O MANUAL EM SEUS ASPECTOS ESTRUTURAIS-FORMAIS
2.2 Estrutura e conteúdo dos capítulos
Os 31 capítulos do volume 1 do manual Pedagogia: teoria e prática tratam de assuntos como: a Filosofia e a Filosofia da Educação; as correntes filosóficas e correntes pedagógicas; a Pedagogia; os valores na educação; as finalidades da educação; os aspectos da educação; a educação integral; a educação que é vida e a que é preparo para a vida; o catolicismo e a educação; a educação para a democracia; as possibilidades e dificuldades da
educação; a educação nacional; a orientação da educação brasileira; o Planejamento da educação; a hereditariedade, o meio e a educação, sendo o meio relativo ao meio rural, urbano e litorâneo; os agentes educativos: a família, a igreja e a escola. Além de abordar a escola como agente educativo, o autor escreve também a respeito da escola nova, da escola ativa, da escola do trabalho, da escola profissional, da escola normal e faz um capítulo separado sobre a escola rural.
De uma forma geral, em todos os capítulos do manual, Antônio d’Ávila faz uma explanação a respeito do assunto a ser tratado, exceto no capítulo intitulado “Meu credo pedagógico”, que parece ser extraído inteiramente de John Dewey28. Digo que “parece ser” porque outra característica comum aos capítulos, ou até mesmo uma característica do manual, é que o autor faz as citações, mas não apresenta a referência completa de onde foi extraída a citação (por exemplo, quando apresenta o título da obra, não apresenta o autor e vice versa). Ao discorrer sobre determinado assunto, d’Ávila recorre, por vezes, a fatos históricos relativos ao tema, apresenta conceitos e se refere muitas vezes a outros trabalhos seus, como os três volumes de seu manual Práticas Escolares, o segundo volume de Pedagogia: teoria e prática e uma conferência intitulada “Grandes figuras do magistério feminino”, proferida por ele em 1953.
Além de fazer referências aos seus manuais, d’Ávila cita diversos autores brasileiros, como, por exemplo, Almeida Júnior e Sud Mennucci, e estrangeiros, como Dewey e Aguaio, além das referências a educadores católicos, como Tristão de Ataíde e Everardo Backheuser, e liberais, como Lourenço Filho e Fernando de Azevedo. Recorreu, também, em suas construções de históricos ou mesmo para iniciar o tratamento de um assunto, a autores como: Rousseau, Augusto Comte, Comenius, Fenélon, De Maistre, Tolstoi, Santo Tomás, Madame de Maintenon, Hippel, e outros. O quadro abaixo apresenta os autores mais citados no manual Pedagogia: teoria e prática, de Antônio d´Ávila – no caso, autores que foram citados mais de cinco vezes. Há no Apêndice C, ao final da dissertação, um quadro dos autores que foram citados de quatro vezes até apenas uma vez no manual.
28 De acordo com informações obtidas em Cambi (1999), Dewey publicou em 1897 um livro intitulado
Quadro 3 - Autores mais citados no manual Pedagogia: teoria e prática (1954).
AUTORES
29RECORRÊNCIA
Carneiro Leão 14 vezes
Lourenço Filho 13 vezes
Almeida Junior 12 vezes
Sud Mennucci 10 vezes
John Dewey 9 vezes
Leoni Kaseff 9 vezes
Kerschensteiner 7 vezes
Fernando de Azevedo 7 vezes
José Veríssimo 6 vezes
Rousseau 5 vezes
Fonte: D´ÁVILA, 1954.
A quantificação dos autores a que d´Ávila faz referência durante a construção do seu texto e o número de vezes que esses autores foram citados revelam, além dos nomes, as idéias, as correntes de pensamento a que d´Ávila estava filiado ou pelas quais foi influenciado. Porém, nesse manual, não é possível saber especificamente quais obras desses autores foram citadas, uma vez que a grande maioria das citações não apresenta referência completa.
Esses autores são usados no texto de diversas formas. D´Ávila, algumas vezes, parafraseia a idéia do autor citado, outras vezes cita-os literalmente, usa-os, inclusive para apresentar pontos de vista, conceitos, para dar explicações. Os autores são usados de forma tal, que se torna difícil depreender qual o pensamento do próprio d´Ávila sobre os assuntos expostos no manual.
Sendo assim, são muitos os dispositivos utilizados pelo autor para escrever e apresentar o manual aos normalistas e aos professores em exercício no magistério. São apresentadas em seu manual, como forma de consulta ao leitor, cópias de legislações educacionais, de decretos, de planos elaborados por ele em suas atividades profissionais ou não. D´Ávila apóia-se em quadros estatísticos e de recenseamentos, organogramas e
29 Ao final da dissertação, no Apêndice D, apresentam-se, alguns dados biográficos dos autores mais
programas educacionais; faz breves biografias para iniciar determinados assuntos; traz índice de livros que possam servir para estudos, pesquisas, modelos de questionário para pesquisas, sugestões de campanha educativa, modelos e temas de centros de interesse, mapas, problemas ou sugestões para estudo e debates bem como modelos de programas diversos para: curso de pedagogia familiar (esse possui uma bibliografia com referências completas), curso de economia doméstica, formação de catequistas (esse também possui bibliografia complementar completa), educação familiar, este último reproduzido do SENAI, e modelo de estatuto para formação de Associação de Pais e Mestres.
O autor apresenta em todo o livro apenas cinco notas de rodapé, sendo que a primeira aparece somente na página 158. Todas as notas são informativas; há, porém, uma nota de dois parágrafos em que consta um parágrafo explicativo e outro informativo. Há também, no livro, a reprodução de três fotografias. A primeira apresenta uma maquete da escola SENAI, construída em 1954, em comemoração ao IV Centenário da cidade de São Paulo. A segunda é a fotografia de uma maquete em que foi planejada e construída uma cidade pelos alunos do curso vocacional da escola “Roberto Simonsen”, de São Paulo. E a terceira fotografia foi tirada dos alunos em atividade no curso vocacional da escola “Roberto Simonsen”, do SENAI de São Paulo. Observa-se, no caso das fotografias, uma forma de divulgar as atividades realizadas pelo SENAI. Note-se ainda que, de acordo com os dados biográficos do autor, apresentados no capítulo 1 desta dissertação, esse educador foi assistente e depois assessor técnico da Divisão de Ensino do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) de São Paulo, de 1952 a 1968. Aliás, desde 1946 d´Ávila esteve envolvido profissionalmente com cursos técnicos, tendo trabalhado de 1946 a 1951 no SENAC.
O que é comum a todos os capítulos, exceto no que é extraído de John Dewey, é uma seção intitulada “Leitura”. Em alguns casos, há referência ao título, ao nome do livro de onde foi extraído e ao autor do texto que ali se encontra, mas, em outros casos, não há nenhuma referência desse tipo. Alguns capítulos apresentam mais de um texto para leitura, e, ao final do assunto tratado em cada capítulo, encontram-se as seções “Temas para estudo”, “Trabalhos Práticos” e “Vocabulário”. Para visualizar melhor a situação dessa seção intitulada “Leitura” é apresentado a seguir o Quadro 4, em que constam os autores citados nessa seção e a indicação de suas respectivas obras, quando houve indicação.
Quadro 4 – Autores e/ou obras indicadas nos tópicos de “Leitura” do manual.
AUTOR PUBLICAÇÃO INDICADA
Henry Boyd Bode Sem indicação
J. Mallart y Cutó La educación activa
Everardo Backheuser Sem indicação
Everardo Backheuser Sem indicação
Everardo Backheuser Manual de Pedagogia Moderna
Jônatas Serrano Escola Nova
De Hôvre Sem indicação
Sud Mennucci Sem indicação
Leoni Kaseff Sem indicação
Lourenço Filho Sem indicação
Anísio Teixeira Sem indicação
Fernando Azevedo Sem indicação
Afrânio Peixoto “Contra os exames” – Proposta ao Congresso
de Ensino Secundário e Superior – Rio, 1921
Otávio Domingues Sem indicação
Delegacia do Ensino de Taubaté -
Instituto Nacional de Estudos
Pedagógicos Da Publicação nº 50
Carneiro Leão -
Francisco de Assis Iglesias -
M. de Oliveira Freitas Revista de Educação, jul-dez. 1943
Discurso do Santo Padre à Associação Italiana dos Professores Católicos, em
19 de março 1953 -
Paulo Sonnewend Sem indicação
Fonte: D´ÁVILA, 1954.
Na seção “Leitura”, encontra-se um trecho extraído do livro de algum outro educador brasileiro ou estrangeiro que complemente, explicite melhor, ou que apresente um outro ponto de vista sobre o assunto tratado no capítulo. Não é possível afirmar com certeza, entretanto, se se trata, de fato, de trechos de livros, já que muitos deles não trazem referência. Como exemplo, temos o seguinte trecho:
LEITURA