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CAPÍTULO 6 O Programa “Educação para a Cidadania” como fonte de (in)formação para a

6.2 Estrutura, organização, estratégias, táticas e mecanismos pedagógico-informacionais presentes no

6.2.1 Estrutura e organização

A partir dos dados coletados foi possível identificar alguns aspectos relevantes no que tange à estrutura e organização de programas de educação para a cidadania desenvolvidos por órgãos públicos para que esses se constituam enquanto programas aptos a educar e informar para o exercício da dimensão política da cidadania e para que busquem a excelência e a melhoria das atividades empreendidas. Dentre tais aspectos, salientamos três:

1) A escolha ou a promoção de espaços para a realização das atividades pode contribuir e até ampliar as possibilidades de se alcançar os objetivos traçados pelos programas. Como exemplo, mencionamos dois casos citados por um professor do ensino médio e um monitor participantes do PJ/2007:

No ônibus eles observavam [...], ouviam o bate papo dos outros alunos [...] e isso foi muito enriquecedor para eles também. Perceberam que o jovem pode falar de assuntos que são só para adultos. Porque os alunos do Santo Antônio, às vezes, porque têm uma família melhor estruturada, então conversam com seus pais e familiares. [...] E os nossos alunos sentavam lá no fundo do ônibus (isso foi assim desde o principio) e ficavam ouvindo as conversas calados, observando. E tudo foi surtindo um efeito muito bom na cabecinha deles... (Entrevistada A)

Lá no SEBRAI tinha uma pracinha e eu fui com eles para lá para quebrar a monotonia de sala de aulas. Então, sempre que dá para fazer uma coisa diferente eu tento fazer porque eu acho que eles aprendem muito mais. (Entrevistado I)

2) O estabelecimento de parcerias com instituições que tenham os mesmos objetivos ou objetivos complementares aos do programa podem dar muito certo e contribuir efetivamente para que se alcance patamares muito bons no desenvolvimento das atividades propostas, desde que tais instituições tenham uma estrutura flexível e adequada aos propósitos de se educar para a cidadania. Neste aspecto, a decisão de se estabelecer uma parceria entre a PUC e a ALMG demonstra-se acertada mediante os depoimentos dos monitores e dos coordenadores do PJ numa e noutra instituição:

Na minha opinião, a parceria entre a PUC e a Assembléia foi positiva por favorecer [...] um espaço a mais de participação popular. Acho que poderia ser da PUC com quem fosse que seria bom. Se fosse para favorecer a participação popular de fato, seria ótimo, independente de quem fosse. (Entrevistado G) ...é algo muito positivo e que todo o curso precisa ter e foi algo muito arrojado pois foi logo no inicio do curso que eles já jogaram essa possibilidade desse projeto e ele esta ai sólido [...] faz uma propaganda do curso, mostra serviço para o curso. E a Assembléia também [...] ganha nesse quesito de participação popular

e ainda mais com relação a juventude né, que eu acho que pode ser uma canal que você pode mudar a visão de uma sociedade através dessa categoria, em especial, a juventude. Então é um ganho para ambos os lados e acredito que a parceria tem funcionado bem.(Entrevistado H)

Quanto à parceria ALMG/PUC, olha, eu adoro! [...] É muito bom porque você vê que é mesmo uma parceria. Se tem alguma dificuldade aqui eu coloco para elas e com elas é a mesma coisa. È sempre um grupo procurando facilitar o trabalho do outro. (Entrevistada J)

...é uma ótima parceria[...] E a Assembléia tem um corpo de funcionários muito bom, principalmente os da escola do legislativo que também têm essa visão de formação, visão pedagógica que é muito legal. E além disso tudo, a Assembléia tem a Comissão de Participação Popular que é o nosso canal de interlocução, para o encaminhamento das propostas, para que o trabalho dos meninos não caia no vazio... então, essa parceria de ponta na execução que é o Curso de Ciências Sociais de um lado, a Escola do Legislativo do outro, intermediada para entrada das proposições para tramitação pela Comissão de Participação Popular, para o objetivo do projeto é perfeito. Na própria Assembléia o projeto também é muito bem quisto porque ele acaba por dar vida à Assembléia [...] encher uma plenária de jovens é um desafio e de certa forma uma esperança de termos cidadãos mais capacitados nisso para estarem acompanhando a condução das questões políticas de importância para a sociedade de forma geral. (Entrevistada L)

A Assembléia, para além da questão do objetivo em comum, ela tem uma estrutura muito boa para trabalhar, os profissionais estão dedicados ao projeto. (Entrevistada M)

3) O tempo de duração e a variedade de atividades são componentes fundamentais para que o processo de (in)formação se consolide. Neste quesito, o PJ mostrou-se bem estruturado, uma vez que procura incluir diversas componentes de formação e informação num período de mais de seis meses, já que cada edição inicia-se com a formação dos monitores e culmina com a Sessão do Parlamento Jovem. Como conseqüência, o que observamos ao final do evento, tanto nos GT´s quanto na Sessão do Parlamento Jovem/2007 foi um elevado nível de engajamento e participação dos alunos. Isto também foi salientado na fala de um dos monitores:

Eu acho que isto tudo é conseqüência do processo. Não só nas oficinas, mas no processo, na medida que você vai... uma hora e meia em que você faz uma discussão, por exemplo, sobre o contexto sócio-histórico do Brasil, por exemplo, ele vai começar a ver algo que esta próximo dele. E na medida em que ele vê isso ele vai se interessando pelo tema, e na medida em que ele se interessa ele vai buscando informações e procura saber mais, ele ganha confiança. E quando ele ganha essa confiança, participar tá resolvido.(Entrevistado G)

Os três aspectos acima mencionados constituem alguns dos requisitos a serem observados para que programas de educação para a cidadania desenvolvidos por órgão públicos se consolidem e constituam como fontes de informação para o exercício da dimensão política da cidadania.

Acrescente-se ainda, que a revisão da estrutura e da forma de organização tem sido uma prática permanente no programa “Educação para a Cidadania”. Nós não obtivemos dados que comprovem a eficácia dos instrumentos adotados para tal, no entanto, a oferta de possibilidades de discussão e reformulação das práticas correntes, bem como a abertura aos diferentes atores envolvidos para a coleta de contribuições e sugestões constituem, indiscutivelmente, formas bastante democráticas de se conceber e aperfeiçoar programas que visam educar para a cidadania. Sinalizamos então para a pertinência de novos estudos que avaliem a eficácia dos instrumentos e mecanismos adotados pelo programa “Educação para a Cidadania”.