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2 A ENERGIA ELÉTRICA NO MUNDO: A EXPANSÃO DA FONTE SOLAR

4.3 ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA DA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

Dias, Lago e Felipe (2017) elaboraram uma análise de viabilidade econômica da geração distribuída a partir de fonte solar fotovoltaica no Estado do Espírito Santo. No primeiro momento, os autores estimaram um sistema fotovoltaico conectado à rede para a cidade de Vitória-ES. Em seguida eles escolheram o módulo fotovoltaico de melhor relação estimada de custo por energia produzida (R$/kWh) e o inversor com a melhor relação entre o custo e a potência de saída do inversor (R$/W). Para o cálculo da energia produzida por esses módulos foi utilizada a seguinte equação):

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𝐸𝑞 = 𝐼𝑠 × 𝐴𝑝 × ɳp × ɳi × nd × np Sendo:

Eg = energia gerada – kWh/dia;

Is = irradiação solar diária média – kWh/m²/dia (obtida no site da CRESESB); Ap = área do módulo – m² (obtida no catálogo do equipamento);

ɳ p = eficiência de conversão do módulo (%) - (obtida no catálogo do equipamento); ɳ i = eficiência do inversor (%) - (obtida no catálogo do equipamento);

nd = número de dias do mês; np = número de módulos.

Num terceiro momento, eles consideraram a irradiação solar no local de instalação, obtida no site do Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio Brito (2018) e calcularam a energia mensal produzida pelo sistema fotovoltaico. Por fim, eles calcularam a análise de viabilidade econômica do investimento a partir dos seguintes critérios: (1) valor presente líquido (VPL); (2) taxa interna de retorno (TIR) e o payback descontado.

O VPL foi calculado de acordo com a equação abaixo, utilizou-se taxas mínimas de atratividade (TMA) diferenciadas, visto que, ela é única para cada investidor. Utilizou-se o método de aproximações sucessivas, para se obter a TIR, atribuindo- se taxas até obter VPL=0. No cálculo do payback descontado considerou-se a taxa de desconto de 10% a.a.

Fórmula algébrica do VPL:

Sendo:

CF0 = fluxo de caixa no ano zero (investimento inicial);

j = ano; e n = ano final;

i = taxa mínima de atratividade.

Na composição do fluxo de caixa, considerou-se a economia que dar-se-á no serviço de fornecimento de energia pelo produto entre o valor da tarifa de energia e a energia gerada anualmente. Os critérios utilizados por Dias, Lago e Felipe (2017) são apresentados na Tabela 6.

Tabela 6– Parâmetros para análise de viabilidade do investimento

Parâmetros técnicos Fonte

Vida útil do sistema (exceto inversores) 25 anos Fornecedor Custo anual de operação e manutenção 1% do

investimento EPE, 2012 Troca do inversor no 15º ano do projeto valor orçado Fornecedor Perda de eficiência dos módulos 0,65% a.a. EPE, 2012

Perda na energia produzida1 10% Fornecedor

Reajuste da tarifa de energia 6,99% a.a. FREITAS; HOLLANDA, 2015

Tarifa (subgrupo B1) R$ 0,64 EDP, 2016

Fonte: Dias, Lago e Felipe (2017).

Nota: (1) Perda na potência de pico dos módulos em função do aumento de temperatura.

Também, jugou-se que o sistema fotovoltaico estimado fará com que todo o consumo residencial de energia elétrica seja oriundo da sua própria geração, não necessitando consumir energia da distribuidora (que no caso estudo, é a EDP Escelsa). E, dimensionou-se um sistema fotovoltaico conectado à rede (SFCR) de 1,5 kW, sendo capaz de suprir uma demanda mensal de 200 kWh e que, concomitantemente, corresponde ao valor médio de potência instalada na maioria das residências capixabas. Para o estudo de Dias, Lago e Felipe (2017), o arranjo do sistema e as verificações técnicas do dimensionamento estão representados no Quadro 7.

Quadro 7 – Especificações e diagrama esquemático do sistema proposto Potência total do sistema 1,5 kW

Nº total de módulos 06 (9,1 m²) Módulo selecionado Canadian - 265 Wp Nº total de inversores 01 Inversor selecionado Fronius - 1,5 kW Produção média de energia 192 kWh/mês (para coordenadas 20,44º S 40,35º O) com perda Verificações técnicas do sistema:

Tensão dos módulos (220,4 V) < tensão máxima de entrada do inversor (335 V); Corrente de curto circuito dos módulos (9,2 A) < corrente máxima do inversor (13,3 A). FDI = 1,5 kW / 1,5 kW = 1,0

Diagrama esquemático do sistema:

Fonte: Dias, Lago e Felipe (2017).

Para o sistema de geração distribuída de energia a partir da fonte fotovoltaica, que foi orçado em R$18.910,90, e dadas as premissas supracitadas, os autores chegaram ao custo de R$12,61/Wp. Na Tabela 7, pode-se visualizar o valor presente líquido e sua respectiva taxa mínima de atratividade.

Tabela 7– VPL e respectiva TMA

TMA VPL 8% 6.218,74 10% 1.329,72 12% -2.263,93 14% -4.956,28 16% -7.011,14

Fonte: Dias, Lago e Felipe (2017).

Já o payback descontado pode ser visto na Figura X.

Gráfico 13 – Payback descontado

Fonte: Dias, Lago e Felipe (2017).

Assim os resultados encontrados demonstram inviabilidade econômica, como pode ser visto no texto a seguir:

Observa-se que o VPL foi positivo para uma taxa mínima de atratividade até 10%, o que indicaria uma aceitação do investimento. Porém, o payback descontado aponta que o retorno financeiro aconteceria apenas a partir do 23º ano, o que inviabiliza economicamente o investimento uma vez que a vida útil dos equipamentos é de 25 anos. Agrava-se o fato de que o ganho financeiro final não é expressivo, mesmo com TMA de 8%.

A TIR (Taxa interna de retorno) obtida foi de 10,67%, nível no qual o investimento não apresenta prejuízo e nem lucro. Para a TMA considerada pelo investidor, o projeto deve ser aceito se TIR>TMA. Utilizando-se a taxa Selic como parâmetro para TMA, devido sua alta rentabilidade e baixo risco, reitera-se a inviabilidade do investimento pois TIR (10,67%) < TMA (14% Selic do momento) da análise de Dias Lago e Felipe (2017) (DIAS; LAGO; FELIPE, 2017). -20.000,00 -15.000,00 -10.000,00 -5.000,00 0,00 5.000,00 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 Tempo (ano) Va lo r a c u m u la d o (R$)

A partir destes resultados quanto a viabilidade econômica da cidade de Vitória-ES e de dois fatos importantes, a saber: (1) incidência do imposto ICMS-Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços em toda energia consumida (independente se foi gerada no local) – Espírito Santo, como foi dito, ainda não elaborou Lei e Decreto para regulamentar a sua adesão ao Convênio CONFAZ ICMS n.º 16/2015; e (2) custo de disponibilidade ser pago, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica, pela unidade consumidora (independente se a energia injetada foi maior que a consumida).

4.4 Considerações Finais

A Resolução Normativa ANEEL n.º 482/2012 trouxe a possibilidade de sistemas de geração de energias renováveis distribuídos serem conectados à rede da concessionária. Através desse marco regulatório, as unidades consumidoras que consumem energia elétrica da rede podem gerar sua própria energia e usar a rede como uma “bateria”, onde a energia gerada será “acumulada”, podendo ser devolvida em créditos de kWh em até 60 meses.

Porém, nesse ambiente regulatório definido e desburocratizado para a GD, muitos projetos surgiram no País, chegando a atrair 36 mil consumidores para esta nova forma de geração até agosto de 2018. Neste sentido, o sistema de energia solar fotovoltaica de GD conectado à rededesponta como o mais promissor com um total de 35.819 instalações no País.

Todavia, para quem instala esse sistema no Estado do Espírito Santo encontra desvantagens em relação a sua viabilidade econômica, mesmo com uma posição geográfica privilegiada em relação à incidência da radiação solar, esses sistemas só trazem resultado econômico após o 23º ano de vida.

Por conta desse fato, e conforme apresentado no decorrer desse trabalho, dentre a oferta mundial de energias renováveis, a energia solar fotovoltaica apresenta maiores taxas de crescimento mundial, mas, o uso exclusivo de incentivos fiscais está dando lugar para as políticas públicas regulatórias para o avanço dessa fonte energética no Brasil e no mundo, como será mostrado no próximo capítulo.

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