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Para este estudo considerou-se que do ano de 2011 para 2012 houve um aumento no consumo correspondente ao limite superior do intervalo de confiança, que corresponde a 2,10% a mais de gastos. Esse valor se aproxima dos 6,5 milhões de reais de aumento. Pelos testes de hipóteses realizados não foi possível determinar se houve uma diferença estatisticamente significativa entre esses anos, portanto, para este caso, foi assumido que a mudança nos procedimentos de manutenção trouxe ganhos neste quesito, porém geraram mais despesas para realização destas atividades.

Pelos novos procedimentos, cada locomotiva, teria seus bicos injetores trocados pelo menos uma vez ao ano. A Tabela 19 apresenta o gasto anual de pelo menos um conjunto de bicos injetores. Para efeito de comparação, o possível aumento nos gastos de consumo seria suficiente para pagar aproximadamente 18 trocas de conjuntos. Portanto a mudança no processo de manutenção, apesar de aumentar os gastos, caso minimize o aumento do consumo destas locomotivas fará com que a empresa reduza seus gastos com combustível.

Tabela 19 – Custos de manutenção x aumento no consumo Custo do conjunto Injetor (R$) Custo de mão-de-obra (R$) Quantidade de locomotivas Custo total ano (R$) 1030,00 240,00 279 354330 Fonte: a empresa (2013)

5 CONCLUSÕES

Por meio dos resultados obtidos foi possível avaliar que, caso não haja intervenções constantes de manutenção, o valor de consumo específico irá aumentar. Deste modo, consequentemente, o consumo das locomotivas e indicador de Eficiência Energética da empresa irão aumentar, o que é negativo. Nos testes estatísticos realizados este acréscimo médio foi de aproximadamente 3,7%, representando um aumento dos custos operacionais na ordem de dezenas de milhões de reais.

Quanto aos objetivos específicos verificou-se que o modal ferroviário é capaz de transportar grandes volumes, mesmo em longas distâncias. Além disso, a construção e abrangência da sua infraestrutura permite o desenvolvimento de regiões e melhoria do fluxo de pessoas, serviços e produtos.

O consumo de combustível em empresas de transporte corresponde um dos maiores custos operacionais. A busca constante por uma melhor eficiência energética permite aumentar a competitividade da empresa, pois representa uma redução significativa nos custos de fretes.

Quanto ao segundo objetivo específico de verificação da diferença entre modelos de locomotivas estudados, avaliando-se os resultados obtidos nos estudos de comparação de médias por meio de testes de hipótese, foi possível verificar que existe uma diferença significativa de consumo específico entre os dois modelos estudados. As locomotivas com motor-diesel de 4400 HP de corrente contínua (DC) possuem maior consumo quando comparada a de corrente alternada (AC). Outra informação que sustenta este resultado é dispersão das medições de cada modelo, que são iguais nos anos de 2010 e 2011,

Outro ponto observado refere-se a mudança no processo de manutenção, o qual se tornou mais constante e sem consideração de desgaste das peças. Esta atividade eleva os custos de manutenção, mas os resultados indicam um grande benefício para o consumo de combustível, uma vez que para diferentes anos não foi possível evidenciar um aumento estatisticamente significativo entre os anos de 2011 e 2012. Assim, esta nova prática foi essencial para sustentação do consumo das locomotivas, beneficiando diretamente a eficiência energética da empresa estudada.

Portanto, boas práticas de manutenção são essenciais não apenas para conservação dos ativos, mas também para a diminuição dos custos operacionais da empresa. Neste caso

específico constatou-se que os custos com combustível não se elevaram, mesmo com o envelhecimento. Todavia, outros pontos críticos para uma ferrovia, como THP, são evitados com boas práticas de manutenção.

Quanto aos investimentos necessários para a melhoria da eficiência energética verificou-se desde 2000, que tanto o aumento dos investimentos quanto da produção de produtos HH possuem uma correlação forte com a melhoria deste indicador nas ferrovias brasileiras. Isto complementa a explicação do impacto do envelhecimento de frota, pois com este aumento de produção, novos ativos foram adquiridos, representando uma renovação da frota.

Apesar de contribuir significativamente com a redução da eficiência, os custos relacionados à aquisição de novas locomotivas são elevados. Uma locomotiva custa aproximadamente 5 milhões de reais. Comparando-se com os custos de troca dos injetores, é possível, com este montante, executar aproximadamente 18 trocas em todas as locomotivas AC e DC da empresa estudada. Portanto no que diz respeito a consumo, é mais viável, financeiramente, boas práticas de manutenção a compra de novas locomotivas. Porém, a aquisição destes ativos poderá ser necessária devido ao aumento de produção, o que também trará um efeito positivo para a eficiência energética.

Após todas as análises estatísticas realizadas, considerando as limitações do estudo, verifica-se que foi possível atender os objetivos propostos. A avaliação e quantificação do impacto do envelhecimento de frota no consumo de combustível, e consequentemente na eficiência energética foi realizada. Adicionalmente, percebeu-se que um processo de manutenção efetivo e focado, apesar de aumentar os custos, é capaz de gerar economias substanciais no consumo de combustível e confiabilidade no decorrer dos anos. Sendo, portanto, economicamente mais viável para a empresa.

Espera-se que com este estudo, as empresas utilizem em cálculos de viabilidade de compra de locomotivas ou investimento em manutenção o fator envelhecimento de frota. De modo que uma variação percentualmente pequena pode corresponder, dependendo do volume de combustível, uma economia expressiva para a companhia.