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Mapa I – Área aproximada do Termo de Mariana no final do Século XVIII

3- Aspectos econômicos e produtivos da diferenciação social 3.1 Metodologia e setores da riqueza

3.3 Estratificação social e mão-de-obra escrava

principal definidor da distinção econômica entre os chefes de domicílios e inventariados de Furquim. Assim,

em pouca

mportante peso comercial para a freguesia de Furquim.

ais (cav , éguas e as), em geral uti dos mé

cont sse de bestas, m

s.

a um sinal d

dores e tropeiros. Ademais, tudo indica que os arraiais da própria região absorviam a antes prósp

passem

proprietários (38%), corroborando a idéia de que os pequen

Furquim. 1821-1850

os a conhecer o perfil da escravaria arrolada nos inventários. De acordo com a tabela 3.8, cerca de 75% dos escravos eram nascidos no Brasil e 25% eram africanos. Analisando essa proporção em cada setor da riqueza, vemos que os africanos foram mais importantes proporcionalmente para os pequenos

os plantéis estariam menos propícios a reprodução natural e mais dependentes da reposição externa. A maior participação dos proprietários mais simples no conjunto total de africanos (17%) do que entre os crioulos (11%), conforme tabela 3.9, indica o mesmo caminho, embora o terceiro setor possuísse 72% de todos os cativos oriundos do tráfico internacional.

Tabela 3.8

Distribuição dos escravos africanos e crioulos em cada setor da riqueza.

Setores Africanos % Crioulos %

1 23 38 37 62

2 15 11 120 89

Total 134 25 396 75

3 96 29 239 71

Fonte: 50 Inventário . 1821-1850. ACSM

Participação de cada setor no número de escravos africanos e crioulos.

Setores Africanos % s post mortem Tabela 3.9 Furquim 1821-1850 % Crioulos % Total 1 23 17 37 09 60 11 2 15 120 25 3 96 72 239 61 335 64 530 100 11 30 135 Total 134 100 396 100

Em que pese o relativo apego ao tráfico pelo grupo dos pequenos proprietários, a valoriz

steve cerca de 19% mais baixo que as médias dos outros dois setores ( tabela 3.10). Enquanto os escravos dos pequenos proprietários v

dos médios e grandes valiam ente, 250$123 (duzentos e cinqüenta mil e cento e vinte e três) e 255$040 (duzentos e cinqüenta e cinco m quare réis)

a. Furquim. 1821-1850.

ação dos escravos dos diminutos plantéis apresenta nível mais baixo do que o de outros setores. A média do número de escravos é de 2,7251 para o primeiro setor, 9,35 para o segundo e 33,5 para os grandes proprietários.

A média dos preços dos escravos revela diferenças significativas, como demonstra a tabela 3.10. O preço médio geral da amostra foi de 218$138 (duzentos e dezoito mil e cento e trinta e oito réis), mas a média do valor dos escravos do primeiro setor não ultrapassava 170$550 (cento e setenta mil e quinhentos e cinqüenta réis). Tomamos o cuidado de excluir os processos arrolados na década de 1820 quando o preço dos escravos ainda não havia experimentado o vertiginoso acréscimo das décadas seguintes (ver BERGAD, 2004). Mesmo assim, o valor médio do escravo do primeiro setor e

aliam, em média, 203$529 (duzentos e três mil e quinhentos e vinte e nove réis), os cativos , respectivam

il e nta . Tabela 3.10

Valores Médios dos escravos, em mil réis, segundo o nível de riquez

Setores Preço médio geral Sem a dec. de 1820

1 170$550 203$529

2 192$829 250$123

Geral 218$138 249$980

3 236$860 255$040

Fonte: 50 Inventários post mortem. 1821-1850. ACSM.

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O cálculo foi feito excetuando os 4 não possuidores de escravos. Somente 3 inventariados desse setor detinham 5 ou mais escravos ( Ver tabela I – anexo capítulo 3).

Os escravos dos pequenos proprietários teriam valor comercial mais baixo? Se considerarmos essa hipótese, o peso na participação desses escravos na unidade produtiva familiar pode ter sido menor do que a sua simples presença numérica parece revelar. Analisando o perfil dos 60 escravos desse setor, percebemos que aqueles escravos em perfeitas condições de saúde e dentro da idade produtiva somavam 23 cativos, ou seja, 38,3 % do total (tabela 3.11). Se considerarmos somente os escravos africanos pertencentes aos pequenos proprietários também notaremos que de um total de 23 escravos, 15 estavam em idade produtiva e desses, 4 estavam doentes, restando 11 cativos africanos em boas condições. O valor médio do cativo africano no primeiro setor foi de 257$500, ao passo que o valor médio do cati

0 – 14 15-44 45-59 60 e + Total vo africano no terceiro setor foi de 318$82352.

Tabela 3.11

Faixa etária e condições de saúde dos escravos do primeiro setor. Furquim. 1821-1850.

Boas condições 12 23 08 09 52

Doentes -- 07 01 -- 08

Total 12 30 09 09 60

F

ando de primeiro setor.

onte: 26 Inventários post mortem:60 escravos arrolados. ACSM.

Dessa forma, apesar da notória existência de escravos em suas unidades produtivas, o grupo dos pequenos proprietários não estaria mais próximo daquela imensa maioria dos domicílios em que o trabalho familiar predominou? Apesar de sub-representadas na amostra de inventários, as unidades tipicamente familiares poderiam ter características econômicas muito próximas do grupo que aqui estamos cham

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Mesmo não coincidindo o período e a região, vale citar alguns trechos da lista a de habitantes de 1772 da região de Sorocaba, São Paulo, estudada por Carlos

ervador uma falsa impressão de prosperidade

isso, a aplicação da mão-de-obra escrava, como complemento ou substituição nominativ

Bacellar: Possui 3 escravos, uma criança e 2 velhas; Tem 21 vacas e 2 escravos velhos; Escravos tem 3 entre velhos e crianças; Tem dois cavalos e 2 escravas com crias (Lista nominativa de Sorocaba, 1772 Apud. BACELLAR, 2001. p. 130). Segundo o autor é fundamental considerar a qualidade dos cativos em questão procurando evitar definir a unidade produtiva pelo tamanho do seu plantel. Pois, afinal de contas, possuir escravos crianças, velhos ou doentes pode causar ao obs

em um domicílio, que na verdade possuía um plantel fraco e de baixo valor de mercado (BACELLAR, 2001, p. 129).

Provavelmente, os não proprietários de escravos e aqueles que possuíam apenas 2 ou 3 cativos, muitas vezes com baixo valor comercial, estavam em um nível econômico aproximado. Isto sugere também que, a capacidade de aquisição da mercadoria escrava por parte dos pequenos proprietários deve ser relativizada; ou seja, eles teriam tido acesso a peças desvalorizadas, o que mostra a restrição da participação do chamado Senhor/Camponês na formação da vasta escravaria mineira53.

Apesar d

do trabalho familiar, pode não ter dependido apenas do tamanho do plantel ou de seu valor comercial, mas de como cada proprietário organizava a produção. Por isso, a comparação da estrutura produtiva de pequenas e grandes propriedades pode contribuir para revelar não somente o nível sócio-econômico que se encontrava o indivíduo, mas também o perfil da aplicação do trabalho nas unidades produtivas.

No capítulo 2 argumentamos que eram os médios e grandes proprietários da região estudada, os maiores demandantes de escravos.

3.4 Por dentro das unidades produtivas: Processo produtivo e caminhos trilhados