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Atendendo à natureza do estudo - dissertação de projeto - e ao tema e à metodologia escolhidos, o presente trabalho desenvolve-se em torno de cinco capítulos, excluindo Referências Bibliográficas, Índice de Figuras e Imagens e Anexos.

INTRODUÇÃO

Após uma breve contextualização da investigação, esta apresenta de forma fundamentada a problemática em estudo na qual são enunciados os objetivos estabelecidos. Segue-se um subcapítulo dedicado à revisão da literatura que sustenta toda a investigação e ainda outro onde é descrita a metodologia adotada. Por fim, o presente subcapítulo expõe a estrutura do trabalho desenvolvido.

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

Este segundo capítulo encontra-se subdividido em oito partes. Todas elas resultam da leitura de obras de caráter geral ou específico sobre o tema escolhido. O primeiro subcapítulo, de âmbito mais genérico, aborda a tradição milenar do uso do material terra na construção. O segundo e o terceiro capítulos expõem a história da taipa tradicional no mundo e em Portugal, respetivamente. O quarto destaca as vantagens da técnica

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construtiva da taipa tradicional. Já os subcapítulos seguintes tratam da arquitetura contemporânea em taipa edificada pelo mundo e em Portugal, destacando-se as principais mudanças que marcaram a evolução da técnica.

CASOS REPRESENTATIVOS

Neste capítulo, após serem dados a conhecer os critérios de seleção adotados, são elencadas as referências arquitetónicas objeto de análise. É ainda nesta parte que se encontra sistematizada, sob a forma de fichas técnicas elaboradas especificamente para o efeito, toda a informação coletada de fontes documentais consultadas.

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

O presente capítulo é o resultado da análise das fichas técnicas construídas para o estudo dos exemplares representativos selecionados. É nele que se encontram os resultados que possibilitaram a realização da proposta de projeto apresentada. É ainda este capítulo que apresenta resposta ao primeiro objetivo desta investigação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Respeitando as recomendações académicas, esta parte integra as conclusões gerais, mas também específicas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Conforme as normas, são elencadas exaustivamente todas as referências bibliográficas mencionadas no presente trabalho, quer as de caráter geral, quer as de caráter específico, direcionadas para a temática da arquitetura em terra.

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2.1. A cultura construtiva da terra

“Desde que o Homem, abandonando o caos dos caminhos da migração, começou a fixar-se nos melhores locais, alinhando as primeiras cercas e erguendo os primeiros abrigos, foi certamente a terra, a terra mãe que fazia germinar as sementes do pão, um dos primeiros materiais que também aprendeu a amassar e moldar para construir.” (Torres, 2005, p12)

Desde sempre se construiu com a matéria-prima disponível no local. A Grande Muralha da China Construída ao longo de dois milénios, é uma das provas mais eficazes da capacidade do homem para construir com o que a natureza lhe proporciona. Contrariamente ao que muitos julgam, esta gigantesca proeza, a única construção humana que muitos acreditavam ser visível a partir do espaço, não é totalmente construída em pedra. Ao longo de milhares de quilómetros, encontram-se troços em terra. Na realidade, a muralha desenvolve-se adaptando-se à natureza do solo sobre o qual é edificada. A escolha dos seus materiais obedeceu a um critério muito simples: o de edificar com os recursos naturais próximos.

Em todas as regiões do mundo, desde que deixou de ser nómada, o homem soube explorar os materiais existentes no local para construir o seu habitat, sendo a terra, na maioria das vezes, a sua única solução. Assim, constata-se que, ainda nos dias de hoje, conforme refere (Correia, 2016) cerca de 17 % da população mundial resida em construções em terra. Não faz, portanto, sentido associar-se o uso da terra apenas a questões ambientais, embora esta seja a ideia que hoje predomina, já que se defende cada vez mais a sua utilização no sentido de tornar o setor da construção mais sustentável.

Se se observar a distribuição das construções em terra edificadas no mundo, facilmente se percebe que o fator clima não é nem nunca foi impeditivo, ou

seja, o homem sempre manifestou capacidade de adaptação ao meio, encontrando soluções que permitem conciliar o material terra com as características climáticas locais.

É bastante extensa a lista do património histórico edificado com terra. As primeiras arquiteturas nascem no Médio Oriente. Evidências arqueológicas comprovam a existência de cidades inteiras edificadas em terra há mais de dez mil anos. Algumas delas ainda se mantêm erguidas. São testemunhas vivas a cidade de Jericó (8000 a.C.), localizada na Cisjordânia (Araújo, 2005), Çatal Huyuk (8000 a.C.), cidade turca, Zigurates (6000 a.C.), na Mesopotâmia, a Grande Muralha, com mais de 5000 anos, o Templo de Ramsés (3000 a.C.) em Gourna, no Egito, e o Templo japonês de Horyuji, edificado há cerca de 1300 anos (Correia, 2006). Devido à sobrevivência ao longo dos tempos destas primeiras arquiteturas, que ainda hoje conservam a sua imagem próxima do original, pode-se concluir que as grandes civilizações do Médio Oriente souberam utilizar com perícia, as técnicas ancestrais do adobe e da taipa. Quer na edificação habitacional rural e urbana, quer nos edifícios de caráter militar e religioso (Easton, 2007); (Minke, 2005), é indiscutível o que os antepassados primaram.

Em Portugal, foram os Fenícios, Cartagineses, Romanos ou Muçulmanos que trouxeram influências, mas foram sobretudo os últimos que mais contribuíram para a generalização e divulgação das técnicas (Correia, 2007). Construir em adobe, taipa ou tabique tornou-se, a partir do século VIII a.C., um processo comum, sendo a segunda técnica aquela que mais marcou o território nacional. Ainda hoje, se pode facilmente verificar o seu predomínio no património existente.

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