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Estruturas produzidas com um sistema de agulhas

Malha trama

6. Estruturas produzidas com um sistema de agulhas

Como afirmam Araújo e Castro (1987) as estruturas de malhas produzidas com apenas um sistema de agulhas apresentam sempre a face frontal diferente do avesso e as suas variações obtêm-se combinando os tipos e laçadas mencionados no excerto anterior bem como a utilização de diferentes agulhas e teares.

A primeira estrutura é a estrutura jersey simples, como o nome indica é a estrutura mais básica, toda ela é formada com laçadas normais entrelaçadas na mesma direção, como é possível observar na figura E.10 verifica-se que o lado direito apresenta a estrutura da laçada normal repetidamente ao contrário do avesso que apresenta a forma de semicírculos interligados.

Figura E.10- Aspeto da estrutura jersey frente e verso respetivamente [11]

“Esta malha caracteriza-se por ter uma grande elasticidade, esticando-se completamente a partir de uma força de deformação relativamente baixa, tanto na direção da largura como do comprimento”. (CATARINO, 1998, p. 10)

Como explica Manuela Neves (2000) com esta mesma estrutura é possível formar malhas com riscas horizontais, verticais e xaderz. Para formar riscas horizontais basta jogar com a sequência de cores dos alimentadores podendo formar riscas com alturas iguais ou diferentes utilizando mais ou menos cones seguidos da mesma cor (figura E.11).

Já as riscas verticais são formadas alimentando o tear alternadamente com as cores pretendidas. Neste caso o agulhamento deverá ser realizado com dois tipos de agulhas distintas colocadas de acordo com a largura das riscas desejada. (figura E.12).

Por fim o xadrez, realizado a partir da combinação do agulhamento com o esquema de alimentação de teares. Como podemos observar na figura E.13 a sua estrutura até ao alimentador 4 é igual à estrutura anterior, no entanto a partir deste muda de sequência.

“A zona de mudança depende da altura pretendida no xadrez. O agulhamento depende da largura do xadrez”. (NEVES,

2000, p. 49)

Segundo Neves (2000) as próximas estruturas a serem descritas denominam-se de piqué Lacoste e piqué duplo e para a sua formação é necessária a utilização de dois tipos de agulhas dispostas alternadamente, agulhas curtas e compridas. No caso do piqué

Lacoste (figura E.14), a estrutura é formada

por quatro fileiras, a primeira e a quarta caracterizam-se pela combinação de laçadas normais e carregadas enquanto que as restantes utilizam apenas laçadas normais.

“Para realçar o efeito de piqué, aparência de favos, devem sobrealimentar-se as fileiras

Figura E.11- Estrutura e ilustração de riscas

horizontais [15]

Figura E.12- Estrutura e ilustração direito e

avesso (respetivamente) de riscas verticais [15]

Figura E.13- Estrutura e ilustração direito e

avesso (respetivamente) de xadrez [15]

Figura E.14 e E.15- Estrutura piqué Lacoste e piqué

contendo laçadas carregadas em relação às fileiras contendo apenas laçadas normais”.

(NEVES, 2000, p. 50)

Pelo contrário, como explicam Araújo e Castro (1987) o

piqué duplo (figura E.15) caracteriza-se por utilizar a

combinação de laçadas normais e carregadas em todas as fileiras obtendo-se assim um efeito mais pesado.

Uma outra estrutura com base na estrutura jersey simples designa-se de jersey vanisada (figura E.16), este tipo de estrutura conciste em criar um artigo de dupla face e como explicam Araújo e Castro (1987, p. 1184) “são necessários dois fios diferentes na mesma alimentação a alturas diferentes e a tensões diferentes. O fio alimentado numa posição superior aparece no avesso técnico”.

O grupo das felpas é também relevante a este capítulo. Serão discutidas aqui três estruturas diferentes de felpas, a felpa de peluche, a italiana e a americana.

No caso da felpa de peluche são necessários dois fios, o fio de argola, normalmente de algodão e o de base geralmente “de poliamida texturizado, com torção S e Z em

alimentadores alternados a fim de evitar a espiralidade.”

(NEVES, 2000, p. 54) sendo que a alimentação é feita com o fio de argola numa posição superior e o da base numa posição inferior. (figura E.17)

Como é possível observar na figura E.18 o aspecto adquirido é o de uma malha com uma camada de pelo na superficie direita, como explicam Araújo e Castro (1987, p. 1186) este aspecto obtêm-se da seguinte forma:“a

entremalha ou laçada da platina do fio da argola, que constitui o pelo, é substancialmente maior que a laçada da platina do fio da base”.

Em relação à felpa italiana sãpo usados também dois fios, na base um fio fino e na argola um fio mais grosso e cardado. Para a sua formação na primeira alimentação enquanto as agulhas impares, na altura de carregar, são alimentadas pelo fio grosso e cardado as agulhas pares formam laçadas flutuantes (ver figura E.19). Na segunda e quarta alimentações são formadas com o fio base, ou seja, o

mais fino, laçadas normais. Por fim na terceira alimentação inverte-se a situação da primeira, as agulhas pares são alimentadas pelo fio da argola e são as agulhas impares quem formam as laçadas flutuantes. (ARAÚJO E CASTRO, 1987, p. 1186)

Figura E.16- Estrutura jersey

vanisada [2]

Figura E.17- Estrutura

felpa de peluche [2]

Figura E.18- Malha felpa

de peluche [2]

Figura E.19- Estrutura felpa

italiana [2]

Figura E.20- Estrutura felpa

Por fim, temos a felpa americana (figura E.20), a mais complexa das estruturas deste grupo, para a sua elaboração são necessários equipamentos especiais e a utilização de três fios: o fio da argola mais grosso e cardado e na base usam-se dois fios mais finos, um deles de ligação e o outro de forro (NEVES, 2000, p. 53). Assim como sintetizam Araújo e Castro (1987) na primeira alimentação uma em cada quatro agulhas sobe à altura de descarregar, é alimentado o fio da argola e as agulhas selecionadas mantém-se na mesma posição; na segunda alimentação as agulhas inativas juntam-se as selecionadas anteriormente sendo todas alimentadas pelo mesmo fio, o de ligação e na terceira alimentação trabalham todas as agulhas, na altura de carregar são alimentadas pelo fio do forro juntando-se ao de ligação.

Existe ainda uma estrutura de malha produzida com um sistema de agulhas denominada de jersey intarsia (figura E.21). Segundo Araújo e Castro (1987) é caracterizado pelas suas faixas verticais de cores variadas se juntam através de uma agulha de ligação ou outras técnicas (figura E.22) e para a sua execução são necessários materiais especiais pela sua complexidade.