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5   ANÁLISE DOS DIRECIONADORES DE COMPETITIVIDADE DA CARNE DE

5.3   Estruturas de mercado 122

O objetivo desta seção é apresentar e avaliar o conjunto de subfatores que compõem o direcionador estruturas de mercado. Para isso são apresentados números de avicultores e frigoríficos, nível de concentração da produção, capacidade de produção, capacidade de ampliação da produção e diferenciação de produtos da cadeia.

5.3.1 Número de avicultores e frigoríficos

Mato Grosso caracteriza-se pela diversidade de tamanhos estabelecida nas diferentes regiões. Os avicultores localizados em Lucas do Rio Verde merecem destaque pela monumental capacidade produtiva instalada. Avicultores de Nova Mutum seguem nesse mesmo modelo de grande escala de produção. Os avicultores de Sorriso, Nova Marilândia, Campo Verde e Tangará da Serra possuem menos aviários por serem mais antigos na produção (Quadro 14).

Em Campo Verde e região são 520 aviários distribuídos nas propriedades de 233 avicultores. A Sadia possui 100 aviários próprios. A maior parte dos avicultores em Campo Verde possui entre 2 e 4 aviários (65%). Os avicultores que possuem somente um aviário (20%) encontram-se em situação de abandono, pois não conseguem ajustar-se às exigências ambientais impostas. Os grandes avicultores possuem entre 2 e 4 aviários (10%). Para estes a avicultura complementa a renda obtida com as plantações de soja e algodão. Todos os avicultores da região são integrados da Sadia (FRANCO, 2009).

Em Lucas do Rio Verde estão instalados 365 avicultores, integrados à Sadia. A maior parte dos avicultores do município possui menos de 4 núcleos com 4 aviários cada (57%). Percebe-se que os menores avicultores de Lucas do Rio Verde apresentam uma escala produtiva muito maior que a dos avicultores dos demais municípios, que possuem, em sua maioria 2 aviários. Como parte da estratégia da empresa não foi limitada quantidade de

aviários por avicultor. Isso fez com que as escalas adotadas pelos mesmos sejam muito superiores às demais do estado. Há caso de avicultor com 80 aviários com capacidade de alojamento de 31.320 aves cada (FRANCO, 2009).

Município Quantidade de aviários por avicultor % do número de avicultores

Campo Verde

acima de 6 aviários 5%

entre 4 aviários a 6 aviários 10%

1 aviário 20%

entre 2 a 4 aviários 65%

Lucas do Rio Verde

acima de 8 núcleos de 4 aviários cada 5% Entre 6 e 8 núcleos de 4 aviários cada 13%

4 núcleos de 4 aviários cada 24% Abaixo de 4 núcleos de 4 aviários cada 57%

Nova Mutum Abaixo de 4 aviários 4% Acima de 8 aviários 6% Entre 4 e 8 aviários 20% 4 aviários 70% Sorriso Acima de 6 aviários 4% Entre 3 e 4 aviários 24% 2 aviários 28% 1 aviário 44% Tangará da Serra acima de 6 aviários 2% Entre 3 e 4 aviários 18% 2 aviários 26% 1 aviário 54%

Fonte: Adaptado de Franco (2009).

Quadro 14 Participação do número de avicultores por quantidade de aviários, Mato Grosso, 2009.

Nova Mutum e Nova Marilândia, onde se localizam os integrados da Perdigão, são 292 avicultores. Em Nova Mutum são 203 e em Nova Marilândia são 89. A maioria destes avicultores (70%) têm 4 aviários. Poucos possuem menos que 4 ou mais que 8 aviários. Os avicultores com menor número de aviários, em sua maioria, eram integrados do frigorífico Mary Louise, que foi adquirido pela Perdigão. Os médios e grandes avicultores de soja da região optaram por construírem entre 4 e 8 aviários. A Perdigão padronizou a opção por núcleos de aviários, cada núcleo com 4 aviários. Neste caso, a opção ficava entre 1 ou 2 núcleos. Optaram por 1 núcleo os avicultores que não quiseram investir muito na atividade inicialmente. Outros optaram por 2 núcleos, 8 aviários, pelo retorno melhor do investimento e, ainda, para utilizarem a cama dos aviários como insumo para produção de soja e milho (FRANCO, 2009).

Em Tangará da Serra houve, no início da atividade da empresa, limitação do número de aviários por avicultor. Essa limitação foi motivada pela estratégia da empresa em pulverizar a produção. Quanto maior o número de pequenos avicultores, menor a possibilidade de imprevistos por conta das quebras de contratos. Um número menor de avicultores em grande escala afetaria sobremaneira a produção, caso um desses grandes resolvesse deixar a atividade. No município, a Anhambi integra 114 avicultores, na sua maioria, com 1 aviário (Quadro 14).

Quatro empresas produzem carne de frango em Mato Grosso. Anhambi, Perdigão, Sadia e Frango Bom. Sadia, Perdigão e Anhambi possuem registro no SIF, portanto, estão habilitadas a exportar seus produtos. Frango Bom somente possui registro no SISE, podendo comercializar seus produtos localmente. As três maiores empresas juntas representam mais de 90% de todos os abates feitos no estado. Apesar do número reduzido de empresas deter a maior parcela da produção do estado não reduz sua competitividade. Sadia e Perdigão tem como foco o mercado internacional, não concorrendo com as demais dentro do estado. Anhambi tem a base de sua comercialização dentro de MT e, ainda, Rondônia, Acre, Amazonas e Pará, concorrendo com Frango Bom apenas em MT, exportando pouco em comparação com Sadia e Perdigão.

5.3.2 Avaliação das estruturas de mercado

Os indicadores avaliados no direcionador estruturas de mercado foram: número de firmas, capacidade de produção, capacidade de ampliação da produção e diferenciação de produtos (Figura 22). Todos os subfatores deste direcionador são controlados pela firma, pois dependem exclusivamente de suas estratégias.

Na avaliação das estruturas de mercado há diferentes percepções por parte dos agentes nos dois elos da cadeia analisados.

Tabela 36 Avaliação do subfator: estruturas de mercado.

Direcionador Controlabilidade Avaliação Peso

Subfator CF CG QC I Prod. Abate Prod. Abate 3. Estruturas de mercado

Número de firmas X N 0,01 N - 0,25 0,10 Capacidade de produção X F 0,22 F 0,30 0,28 0,30 Capacidade de ampliação X F 0,31 F 0,40 0,28 0,40 Diferenciação de produtos X N (0,01) D (0,20) 0,19 0,20

No elo de produção pecuária há percepção de que o número de firmas processadoras instaladas em Mato Grosso ainda é pequeno, todavia, foi avaliado como neutro para a competitividade do elo. A falta de mais opções de frigoríficos para firmar contrato de integração faz com que os avicultores sintam-se reféns do sistema imposto pelas indústrias. Segundo os avicultores, um maior número de firmas favoreceria a negociação contratual e ofereceria melhores preços pagos pelos frangos. Para o elo de abate/processamento, o número de firmas foi considerado neutro, pois, há a percepção por parte dos agentes que o número de

players não afetaria a concorrência nos mercados em que atuam (Figura 22).

A capacidade de produção foi avaliada como favorável em ambos os elos da cadeia. No elo de produção pecuária foi percebida como menos importante que no elo de abate/processamento. A capacidade de produção no elo de produção pecuária atualmente é maior que dos estabelecimentos de abate/processamento. A capacidade de ampliação também foi avaliada como favorável em ambos os elos, com maior importância para o elo de abate/processamento, dado que na produção de carne de frango as economias em escala têm grande importância (Figura 22).

A diferenciação de produtos foi percebida como fator neutro para o elo de produção pecuária, dado que se produziriam da mesma forma e nas mesmas quantidades com ou sem produtos diferenciados. Para o elo de abate/processamento, a diferenciação ainda é ponto desfavorável para a competitividade do elo de abate/processamento, pois há poucas firmas que processam a carne e geram produtos diferenciados, de maior valor agregado. Em MT a predominância de produção é de frango inteiro e em pedaços congelados. Quanto à controlabilidade dos subfatores, todos são controlados pela firma.