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5 POLÍTICAS PÚBLICAS DE FOMENTO À GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

5.4 Políticas Públicas e Incentivos às Fontes Renováveis no Brasil

No Brasil, as políticas voltadas para incentivos a energia renovável são formuladas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que é um órgão que assessora a Presidência da República na formulação de políticas e de diretrizes na área de energia. Entre as funções do Conselho está a de promover o aproveitamento racional dos recursos energéticos do País (BAJAY et al., 2018). Entre 1994 e 2001, o Programa de Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios (PRODEEM) promoveu principalmente o uso de tecnologia fotovoltaica em áreas rurais. Este programa foi o primeiro do seu tipo a incentivar o uso de

tecnologia fotovoltaica, e mais tarde se tornou parte do Programa “Luz para Todos”, que findou em 2014 (GARCEZ, 2017a). Segundo Bulut (2012, p.11), “[...]PRODEEM terminou longe do cumprimento de suas metas e a necessidade de alcançar a universilização do acesso à eletricidade permaneceu[...]”.

Uma das principais políticas públicas regulatórias adotadas no Brasil foi a de leilões, que foi regulamentado pelo decreto n.º 5163/2004 (BRASIL, 2004), mas a energia solar fotovoltaica levou mais tempo do que o esperado para ser considerada como uma opção real para geração de energia. Movimentos iniciais para a introdução da energia solar fotovoltaica no mix de energia foram feitas no 6º Leilão de Energia de Reserva realizada em 31 de outubro de 2014, onde um dos produtos dos leilões foi exclusivo para esta tecnologia (VIANA; RAMOS, 2018).

No País, um programa voltado para políticas de incentivos às energias renováveis, foi o Programa de Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA). A sua concepção visava incorporar recursos energéticos de energias renováveis, pela contratação de projetos de Energia Eólica, Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) e Biomassa de produtores independentes, e incentivar o uso de tecnologia nacional (BRASIL, 2002). De acordo com Faria Jr. e outros (2017), outro incentivo específico para venda de energia renovável no Mercado Livre de Energia (ACL) é o desconto nas tarifas dos sistemas de transmissão (TUST) e distribuição (TUSD). Esse mecanismo estimulou o desenvolvimento de projetos de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e cogeração de cana-de-açúcar.

Logo depois, como descrito na seção 4.2 na página 80, a ANEEL editou uma Resolução, criando uma política regulatória, assim surgiu o Sistema de Compensação de Energia Elétrica (mecanismo nacional de Net Metering). Trata-se de um mecanismo que possibilita aos proprietários de micro e minigeração receberem créditos pela energia ativa gerada além do nível de consumo do usuário. Esses créditos expiram em 60 meses após a data de faturamento, não sendo oferecida ao consumidor qualquer forma de compensação após o prazo. É importante notar que esses créditos devem ser utilizados apenas para compensar o consumo de energia do proprietário da GD. Não há pagamento para a energia injetada na rede de distribuição, e essa injeção é limitada ao nível de consumo do usuário.

Por outro lado, as políticas fiscais são importantes para atrair investimentos para o setor de energia e viabilizar a implementação de usinas e aquisição de equipamentos. Dentre os tipos mais comuns desses instrumentos, destacam-se os financiamentos, a isenção total ou parcial de impostos e os subsídios de capital, como a isenção do ICMS dada por alguns estados sobre a produção e a comercialização de painéis fotovoltaicos.

E no que se refere às políticas públicas de inovação, Pagel, Campos e Carolino (2018, p.8) discorrem que:

“[...] as principais medidas incluem interação das empresas privadas e públicas, grandes ou pequenas, universidades e agências governamentais que têm por objetivo a produção de ciência e tecnologia dentro das fronteiras nacionais; as instalações de parques e projetos experimentais; transferência e licenciamento de tecnologia; programas de testes, padronização e certificação de qualidade; além de incentivos à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) [...]”.

No Quadro 11, tem-se um resumo das principais políticas públicas regulatórias, fiscais e tecnológicas, de incentivos às energias renováveis vigentes no Brasil:

Quadro 11 – Principais políticas vigentes no Brasil

Principais Políticas vigentes no Brasil Principais Políticas

Regulatórias

Net Metering : Resolução Normativa ANEEL n.º 482/2012.

 Leilões de Energia Elétrica: Novo Modelo do Setor Elétrico

Brasileiro -Lei n.º10.848/2004.

Principais Políticas Fiscais

 Isenção de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias

(ICMS).

 Isenção de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

 Desconto na Tarifa de uso do sistema de

transmissão/distribuição

(TUST/TUSD) - Resolução ANEEL n° 271/2007.

 Isenção na Geração Distribuída.

 Programa “Mais Alimentos”, vinculado ao Programa de

Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF).

 Menores juros de empréstimo junto ao BNDES (FINEM e

FINAME).

Políticas Tecnológicas / Aspecto de Inovação

 Os investimentos em P&D na área de energia solar no

Brasil são provenientes principalmente do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação e Comunicações (MCTIC), através do Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico (CNPq) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), e da ANEEL.

Fonte: Adaptado Santos (2017).

Apesar da mudança para uma matriz elétrica mais sustentável seja considerada benéfica no sentido ambiental, o fato é que fontes renováveis não convencionais, como a solar, apresentam desafios associados com características específicas, no

entanto, apesar das tentativas das diversas políticas públicas para esta fonte no Brasil, algumas são ineficientes para incentivar este tipo de fonte no Brasil A falta de tecnologia produzida em solo brasileiro continua sendo uma das principais barreiras ao desenvolvimento da energia solar. A produção de painéis fotovoltaicos e outros equipamentos no Brasil seria um grande salto para o barateamento desta fonte, especialmente quando comparadas às políticas de incentivo desenvolvidas em Países de destaque no mercado solar fotovoltaico que tem menor irradiação solar (GARCEZ, 2017a).

O Espírito Santo já possui importantes incentivos às fontes renováveis em formatos de Leis e Decretos que será evidenciado na próxima seção.

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