• Nenhum resultado encontrado

2 BASE TEÓRICO-EMPÍRICA

2.2 INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS

2.2.3 Estratégias dos Institutos de Pesquisas Tecnológicas

As transformações mencionadas anteriormente pelo qual passam os IPTs são apresentadas como uma dificuldade particular e exigem um cuidado no gerenciamento das estratégias por parte dos IPTs. Vários IPTs têm procurado interagir com seu ambiente adotando estratégias que variam desde a privatização de ativos, mudança de formato jurídico, mudança de organogramas e implementação de políticas explícitas de relacionamento com o ambiente (SALLES-FILHO, 2000).

Segundo Arnold et al. (1998) o aumento na busca por novas fontes de recursos, principalmente privados, faz com que nos IPTs as decisões estratégicas sejam intensificas ao procurar redefinir os tipos de serviços que serão oferecidos, o ambiente de atuação (nacional e

internacional), a quantidade necessária de técnicos e cientistas para manter o funcionamento das atividades, as políticas administrativas, de liderança, de pessoal e de aquisição de equipamentos.

Ferreira Júnior (2006) confirma em seu estudo que os recursos governamentais não atendem às necessidades dos IPTs no Brasil e tem sido utilizado outras fontes de recursos, principalmente através de serviços tecnológicos e projetos de P&D com as empresas, para manutenção das organizações.

Arnold et al. (1998) destacam que as estratégias de um IPT não podem ser concebidas de forma simples. Elas precisam ser concebidas a partir do entendimento de como o sistema funciona, entendimento de como ocorre o relacionamento com o ambiente e assim usar deste entendimento para projetar estratégias que tenham relevância. Como forma de orientação às atividades da organização, Arnold et al. (1998) sugerem como melhor modo a adoção de planos estratégicos para orientar as atividades dos IPTs.

Fica clara a necessidade constante de análise das principais atividades desempenhadas pelos IPTs. Atividades estas de pesquisa básica, pesquisa aplicada, desenvolvimento experimental, design e aplicação de engenharia, serviços técnicos, certificação e treinamentos (ARNOLD et al., 1998).

Arnold et al. (1998) propõem como forma de avaliar as necessidades estratégicas dos IPTs a identificação das suas características através dos seguintes passos:

1. Revisar as necessidades do mercado e a compará-las com a expertise disponível. 2. Monitorar o ambiente para identificar e adquirir novas tecnologias.

3. Dominar essas tecnologias – internamente e com os clientes – por intermédio de desenvolvimento de projetos.

4. Quando apropriado, difundir as capacidades resultantes na economia.

Complementando, Arnold et al. (1998) afirma que o sucesso dos IPTs ocorre no desempenho das tarefas técnicas altamente especializadas e nos serviços das atividades inovativas assistenciais às indústrias de várias formas e não desenvolvendo e difundindo novas inovações que é amplamente tarefa da indústria.

Salles-Filho e Bonacelli (2005a) destacam dois tipos de decisão que os IPTs têm que tomar: quanto ao seu ambiente interno e ao perfil organizacional e gerencial; e quanto ao ambiente externo e a estratégia de interação com outras organizações.

No que tange às atividades dos IPTs estarem orientadas pela demanda ou serem desenvolvidas antecipadamente, Souza (2002) em uma pesquisa com 42 gerentes dos principais IPTs industriais brasileiros, constatou que em sua maioria acreditam que as atividades dos IPTs devem estar orientadas pela demanda, ou seja, o mercado dita a dinâmica de atuação dos IPTs.

Salles-Filho e Bonacelli (2005a) levantam quatro elementos sensíveis às estratégias e ao contexto de atuação dos IPTs, ligados diretamente à performance e à sustentabilidade dessas organizações:

 Financiamento e alavancagem de recursos para o desenvolvimento de atividades voltadas à inovação e/ou à pesquisa;

 Trabalho compartilhado e formação e participação em rede técnico - cientificas e de inovação e gestão;

 Apropriação do conhecimento e transferência de tecnologia;  Política de capacitação de recursos humanos.

As mudanças que vêm ocorrendo no sistema de apoio aos IPTs impõem uma atitude pró-ativa em direção a novas fontes de financiamento e alavancagem de recursos. Destaca-se as estratégias de geração de recursos, via interação com a atividade privada, vendendo produtos, processos, serviços, cursos entre outras atividades (SALLES-FILHO; BONACELLI, 2005a). Apesar dos recursos públicos ainda serem fundamentais para o desenvolvimento e a sustentação das atividades dos IPTs, principalmente os públicos, a atividade de estar adaptado a conseguir recursos alternativos ao público constitui fator chave para a manutenção dos IPTs.

A estratégia de trabalho compartilhado com a formação e participação de redes de cooperação vêm cada vez mais ganhando espaço no desenvolvimento das atividades de demanda tecnológica e constituindo uma estratégia significativa no aprimoramento dos IPTs (SALLES-FILHO; BONACELLI, 2005a).

Barbosa (1999) em estudo das atividades espaciais brasileiras evidencia a importância das estratégias de cooperação internacional para o desenvolvimento das atividades na área. Os aspectos estratégicos da cooperação internacional possibilitam uma boa visibilidade da imagem do país e da instituição no exterior, especialmente com países desenvolvidos. Além de configurar uma alternativa com vistas à redução de custos (BARBOSA, 1999).

Mas o principal fator para a busca de cooperação pelos IPTs consiste nas vantagens de aprendizado compartilhado e da complementaridade de qualificações entre outros ativos, além de enfatizar a orientação da pesquisa para a demanda (SALLES-FILHO; BONACELLI; MELLO, 2000). É importante salientar também que ao lado da cooperação da pesquisa conforme destacado, existe a importância em aproximar as relações com universidades, indústrias e sociedade.

A cooperação pode ser utilizada de múltiplas formas por parte dos IPTs. Salles-Filho, Bonacelle e Mello (2000) destacam a crescente configuração de redes para o desenvolvimento e exploração do conhecimento. É, portanto, em torno da formação de redes, da pesquisa cooperativa, da abertura institucional e do aprendizado compartilhado que hoje a pesquisa e a inovação buscam organizar suas atividades.

A gestão da apropriação do conhecimento e transferência de tecnologia requerem conhecimento sobre as próprias competências e saber o que deve ser mantido em segredo e o que pode (de certa forma deve) ser negociado ou transferido. Esse elemento compõe um dos principais entraves das estratégias dos IPTs, por constituir uma atividade pouco rotinizada dentro dessas organizações (SALLES-FILHO; BONACELLI, 2005a).

Em conjunto com a apropriação do conhecimento e a transferência de tecnologia, a propriedade intelectual surge como uma função estratégica nos IPTs e pode ser um fator de barganha para o acesso ou abertura de mercados específicos (BUAINAIN; CARVALHO, 2000).

Igualmente, as políticas de capacitação de recursos humanos requerem uma capacitação de pessoal com perfil para monitorar o ambiente externo e nutrir o ambiente interno com as demandas e oportunidades, tornando essencial e estratégico para os IPTs (SALLES-FILHO; BONACELLI, 2005a). Na ajuda desse processo as universidades têm desenvolvido um papel importante como formador de recursos humanos para os IPTs.

As universidades são os principais parceiros dos IPTs, desenvolvendo uma relação muito estreita entre essas duas esferas institucionais. Além da constante troca de ideias e pesquisadores, constante compartilhamento de professores e realização de projetos em conjuntos, não é raro encontrar laboratórios e administrações dos IPTs estabelecidos dentro dos âmbitos territoriais das universidades, o que acaba por constituir fortes laços de trabalho.

Conforme observado os IPTs tem sustentação na atuação constante com universidades e empresas, principalmente indústrias. Dessa mesma forma, sua atuação confunde-se com essas duas esferas: atuar como empresa na prestação de serviços e atuar como geradora do

conhecimento. É importante ressaltar que a maioria dos IPTs possui ensino de pós-graduação (mestrado e doutorado) ou programas de orientação de alunos das universidades.

2.3 INTERNACIONALIZAÇÃO DOS INSTITUTOS DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS