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MAPA GEOLÓGICO DA ZONA COSTEIRA TRECHO PRAIA DO FUTURO – PORTO DAS DUNAS

AP Planície

5 ESTUDO MORFODINÂMICO DE CURTO PERÍODO DA FAIXA LITORÂNEA

(2010-2011)

A caracterização dos aspectos morfodinâmicos diz respeito às praias oceânicas dominadas por mesomarés da planície costeira da região metropolitana de Fortaleza, as quais são: Praia Porto das Dunas (Aquaville Resort), Praia da Abreulândia (COFECO), Praia da Sabiaguaba, Praia do Caça e Pesca e Praia do Futuro (Barraca Vira Verão), litoral leste do estado do Ceará, com aproximadamente 15 km de praias monitoradas (FIGURA 62).

Figura 62 – Localização das praias monitoradas.

Fonte: Imagem Google Earth (04 de outubro de 2009).

A zona litorânea dessa região caracteriza-se pela presença de duas desembocaduras fluviais, correspondentes aos rios Cocó e Pacoti que, em períodos chuvosos, contribuem para alimentação do depósito sedimentar praial. A faixa praial de natureza arenosa destaca-se por apresentar alguns afloramentos de rochas de praia (beachrocks) de idade quaternária (Plioceno), além da presença de campo de dunas que bordejam toda a costa, exercendo influência sobre a dinâmica costeira.

Quando se faz referência à escala temporal de variações a curto prazo, ou seja, da ordem de grandeza sazonal ou até mesmo dias e horas (períodos de ressacas), pode-se associar a uma ação média do mar e intervenções antrópicas com efeitos de variação da linha de costa.

Neste estudo foram verificadas as variações morfológicas do ambiente praial em resposta às condições oceanográficas, por meio da realização de levantamentos topográficos, medições oceanográficas e coleta de sedimentos, de acordo com as metodologias e materiais descritos nos tópicos 3.4 a 3.6, buscando-se conhecer o grau de influência das fontes de suprimentos de sedimentos para a praia (p. ex. desembocaduras fluviais e campo de dunas) e dos cordões de beachrocks sobre os processos hidrodinâmicos atuantes na região, além da quantificação do balanço sedimentar (processos deposicionais e erosivos) no sistema praial.

5.1 Compartimentação da área monitorada

A localização das cinco estações de monitoramento para a realização dos perfis topográficos praiais foi determinada em locais previamente estabelecidos ao longo do litoral pesquisado (FIGURA 62), cujas coordenadas geográficas encontram-se na Tabela 4.

Tabela 4 – Localização dos perfis praiais.

Ponto Coordenadas (UTM) – 24M / Datum WGS84

Longitude Latitude

1 – Porto das Dunas (Aquaville Resort) 567062 9576235

2 – Praia da Abreulândia (COFECO) 566155 9577846

3 – Praia da Sabiaguaba 562765 9583087

4 – Praia do Caça e Pesca 562438 9583590

5 – Praia do Futuro (Barraca Vira Verão)

560602 9586979

Fonte: Elaborada pela autora (2011).

A área de estudo foi dividida em três setores, levando-se em consideração a localização das duas desembocaduras, onde se tem: Setor 1 - representado pela célula costeira da Praia Porto das Dunas (Ponto 1) até a margem direita do rio Pacoti; Setor 2 – abrange a Praia da Abreulândia – COFECO (Ponto 2) e a Praia da Sabiaguaba (Ponto 3), situadas entre as desembocaduras dos rios Pacoti e Cocó; e Setor 3 – constituído pela Praia do Caça e Pesca (Ponto 4) e pela Praia do Futuro – Barraca Vira Verão (Ponto 5).

Pensando-se em tornar a descrição de cada setor mais clara e objetiva, adotou-se uma ordem sequencial, onde as descrições foram feitas de acordo com as divisões da praia, do

continente para o mar, ou seja, estirâncio superior, estirâncio médio, estirâncio inferior e antepraia.

As variações dos estágios morfodinâmicos, em curto período, caracterizadas por meio dos perfis topográficos transversais à face de praia, foram acompanhadas das medições oceanográficas e coleta de sedimentos em baixa-mar de sizígia, sazonalmente, em 3 períodos distintos: agosto/10 (transição), outubro/10 (estiagem), dezembro/10 e fevereiro/11 (chuvoso).

5.2 Parâmetros hidrodinâmicos

As observações tomadas durante as etapas de campo mostraram o predomínio de ondas de altura média mínima de 0,9m, no período chuvoso, quando se tem a menor velocidade dos ventos. Os meses de agosto/10 e outubro/10 foram marcados pelas maiores alturas das ondas, valor médio máximo de 1,2m, correspondendo ao período mais seco, registrando uma maior velocidade dos ventos (FIGURA 63).

Figura 63 – Altura média das ondas nas praias monitoradas.

Fonte: Elaborada pela autora (2011).

Na análise integrada dos períodos médios de ondas nos pontos monitorados, pode- se dividir em dois grupos sazonais. Observaram-se períodos compreendidos entre 6,1 e 9s, relacionados com ondas do tipo sea, período seco, e entre 9,2 e 15,9s, indicando ondas do tipo

Figura 64 – Período médio das ondas nas praias monitoradas.

Fonte: Elaborada pela autora (2011).

Os processos hidrodinâmicos atuantes na faixa litorânea pesquisada resultam da ação contínua dos ventos alísios, gerando trends de ondas divididos em dois grupos, fato que ajuda na compreensão da movimentação dos sedimentos na área. O primeiro grupo oriundo do quadrante ESE (106º - 108º), meses de agosto e outubro de 2010, e o segundo grupo, em sua maioria do quadrante NNE (14º - 34º), para os meses de dezembro/10 e fevereiro/11, apresentando duas pequenas anomalias para o quadrante NMW, os quais atingem a linha de costa obliquamente (FIGURA 65). Essas direções corroboram com as variações da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), na qual os meses de agosto/10 e outubro/10 correspondem ao período em que os ventos atingem a intensidade máxima anual, ventos alísios de SE, ocasionado pelo retorno da ZCIT às latitudes equatoriais.

Figura 65 – Direção média das ondas nas praias monitoradas.

Fonte: Elaborada pela autora (2011).

5.3 Caracterização do tipo de rebentação

A aplicação do coeficiente de rebentação (β) nos perfis praiais dos pontos estudados indica o predomínio do tipo de rebentação deslizante (β < 0,068), Figura 12,

corroborando com a baixa declividade da face de praia durante o período monitorado, valores predominantemente inferiores a 5º que, segundo Galvin Jr. (1968), correspondem às praias planas.

5.4 Classificação dos estágios morfodinâmicos do ambiente praial

As praias, mesmo representando uma estreita faixa da zona costeira, desempenham importante papel na proteção da costa contra a ação energética das ondas (SERAFIM et al., 2002). As praias arenosas são formadas por uma acumulação costeira de sedimentos inconsolidados de diversos tamanhos, facilmente deformável por processos oceanográficos e meteorológicos (HOEFEL, 1998).

Nesses ambientes, o regime das ondas é o maior responsável pelas variações temporais da zona de rebentação, enquanto que as variações espaciais são uma consequência da interação das ondas com a topografia e com o tipo de sedimento. Por outro lado, os agentes físicos ampliam ou minimizam a exposição e a orientação da linha de costa e os processos harmônicos produzidos pela ação das marés são condicionantes dos processos erosivo- deposicionais atuantes no sistema (TOZZI e CALLIARI, 2000).

O conhecimento do comportamento morfodinâmico de uma praia específica permite o acompanhamento espaço-temporal de ciclos de erosão/deposição. A partir desse prévio conhecimento, uma avaliação dos perfis é importante para a compreensão da variabilidade sazonal, assim como da resposta destes às diferentes condições oceanográficas às quais a faixa litorânea é exposta.

A dinâmica da zona de praia e surfe vem sendo estudada por vários pesquisadores, em especial os da “Sydney University”, da Austrália (WRIGHT et al. 1979; SHORT e HESP 1982; WRIGHT E SHORT 1984). Esses autores caracterizaram a morfologia dos perfis praiais como dissipativa e refletiva, com variações intermediárias, correspondendo a estágios morfodinâmicos representados por processos deposicionais e hidrodinâmicos associados. Os perfis praiais dissipativos (D) se formam em resposta à condição de ondas de alta energia quebrando há poucas centenas de metros da costa e, morfologicamente, correspondem a praias suaves e extensas. Os refletivos (R) correspondem a praias que se formam em resposta à baixa condição de onda modal. Nessas condições, os sedimentos são armazenados na porção subaérea, que é estreita e íngreme, e a zona de surfe deficiente em sedimento é, relativamente, profunda, com declive acentuado. Os estádios intermediários foram denominados de barra e

calha longitudinal (BCL), barra e praia rítmica (cúspides), barra transversal (BT) e terraço de baixa mar (TBM) (FIGURA 13).

A análise dos perfis praiais, realizada nos 5 pontos distribuídos no segmento litorâneo pesquisado, demonstrou um certo padrão nas faces de praia durante um ciclo temporal. Foram classificados variando do extremo morfodinâmico dissipativo a intermediário, por vezes, refletivo, segundo Wright e Short (1984), e declividade suave (TABELA 5).

Tabela 5 – Cálculo do parâmetro de Dean (Ω) e classificação morfodinâmica do trecho Porto das Dunas – Praia do Futuro, segundo Wright e Short (1984).

Ponto 1 – Praia Porto das Dunas (Aquaville Resort)