• Nenhum resultado encontrado

Ausubel é conhecido por sua visão cognitivista investigando como ela afeta, o aprendizado do aluno. A estrutura cognitiva preexistente no aprendiz leva em consideração o conjunto de ideias e, principalmente, as propriedades organizacionais. Assim, além da própria definição, a forma como está arranjada esses conceitos, de um conteúdo específico, na cabeça do aluno, e como essa estrutura organizada, se integra com aquilo que deseja ser ensinado [Moreira, 1999]. Este é, para Ausubel, o principal fator que influencia na aprendizagem do aluno [Penteado, 1980].

Se a estrutura cognitiva do educando está organizada e clara, a aprendizagem é bastante facilitada, ou seja, a qualidade e a clareza da organização do conhecimento é a principal variável no processo de ensino aprendizagem. Assim, para Ausubel, o fator que mais predomina na aprendizagem é aquilo que o aluno já sabe.

Para Ausubel, a estrutura cognitiva está organizada de forma hierárquica, onde os conceitos mais inclusivos, com alto grau de generalizações, estão no topo compreendendo aqueles conceitos ou proposições, com pouco poder de inclusão.

Podemos comparar essa organização cognitiva, como se fosse uma pirâmide invertida, onde que a base seria os conceitos ou ideias mais amplos, com alto poder de abstração, vão compreendendo ou envolvendo aqueles com menor poder de abrangência [Penteado, 1980].

Novos conceitos ou ideias podem ser absorvidos ou rejeitados, desde que os conceitos mais relevantes e inclusivos estejam claros, bem elaborados, estáveis e pré-dispostos na

estrutura cognitiva do educando. Estes funcionam como um ponto de ancoragem aos novos conceitos. Estas “ideias-âncora” são chamadas de “subsunçores3”.

As variáveis que são importantes na estrutura cognitiva do aluno [Ausubel, 1968], ou seja, que facilitam uma aprendizagem significativa e mais eficiente são: 1) a disponibilidade, no aprendiz, dos conceitos âncoras relevantes, com um bom nível de abstrações e generalizações; 2) a similaridade ou diferenças dos conceitos e princípios usados no material de aprendizagem; 3) estabilidade e clareza dos conceitos - âncora.

Como mostramos no inicio, Ausubel é conhecido por sua visão cognitivista, mas isso não significa que outros tipos de aprendizagem não sejam contemplados. Podemos citar a aprendizagem afetiva que leva consideração às emoções, como alegria ou ansiedade. Algumas experiências afetivas levam a algumas experiências cognitivas, assim é entendido que a aprendizagem afetiva se manifesta simultaneamente com a aprendizagem cognitiva. Outro exemplo, como a aprendizagem psicomotora, também há alguma aprendizagem cognitivista, através da obtenção de habilidades psicomotoras [Moreira, 1999].

2.1.1 Influência do professor na estrutura cognitiva do aprendiz

As matérias do currículo escolar, para Ausubel, consistem em um conjunto de conceitos verdadeiros que devem ser organizados de forma hierárquica, ou seja, conceitos com maior poder de generalizações (como os conceitos de campos e força na física), com o menor poder de abrangência (campos elétricos e magnéticos, força de atrito e tração, fatos, datas e etc.).

A tarefa da escola é identificar esses conceitos mais abrangentes e criar meios que facilitem uma aprendizagem significativa. Com isso o aluno estará apto a aplicar esse conhecimento, conceitos e ideias em outras situações, que extrapolam suas aplicações originais. Isto desenvolve novas habilidades e ainda mais avançadas, como a análise (observar minuciosamente algo, utilizando algum método) e a síntese (a partir de um modelo ou caso mais simples expandindo para processos ou situações mais complexos).

O professor tem papel fundamental neste processo, que é de diagnosticar os conceitos e estruturas necessárias, como também de utilizá-las para uma aprendizagem mais significativa. Assim vamos listar 4 passos, de responsabilidade do professor, necessários no processo de ensino aprendizagem, de acordo com Moreira [Moreira, 1983b].

3 A palavra “subsunçor” não existe na língua portuguesa. Ela é uma tentativa de aportuguesar a “subsumer”

Na primeira etapa, o professor deve identificar quais conceitos realmente são abrangentes, ou seja, quais conteúdos que, com segurança, são relevantes para se tornarem subsunçores na estrutura cognitiva do aprendiz. Os conceitos com maior poder de generalizações e de integração devem ser organizados de forma hierárquica e de forma progressiva, abrangendo os menos inclusivos; ou seja, o professor deve identificar os conceitos mais importantes da sua matéria. Para isso, devemos fazer um mapeamento da estrutura conceitual do conteúdo e organizá-lo, se preocupando com a qualidade e não com a quantidade.

A estrutura conceitual quando ensinada e assimilada pela estrutura cognitiva do educando, transforma-se em um sistema de processamento de informações, uma espécie de mapa que pode ser usado na solução de outros problemas [Penteado, 1980]. Isto é, ela é a principal etapa, responsável por permitir ao aluno, a aplicação dos conceitos aprendidos em sala de aula para o mundo a sua volta.

Na segunda etapa, o educador deve identificar quais os subsunçores relevantes para a aprendizagem do conteúdo. Isso não é o tradicional pré-requisito, mas sim para identificar proposições relevantes ou os subsunçores, que o educando deve ter disponível, para que o conteúdo seja ensinado.

Veja que isso é muito maior um serviço burocrático, mas sim de reconhecer quais os conceitos que vão servi de ponto de ancoragem, para as novas proposições e que devem estar disponíveis na estrutura cognitiva do educando. Mostramos aqui, novamente, a necessidade do mapeamento da estrutura conceitual do conteúdo.

No terceiro passo, o professor deve identificar os subsunçores existentes no educando e compará-los, com aqueles necessários para o ensino do conteúdo proposto. Novamente, cabe frisar que não é um simples pré-teste, com o intuito de identificar conhecimento de conteúdos específicos prévios, mas sim de mapear a estrutura cognitiva do educando.

Esse mapeamento se faz usando um conjunto de vários recursos, como pré-testes, entrevistas com questões que identifiquem subsunçores necessários, etc. Um dos recursos mais conhecidos da teoria de aprendizagem de Ausubel são os mapas conceituais. Estes são diagrama hierárquico com certas regras (por exemplo, uso de palavras de ligação) de modo que a configuração mostre como o aluno vê a relação entre os conceitos ou partes dos conteúdos.

No quarto passo, o professor deve utilizar recursos e princípios que facilitem a transmissão da estrutura conceitual do conteúdo para a estrutura cognitiva do educando de forma significativa, ou seja, através de significados claros, estáveis e transferíveis.

Vale ressaltar que não é uma imposição ao aluno e a sua estrutura cognitiva, mas sim uma forma de facilitar a aquisição e fornecer significados aos novos conceitos. Temos dois tipos de significados: o primeiro é o significado lógico que é dado pela estrutura conceitual, preparado pelos professores e outros especialistas da área, do conteúdo que se pretende ensinar; o segundo é o significado psicológico que é criado pelo aluno.

O aprendizado ocorre quando há compartilhamento de significados entre o professor e aluno até que haja significados em comuns. Isso faz com que a estrutura conceitual da matéria de ensino faça parte da estrutura cognitiva do aluno, sem ter a característica de imposição.

Documentos relacionados