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Incentivos para a criação de negócio por parte da Câmara Municipal

2.3 Impacto dos Clusters numa cidade

FIGURA 15 Café Piolho

5.5. Análise Grupo dos Fatores de Clusterização (2ª Fase)

5.5.1. Dinâmica do Fenómeno

5.5.1.2. Incentivos para a criação de negócio por parte da Câmara Municipal

A Câmara Municipal facilitou e o fenómeno aconteceu. De certa forma, é o que os resultados desta investigação nos levam a crer. O fenómeno das Galerias de Paris acaba por ser identificado como um processo emergente mas que, dentro da sua espontaneidade, se revestiu de planeamento aturado.

A Câmara Municipal teve, durante três ou quatro anos, um papel de espetador, apenas. Era uma altura em que não intervinha muito, não fazia

“A impressão que sempre me deu é que não existem incentivos camarários, ou seja, o incentivo camarário foi praticamente “não atrapalhar”... portanto, o que nestes casos, muitas vezes, parecendo que não, já é significativo...”

muitas fiscalizações, precisamente por ter sido um fenómeno que aconteceu e que não partiu das entidades municipais; de certa forma, deixou acontecer porque estava a recuperar a Baixa.

No entanto, dado o crescimento notório de negócios na zona, a certa altura a Câmara Municipal sentiu necessidade de intervir, acabando por planear, de acordo com as condições, há muito programadas, e, por isso, é comum a focalização dos entrevistados nesse plano estratégico de conhecimento público na Baixa da cidade.

Tornou-se, então, pública essa vontade através do projeto “Porto 2001” - Porto Vivo, iniciativa da Câmara, tendo como um dos seus objetivos, a aposta em tornar as ruas mais simpáticas, proporcionando as estruturas necessárias, assentes depois no apoio e grande incentivo a cargo de jovens intelectuais e arquitetos. Assim, em colaboração com comerciantes interessados, a Câmara reuniu e aceitou essa iniciativa de visionarem um outro tipo de negócio e de oferta para a zona.

Ao que parece, desde 2005 que, de facto, a Câmara Municipal se tem preocupado com a revitalização da Baixa, como explica a Dr.ª Ana Azevedo, do Departamento de Turismo da Câmara Municipal, onde se enquadram precisamente as Galerias de Paris, apostando no lançamento de um projeto chamado Master Plan, que focaliza precisamente três eixos, digamos assim, prioritários:

• o viver na baixa, que tem a ver precisamente com as pessoas que entretanto já saíram da cidade mas gostariam de voltar a morar na cidade;

“Estavam vários edifícios a ser recuperados, estavam pessoas a vir para a baixa; era um fenómeno que, se calhar, se fosse a Câmara a tentar fazer, não seria tão aceite.”

Arqº Filipe Santos Teixeira, Proprietário do Bar ”Plano B”

“Eu acho que houve uma estratégia clara da parte da Câmara em querer dinamizar a baixa do Porto; todas as grandes cidades europeias têm uma zona de bares no centro da cidade e acho que o Porto necessitava claramente disso.”

• o viver da baixa, que é direcionado precisamente para esta vertente do segmento de negócios;

• e viver a baixa tem a ver precisamente com a área de animação, a área de atividade cultural que dinamiza.

Do ponto de vista da Porto Lazer, o seu papel estratégico, teve mesmo influência para a notoriedade de alguns dos bares que já existiam, ou seja, tanto no domínio das estruturas como no da programação diária (quer de dia e de noite), permitindo que esses bares tivessem maior afluência e que as ruas tivessem público a assistir a todo o tipo de eventos proporcionados por estas organizações, como é o caso de concertos.

5.5.1.2. Iniciativas de dinamização local

A Porto Lazer, enquanto entidade pública, parceira da Câmara Municipal, funciona como interlocutor natural junto das diversas entidades que participam na dinâmica da oferta da cidade. Foi criada, em 2012, a área de Relações Institucionais e de Incentivos, com o objetivo estratégico de conferirem uma maior eficácia e eficiência na prestação de serviço público no domínio da atividade do lazer e de outras atividades de animação, sob o pressuposto do incremento contínuo da atratividade da cidade.

Em 2012, a Porto Lazer recebeu 366 pedidos de apoio, destacando-se em primeiro lugar o apoio Institucional (34%), seguido do Desporto (21%), da Cultura (19%) e Música (13%) (Relatório & Contas, 2012).

FIGURA 16

Gráfico Tipo de Apoio - (nº de iniciativas apoiadas)

Fonte: Porto Lazer, Relatório & Contas (2012)

Na (Figura 16) a animação surge em último lugar por ser uma categoria excedente, o que decorre do fato de todas as restantes categorias resultarem na prática e maioritariamente em animação, mas enquadrada em cada um dos temas específicos considerados.

Dentro da dinâmica global, a Porto Lazer continuou a dar enfoque particular à Baixa Portuense, articulando iniciativas, agilizando e liderando processos e incentivando privados a apostar na energia singular que o Porto tem conseguido propagar nos últimos anos, e que continua a ser alvo de referência em diversas publicações internacionais.

É unânime a opinião de que a Baixa tem hoje uma dinâmica muito própria, sustentando o processo de reabilitação e promoção em curso e contribuindo para a efetiva revitalização do centro da cidade. A realização das mais diversas iniciativas em locais como a Av. dos Aliados, Rua Cândido dos Reis, Rua Galerias Paris, Praça Carlos Alberto, Praça dos Leões, Jardim da Cordoaria, entre outros, foram fundamentais para alavancar o fenómeno, que agora importa disciplinar para que cresça em sintonia com todas as outras componentes da vida da cidade.

Uma das preocupações do ano 2013, foi reequilibrar a oferta nesta zona da cidade, fazendo uso do efeito dinamizador obtido em zonas como a das Galerias de Paris para outras envolventes dos espaços impactados.

Aproximar os dois lados da Baixa separados pela Av. dos Aliados, potenciando a complementaridade e articulação da oferta foi um dos critérios a seguir nos projetos de dinamização, nomeadamente com a realização da noite de São João, do “Arraial Minimal”, nos Aliados, um evento que tem um conceito original e que reúne num só local duas sonoridades diferentes, que conta com a participação e interação de todos os membros de negócio do cluster.

A necessidade patente de diversificar a oferta, atraindo novos públicos à Baixa, complementando-a em termos de conteúdos, levou a que se organizassem uma série de eventos na cidade do Porto:

Ø Festival Vodafone Mexefest, Dia Mundial dos Centros Históricos, Festa de São João do Porto, Optimus Primavera Sound, Porto Sounds, que assumiram a itinerância, tendo partido à conquista de novos espaços, dos quais destacamos a Praça dos Poveiros, Extreme Sailing Series, Festival Varandas, Porto Sunday Sessions, realizados durante o mês de agosto, Douro Film Harvest, Manobras no Centro Histórico do Porto, 1.ª Avenida – Dinamização Económica e Social da Baixa do Porto, Natal no Porto, Passagem de ano, entre outro tipo de iniciativas que vão desde exposições, concertos, música na rua, inaugurações de Galerias de arte em Miguel Bombarda, Corridas, eventos de moda, espetáculos, teatro, feiras do livro, “A Porto Lazer o que fez foi centralizar o seu core business, ou seja a sua atuação, na baixa do Porto, nomeadamente com quatro ou cinco grandes eventos. Um deles foi o Porto Sounds: são concertos de rua com entrada livre e gratuita, que acabam por atrair as pessoas e, na altura, fizemos uma aposta em bandas de renome, na altura, para a baixa do Porto. E começámos a fazê-lo na Rua Cândido dos Reis, na Rua das Galerias de Paris, Praça dos Leões, Praça D.João I, e isso começou a atrair muita gente para a baixa do Porto.”

Engº Nuno Lemos, colaborador da “Porto Lazer”

“...a alteração da tipologia da Avenida dos Aliados, que antes não permitia que houvessem grandes eventos na “sala de visitas” da cidade, através da reabilitação e dinamização feita, o que se começou a perceber é que, para além de todos esses sítios adjacentes, a própria zona dos Clérigos, a própria zona das Galerias de Paris, a própria zona da Praça de Filipa de Lencastre, a Praça D.João I, tudo isso foi restruturado, interligando todas as zonas.”

Queima das Fitas, Feiras da Universidade do Porto, etc. Começou-se, assim, a criar uma rotina grande em termos musicais e culturais, com estas duas questões.

FIGURA  17