplitude que comporta a cultura e a subcultura. Nele estão expostas questões que se relacionam com a etnia, condições económicas, condições do país ou local onde se habita, tradições, hábitos e costumes, entre outros aspetos que não estão diretamente ligados à criança, mas que de alguma forma, atingem o seu desenvolvimento.

Portanto, também no jardim de infância é pressuposto que o(a) educador(a) de infância tenha em conta todos os componentes que influenciam o desenvolvimento de cada uma das crianças do seu grupo, e que por isso, valorize e respeite a sua individualidade. Mais se acrescenta, no que diz respeito à organização do ambiente educativo, que o adulto responsável deve recorrer a uma perspetiva sistémica e ecológica do mesmo, para que os ambientes que rodeiam e contribuem para a educação da criança estejam em sintonia e ativamente interligados. Assim, compreende-se que a relação que a educação pré-escolar estabelece com o meio e com a comunidade é essencial, contudo, o envolvimento famílias no jardim de infância, torna-se absolutamente indispensável para o bom desenvolvimento das crianças, visto que estas são uma influência direta no mesmo. (Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar, 2016).

Segundo Spodek e Saracho (1998), o envolvimento da família no jardim de infância é uma mais valia para o bom desenvolvimento da criança, no sentido de que quando ele existe, e é frequente, o trabalho que é concretizado com as crianças, vai mais além, pois a aprendizagem nos dois locais (casa e escola) completam-se reciprocamente. O envolvimento da família na educação das crianças é absolutamente essencial, dado que conhecer as famílias é imprescindível para compreender as crianças.

Neste sentido, é referenciado por Magalhães (2007) que é também nas brincadeiras das crianças, que se reflete a influência das suas famílias, através das experiências que vivenciaram e das ações que observam por parte das suas figuras de referência. A sua forma de agir reflete desde os primeiros anos de vida a influência do seu meio familiar no seu desenvolvimento, este aspeto é evidenciado nas suas atitudes, sentimentos, na forma como lidam com novas experiências e expressam os seus valores. Assim, o facto de ambas as partes (escola - família) comunicarem regularmente e se apoiarem mutuamente, contribui para que haja estabilidade na relação concebida, o que irá ecoar uma maior facilidade na eficácia da educação das crianças e por consequente, coadjuvar o bem-estar das mesmas. O autor anteriormente mencionado, destaca ainda que a família terá de ter a capacidade de transmitir valores, alcançar a produtividade social e efetivar a criatividade. Para isso, precisamos de família dedicadas, não só em garantir e satisfazer as necessidades básicas da criança, mas também que invistam o tempo e deem mais atenção aos seus educandos, para que se

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constituam um veículo influenciador de crianças gradualmente mais autónomas e independentes.

Considera-se, então, essencial que o educador estabeleça uma comunicação eficaz e frequente com a criança e com os seus familiares. Com a criança, na medida em que conhece a sua personalidade, os seus interesses, as suas fragilidades, ouve as suas histórias, sabe quais são as suas necessidades, havendo no fundo, uma relação de preocupação com o seu bem-estar e efetividade que aproxima a criança do educador, de uma forma natural e espontânea. (Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar, 2016). Com os encarregados de educação, visto que é essencial para a criança, que os familiares mostrem interesse pelo seu dia-a-dia no jardim de infância e que estes adultos se sintam apoiados pelo educador, no processo de educação das suas crianças, e permaneçam envolvidos na vida escolar dos seus educandos. (Cardona et al., 2013). Para o educador, o facto de estabelecer uma boa relação com as famílias, é absolutamente fundamental, dado que esta interação promove o bom desenvolvimento das crianças, visto que devem funcionar (pais - educador) como uma equipa que cuida em constante cooperação, em prol do bem-estar de cada criança.

Neste sentido, é revelado por Ferreira e Triches (2009) que o suporte de uma relação favorável entre a família e a escola, obtém-se na comunicação. Para além deste primeiro parâmetro que se divulga crucial, com base na perspetiva de Doe Mimi (2008), os autores enumeram um conjunto de sugestões que o profissional de educação pode propor aos encarregados de educação e/ou familiares em prol do trabalho colaborativo e, consequentemente, do bem-estar das crianças. Deste modo, indicam que para promover a autoconfiança da criança, os familiares se deverão ter o cuidado de despedir da criança recorrendo a um gesto afetivo. Estes adultos deverão promover um diálogo diário com a criança, no qual devem tentar compreender como foi o seu dia. Em caso de doença, deverão assegurar que a criança dispõe de um outro local onde ficar. A alimentação também deve ser uma preocupação no sentido de garantirem que criança mantém hábitos saudáveis. Quando a criança elabora atividades que exigem maior nível de concentração, deve ter ao seu dispor um local, em casa, no qual possa encontrar sossego. Em períodos mais pacatos deverão incentivar o contacto com livros e/ ou proceder à leitura de uma história. Os encarregados de educação deverão cooperar com o(a) educador(a), no sentido de que não devem efetuar críticas, relativamente ao profissional de educação, na presença da criança, nem propiciar conversas sobre a mesma. Em casa, devem também existir pequenas regras e tarefas, mantendo uma rotina que a criança deve cumprir. A família deve demonstrar curiosidade, contudo deve manter o respeito pelas questões que a criança coloca, bem como pelo esforço que faz transparecer nas suas ações. Por fim, é importante que a criança sinta que é amada pelos seus familiares, o que pressupõe que a família o transmita com regularidade,

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demonstrando o carinho sentido e a importância que a mesma tem nas suas vidas, para que a criança aprenda também, a ser amável com os outros.

Brickman e Taylor (1996) enaltecem a relevância dos adultos cuidadores da criança manterem uma boa ligação, dado que a existência da mesma, auxilia: a criança a fazer transições de um ambiente educativo para outro sem que este processo seja uma mudança brusca; os familiares a conhecer variadas atividades que são elaboradas no jardim de infância e que podem ser efetuadas em locais distintos, em que os adultos se encarregam das crianças; os cuidadores da criança (educadores, pais, etc.) a entender e interpretar as mudanças que detetam no comportamento da mesma; e os familiares a encontrar formas de participar; auxilia os vários responsáveis pela criança (educadores, pais, etc.) a agirem em conformidade, mantendo o mesmo conteúdo educacional, promovendo-o assim, em simultâneo e de igual forma.

Os mesmos autores destacam, através de resultados obtidos numa investigação sobre a participação dos pais, que a colaboração das famílias no jardim de infância é benéfica para todos os intervenientes. Deste modo, no que diz respeito às crianças, a família ao participar e manter-se envolvida, influencia positivamente a sua autoestima e motivação, e no 1º Ciclo é visível o aumento dos resultados escolares. Em relação aos familiares, estes adquirem uma maior compreensão do papel da educação, bem como do seu importante e indispensável contributo para a mesma e ainda, facilita o seu entendimento sobre o desenvolvimento da criança, usufruindo também de um maior apoio do educador e da comunidade escolar. Para os educadores, este processo facilita a compreensão por parte dos familiares acerca das escolhas pedagógicas, nomeadamente, das estratégias e procedimentos utilizados, bem como das atividades desenvolvidas. Para além deste aspeto, também os pais se sentem motivados a participar e, portanto, vai tornando-se maior o número de familiares a demonstrar o seu interesse em envolverem-se, e a tomarem a iniciativa de colaborar com o educador de infância ou instituição.

Brazelton e Sparrow (2003) salientam a importância do envolvimento dos avós na educação das crianças, dado que são estritamente necessários para, por um lado, ensinar valores, hábitos e tradições e, por outro, partilhar as suas histórias e memórias, elaborando pequenos costumes, relacionados com o que viveram antigamente e, assim, fazer com que os seus netos se apropriem dos valores que lhes querem transmitir. Pelo que se revela absolutamente interessante que o educador envolva a família no dia-a-dia do jardim de infância, dando também espaço para os avós realizarem atividades inter-geracionais, promovendo uma aprendizagem e troca de saberes mútua, entre idosos e crianças. Com inclusão de indivíduos de idade sénior na educação das crianças também se promove carinho e o respeito pelo idoso, o que nos dias de hoje, com os índices de população envelhecida que se fazem sentir no nosso país, parece ser absolutamente essencial.

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De acordo com o Núcleo de Educação Pré-Escolar do Departamento de Educação Básica (1994) , sedeado no Ministério de Educação, pode afirmar-se que a relação jardim de infância/ família se traduz numa cooperação mútua, onde os vários intervenientes contribuem para uma valorização recíproca, na qual se fomenta a partilha de vivências, culturas, experiências, saberes, etc. criando oportunidades de desenvolvimento interpessoal. Tendo como foco principal desta investigação o bem-estar das crianças, é possível afirmar que o envolvimento da família no jardim de infância exige um olhar detalhado para o contexto sociofamiliar da criança, por parte da educadora. Para além deste aspeto, esta interação vem dar à criança um importante contributo para que a mesma se sinta valorizada e importante na vida dos seus principais cuidadores. Desta forma, ao promover o envolvimento da família no jardim de infância, a criança beneficia de uma cooperação entre adultos, que demonstra um olhar atento relativamente aos seus sentimentos, perguntas, e na forma como a mesma se vai apropriando do mundo que a rodeia, fazendo-a entender os outros, as suas vivências e os valores lhe vão transmitindo. Assim, pode concluir-se que a criança, estando circundada de um enorme apoio positivo, sente-se motivada a enfrentar novos desafios.