7. Objetivo
Após a sustentação teórica, apresentamos os objetivos que sustentaram e orientaram a pesquisa.
7.1 Objetivo Geral
A anatomia é uma ciência que estuda a estrutura e forma do corpo humano, sendo que estuda ainda a relação entre a estrutura e a sua função. O corpo humano é composto por várias regiões, no entanto, no âmbito do presente trabalho o enfoque recai sobre os membros inferiores, mais propriamente o Pé e o Tornozelo. O presente trabalho teve como objetivo principal, desenvolver uma proposta de checklist radiológico de variações anatómicas do pé e tornozelo, de forma a agilizar e facilitar o processo de identificação de vítimas em desastres de massa através da comparação de dados radiológicos ante e post mortem.
7.2 Objetivos Específicos
De forma a atingir as metas estabelecidas no objetivo geral, os seguintes objetivos específicos têm de ser concretizados:
Avaliar a importância do estudo comparativo de radiografias ante e post mortem como métodos de identificação humana em situações de grande catástrofe.
Pesquisar, na literatura disponível, trabalhos que realcem a importância do completo preenchimento da checklist, sobretudo nos processos de identificação humana.
Reconhecer os elementos ósseos de interesse na identificação humana: radiografias, ficha dentária, fotografias e modelos de estudo;
Avaliar a perceção radiológica, antropológica e médico-legal relativamente à importância que os registos ante e post mortem têm na identificação humana.
Efetuar uma proposta de checklist tipo, com informação útil no caso de uma identificação.
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Desenvolver uma aplicação digital editável de forma a facilitar o processo de arquivo dos registos.
8. Introdução ao estudo
O pé e o tornozelo são normalmente visualizados por uma variedade de patologias, sejam elas traumáticas, degenerativas, congénitas entre outras. Ao longo das últimas duas décadas, a ênfase dada à radiologia foi direcionada para os achados radiográficos anteriormente negligenciados ou ignorados. Assim, a análise radiológica deve quase sempre começar com a radiografia simples. O profundo conhecimento da anatomia radiográfica, biomecânica, e sinais radiológicos da patologia é fundamental para a interpretação precisa da imagem. O reconhecimento de achados em radiografias pode evitar a necessidade de despesas adicionais de imagem e pode levar a interpretações mais precisas em situação de desastres de massa.
8.1 Funcionalidade do Pé
O pé possui funções importantes como suportar o peso e servir de alavanca para impulsionar o corpo. O pé possui vários ossos e articulações, permitindo a adaptação a diferentes tipos de superfícies, além de aumentar a sua ação propulsora.
8.2 Anatomia do pé
Segundo (Ma et al., 2013; Seeley et al., 2007) o pé humano é composto por 26 ossos, (fig.22) divididos por três grupos distintos: Tarso, Metatarsos e Falanges.
Tarso - São 7 os ossos que compõem a estrutura esquelética do tornozelo. Encontram-se organizados em 3 subgrupos: proximais, medial e distais, de acordo com a sua localização. O subgrupo proximal consiste em dois ossos largos: Talus (Astrágalo) e o calcâneo.
O Talus é o maior osso do pé e encontra-se apoiado sob o calcâneo. Articula-se superiormente com a tíbia e o perónio formando a articulação do tornozelo, também conhecida como articulação tíbio-társica e, anteriormente com o navicular.
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O Calcâneo encontra-se localizado no lado posterior do pé e forma a estrutura óssea do calcanhar. O subgrupo medial é formado apenas por um osso – o Navicular que articula anteriormente com o subgrupo distal. Já o grupo distal é constituído pelo cuboide e os três cuneiformes que articulam com os ossos metatársicos (Ma et. al., 2013).
Metatarsos - São 5 os ossos que se encontram numerados de 1 a 5, sendo que a numeração é efetuada do lado medial para o lateral (Seeley et. al., 2007; Ma et. al., 2013).
Falanges - São um conjunto de 14 ossos que constituem os dedos do pé. Todos os dedos possuem 3 falanges excepto o halux, mais conhecido por dedo grande, que apenas tem duas (Drake et. al., 2004; Seeley et. al., 2007).
Fig. 17 - Ossos do Pé, Vista superior, medial e lateral. Fonte: (Em linha]. (Consul.16 de Agosto de 2016) https://pt.pinterest.com/pin/463307880389341811/. 20015].
A ligação entre os vários ossos é feita através de articulações que possibilitam, de acordo com a sua estrutura, o deslizamento dos ossos e consequentemente a criação de um dado movimento (Seeley et. al., 2007).
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8.3 Articulações
Segundo Seeley et. al., (2007), as articulações são habitualmente designadas de acordo com os ossos ou porções que nela se relacionam e, classificam-se estruturalmente tendo em conta o tipo de tecido conjuntivo que estabelece a união entre esses ossos. Assim, segundo a classificação estrutural, as articulações podem ser do tipo fibrosas, cartilagíneas e sinoviais (Seeley et. al., 2007).
Uma vez que as articulações existentes no pé (Articulação do joelho, Tarsometatársica, Metatarsofalângica, Interfalângica (Ma et. al., 2013), são do tipo sinovial apenas é efetuado um breve estudo acerca deste tipo.
As articulações sinoviais são, dos três tipos de articulações, aquelas que possuem uma estrutura anatómica mais complexa. Esta é constituída por (Seeley et. al., 2007):
Cartilagem articular – está presente nas extremidades dos ossos e é responsável por proporcionar uma superfície lisa entre as duas superfícies, diminuindo a fricção;
Cavidade articular – cavidade rodeada por uma cápsula articular de tecido conjuntivo fibroso que ajuda a manter os ossos unidos ao mesmo tempo que permite o movimento;
Membrana sinovial – produz líquido sinovial, responsável pela lubrificação da articulação.
A Interpretação radiográfica deve começar com a avaliação dos tecidos moles e alinhamento ósseo. Os tecidos moles são uma janela que vai ao encontro da patologia óssea subjacente à deteção de inchaço ou derrame articular podendo ajudar a focar e interpretar anomalias ósseas. Da mesma forma, o desalinhamento ósseo pode indicar uma lesão significativa (Brogdon, 1998).
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