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4.4 – Estudo de investigação realizado no Centro Hospitalar

No documento 3º Curso de Mestrado em Enfermagem (páginas 64-67)

No sentido de desenvolvimento da experiência prévia na área da doação, manutenção e colheita de órgãos; no período transversal a todos os ensinos clínicos, foi utilizada a metodologia de investigação com o objetivo de avaliar as necessidades de formação e sensibilização dos enfermeiros das UCI sobre a doação, manutenção e colheita de órgãos no (potencial) dador em morte cerebral, e posteriormente elaborar um plano de formação.

Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, transversal de metodologia quantitativa, desenvolvido num CH da Região de Lisboa que tem protocolo com o Ministério da Saúde; em que, todos os hospitais que o integram, são considerados Unidades Autorizadas para Colheita de Órgãos (ASST, 2010).

Por se tratar de um documento extenso remeti para anexo (APÊNDICE VI), apresentando no corpo do relatório somente um resumo do estudo.

Como questões orientadoras da investigação e que traduzem a problemática do estudo desenvolvido referem-se: “Quais as necessidades de formação dos

enfermeiros das UCI sobre a temática: doação, manutenção e colheita de órgãos no

(potencial) dador em morte cerebral?” e “Estão os enfermeiros das UCI

sensibilizados para a temática da doação e colheita de órgãos para transplante?”.

A amostra é não probabilística, de conveniência, constituída pelos enfermeiros que exercem a sua função nas UCI do referido CH. Como método de recolha de dados, foi utilizado o inquérito sob a forma de questionário elaborado por peritos na área que integram o GCCT do CHLC e que me foi facultado (ANEXO VIII); sujeito porém a reformulação mediante objetivos do estudo (APÊNDICE VII).

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Foi aplicado pré-teste numa UCI de um Hospital dos arredores de Lisboa, após formalização do pedido (APÊNDICE VIII). Os resultados e feedback dos enfermeiros determinaram alterações orientadas e supervisionadas pela Orientadora e Coorientadora ( APÊNDICE IX). O questionário final, visa identificar áreas problemáticas; sendo que, numa primeira parte, permite a caraterização sociodemográfica da amostra e na segunda parte, é constituída por um conjunto de 16 questões fechadas, que nos seus conteúdos permitem, não só, obter a opinião dos participantes, como também, definir quais as áreas em que os enfermeiros das UCI demonstram menos conhecimento.

Cumprindo os requisitos que um trabalho deste âmbito determina, na sua fase metodológica, foi solicitado consentimento para efetivação do estudo e aplicação do questionário à Direção de Enfermagem (APÊNDICE X) que foi deferido (ANEXO IX); em reunião formal foi explicado o propósito do estudo.

Na sua fase empírica; a recolha e tratamento de dados decorreu no período de Dezembro de 2012 até ao final de Fevereiro de 2013. No tratamento dos dados foi utilizado o programa estatístico IBM SPSS Statistics Version 20 com recurso, na sua análise, a testes estatísticos descritivos com determinação de frequências absolutas e relativas e a medida de tendência central, média.

A amostra é constituída por 110 enfermeiros (n=110), maioritariamente do género feminino (76,4%), a média de idades é 35,31 anos e a média de anos de experiência profissional é de 12,38.

Após análise dos resultados verificou-se a existência de lacunas a nível de formação e sensibilização nesta área de cuidados. De forma global, os participantes do estudo, revelam necessidades de formação quando se verifica um nível de conhecimento tendencionalmente suficiente. Nas questões que permitem validar a sensibilização, também se quantifica uma maior percentagem de respostas ao nível de suficiente.

No sentido de corroborar esta afirmação, sumariamente podem-se referir como principais resultados: (1) 25,5% dos sujeitos não conhecem a legislação vigente que regula a doação/colheita de órgãos e a transplantação; (2) 15,5 % dos sujeitos referem estar pouco esclarecidos sobre o conceito de morte cerebral e apenas 24,5% dos sujeitos referem ser muito capaz de explicar este conceito; (3) apenas 28,7% dos sujeitos referem muito conhecimento sobre os objetivos da manutenção

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do dador e 23,3% referem a manutenção do dador como uma sobrecarga ás suas funções; (4) 81,6% dos sujeitos refere que a informação à família sobre a doação é fornecida pelo médico, sendo que 43% referem sentir-se pouco à vontade para o fazer; (5) 48,2% dos sujeitos não o identificam o CHD e 22,9% referem que nunca tem o seu apoio; (6) 24,1% dos sujeitos não conhecem o objetivo do RENNDA; (7) 17,3% dos sujeitos referem que os profissionais das UCI não estão nada motivados para a detecção do potencial dador e apenas 15,5% dos sujeitos referem ter muita informação sobre os procedimentos na doação de órgãos.

No sentido de intervir como especialista de forma a criar condições que garantam a qualidade dos cuidados prestados, impulsionem uma política de melhoria contínua e de formação profissional e de forma a obter ganhos em saúde e assumir o papel de dinamizadora na construção, validação e divulgação do conhecimento científico, e cumprir o planeado secundariamente para este estudo; elaborar um plano de formação e divulgar os resultados; foram contactados os Enfermeiros Chefe das UCI, Direção de Enfermagem, CHD e Responsável pelo programa de transplantação renal do CH no sentido de se organizar um seminário sobre esta temática, extensível a outras classes profissionais e outras unidades de cuidados, ideia que foi aprovada e onde intervirei na sua organização e serão divulgados os resultados do estudo. A literatura refere que programas de formação nesta área de cuidados visam: aumentar o pool de dadores (LIN et al, 2010; COLLINS, 2005); são medidas positivas na uniformização de procedimentos, diminuição do diferencial entre procura e oferta de órgãos e aumento da competência, experiência e conhecimento dos profissionais com reflexo e alteração de atitudes (MEYER, BJORK e EIDE; 2011); contribuem para a expandir o conhecimento, promover a discussão e partilha, minimizar o stress e trauma e desenvolver politicas e procedimentos (PEARSON et al; 2001) e potencializa mudança de comportamentos, nomeadamente na abordagem à família (KIM, FISHER e ELLIOTT; 2006b). INGRAM, BUCKNER e RAYBURN (2002) e KIM, FISHER e ELLIOTT (2006a) referem que, o conhecimento influencia a atitude e que uma base sólida de conhecimento, reforça e estimula atitudes positivas e consistentes.

Tendo em mente o mesmo propósito apresentei no Encontro Renal 2013 um poster com um resumo deste estudo (APÊNDICE XI; ANEXO X) premiado com o terceiro lugar (ANEXO XI) e está prevista a entrega dos resultados do estudo aos

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Enfermeiros Chefe das UCI participantes, à Direção de Enfermagem e CHD do CH onde este se realizou, assim como à Direção do GCCT que integro.

No documento 3º Curso de Mestrado em Enfermagem (páginas 64-67)