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Capítulo IV – Contexto de 1º Ciclo do Ensino Básico

4.2. Intervenção Pedagógica realizada na turma do 2º B

4.2.2. Estratégias colocadas em prática

4.2.2.2. Estudo do Meio

Face ao conjunto de experiências e saberes que as crianças já possuem ao longo da vida, torna-se imperativo valorizar, ampliar, reforçar e sistematizar todas essa experiências e saberes, para que as atividades tenham um continuum educativo e aprendizagens mais complexas e significativas.

Neste sentido, defende-se que:

O meio local, espaço vivido, deverá ser o objecto privilegiado de uma primeira aprendizagem metódica e sistemática da criança já que, nestas idades, o pensamento está voltado para a aprendizagem concreta. (…) o Estudo do Meio é apresentado como uma área para a qual concorrem conceitos e métodos de várias disciplinas científicas como a História, a Geografia, as Ciências Naturais, a Etnografia, entre outras, procurando-se assim, contribuir para a compreensão progressiva das inter-relações entre a Natureza e a Sociedade. (…) Por outro lado, o Estudo do Meio está na intersecção de todas as outras áreas do programa, podendo ser motivo e motor para a aprendizagem nessas áreas (OCP1CEB, 2004, p.101).

Portanto, é fundamental a orientação do professor ao longo de todas as aprendizagens, de modo a que os alunos aprendam a organizar toda a informação, transformando-a em conhecimento e facilitando a comunicação e partilha realizada pelo docente.

Compreende-se então que todas as áreas estão aliadas ao Estudo do Meio, uma vez que este aborda aspetos do quotidiano, tornando-se uma mais-valia para o processo educativo, onde os conteúdos programáticos de Português e Matemática podem ser trabalhados em parceria com o Estudo do Meio. Deste modo, realizou-se uma planificação que abarcou uma transversalidade de conteúdos, consistindo numa estratégia de caráter positivo, uma vez que as atividades tinham uma continuidade, apesar de abordar-se conteúdos mais específicos da área do Português. Contudo, e aliado ao Português, o Estudo do Meio possibilitou a realização de atividades que colmataram as dificuldades a nível da escrita e literacia.

Sendo assim, foram abordados temas como a higiene e a alimentação aliados ao trabalho cooperativo e ao desenvolvimento do gosto pela leitura e escrita, uma vez que foram as problemáticas levantadas ao longo de toda a intervenção pedagógica.

A saúde do seu corpo

Perante as problemáticas encontradas no início da intervenção pedagógica, relacionadas com alguns casos de falta de higiene do corpo, procurou-se abordar esta temática de forma a não afetar as suscetibilidades dos alunos. Sem identificar os casos referidos, planeou-se de modo geral e com o objetivo de incutir responsabilidades como o banho, a muda de roupa frequente, a alimentação saudável e a lavagem dos dentes. Posto isto, e de acordo com o objetivo assente na OCP1CEB (2004), “Reconhecer e aplicar normas de higiene do corpo (lavar as mãos antes de comer, lavar os dentes…).” (p.106), foram planificadas quatro aulas onde, com o auxílio do Português, abordou-se a temática, identificando os alimentos saudáveis, como lavar os dentes, criou-se um recado para a comunidade educativa, entre outros.

Na primeira aula para abordar quais os alimentos saudáveis, foi-lhes entregue uma folha com um texto poético e questionou-se sobre o título do mesmo, “O Dente do Dinis”, o que poderia ter acontecido ao dente da personagem e o assunto que o texto nos falaria.

Figura 35

Texto poético “O Dente do Dinis”.

Após uma discussão de ideias, “(…) os alunos concluíram que o Dinis poderia ter um dente doente e estaria com muitas dores.” (DB, 21 de outubro de 2013). Neste sentido, solicitou-se a leitura do texto poético em silêncio e posteriormente foi dada a possibilidade de todos os alunos lerem uma estrofe, um de cada vez. Terminada a leitura, solicitou-se, em silêncio, que cada um sublinhasse as rimas no texto para depois identificar em voz alta.

Posteriormente, colocou-se duas imagens no quadro, uma com um dente feliz e outro triste, formulando uma analogia de um dente saudável e outro doente, e várias imagens de alimentos saudáveis e não saudáveis. Solicitou-se, de seguida, ideias sobre o que estas imagens demonstravam. O diálogo que surgiu a partir destas imagens foi bastante positivo e ativo, uma vez que os alunos perceberam qual seria a atividade. Deste modo, escolheu-se alguns alunos para irem ao quadro para distribuir os diversos alimentos pelos dois dentes com o propósito de diferenciar quais os alimentos saudáveis que fariam um dente feliz, e quais os alimentos não são saudáveis que fariam mal aos dentes.

Figura 36

Identificação dos alimentos saudáveis e não saudáveis.

Num terceiro momento, pediu-se a dois alunos para distribuírem os manuais de estudo do meio para resolvermos uma ficha de trabalho sobre a higiene oral. Como auxílio, recorreu-se a um modelo para exemplificar a lavagem, dando oportunidade aos alunos de experimentarem, explicando aos colegas como fazer quando lavamos os dentes.

Figura 37 Modelo dentário

Os alunos, no geral, deslocaram-se até a mesa da frente para observar e experimentar no modelo, enquanto os restantes escutavam com atenção a explicação. Deste modo, é muito importante a utilização de modelos “(…) a fim de facilitar a aprendizagem de um conceito ainda não assimilado pelos alunos.” (Hoffman & Scheid, s.d., p.2).

Dando continuidade a esta temática, abordou-se a diversidade de alimentos que contribuem para uma alimentação saudável. Neste sentido, a maioria referiu alguns alimentos que promovem uma boa alimentação. Para complementar este diálogo, solicitou-se a observação de ilustrações, presentes no manual de estudo do meio, que demonstravam vários alimentos presentes na roda do alimentos. Sendo assim, discutiu-se os diferentes grupos de alimentos que são importantes e que fazem parte da roda dos alimentos.

Figura 38

Imagens do manual de Estudo do Meio.

Fonte: Lima, Barrigão, Pedroso e Rocha (2013, p.38).

Após um diálogo sobre os alimentos mais saudáveis que temos de ter em atenção em cada refeição, solicitou-se a realização dos exercícios do manual. Ficou combinado que resolveriam os mesmos individualmente e após finalizarem iriam ajudar os colegas com mais dificuldades. Esta atividade, apesar de não ser tão lúdica, captou a atenção dos alunos, uma vez que teriam que ajudar os colegas com mais dificuldades, promovendo assim atitudes cooperativas. Deste modo, acredita-se que houve benefícios académicos,

na medida em que “Aumenta a persistência dos alunos na conclusão dos exercícios e a probabilidade de serem bem-sucedidos na conclusão dos mesmos;” e essencialmente, “Ajuda os alunos a deixarem de considerar os professores como as únicas fontes de conhecimento e saberes;” (Lopes & Silva, 2009, p.51). Seguindo a mesma linha de pensamento sobre os diferentes alimentos saudáveis e os grupos a que pertencem e após uma discussão sobre a roda dos alimentos e a sua importância, procedeu-se à entrega de uma folha com uma roda subdividida em grupos. Pediu-se aos alunos para construir uma roda dos alimentos, desenhando nos espaços os alimentos correspondentes.

Figura 39

Construção da Roda dos Alimentos.

Tendo em conta que não basta lavar os dentes e manter uma alimentação saudável, foi importante trabalhar um texto, em paralelo com o Português, sobre a higiene do corpo.

Sendo assim, a interdisciplinaridade determinou ser uma estratégia de cariz prático, uma vez que este conceito é entendido como “(…) qualquer forma de combinação entre duas ou mais disciplinas com vista à compreensão de um objecto a partir da confluência de pontos de vista diferentes e tendo como objectivo final a elaboração de uma síntese relativamente ao objecto comum.” (Pombo, 1994, p.13).

Assim sendo, procurou-se abordar a higiene do corpo através de um texto intitulado “Poema dos dentes lavados”, inserido no Plano Nacional de Leitura. Observou- se a ilustração do texto poético e questionou-se:

“Onde está a menina?”

“O que é que ela está fazendo?” “A menina aparenta estar suja?” “Porquê?”

Figura 40

Texto poético “Poema dos dentes lavados”.

Fonte: Areias e Cardoso (2003), em Letra e Borges (2011, p.34).

A partir destas questões, realizou-se um diálogo sobre as mesmas e de acordo com a ilustração, abordando os cuidados de higiene do corpo, complementando assim a fase da pré-leitura.

Para realizar a fase da leitura foi proposta a leitura em silêncio, e depois solicitou- se aos alunos, um de cada vez, para efetuar a leitura do texto. Desta forma, tornou possível alimentar “o gosto pela sonoridade da língua (rima, ritmo, som das palavras – aliterações

MC: Temos de lavar os dentes depois de comermos. AR: Só podemos comer doces aos fins-de-semana.

Jo: Não podemos comer muitos doces porque estragam os dentes. Em: É muito importante irmos ao dentista quando temos dentes doentes. (DB, 30 de outubro de 2013)

e onomatopeias), pelo poder da linguagem (…) e pelo uso da linguagem poética e simbólica.” (Sim-Sim, 2007, p.55).

Após a leitura do texto poético, solicitou-se a identificação das rimas presentes no texto, sublinhando-as e analisando o conteúdo de cada estrofe. Posteriormente, passou-se à realização dos exercícios nas páginas seguintes sobre o texto e para uma melhor compreensão do mesmo. Os exercícios presentes no manual continham questões sobre o tema do poema, realçando a importância da lavagem dos dentes para uma dentição saudável, o campo lexical da palavra dente, palavras que rimassem com as palavras da questão (ex.: macia – dia; branquinhos – risinhos; lavados – cariados) e a decomposição silábica (ex.: lavados – la.va.dos).

Para finalizar a fase da pré-leitura, após terminar a leitura e resolver exercícios de acordo com a compreensão do texto, Sim-Sim (2007) refere que “(…) é fundamental que [o aluno] automonitorize o que compreendeu sobre o texto lido.” (p.21), para que o professor consiga “(…) ancorar actividades, (…) privilegiando a diversidade textual (…)” (p.23).

Deste modo, e de acordo com o conteúdo programático de português, o recado surge como uma atividade estratégica de sensibilização à comunidade educativa para o cuidado com a saúde oral, bem como para o desenvolvimento do gosto pela escrita de textos. Foi proposto aos alunos a formulação de um recado para a comunidade educativa, onde estes deram sugestões, relacionadas com o texto poético atrás referido, para chamar a atenção de todas as pessoas para a importância de lavar os dentes, evitando dentes cariados.

Inicialmente, foram colocadas questões auxiliares à construção do resumo: “O que é essencial para termos dentes saudáveis?”

“Será que posso comer todos os dias muitos doces?” “Quantas vezes devemos lavar os dentes por dia?” “Isso basta? Ou temos de ir ao dentista?”

Face às respostas que os alunos foram indicando, registou-se no quadro as mesmas, orientando-os já para um possível recado.

A par disto, debateu-se qual a estrutura de um recado e todos os alunos mostraram- se motivados e interessados em realizá-lo, indo ao encontro do objetivo explícito nas Metas Curriculares de Português – 1.º Ciclo (2012), “Formular as ideias-chave (sobre um tema dado pelo professor) a incluir num pequeno texto informativo.” (p.17), no que se refere à planificação de textos.

Figura 41

Estrutura de um recado.

Fonte: Adaptado de Letra e Borges (2011, p.39).

Ao longo da estruturação do recado, presenciou-se alguns objetivos assentes nas Metas Curriculares de Português – 1.º Ciclo (2012), nomeadamente no objetivo referente à oralidade, a produção de um discurso oral com correção, foi evidenciado o descritor “Construir frases com grau de complexidade crescente.” (p.13), uma vez que na intervenção oral, os alunos mantiveram o respeito pelo próximo e o cuidado na formulação de ideias para o texto. No que diz respeito à leitura e escrita, o descritor “Escrever texto, com um mínimo de 50 palavras, parafraseando, informando ou explicando.” (p.17), foi visível no registo do recado nos cadernos, bem como ao longo da realização do mesmo.

A quem se destina

Assunto

Despedida