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2.1 Caracterização da Economia Sergipana nos Anos Recentes

2.1.2 Estrutura Produtiva

Em termos de atividade econômica, uma das principais características de Sergipe concerne a sua riqueza mínero-química que proporciona ao estado a extração de riquezas minerais como o petróleo e gás natural, além de outros minérios como silvinita e carnalita. Outra marca importante do estado sergipano diz respeito ao fato de ser o maior produtor de cimento do nordeste, e o quinto maior produtor do Brasil, uma vez que possui importantes jazidas de calcário como fonte de recursos naturais encontradas no estado.

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Além disso, é o segundo maior produtor de laranja do país, conta com uma pecuária leiteira expressiva e tem investido nos últimos anos em projetos de irrigação de hortaliças, rizicultura e frutas tropicais, além dos cultivos tradicionais, como feijão, mandioca e milho, essa última com crescimento expressivo nos últimos anos.

A concentração das atividades ligadas à agricultura apresenta-se da seguinte forma, na faixa litorânea predomínio da cultura do coco; a rizicultura ainda continua a ocupar as áreas que margeiam o rio São Francisco, embora tenha sofrido algumas transformações profundas em sua base técnica e nas relações de trabalho a partir da intervenção da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF) na região; a cana-de-açúcar além de manter sua área de cultivo, Vale do Cotinguiba, também avançou em direção aos “tabuleiros” ao norte do estado; nas regiões Agreste e Centro-Sul sergipana, destacam-se as culturas de laranja, maracujá, fumo, milho, feijão, algodão e hortaliças, e a criação de gado (corte e leite), ovinos e caprinos com a presença de cuidados com a melhoria nos rebanhos; já no rebanho de bonivocultura encontrado na região do semi- árido, não há forte presença de animais de boa linhagem e a criação é feita de forma extensiva, à solta, sem maiores cuidados (LOPES, 2001).

A agroindústria de cítricos concentra-se, no sul do estado, a cana-de-açúcar na faixa costeira norte, os coqueirais e os perímetros irrigados de fruticultura são as áreas agrícolas mais importantes economicamente. Ainda no setor agrícola, ao lado das tradicionais culturas temporárias e da pecuária, o estado apresenta potencial de desenvolvimento da agricultura irrigada, a partir do suprimento de grandes canais de irrigação.

Sergipe conta também com um parque produtivo relativamente diversificado em que se destacam os segmentos de alimentos e bebidas; têxtil, calçados e confecções; agronegócios (com destaque para laranja, cana-de-açúcar e fruticultura irrigada) e o turismo. Em relação às atividades emergentes destacam-se a aqüicultura (peixe, camarão e ostras); ovinocaprinocultura e apicultura.

O desenvolvimento do ensino superior e a formação de emergente Sistema Local de Inovação têm despertado a atenção para atividades mais intensivas em conhecimento e informação, como as da saúde e das tecnologias da informação e da comunicação.

No tocante ao setor secundário sergipano, este ainda que relativamente concentrado na Grande Aracaju, onde se localiza um parque industrial relativamente diversificado, espraia-se em direção a pólos no interior do estado como o de Estância, Itaporanga, Itabaianinha, Itabaiana, Lagarto, Propriá e Nossa Senhora da Glória.

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Comparativamente à média dos estados nordestinos, o peso do setor industrial na formação do PIB é significativamente mais elevado em Sergipe, em grande parte por conta da presença da extração de petróleo e da geração de energia hidroelétrica.

Os gêneros de maior peso no valor da transformação industrial, nos anos recentes, têm sido a indústria de produtos alimentícios e bebidas, a indústria de minerais não metálicos (com destaque para a fabricação de cimento), a indústria química, a têxtil, os produtos metalúrgicos e, mais recentemente, a indústria mecânica (fabricação de máquinas e equipamentos) (CEPLAN, 2005).

A construção civil encontra-se em expansão de forma consolidada no estado e responde por um contingente de emprego próximo ao montante da indústria de transformação. Tal segmento desenvolveu expertise no segmento habitacional, contando com empresas competitivas no mercado nacional.

O setor terciário tem apresentado um papel crucial na geração de postos de trabalho, respondendo em 2006 por 63,8% do PIB estadual e 60% da população ocupada. O crescimento do segmento tem o seu desenvolvimento associado, em grande parte, à forte expansão urbana da Grande Aracaju. Particularmente, o setor de serviços tem conhecido intenso crescimento, principalmente aqueles vinculados ao turismo, ensino, saúde e serviços especializados voltados ao atendimento da demanda empresarial local e regional.

Desde o início dos anos 1980, a economia sergipana apresentou, em média, taxas de crescimento do produto interno acima das médias regional e nacional. Perdeu a pujança nos anos de recessão da economia brasileira nos anos 1990, porém, nos últimos anos vem apresentando tendência de retomada do crescimento.

Conforme Tabela 01, em termos de Valor Adicionado Bruto ao comparar Sergipe com as contas nacionais, verificou-se que em Sergipe o setor secundário apresentou-se de forma mais expressiva com participação de 30,57%, comparativamente, do que no país como um todo cuja participação do referido setor foi de apenas 19,36%. Tal expressividade no estado sergipano deve-se por conta de suas riquezas naturais que favorecem a extração de petróleo e gás natural. Além disso, o desempenho destacado do setor industrial sergipano frente ao nacional também se deve à produção de energia hidroelétrica, sobretudo, por conta da hidroelétrica de Xingó.

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Tabela 1 - Valor Adicionado Bruto a Preços Básicos por Setor Econômico, Brasil e Sergipe - 2007.

SETOR BRAZIL % SERGIPE %

Agricultura R$ 127.204,90 5,56 R$ 700,76 4,62

Indústria R$ 636.253,31 19,38 R$ 4.636,86 30,57

Serviços R$ 1.524.399,79 75,06 R$ 9.830.38 64,88

Total R$ 2.287.858,00 100 R$ 15.168,00 100

Fonte: IBGE/Contas Regionais, Elaboração própria.

De acordo com as contas regionais do IBGE, a região Nordeste apresentou avanço na participação da riqueza nacional entre os anos de 1995 e 2007, passando de 12% para 13,1%. A contribuição do estado de Sergipe neste resultado seguiu da seguinte maneira, em 1995 sua participação no PIB era de 0,5%, em 2002 passou para 0,6%, e em 2007 conseguiu manter os mesmos 0,6% de contribuição do PIB nacional, com uma variação anual de 6,2% representados por 16,8 milhões, conforme dados do IBGE.

Considerando que o Valor Adicionado Bruto – VBA é pertinente à contribuição das atividades econômicas de cada estado na formação do Produto Interno Bruto – PIB do país, em relação ao perfil produtivo da economia sergipana, conforme Tabela 01, em 2007 o setor agropecuário respondia por 4,6% do VBA sergipano; enquanto que o setor industrial respondia por 30,6% do VBA da economia sergipana; já o setor terciário, líder na participação de riquezas do estado, representava 64,8%, dos quais 24,5% deste total são representados pelos serviços da Administração Pública, a esse respeito vale ressaltar que no Brasil, como um todo, o peso da administração vem crescendo continuamente, ao passo que se observa que em 2004 representou 12,6%, em 2005, 12,9%, em 2006, 13,1% e em 2007, 13,3%, conforme dados do IBGE.

De acordo com a Pesquisa Agrícola Municipal - PAM, no estado de Sergipe, dentre as culturas de lavoura temporária, ou seja, culturas de curta ou média duração, geralmente com ciclo vegetativo inferior a um ano, que após a colheita necessita de novo plantio para produzir, o valor da produção obtida no cultivo do milho é de R$ 91.687,00 mil. Por meio da tabela 02 nota-se também que embora tal valor seja bem expressivo o cultivo do milho não apresentou rendimento médio significativo no referido período. Em justificativa para o bom desempenho da cultura, vale lembrar que o desenvolvimento de tal cultura tanto é favorecido pelo clima da região bem como pelo fato de haver, nos últimos anos, um aumento da demanda internacional. Esse aumento resultou da decisão dos Estados Unidos, maior

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exportador de grãos do mundo, em destinar grande parte da produção de milho para a fabricação de etanol gerando assim escassez do produto no mercado, elevação do preço e, por conseguinte, aumento da demanda internacional.

Já em relação aos produtos pertinente à cultura permanente, com base na Tabela 02 é possível perceber que a cultura de maior destaque é o cultivo da laranja ao atingir um valor de R$ 147.052,00 mil, com participação de 25% no total da produção de produtos agrícolas no estado de Sergipe para o período em questão. Para obtenção dos resultados, a Pesquisa Agrícola Municipal – PAM considera lavouras de cultura permanentes àquelas de longo ciclo vegetativo, que permitem colheitas sucessivas, sem necessidade de novo plantio.

De forma geral, de acordo com o valor da produção as principais culturas de cultivo pesquisadas pela Pesquisa Agrícola Municipal – PAM no estado de Sergipe em 2007 foram: o cultivo da laranja (25%), o cultivo do milho (15%), o da cana-de-açúcar (14%), o do coco-da-baía (13%) e o cultivo da mandioca (12%), segundos dados do IBGE para o período em questão.

Tabela 2 - Valor da Produção, Rendimento Médio, área plantada e área colhida de acordo com os principais produtos agrícolas cultivados em Sergipe – 2007

PRINCIPAIS PRODUTOS