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2.3 Impacto dos Clusters numa cidade

FIGURA 20 Mapa do percurso das linhas do Metro do Porto

5.5.3. Estratégias de negócio

É o grupo de análise que destaca a dinâmica das forças internas que compõem o cluster quando ele se rege por um planeamento estratégico.

5.5.3.1. Cooperação, Competição e Coopetição

Vistos os três lados da questão, os entrevistados acreditam que, à exceção de poucos estabelecimentos, a cooperação é, de facto, uma forma de estar que impera na relação que os agentes de negócios mantêm uns com os outros.

A Porto Lazer revela que apesar de existir, de facto, esse ambiente de cooperação, o de competitividade também está presente, havendo algumas divergências.

No entanto, como o Dr. Nuno Lemos explica, a ligação de um ambiente cooperativo entre os agentes de negócio também se encontra presente, com a ala direita da Avenida dos Aliados: 3C, Twins, Casa do Livro, Plano B, com alguns que estão situados do outro lado, como o Pitch, o Maus Hábitos, o

“Eu acho que deve haver ali um clima de cooperação surpreendente. Não sei se será de uma cooperação muito profunda, mas a pouca que existe já é surpreendente. Estamos a falar de negócios que são razoavelmente parecidos e haver essa união de esforços em prol de alguma coisa em comum não é habitual, já o que existe é louvável. Isto em termos de noite.”

Jornalista Jorge Lopes, Editor da ” Time Out” Porto

“Não as conheço, ouço falar delas, há umas divergências entre dois ou três bares. Tirando esses, existe um trabalho muito forte em termos de cooperação entre todos. Ou seja, vou-lhe dar um exemplo, a Passagem de Ano, a noite de S.João, na Avenida dos Aliados foram organizadas por uma série de 12 ou 15 bares todos juntos. Ou seja, nós desafiamos, cá está o nosso papel de desafiar esses bares a terem uma oferta e de ajudar, que é criando e dando-lhes condições para que eles se possam organizar. E a partir daí foram eles próprios a organizar e a explorar os bares, a contratação, tudo isso foi feito por eles.”

Rivoli, o Olympia, que assumem uma relação muito agradável e muito saudável.

Está patente na opinião abaixo do entrevistado Jorge Lopes, Editor da revista Time Out, a vantagem da cooperação entrev diversas vertentes comerciais:

No reverso da medalha há, naturalmente quem opine de forma diferente:

5.5.3.2. Interação e parcerias em eventos locais

A Porto Lazer estabelece parcerias com instituições da cidade, numa perspetiva de partilha de meios e de uma utilização mais eficiente e racional dos recursos disponíveis, com o objetivo de desenvolver iniciativas de interesse, transformando incentivos em momentos de animação da cidade,

“Se eu dou a possibilidade de dar algumas propostas a um dos bares, que tem por exemplo uma visão mais electrónica da música, faz sentido depois dar a um que se calhar tem uma visão mais rock, mais diferenciada, mas todos eles trabalham em conjunto, há boas relações entre a maior parte e isso é bom.”

Engº Nuno Lemos, colaborador da “Porto Lazer”

“Há aqui uma associação cultural que se chama Terra na Boca que faz aqui umas iniciativas, aqui em Miguel Lombarda e por aqui noutras zonas e que já juntam cafés, a lavandaria aqui ao lado onde às vezes fazem exposições. Portanto, acho que sim, que há uma cooperação muito razoável.”

Jornalista Jorge Lopes, Editor da ” Time Out” Porto

“Do género, vai ao meu, não vás ao teu, já vimos aí coisas de pessoas estarem aí no Bar 3C na esplanada e pessoas se virarem - ah, não quer ir ali experimentar os nossos gins e não sei quê? Marketing mesmo agressivo, que é chegar ao pé das pessoas e chamá-las para irem ao bar do lado e mesmo à frente do dono, ainda por cima. Acho que, havendo bom senso, tudo é legítimo. O que acontece agora é que os negócios são todos muito parecidos, é o conceito de beber bebidas, não oferecem uma programação por aí além, não têm uma personalidade vincada, mas estão sempre a aparecer projetos novos e interessantes.”

normalmente associados a vários eventos ou a grandes momentos como o Dia Mundial da Dança, a Feria do Livro, o São João, festivais de Verão e o Natal. Este tipo de eventos, quase sempre, partem de agentes públicos, principalmente vindos da Câmara Municipal e da Porto Lazer, que estabelecem parcerias com outras entidades que possam estar interessadas em se associarem, organizando e patrocinando os eventos em conjunto, numa ótica de rentabilização dos esforços e de meios com vista à dinamização da cidade.

Se, por um lado, grande parte das iniciativas partem de agentes públicos, por outro, há também uma intervenção muito forte por parte dos privados, destacando a existência de uma relação de complementaridade na organização de vários eventos locais, dos quais:

Estas iniciativas acabam por ser bastante positivas, no sentido em que existe grande partilha e cooperação entre as entidades que participam nesse tipo de eventos.

“A própria dinamização dos Aliados, e parecendo que não em termos de remodelação, criou um palco para a cidade para que o S. João seja feito lá, a Passagem de Ano seja feita lá, algumas festas são feitas lá, a maior aula de Judo foi feita lá, tudo está centralizado na baixa. E depois fizemos também uma série de obras adjacentes. Para além disso criamos eventos noturnos e diurnos mas noturnos em termos musicais com apoio nosso junto de alguns bares que existiam ali.”

Engº Nuno Lemos, colaborador da “Porto Lazer”

“surge o artesanato, surgem os bares e os restaurantes, todos dependem uns dos outros, porque a partir do momento em que há animação, que é uma vertente que nos interessa muito do ponto de vista turístico, para além do resto das outras componentes, a animação, que se prende precisamente com a realização de eventos, com a própria animação noturna, como eu já lhe referi atrás, por si só consegue captar turistas e visitantes.”

Porém, alguns agentes de negócio privado, desmotivaram-se exatamente por haver alguns estabelecimentos na rua que não cooperavam com eles, sendo que agora tomam a iniciativa mais especificamente em festas de carácter especial, ou em que os agentes públicos intervêm.

Pelas entrevistas acima se conclui que, as interações existentes entre parceiros geram alguma controvérsia, já que não são vistas por todos da mesma maneira e acabam por criar algumas apatias.

5.5.3.3. Posicionamento do negócio

Tomando de exemplo a revisão de literatura da tipologia dos clusters, podemos dizer que o cluster das Galerias de Paris apresenta características que correspondem ao tipo de Cluster Local. É um conjunto que se encontra próximo geograficamente de empresas e instituições que se interrelacionam por elementos em comum e complementaridades e que atuam num ramo específico de atividade (ou seja, no mesmo ramo ou possivelmente no mesmo segmento do ramo).

O que acontece é que essas empresas concorrem entre si no mercado dos produtos (ou serviços) e simultaneamente são capazes de cooperar entre si e,

“ Houve uma altura em que nós também organizamos, com o bar 3C, concertos de Jazz, aqui na rua. Fizemos isso durante dois meses; todos os sábados havia concertos gratuitos aqui na rua, de jazz. Mas depois, começaram a abrir tantos bares.. depois, por exemplo, chegamos a fazer nós, o 3C, o Twins e o Rendez- vous. Quando havíamos só nós aqui na rua e toda a gente dividia os custos e toda a gente lucrava, depois começaram a vir mais bares que já não queriam participar.”

Arqº Filipe Santos Teixeira, Proprietário do Bar ”Plano B”

“É óbvio que não podemos estar a pagar uma coisa para toda a gente ter lucro, por isso começamos a deixar de fazer esse tipo de iniciativas. O problema é esse, quando começa a ser muita gente, bastam dois não quererem para os outros saírem prejudicados, porque estão a investir e outros não. Mas o S. João é uma festa que nós fazemos aqui mesmo, os outros querendo ou não e que assumimos os custos, mesmo que as pessoas não queiram dividir.”

quando o fazem, aumentam a competitividade do conjunto, como foi também exemplo o caso dos “Distritos Industriais italianos” que se caracteriza pela focalização das empresas num leque restritivo de atividades ou de segmentos de atividades.

5.5.3.4. Mercado alvo

O mercado alvo diz respeito ao posicionamento do negócio, inserido no planeamento estratégico, que passa também pela definição do mercado-alvo que se pretende focar para se atingir.

O facto da envolvente do negócio contar com dinâmicas locais, nacionais e internacionais prevê a necessidade de uma maior especificidade sobre o planeamento estratégico do negócio, de forma a aproveitarem-se ao máximo as potencialidades do cluster.