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Estresse Financeiro: Perspectivas Psicológicas e Emocionais

2.2 MODELO TEÓRICO PROPOSTO NO ESTUDO DE GILLIGAN (2012)

2.2.4 Estresse Financeiro: Perspectivas Psicológicas e Emocionais

Gilligan (2012) aponta o Modelo de Competências criado pela Dra. Katheleen Gurney, presidente da Financial Psychology Association, que explora como as atitudes e os sentimentos das pessoas em relação ao dinheiro podem afetar as formas como gastam, guardam ou investem. Há quatro competências que fazem parte do modelo: o autoconhecimento, o autocontrole, a autoconfiança e a auto-motivação. O autoconhecimento é a compreensão das atitudes e sentimentos que impactam como a pessoa ganha, gasta, poupa e investe dinheiro. É uma oportunidade para resolver qualquer ansiedade ou dor uma pessoa pode sentir sobre a sua situação financeira (FINANCIAL PSYCHOLOGY ASSOCIATION, 2010).

A segunda competência é autocontrole, que é geralmente onde as pessoas mais precisam de ajuda. Esta competência dá à pessoa novas formas de pensar sobre como ela gasta seu dinheiro e permite reconhecer hábitos negativos. A terceira competência, a autoconfiança, está intimamente relacionado com a segunda, pois, raramente as pessoas são capazes de desenvolver a autoconfiança, sem auto-controle. É a competência que permite tomar medidas adequadas para aprender a poupar e investir e tomar melhores decisões financeiras. A competência final é a auto-motivação, isto é, quando uma pessoa é capaz de sustentar ações positivas, mesmo quando parece difícil ou arriscado. As quatro competências são baseadas no princípio de que fazem parte de um ciclo de realimentação. Quanto mais experiência se tem com os resultados financeiros positivos, mais provável é que se possa continuar a tomar ações que melhoram a estabilidade financeira pessoal. Esta, por sua vez, fará com que a pessoa desenvolva sentimentos positivos em relação à gestão financeira pessoal (NEFE, 2005).

Gilligan (2012) ressalta também o modelo de Gurney classifica as pessoas em nove personalidades diferentes ao estudar a relação das mesmas com o dinheiro: jogadores seguros, empreendedores, otimistas, caçadores, realizadores, produtores, grandes jogadores, perfeccionistas e mestres do dinheiro. Cada personalidade tem características positivas e negativas que precisam ser gerenciados quando se trata de finanças pessoais. Ao reconhecer

qual a personalidade em que se encaixa melhor, a pessoa pode entender e administrar melhor a sua relação com o dinheiro. Dessa forma, os programas de educação financeira que se atém apenas nos detalhes técnicos da gestão financeira e que não levam em conta a forma particular como cada pessoa lida com as questões financeiras, podem ter um efeito de gerar níveis crescentes de ansiedade com relação a questões financeiras.

O estresse financeiro, de acordo com Loiola (2014), pode ser descrito como uma preocupação excessiva com os problemas financeiros pessoais diante da incapacidade de equacioná-lo.

A ansiedade e o estresse são, de acordo com Gilligan (2012), o resultado de uma administração financeira precária e os estudantes universitários são mais propensos a experimentar esse sentimento pela primeira vez. O estresse financeiro do estudante universitário pode ser uma indicação de sua baixa educação financeira, combinada com as circunstâncias macroeconômicas que eles estejam vivenciando. Por isso, a autora afirma ser importante identificar a ação recíproca entre estresse financeiro e educação financeira dos estudantes universitários.

Gilligan (2012) observa que existem várias definições para estresse financeiro na literatura e que várias terminologias diferentes também são usadas para fazer referência ao mesmo, tais como ‘pressão econômica’, ‘tensão financeira’, ‘bem-estar financeiro pessoal’ ou ‘estresse de dívida’. No entanto, a maioria das definições identifica uma sensação subjetiva de bem-estar financeiro, a qual é afetada pelos recursos financeiros disponíveis (KIM; GARMAN, 2003). Alguns pesquisadores optam por incluir não apenas a sensação de estresse, mas, também um evento financeiro específico que possa ter causado um forte estresse de uma só vez (KIM; GARMAN; SORHAINDO, 2003). Segundo Kim e Garman (2003, p. 35) estresse financeiro pode ser definido como “a percepção subjetiva que o indivíduo tem sobre suas próprias finanças”. Inclui a satisfação (ou insatisfação) com renda, poupança, investimentos e dívidas (GILLIGAN, 2012).

A ansiedade e o estresse representam um resultado frequente da má administração financeira e os estudantes universitários são mais propensos a experimentar este tipo de estresse pela primeira vez (GILLIGAN, 2012). O estresse financeiro pode ser uma indicação da baixa educação financeira conjuntamente com outros eventos como, por exemplo, uma conjuntura econômica difícil.

Gilligan (2012, p. 37) observa que:

[...] o estresse pode não estar necessariamente ligado ao nível de renda, mas, pode ser um indicador da incapacidade do indivíduo arcar com as responsabilidades financeiras. É uma avaliação subjetiva das finanças pessoais e inclui satisfação com

a renda, poupança, investimentos e dívidas. O julgamento de um indivíduo acerca da adequação de sua condição financeira proporciona uma compreensão mais rica sobre a mesma, pois, abrange os efeitos complexos que a gestão financeira pessoal pode ter em outras áreas da vida. A interação do estresse financeiro e da educação financeira dos estudantes universitários é importante de ser avaliada, pois, ela pode sugerir que a falta de conhecimento financeiro impacta os níveis de estresse financeiro.

É ressaltado também por Gilligan (2012) que a abordagem atual dada aos programas de educação financeira negligencia os aspectos psicológicos das decisões financeiras. Ela observa ainda que os programas de educação financeira devem incluir o entendimento de como a sociedade e as características individuais podem afetar a forma como o indivíduo administra suas finanças.

3 MÉTODO E TÉCNICAS DE PESQUISA

O capítulo tem por objetivo apresentar como o estudo foi conduzido. São, portanto, apresentados: a definição dos termos e das variáveis de pesquisa; as hipóteses de pesquisa que emergiram da revisão de literatura; o tipo de pesquisa adotado para conduzir a pesquisa de campo; a caracterização da população e da amostra definida para a realização do estudo; a técnica de coleta de dados; o instrumento de coleta de dados e as técnicas estatísticas de análise dos dados coletados no ambiente da pesquisa.