• Nenhum resultado encontrado

ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO CURSO DE PEDAGOGIA DA TERRA PRONERA/UFMA

4 2 A PEDAGOGIA DA TERRA

5. PROPOSTA DE FORMAÇÃO DO CURSO DE PEDAGOGIA DA TERRA PRONERA/UFMA

5.1 ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO CURSO DE PEDAGOGIA DA TERRA PRONERA/UFMA

A proposta pedagógica contemplada no curso de Pedagogia da Terra PRONERA/UFMA se fundamenta nas necessidades de quem vive e trabalha no campo, suas formas de organização política, assim como em seus costumes, saberes, e manifestações culturais, que são ricas e diversificadas pois abrangem povos diferentes, características, interesses e necessidades dos: pequenos agricultores, quilombolas, assentados, povos da floresta, pescadores, povos indígenas, agregados, caboclos, boias- frias, lavradores, camponeses, roceiros, sem-terra, ribeirinhos caipiras, entre outros.

Conforme destacado anteriormente, a Educação do Campo nasceu e cresceu em meio as lutas dos movimentos sociais que se iniciou na década de 1990 e teve como marco histórico o 1º Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agrária da Reforma Agrária (ENERA) realizado em Brasília, 1997. O Encontrou contou com o apoio do Fundo das Nações unidas para a Infância (UNICEF) e Universidade de Brasília (UNB). O evento produziu um documento intitulado Manifesto das Educadoras e Educadores da Reforma Agrária ao Povo Brasileiro que deu base para a construção conceitual do que viria a ser a Educação do Campo e subsidiando também toda a legislação e programas voltados para as escolas do campo:

Trabalhamos por uma identidade própria das escolas do meio rural, com um projeto político-pedagógico que fortaleça novas de desenvolvimento do campo, baseada na justiça social, na cooperação agrícola, no respeito ao meio ambiente e na valorização da cultura camponesa (CALDART, 2003, p. 81).

As intenções do PRONERA para formação de professores, como demonstrado nos princípios norteadores do projeto Pedagogia da Terra, destacados no item anterior desta seção podem ser ientificados na proposta formativa de caráter diferenciado para as escolas camponesas, conforme a concepção de Educação do Campo nascido no 1º ENERA.

O Curso em nível superior é um política pública executada pelo governo federal através do INCRA, que alargou a possibilidade de escolarização superior a educadores do campo a partir das necessidades das comunidades assentadas, fortalecendo e ampliando a oferta de Educação Básica. No Maranhão, a Pedagogia da Terra conta com as parcerias da ASSEMA, MST, ACONERUQ e CCN e está sob a coordenação da UFMA. O custo total do projeto a ser desenvolvido no período de 2010 a 2014 é de 2. 400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais), contemplando, inicialmente, meta de formar 200 educadores em Licenciatura Especial de Pedagogia da Terra, residentes em projetos de assentamento, sob a jurisdição do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), do Instituto de Terras do Maranhão (ITERMA) e áreas de áreas camponesas (BRASIL, 2008, p. 16-17).

A execução do curso conta com a participação dos movimentos sociais por entender que a gestão democrática é imprescindível para se alcançar os objetivos propostos, como lembrado pela coordenadora Geral A:

(...) Um outro princípio importante de se frisar é em relação ao gestão do curso porque é uma gestão compartilhada com os movimentos sociais, embora o curso tenha na sua estrutura o coordenador, um secretário, existe a equipe de monitores, para além disso tem também os coordenadores de polo que são representantes dos movimentos sociais, que estão desde a concepção do planejamento, discutindo todos os problema. .Então nós temos de fato o princípio da gestão democrática”.

Dentre as metas postas pelo curso, destacam-se: formar 200 alunos de áreas de assentamento da reforma agrária, no período de 48 meses, na modalidade de tempo presencial e tempo-comunidade e desenvolver 4.380 horas-aula de escolarização em nível de Graduação, Licenciatura em Pedagogia da Terra. (BRASIL, 2008, p. 23).

A estrutura de organização e funcionamento do curso está pautada nas diretrizes para formação de educadores do campo e para as escolas camponesas, tal como se preconiza o artigo 28 da LDB:

Na oferta da educação básica para a população rural, os sistema de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida e da região, especialmente: I – conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural (BRASIL, 1996).

O currículo que orienta os futuros pedagogos (as) da terra 25abrange:

A gestão, o planejamento, promoção da educação de jovens e adultos e da educação básica em todos os níveis e modalidades. A estrutura curricular aprecia a gestão dos sistemas de ensino, formação de educadores para os movimentos sociais e entidades camponesas, para as atividades relativas ao mundo do trabalho (cooperativas, associações, projetos e programas) em unidade com o sistema escolar, para que se possa atender aos trabalhadores e trabalhadoras do campo e aos seus filhos (as), nas áreas de reforma agrária, no estado do Maranhão (BRASIL, 2008, p. 12).

25

Quando os estudantes do MST passaram a se chamar pedagogos e pedagogas da terra, estavam demarcando claramente este pertencimento: antes de universitários somos Sem Terra e da luta que nos faz chegar até aqui (ITERRA, 2012, p. 86).

É importante ressaltar que a realidade camponesa exige um profissional com uma formação mais ampla, totalizante, devido a diversidade presente entre os povos. Em vista disso, o curso de Pedagogia da Terra PRONERA/UFMA proporciona aos educadores uma formação multi e interdisciplinar que permiti atender as especificidades dos diferentes contextos de educação escolar.

Em sua estrutura, o curso de Pedagogia da Terra PRONERA/UFMA dispõe da seguinte equipe de recursos humanos: 01 Coordenador Geral; 02 Coordenadores de Atividades Especificas; 04 Coordenadores Regionais pertencentes a UFMA e os movimentos sociais; 03 Coordenadores dos Movimentos Sociais (MST, ASSEMA, ACONERUQ e CCN); 04 Coordenadores de Polos de Capacitação; 08 Alunos Universitários Bolsistas; Professores graduados para atuar na escolarização (32 por turma); 05 Educadores para a Ciranda Infantil; 02 Pessoal técnico de apoio.

As turmas funcionam no campus da UFMA, no tempo escola, e nos polos localizados em municípios estratégicos e/ou assentamentos, que será o tempo- comunidade, momento em que os alunos são acompanhados pelos estudantes universitários, coordenadores pedagógicos locais e professores, com essa organização

(“...) Temos ai nessa configuração do curso o princípio de alternância, baseado na pedagogia da alternância. Quando eles estão no polo estudando a gente chama de tempo presencial e quando não estão no polo estudando, em sua comunidade a gente chama tempo comunidade (...)” (Coordenadora Geral A)

A organização em Tempo-escola e Tempo-comunidade é distinta das demais organizações dos cursos universitários por acolher as necessidades dos sujeitos atendidos no projeto. Nesse sentido:

Com a utilização da chamada Pedagogia da Alternância e a estrutura de internato montado para a realização dos cursos de Pedagogia da Terra, é possível a realização de variadas atividades que constituem tempos educativos plurais (MARTINS, 2012, p. 112).

A Pedagogia da Alternância é uma forma de organização que assegura momentos diferentes de formação, associando teoria e prática. No curso de Pedagogia da Terra, o tempo-escola se caracteriza pelo período em que os estudantes tem intensa

convivência comunitária nas instituições de ensino, aulas presenciais e outras experiências formativas, proporcionadas por conta da distância dos municípios em que os alunos moram, por isso precisam estudar em tempo integral.

O outro momento, é o tempo-comunidade. Nesse período os educandos estão em suas comunidades, desenvolvendo as práticas e as atividades planejadas no tempo-escola, realizando pesquisas e estudos baseados nas leituras e discussões propostas nas aulas presenciais. É uma metodologia que possibilita o diálogo constante entre teoria e prática, numa práxis em que se articula dialeticamente conhecimento e trabalho produtivo, como ressalta o docente do curso:

“Próprio regime de alternância pra mim, ele contempla a realidade social, cultural e econômica desses alunos, a temática eu é discutida. São alunos que são oriundos da zona rural filhos de agricultores familiares, de comunidades quilombolas, de assentados (Professor A).

Também é importante assinalar que a estrutura curricular está organizada de acordo com as especificidades exigidas para se possa alcançar os objetivos e metas propostas no projeto. O curso se caracteriza pela interdisciplinaridade dos temas contidos nos eixos temáticos, que são: Terra, Trabalho Cidadania, Natureza, Cultura e Política.

Os temas são trabalhados numa perspectiva multidisciplinar e interdisciplinar, de modo a favorecer a aprendizagem dos estudantes e de forma contextualizada com suas realidades, sempre primando pelo estreitamento da relação teoria e prática. O referencial teórico-metodológico está ajustado às concepções e princípios norteadores da Educação do Campo.

Além das disciplinas básicas dos cursos de Pedagogia, os acadêmicos de Pedagogia da Terra estudam atividades que envolvem mística e outras disciplinas interessantes a sua formação política. As aulas se desenvolvem por meio de mini cursos, seminários, palestras, sessões de vídeos, oficinas pedagógicas, eventos científicos, artísticos, culturais e políticos (BRASIL, 2008, p. 44).

Quanto aos componentes curriculares, estes são divididos em Núcleos de Estudos e Atividades que são constituídos de conteúdos que visam contribuir para uma formação política e social que estimule a participação do docente de forma mais atuante

e comprometida com a transformação da realidade que vivencia. Constituem-se, núcleos de Estudos do curso:

Núcleos de Estudos Introdutórios à formação do Educador do campo: a intenção deste núcleo é possibilitar aos alunos os elementos necessários ao aprofundamento posterior das disciplinas. Por meio da leitura e produção textual, muito importante devido à precário formação básica que tiveram. Os educandos poderão desenvolver uma leitura crítica e contextualizar da realidade camponesa de modo a favorecer a compreensão da função social da leitura e da escrita, bem como da sua importância para a formação do professor (BRASIL, 2008, p. 50).

Fazem parte deste núcleo as disciplinas como Estatística Básica e Aplicada à Educação, comum nos cursos de Pedagogia, que permitem compreender a linguagem básica da Matemática, a leitura de gráficos, tabelas e porcentagem necessárias nas pesquisas e estudos que tratam da educação. Entre os conteúdos temos também a História das Lutas Camponesas, História da Cultura Africana e Afro-Brasileira, Histórias dos Povos e Culturas Indígenas, Sociologia, Filosofia, Psicologia, Metodologia do Estudo e da Pesquisa Bibliográfica, Introdução à Pesquisa e Introdução a Informática.

Estas disciplinas atendem aos interesses defendidos pelos movimentos sociais, às Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo e aos princípios da Educação do Campo a medida em que ressaltam a história das lutas, organizações e formas de resistência aos poderes hegemônicos dos povos camponeses, dos povos africanos e indígenas no Brasil, tal como contemplado no artigo 2º, parágrafo único das Diretrizes Operacionais para a Educação Básica das Escolas do Campo:

A identidade da escola do campo é definida pela sua vinculação às questões inerentes à sua realidade, ancorando-se na temporalidade e saberes próprios dos estudantes, na memória coletiva que sinaliza futuros, na rede de ciência e tecnologia disponível na sociedade e nos movimentos em defesa de projetos que associem as soluções exigidas por essas questões à realidade social da vida coletiva no país (BRASIL, 2002, p. 01).

Esse conjunto de disciplinas atende ao princípio de valorização das culturas camponesa, negra e indígena como construtores fundamentais da história brasileira, tal

como concebido no projeto político-pedagógico do curso de Pedagogia da Terra PRONERA/UFMA, que de acordo com o Professor B, o curso concebe:

(...) uma estrutura de disciplinas que busca resgatar a trajetória histórica, política e cultural desses grupo, a disciplina que eu ministro, por exemplo, história das lutas camponesas no Brasil, tem a disciplina da história das lutas indígenas história das lutas quilombolas. Então, comtempla a origem social deles. Tem a questão também dos movimentos sociais que eu vejo como uma forma de desalienar esses alunos em relação a suas realidades, aos processos que eles estão submetidos.

O II Núcleo de Estudos e Fundamentos Sócio-Históricos e Culturais para a Formação do Educador do Campo: as disciplinas compostos neste núcleo são: Introdução à Educação, Educação do Campo, História da Educação e da Pedagogia, História e Política Educacional Brasileira, Psicologia Educacional I e II, Filosofia da Educação, Planejamento e Gestão Educacional, Sociologia da Educação, Estado, Políticas Públicas e Movimentos Sociais do Campo, Estudos Comparados de Educação e Movimentos Sociais na América Latina e Estudos e Pesquisas I (BRASIL, 2008,p. 52).

Aprofundam-se neste núcleo os estudos em torno da participação dos movimentos sociais nas políticas educacionais, sobre a Educação do Campo como avanço nas lutas camponesas por educação e reforma agrária, inserida no embate no qual o Estado é o cenário de disputas de interesses políticos e econômicos. As formas de superação da dicotomia entre campo e cidade, as políticas educacionais no contexto neoliberal e da legislação educacional, em que os movimentos sociais no Brasil e na América Latina surgem com propostas alternativas de políticas públicas.

Nenhum estudante do MST poderia receber o título de pedagogo da terra sem compreender a historicidade da ação educativa, sem estudar a concepção de educação que permite a nossa elaboração em torno da Pedagogia do Movimento; sem analisar as condições objetivas ou as forças materiais que conformam hoje o papel estratégico da educação nas lutas dos movimentos sociais do Campo (ITERRA, 2012, p. 92).

III Núcleo de Organização do Trabalho na Escola Formal e Não-Formal do Campo está divido em dois subnúcleos: Gestão, Planejamento e Avaliação de Sistemas Escolares, Organizações e Movimentos Sociais do Campo que trata de aprofundar a leitura em torno do planejamento, gestão, avaliação do trabalho coletivo, fundamentos da Didática e tendências pedagógicas no Brasil, elaboração e implementação de projetos de ensino, fundamentos teóricos-metodológicos do currículo e avaliação do processo ensino-aprendizagem e dos sistemas de ensino, numa abordagem mais técnica da formação. Especificamente, aborda sobre a didática dos movimentos sociais e sobre o projeto político-pedagógico dos movimentos populares camponeses (BRASIL, 2008, p. 54).

O outro subnúcleo denominado: Fundamentos para a Formação e Organização do Trabalho o Docente e do Trabalho em Organizações e Movimentos Sociais contempla um conjunto de conhecimentos teórico-práticos necessários a prática do professor em diversas áreas: Matemática, Língua Portuguesa, História, Geografia, Ciências, conforme orientado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia Licenciatura, designadas na Resolução CNE/CEP nº 1 de 2006:

O trabalho didático com conteúdo pertinentes aos primeiros anos de escolarização, relativos à Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História e Geografia (BRASIL, 2006, p. 3).

As disciplinas deste núcleo envolvem outros aspectos inerentes a formação do educador do campo: Fundamento teórico-prático da Educação Infantil; Alfabetização b– Teoria e Prática da Educação de Jovens e Adultos II; Fundamento Teórico-Prático da Educação Especial; Fundamento Teórico-Prático da Educação Étnica; Artes e Educação Física; Estudos e Pesquisas III e IV, bem como Leitura e Produção Textual II.

IV Núcleo de Estudos e Aprofundamento em áreas temáticas e complementares à Formação do educador do Campo está dividido em áreas em que o pedagogo pode atuar, e assim, os educandos podem optar em sua formação por uma dessas áreas: 1 – Educação Infantil; 2 – Educação Especial; 3 – Educação de Jovens e Adultos 4 – Educação Comunicação e Tecnologias; 5 – Educação e Movimentos

Sociais; 6 – Gestão e Organização de Sistemas Educacionais Escolares e Não-Escolares; 7 – Educação Bilíngue. (BRASIL, 2008, p. 58).

Os temas deste núcleo aprofundam os estudos sobre os fundamentos teóricos-metodológicos, a história, política e gestão da educação infantil, os processos de leitura e escrita da Matemática, Linguística e Alfabetização; fundamentos teórico- metodológicos, história, política, e gestão da Educação Especial, bem como da Educação de Jovens e Adultos; a comunicação social no processo de ensino- aprendizagem nos espaços escolares e não-escolares, nos movimentos sociais e as relações de poder estabelecidos através da comunicação; a tecnologia na história da humanidade, na educação e nos movimentos sociais; os temas permitem ainda estudos em torno dos fundamentos e atuação dos movimentos sociais nas instituições escolares e não-escolares, a história e formas de organização por políticas públicas; a história e as relações do terceiro setor com o Estado e mercado.

Os fundamentos teórico-metodológicos do cooperativismo e da economia solidária também integram esse núcleo. A história dos negros e índios e suas participações no desenvolvimento do Brasil, os direitos humanos e a educação étnica no currículo, história e gestão dos sistemas de ensino.

Aborda-se sobre o projeto político-pedagógico dos movimentos sociais, organização, políticas de gestão, e avaliação de instituições não-escolares.

V Núcleo de Estudos, Práticas e Disciplinas Complementares Obrigatórias e Eletivas: as disciplinas e atividades contribuem para a formação política, cultural e cientifica dos educandos de Pedagogia da Terra, onde poderão escolher duas disciplinas, duas oficinas e dois seminários entre as seguintes opções: Disciplinas – Educação Artística na Escola e nos Movimentos Sociais; Língua Estrangeira Modera: Leitura, Instrumental e Interpretação de Textos (Inglês I, II); Língua Estrangeira Modera: Leitura, Instrumental e Interpretação de Textos (Espanhol I, II); Alfabetização Matemática; História da Cultura Indígena e Africana no Brasil; História da Educação Maranhense; Estudo de Arte e Cultura Popular; Educação, Saúde e Meio Ambiente; Fundamentos e Leitura de Literatura Infantil e Juvenil; Educação na Terceira Idade; Educação, Trabalho e Sociedade. (BRASIL, 2008,p. 63).

Seminário: Estudo dos Clássicos da Realidade Brasileira; Problemas Sociais do Campo; Políticas Públicas e Ações Afirmativas; Palavras Camponesas; Reflexões

sobre Gênero; Oficinas: Danças Populares; Usos de Tecnologias de Apoio a Educação: Recursos Multimeios; Leitura e Produção Política e Artística das Místicas nos Movimentos Sociais do Campo; Fundamentos para Elaboração de Projetos de Intervenção Social e Cooperativismo no Campo; Produção de Materiais de Apoio a Alfabetização de Crianças e de Jovens e Adultos; Fundamentos para a Criação e Produção de Jogos e Brincadeiras para a Infância. (BRASIL, 2008, p. 65-66).

VI Núcleo de Estágio Curricular e Monografia: este núcleo visa consolidar a formação dos educadores do campo, oportunizando-os elaborar propostas de atividades em instituições escolares e não-escolares, elaboração de projetos, execução de propostas de intervenção pedagógica na Educação Infantil, Ensino Fundamental e nos movimentos sociais, avaliação do processo ensino-aprendizagem, planejamento de aulas na escola e nos movimentos sociais. Entre as disciplinas deste núcleo, temos: Introdução ao Estágio Curricular; Estágio Curricular (I, II e II) e Trabalho de Conclusão de Curso.

As disciplinas estão relacionadas a realidade camponesas desde o primeiro núcleo até o Trabalho de Conclusão de Curso no VI núcleo. Todo o curso se preocupa em construir com os educando uma formação pautada no compromisso com as questões camponesas, com a cultura dos povos, suas necessidades, anseios e as mudanças necessárias para diminuição das desigualdades sociais, dos conflitos por terra, para o alcance dos direitos e políticas públicas. Como descrito pelo Professor C:

(...)eu acredito que é um programa, que é um curso extremamente interessante porque é um curso que ele tem se preocupado com o conteúdo não apenas pelo conteúdo, ou seja, desde sempre em que eu pude entrar em contato a pedagogia da terra e com os professores que coordenam eles sempre trabalhavam com a gente na perspectiva de fazer um ensino critico,, com que a gente construísse as disciplinas numa base crítica, no sentido de crítica da realidade, de crítica ao capitalismo, no sentido de uma contração de uma consciência, uma autonomia dos estudantes, no sentido da formação de sujeitos críticos (...)”.

Diante das análises dos princípios e da organização do curso de Pedagogia da Terra PRONERA/UFMA é possível afirmar que a maior contribuição do curso para a educação é a democratização do acesso ao ensino superior pelas camadas populares, a

democratização do conteúdo através da valorização dos conhecimentos populares, a experiência de uma formação que vincula o processo educativo à práxis social, diminuindo a distância entre o conhecimento e a realidade e que resgata o conceito de função social do ensino superior. Dessa maneira, a formação docente cria identidade e responde as necessidades dos sujeitos que constituem