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De acordo com Zalán et al. (1990), a Bacia do Paraná, no sudeste do estado de Mato Grosso, configura um planalto bordejado em seus limites norte nordeste e noroeste pelas Faixas Paraguai e Brasília (Figura 2.4). Esta mesma região recebe a denominação estrutural de Plataforma Alto Garças (Marques et al. 1993). Nela está presente a impressão do Lineamento Transbrasiliano que se estende em direção NE para o estado do Ceará. Associadas em parte a esta enorme estrutura estão falhas paralelas, de grande extensão que cortam a Plataforma de Alto Garças. No entanto há também outras falhas relacionadas a outros eventos, como o Arco de São Vicente (Barros et al. 1993) e o Domo de Araguainha produto do astroblema ao final do Permiano (Crósta, 2002) cujo distinção torna-se um problema a ser discutido em trabalhos futuros. Os lineamentos impressos na Plataforma de Alto Garças como fraturas e falhas, identificadas por imagens de radar (Barros et al. 1982), apresentam diferentes direções. De acordo com Zalán et al. (1990) estes lineamentos exibem em toda a bacia forte

trend tectônico com predominância para NE-SW e NW-SE, ocorrendo subordinadamente os

lineamentos E-W. Adicionalmente no estado de Mato Grosso ocorrem também trends com direção N-S, como será descrito nesta monografia. Gonçalves & Schneider (1970) em mapeamento no estado de Mato Grosso, reconheceram impressos sobre a Plataforma de Alto Garças diversas falhas associadas a movimentos distensivos e à pré-deposição e sin-deposição cretácea do Grupo Bauru, especialmente os com direção NE-SW. Barros et al. (1982) sobre estas estruturas mencionam as de sentido NE-SW como as principais nessa parte da bacia, no estado relacionando-as como produto de reativação do Megalineamento Transbrasiliano.

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Figura 2.4 Contexto geológico regional, na borda noroeste da Bacia do Paraná, sudeste de Mato Grosso, compartimentação da Plataforma de Alto Garças. Modificado de Coimbra (1991) e Lacerda Filho et al. (2004).

Identificada por Oliveira & Muhlmann (1967 apud Barros et al. 1982), a estrutura do Arco de São Vicente abrange uma ampla área à sudeste da cidade de Chapada dos Guimarães como uma feição arqueada, tendo amplitude e localização descrita por Barros et al.(1982) entre o sudoeste Folha SD21-Z-D e extremidades da SD21-Z-C. E de maneira quase inexpressiva se estendendo aos limites com a Folha SE-21-X-B (Folha Corumbá). A estrutura preferencialmente com eixo NE-SW se apresenta cortado bruscamente pelas rochas do Granito do São Vicente na extremidade da folha SD-21-Z-C, enquanto à nordeste torna-se indistinto devido à coberturas detrito-lateríticas. Próximo à cidade de Chapada dos Guimarães é reconhecível pelos altos mergulhos para N e NNE nas formações Furnas e Ponta Grossa (Barros et al. 1982). Gonçalves & Schneider (1970), admitiram a origem desta estrutura, estar relacionada a evento de reativação durante o Paleozóico com término no início de deposição da Formação Botucatu. Ainda de acordo com estes autores o Arco de São Vicente trata-se de uma enorme feição tectônica com grande influência na porção noroeste da Bacia do Paraná.

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A Falha de Jaciara–Serra Grande é uma estrutura distensiva que se estende da cidade de Jaciara à região de Serra Grande onde é encoberta pela cobertura detrito-laterítica. De direção NE com inflexão para E-NE esta estrutura geológica se assemelha muito a Falha de Poxoréo pelo extenso paralelismo. Sua extensão de acordo com Barros et al. (1982) é de 90 km afetando tectonicamente as formações Ponta Grossa, Aquidauana, Palermo, Botucatu, Serra Geral e Grupo Bauru, tendo em paralelo, falhas de menor amplitude. Barros et al.(1982) ainda mencionam a possível origem ao Megalineamento Transbrasiliano, estabelecido no Precambriano, tendo sido reativado ao final da sedimentação eólica Formação Botucatu e perdurado até o final do Cretáceo.

À cerca de 25 km em paralelo a Falha de Jaciara–Serra Grande, está a Falha de Poxoréo com cerca de 95 km de extensão. Seu rejeito pode chegar a 500 m e ela estabelece contato tectônico entre várias unidades (Ponta Grossa, Aquidauana, Palermo, Botucatu e Bauru), além de colocar os depósitos cretáceos do Grupo Bauru encaixados em blocos rebaixados ao ponto de ficarem topograficamente abaixo da Formação Ponta Grossa. É registrada também intensa silicificação ao longo da estrutura, além de brechas de falha e camadas contorcidas e fraturadas (Barros et al.1982). Gonçalves & Schneider (1970), propuseram esta estrutura com maior prolongamento, cerca de 170 km e de mesma leve inflexão para E-NE coincidindo com a Falha de Toricuieje, na região de mesmo nome. Tais autores sugeriram origem pós-deposição Botucatu, atividade pré-Serra Geral e reativação durante a deposição do Grupo Bauru.

Paralelas às falhas da região de Poxoréo e Dom Aquino está a Estrutura de Alto Coité. Uma série de falhamentos normais com direção NE-SW conjugados a outras de direção NW-SE, que propiciam estruturas de rompimento em blocos e forma de domo. Partilha do mesmo contexto e registro litológico e sua origem está relacionada à reativação da Falha de Poxoréo durante o cretáceo (Barros et al. 1982). À leste próximo ao limite dos estados de Mato Grosso e Goiás, ocorrem lineamentos, falhas e fraturas de direção NE-SW e NW-SE perpendiculares ou paralelas, de forma conjugadas e/ou confluentes. Estas estruturas afetam especialmente as formações Furnas, Ponta Grossa, Aquidauana, Botucatu e Grupo Bauru. Nesta porção da bacia associados à estes falhamentos, aparecem também estruturas de gráben em que se depositaram as unidades cretáceas do Grupo Bauru e que preservam em seu assoalho unidades permianas e jurássicas. A exemplo têm-se os grabéns: Rio das Garças, Diamantino, Campinápolis e Rio Passa Vinte (Schobbenhaus Filho et al. 1975; Lima et al. 2008).

Ainda nos limites do estado, com feição dômica está o Domo de Araguainha de estruturação concêntrica, resultado de impacto de um corpo celeste. Crósta (2002) descreve o domo como constituído por anéis concêntricos formado por cristas e colinas em sua borda externa, que representam grábens semi-circulares erodidos, formados por falhas anelares de colapso. Este grande

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evento ocorrido no final do Permiano, deformou os grupos Paraná, Itararé (Aquidauana) e Passa Dois, além do embasamento granítico pré-cambriano.

Associada aos falhamentos normais e gravitacionais na Bacia do Paraná, sudeste de Mato Grosso, são notadas conjunto de fraturas e falhas normais de menor extensão como: Região Falhada das Parnaíbas e Região Falhada de Barra do Garças. Apresentam camadas basculadas e mergulhos acima dos valores regionais (Barros et al. 1982).

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