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3. GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS DE FLV

3.1. Estrutura da cadeia de suprimentos

A evolução dos mercados, a globalização, as crescentes exigências dos consumidores, o acirramento competitivo, as pressões por redução de preços, a busca da preservação ambiental, as rápidas mudanças tecnológicas, a melhoria da disponibilidade das informações e a proliferação de produtos com ciclos de vida reduzidos têm exigido maior flexibilidade e busca por estratégias diferenciadas das organizações. Surge daí a necessidade de desenvolver mecanismos de coordenação e colaboração entre os fornecedores e distribuidores de FLV, a fim de que os produtos estejam disponíveis no tempo e local correto para consumo, assim como para que os agentes da cadeia obtenham benefícios socioeconômicos sustentáveis (LIMA et al., 2016).

Embora não haja uma definição universal de gestão de cadeia de suprimentos (GCS), várias perspectivas têm ressoado entre pesquisadores e profissionais da área (ESPER et al., 2010). A GCS compreende as atividades integradas relacionadas à transformação e fluxo de bens, serviços e informação, desde as fontes de matérias- primas até o usuário final. Ela busca a integração de processos de negócios praticados por duas ou mais organizações, a montante e a jusante, que apresentam os mesmos objetivos, envolvidas diretamente nos fluxos de produtos, serviços, finanças e informações (FALLAHPOUR et al., 2017).

A GCS também pode ser definida como sendo a coordenação sistemática e estratégica das funções empresariais tradicionais dentro e entre organizações, com o objetivo de melhorar o desempenho a longo prazo das empresas e da cadeia como um todo (VALLET-BELLMUNT et al., 2011). Nesse sentido, pode-se afirmar que a GCS surgiu para lidar com um ambiente complexo, a fim de planejar, gerenciar, coordenar e

47 integrar as atividades das empresas, buscando atender as solicitações dos clientes, ao mesmo tempo em que essas organizações se empenham em obter melhores vantagens competitivas (LAKSHMANASAMY; ANIL, 2015).

A cadeia de suprimentos é um ambiente complexo composto por diversos agentes econômicos, envolvidos na comercialização de produtos almejados pelos consumidores finais (Figura 3). A coordenação da cadeia de suprimentos envolve administrar a interdependência dos agentes buscando uma mudança de comportamento voltada à cooperação e competição externa a cadeia, na tentativa de se obter melhor eficiência operacional, aumento na qualidade dos processos de decisão, na redução da incerteza em relação à demanda e ganho de vantagens competitivas (SCRAMIN; BATALHA, 2004; FERREIRA; ALCÂNTARA, 2011).

Figura 3. Cadeia de suprimentos.

Fonte: Serdaris et al. (2014).

Na cadeia de suprimentos os fluxos de produtos e informações são bidirecionais (BALLOU, 2006), ou seja, eles fluem para o consumidor, para o produtor e nos dois sentidos. O fluxo de informação ocorra quando a gestão de marketing reconhece uma necessidade de produto e/ou serviço vindo da demanda, assim as é desencadeado uma sequencia de processos, onde cada elo subsequente requisita as matérias-primas necessárias para garantir o cumprimento dessa ordem. Para que esse processo seja

Logística de entrada Logística de saída

Informação e produto Operações Fornecedor de primeiro nível Agente focal

Gestão da Cadeia de Suprimentos

Canal de fornecimento Canal de distribuição

Fornecedor de n nível Consumidor de primeironível Consumidor de n nível

48 eficaz é preciso que os membros da cadeia de suprimentos utilizem sistemas e tecnologias da informação e canais de comunicação adequados (CHEN; PAULRAJ, 2004; FAWCETT et al. 2008). Depois que a informação chega até o fornecedor, ele disponibiliza a matéria-prima ou produto passando pelos membros intermediários da cadeia até chegar ao consumidor.

A grande mudança que ocorreu com o surgimento da gestão da cadeia de suprimentos foi a migração de estruturas funcionais (marketing, produção,pesquisa &desenvolvimento, compras, finança e logística)(Figura 1) (CROXTON et al., 2001) para processos de negócio (Quadro 1) (MARCHESINI; ALCÂNATARA, 2014).No âmbito interno das organizações, o desenvolvimento de um produto ou serviço é realizado por meio de uma sequência de funções interligadas (integração interna). Essa mesma lógica também foi utilizada na cadeia de suprimentos, porém os fluxos de produto e de informações fluem entre as distintas organizações (integração externa) da cadeia. No entanto, a integração dos processos torna-se particularmente difícil, uma vez que as empresas envolvidas apresentam diferentes culturas, estágios de desenvolvimento e métodos de gestão, o que implica na necessidade de grande sinergia as empresas e coordenação eficiente (HILDORF et al. 2009).

Quadro 1. Os processos de negócios da cadeia de suprimentos.

Processos de negócio Descrição Gestão da relação com os clientes (CRM)

Estruturação das relações com os clientes ao longo do tempo, principalmente através da segmentação e identificação de clientes chaves e formulação dos Acordos de Produtos e Serviços (PSA).

Gestão da relação

com os

fornecedores

Igualmente ao CRM, a gestão da relação com os fornecedores define como a empresa interage com os seus fornecedores, sendo estabelecidas relações estreitas com os fornecedores principais e elaboração do PSA;

Gestão de serviço ao cliente

Representa o contato da empresa com o cliente, visando monitorar os PSAs e intervir em seu nome quando necessário

Gestão da

demanda

Equilibra os requisitos dos clientes com base nos recursos disponíveis da cadeia de suprimentos.

Atendimento das ordens

Assegura que os pedidos sejam entregues corretamente incluindo atividades necessárias ao desenho da rede para conhecer as necessidades dos clientes enquanto tenta reduzir os custos de entrega total

Gestão do fluxo de manufatura

Compreende atividades necessárias para obter, implementar e gerenciar da flexibilidade da produção na cadeia de suprimentos possibilitando que ela disponibilize uma grande variedade de produtos em tempo hábil e com menor custo possível

Desenvolvimento do produto e comercialização

Clientes e fornecedores devem ser integrados no processo de desenvolvimento do produto, a fim de reduzir o tempo de colocação no mercado.

Gestão de retorno Atividades associadas aos retornos, logística reversa, manutenção e prevenção dentro da empresa e entre os principais membros da cadeia de suprimentos, que permite identificar oportunidades de melhorias da produtividade

49 O canal de fornecimento ou logística de entrada ou logistic inbound inclui as organizações que disponibilizam matérias-primas para os membros mais a jusante na cadeia de suprimentos para a fabricação de um produto final (SERDARIS et al., 2014). Compõe esse canal, os fornecedores de primeiro, segundo até n níveis.

Os agentes focais estabelecem as regras e as estruturas de governança na cadeia de suprimentos, como forma de projetar os produtos que a cadeia oferece, conforme as suas necessidades e exigências dos mercados (OLIVEIRA et al., 2015). A literatura de GCS enfatiza o uso de diversas ferramentas, técnicas e abordagens de gestão que podem ser exploradas pelos gestores das empresas focais para lidar com incertezas da demanda, e volatilidade e dinâmica de mercado (URCIUOLI; HINTSA, 2016).

O canal de distribuição ou logística de saída ou logistic outbound compreende as empresas clientes e os consumidores finais da CS. Santos Silva et al.(2015) definem os canais de distribuição como o conjunto de instituições interdependentes envolvidas no processo de disponibilizar um produto ou serviço para uso ou consumo. Cada agente do canal é dependente de outro para desempenhar sua função. Segundo Kozlenkova et al., (2015) a finalidade do canal de distribuição é entregar bens e serviços aos consumidores, mais especificamente, nos pontos de demanda, no tempo correto, na quantidade certa e ao custo mais baixo possível.

No entanto, os agentes econômicos podem apresentar diferentes papéis dependendo em qual cadeia de suprimentos está inserido. Ou seja, por exemplo, uma empresa que produz papelão pode ser fornecedora de embalagem em uma cadeia de suprimentos de sofás, e ser agente focal demandando e coordenando matéria-prima para a produção do papelão.

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