• Nenhum resultado encontrado

3.1 Pré-Produção

3.1.2 Estrutura do Documentário

Para que fosse possível criar uma estrutura do documentário, foi realizada uma pesquisa sobre o que já foi feito a respeito do tema, Marconi e Lakatos (2003, p.186) comentam que esse tipo de pesquisa serve “como primeiro passo, para se saber em que estado se encontra atualmente o problema, que trabalhos já foram realizados a respeito e quais são as opiniões reinantes sobre o assunto”.

Por isso, além de ver reportagens a respeito do tema, foram analisados documentários que abordam a cultura pop japonesa e o universo otaku. Esses filmes foram: True Otaku (2011), Otaku (1994) e Otaku no Video (1991). Por meio desses filmes, foi possível saber o que já foi feito no cinema na mesma temática que objetivamos trabalhar, tal como o modo que esses filmes abordaram a temática. Por meio da análise desses filmes, mais dados e abordagens sobre o formato (documentário) e a temática (cultura pop japonesa) puderam ser obtidos.

Ainda, também foram analisados documentários que não falavam sobre cultura pop japonesa, mas que possuíam um estilo vívido e animado, que poderia ser utilizado como inspiração. Dentre esses filmes estão Indie Game (2012) e Free to Play (2014).

Ao juntar a pesquisa com o que já foi preenchido no Manual do DOCTV IV, a estrutura do “Fortaleza Otaku” (ou o sequenciamento das cenas) foi produzida.

Field (2009) e Puccini (2011) comentam que a estrutura de um filme pode ser dividida em três grandes partes: começo, meio e fim. Em relação ao “Fortaleza Otaku”, dividiu-se a estrutura total em sete blocos, como pode ser visto na Figura 3. Entre os blocos foram preparados alguns interlúdios, que são alguns momentos de descontração, com o intuito de relaxar e de manter a atenção do espectador e, também, de apresentar fatos interessantes em relação a cultura pop japonesa de forma diferente a das entrevistas “formais”.

A seguir, será apresentado cada um desses blocos do roteiro preparado, porém esse roteiro pode ser visto em sua totalidade no Apêndice B desde relatório.

Figura 3 – Estrutura do Documentário

Fonte: Própria (2018)

3.1.2.1 Primeiro Bloco

O primeiro bloco representa o "começo" que Field (2009) e Puccini (2011) apresentaram. Sobre o começo, Field (2009) expõe que o autor possui dez minutos para apresentar a história e prender o espectador, pois uma pessoa leva, normalmente, dez minutos para determinar, consciente ou inconscientemente, se gosta do filme ou não. Em casos de

documentários, Puccini (2011) comenta que no começo deve-se expor o tema, apresentar pessoas envolvidas e o que for importante saber para entender a história.

O primeiro bloco do “Fortaleza Otaku” foi denominado Cultura Pop Japonesa. Neste bloco apresentam-se alguns termos e os elementos da cultura pop japonesa, servindo como uma apresentação geral da temática. Além disso, os personagens principais do filme são apresentados.

3.1.2.2 Segundo Bloco

O meio da história, para Puccini (2011), é o momento em que a história se desenvolve. Na estrutura traçada para o “Fortaleza Otaku”, o meio está dividido em cinco blocos, com alguns interlúdios entre os blocos.

O segundo bloco foi nomeado Infância, pois é o momento onde os entrevistados expõem como aconteceu o primeiro contato deles com a cultura pop japonesa e como pode ser caracterizada essa fase de primeiro contato com o universo otaku.

3.1.2.3 Terceiro Bloco

O terceiro bloco é o Otaku produtor, representando a adolescência dos entrevistados. O objetivo desse bloco é de apresentar o otaku como produtor e difusor de conteúdo e não só como um receptor passivo. Os entrevistados que produziram fanfics e AMVs ou fizeram parte de fansub ou scanlation expõem o que são cada um desses termos e como foi fazer parte dessas atividades.

3.1.2.4 Quarto Bloco

O quarto bloco, denominado Profissionalismo, aborda a visão de otakus que possuem profissões que se relacionam ao apreço que eles nutrem pela cultura pop japonesa. Basicamente, pretende-se apresentar o quanto esse apreço impactou na vida da pessoa até a fase adulta. Esse bloco foi seccionado em cinco partes.

A primeira seção do bloco aborda pessoas que trabalham ou trabalharam com palestras, workshops e pesquisa científica relacionada à cultura pop japonesa.

Em seguida, introduz-se o Estúdio Daniel Brandão e, neste estúdio, apresenta-se a visão de quem trabalha com ilustração em estilo mangá, assim como uma visão do profissional em relação ao mercado de ilustração.

Após isso, adentra-se no universo de estudantes que buscam se tornar profissionais em áreas como animação ou como ilustração por causa do apreço que tiveram na infância pelas animações ou quadrinhos japoneses.

Em sequência, ainda na seção de profissionalismo, apresenta-se o curso de língua japonesa do Núcleo de Línguas Estrangeiras (NLE) da Universidade Estadual do Ceará (UECE), que foi o primeiro curso de japonês de Fortaleza. Além do curso, pretende-se apresentar professores e alunos do curso.

Ao final do bloco Profissionalismo, apresenta-se o Sana (evento da cultura pop japonesa) e o cenário de formação desse evento por um dos criadores do evento. É válido ressaltar que não só o Sana, assim como Siqueira (2009) comentou, diversos eventos foram desenvolvidos pelos fãs da cultura pop japonesa nos anos de 1990.

3.1.2.5 Quinto Bloco

O quinto bloco é dedicado aos cosplayers. Objetivou-se expor um pouco do processo de produção de um cosplay por meio da explicação dos próprios cosplayers.

3.1.2.6 Sexto Bloco

Em seguida, inicia-se o sexto bloco: Evento. Nesse bloco o evento de cultura pop japonesa, o Sana, é apresentado, agindo como um bloco bem movimentado, com imagens das filas, nas áreas temáticas e nos corredores, das mercadorias, das salas de exibição e de campeonatos.

3.1.2.7 Sétimo Bloco

O final da história, para Puccini (2011) é a resolução do conflito. Documentários podem não ter uma resolução da mesma forma que filmes de ficção têm, mas isso pode ser atingido de outra forma.

Comparato (2009) comenta que um bom documentário nunca encerra um tema de verdade, pois o filme deve mostrar os fatos de um máximo de pontos de vistas possíveis e

deixar o espectador interpretar. Para o autor, um documentário não deve convencer o espectador a um ponto de vista de um tema, mas sim fazer a pessoa refletir sobre o tema. Por isso, um documentário não apresenta a verdade, mas várias “verdades”.

Tendo isso como base, para o sétimo e último bloco do documentário, denominado Encerramento, pretendeu-se expor depoimentos finais dos personagens (os entrevistados), contendo assuntos relativos à importância que a cultura pop japonesa teve para a vida deles mesmos.

3.1.2.8 Interlúdios

Os interlúdios são seções de descontração entre alguns blocos. Eles foram criados com o intuito de proporcionar uma maior diversidade de enquadramentos para que o documentário não ficasse monótono. Na sugestão de estrutura foram criados quatro interlúdios: Crianças, Melhor Animê ou Mangá, Dicas de Cosplay e A Fila.

Em “Crianças”, são mostradas algumas rápidas imagens de crianças em eventos, agindo como uma introdução para o Bloco “Infância”. O “Melhor Animê ou Mangá” acontece no Sana, onde as pessoas presentes no evento serão abordadas, estilo questionário de rua, e irão dizer qual o seu animê ou mangá favorito. O “Dicas de Cosplay” é basicamente um momento onde os cosplayers irão falar o que deve ser feito e o que não deve ser feito ao fazer um cosplay bem feito. O “A Fila” age como uma introdução ao Bloco “Evento”, pois apresenta a fila para entrar no evento, o Sana.

Seguindo essa estrutura traçada, estimou-se que o documentário duraria, em sua totalidade entre 45 a 50 minutos.

Como já dito anteriormente, essa sequência foi utilizada para a gravação e para a edição do filme. Contudo, é válido ressaltar que esse subtópico apresentou o que se planejou a partir do sequenciamento das cenas, mas nem tudo saiu de acordo com esse plano. As diferenças e os problemas que aconteceram na etapa de aplicação deste roteiro serão apresentadas posteriormente.