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3.2 Métodos

3.2.3 Estudo das Propriedades de Interesse dos Líquidos Iônicos

3.2.3.3 Estudo da Quebra de Emulsões de Petróleo

Preparo das Emulsões

As emulsões preparadas neste trabalho foram sintetizadas no laboratório de Engenharia de Petróleo do Instituto de Tecnologia e Pesquisa, utilizando petróleo P1 e água destilada e salmoura (conc. 50 g/l de NaCl). Para cisalhamento e dispersão da fase dispersa (água destilada e salmoura) na fase continua (petróleo) utilizou-se o homogenizador Ultra-Turrax T- 25. As emulsões sintetizadas possuíam teor de água aproximado variando entre aproximadamente 30%-50% e diâmetro de gota médio entre 3 e 4 µm. O diâmetro de gota foi fixado em valores abaixo de 10 µm visando à geração de emulsões altamente estáveis. As emulsões sintetizadas com a granulometria fixada apresentam uma estabilidade bastante elevada, de tal forma que a formação de água livre no processo de quebra via micro-ondas unicamente é observada com o auxilio da adição de agentes desemulsificantes. Estes resultados foram observados em testes de quebra via aquecimento dielétrico, conduzidos a temperatura constante 90°C e tempo de processo de 30 min. Nestas mesmas condições, emulsões com diâmetro médio entre 10-30 µm apresentaram separação quase completa de fases (teor de água da emulsão residual < 1,5%) no processo de quebra via micro-ondas sem adição de desemulsificante.

Determinação da Distribuição do Tamanho de Gotas

A distribuição de tamanho de gotas das emulsões sintetizadas foi determinada através da técnica de difração a laser utilizando o equipamento MASTERSIZER 2000, marca Malvern, disponível no laboratório de Sistemas Coloidais e Dispersões da UNIT / ITP (Figura 24). O diâmetro médio das gotas das emulsões ficou entre 3 e 4 µm.

Os resultados de distribuição disponibilizados pelo equipamento incluem parâmetros estatísticos da curva de distribuição de tamanhos, tais como mediana, diâmetro médio volumétrico, dentre outros. Nesta dissertação, a curva de distribuição de tamanho de gotas e o diâmetro médio volumétrico - D(4,3) - medidos pelo equipamento foram selecionados para fins de avaliação das emulsões e comparação com os resultados do modelo matemático. Em particular, o parâmetro D(4,3) corresponde ao diâmetro da esfera que possui o mesmo volume médio das partículas constituintes do sistema. Além do D(4,3), outra definição é importante na avaliação dos resultados:

D(0,5) = diâmetro abaixo do qual se encontra 50% do volume total da fase dispersa.

O principio da técnica

A técnica da difração a laser é baseada na passagem de um feixe luminoso através de um meio contendo partículas as quais promovem um espalhamento do feixe de luz incidente cuja intensidade e ângulo do espalhamento estão relacionados ao tamanho das partículas (WASHINGTON, 1992).

Figura 24- Equipamento para determinação da DTG - modelo MASTERSIZER 2000 da

MALVERN

Teste de Quebra de Emulsão em Reator Micro-ondas

Foram realizados ensaios de quebra de emulsões em reator micro-ondas com e sem adição de líquidos iônicos e com adição de desemulsificante tipicamente utilizado pela Petrobras. Os ensaios de quebra via micro-ondas foram conduzidos em reator Synthos 3000 da Anton Paar, sob temperatura constante fixada em valores entre 65ºC e 120ºC e tempo de processo entre 13 e 30 min. Em todos os ensaios foram empregados 4 frascos de quartzo localizados nas posições 1, 3, 5 e 7 do reator. Todos os frascos foram preenchidos com uma massa de emulsão de 30 gramas. Além disso, nos frascos localizados nas posições 1 e 5 foi adicionada uma quantidade conhecida de líquido iônico ou desemulsificante segundo metodologia apresentada abaixo. Para cada ensaio, em 2 dos frascos (1 e 5) foi avaliado o efeito sinérgico de agente químico e micro-ondas na eficiência da quebra, ao passo que nos outros dois frascos (posições 3 e 7 do rotor) foi avaliado unicamente o efeito das micro-ondas na separação.

Teste de Quebra de Emulsão em Aquecimento Convencional

Os ensaios de quebra conduzidos sob aquecimento convencional foram realizados em banho termostático empregando água como fluido térmico e frascos de quartzo tipicamente utilizados no reator micro-ondas, para que os geometria dos frascos seja igual tanto no teste

com aquecimento dielétrico como no aquecimento convencional . Para uso dos frascos de quartzo no sistema de aquecimento convencional foi construído um suporte que permitia a sustentação do frasco de quartzo no banho além de garantir a segurança de experimentos realizados sob alta temperatura (90°C). A Figura 25 mostra o frasco encaixado no suporte construído.

Figura 25- Frasco de quartzo e suporte para realização de testes sob aquecimento

convencional.

As condições experimentais nos ensaios com aquecimento convencional foram: temperatura de 90ºC e tempo de processo de 45 min. Este tempo de processo excede o valor empregado nos testes micro-ondas, que foi 30 min, devido ao processo convencional ser um modo de aquecimento mais lento que o aquecimento dielétrico para este tipo de sistema. Em ensaios de aquecimento de emulsões de petróleo sintetizados com o óleo P1 verificou-se que tais emulsões quando inseridas nos frascos de quartzo atingem a temperatura de 90ºC após 15 min do início da troca térmica. Assim o tempo de 45 min do processo convencional foi estabelecido contemplando 15 min para o aquecimento da amostra e 30 min durante os quais a amostra se manteria a temperatura fixada, estas observações podem ser vistas na figura 26 que apresenta os perfis de aquecimento dos ensaios realizados no reator micro-ondas e no aquecimento convencional.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Tempo (min) Te m p ( ºC )

MO - taxa de aquecimento lenta MO - taxa de aquecimento rápida Convencional

Figura 26- Perfil de aquecimento para ensaios realizados com [OMIM] [PF6] com taxas de aquecimento rápida no reator micro-ondas e sob modo de aquecimento convencional.

Adição dos Líquidos Iônicos e Desemulsificante

Para adição dos líquidos iônicos [OMIM] [BF4], [OMIM] [PF6] e do desemulsificante D 942 nas emulsões sintetizadas foram empregadas três metodologias distintas:

a) Homogeneização do LI na emulsão através de mistura manual durante 1 min. em frascos de centrifugação (sistema equivalente ao empregado nos testes de garrafa). Neste sistema a mistura consistiu em 90 gramas de emulsão e adição de 100 μl de uma solução de LI em benzeno. Esta solução consistiu na mistura de 2,01 g de LI e 1 ml de benzeno. Cabe ressaltar que o benzeno foi o solvente escolhido por ser um dos poucos solventes estudado na literatura em trabalhos que visavam a determinação de limites de solubilidade de sistemas LI+solventes. Assim, devido à falta de informações sobre outros solventes, o benzeno foi utilizado num primeiro momento para realização destes ensaios

iniciais. Destaca-se que o uso de solvente tem como objetivo facilitar a mistura do LI na emulsão.

b) Homogeneização do LI na emulsão através de mistura empregando dispersor Ultra-Turrax durante 1 min e velocidade de agitação mínima. Neste sistema a mistura consistiu em 180 g de emulsão e adição de 200 μl da solução de LI em benzeno, procurando manter a mesma proporção obtida na etapa anterior.

c) Homogeneização do LI puro isento de solventes ou do desemulsificante na forma de solução em tolueno (25%vol) na emulsão através de mistura empregando dispersor Ultra-Turrax durante 1 min e velocidade de agitação mínima. Neste sistema a mistura consistiu em 90 g de emulsão e adição de volume conhecido do LI ou 90 g de emulsão e 20 μl da solução desemulsificante.

Análise das emulsões após os ensaios

Após os ensaios de quebra as amostras foram resfriadas até atingir a temperatura de 60ºC. Na seqüência, as amostras foram caracterizadas seguindo distintas metodologias em função do grau de avanço do processo de separação:

a) Amostras que não apresentaram formação de água livre: foram feitas amostragens da parte superior da emulsão não resolvida e realizadas caracterizações do teor de água (método de titulação potenciométrica empregando reagente de Karl Fischer) e distribuição de diâmetro de gota (via difração a laser). Estas caracterizações informam sobre o grau de avanço da coalescência e/ou da sedimentação gravitacional de gotas de água.

b) Amostras que apresentaram formação de água livre: a fase óleo e/ou emulsão não resolvida foi completamente amostrada e caracterizada quanto ao teor de água. A partir desta caracterização foi calculada a eficiência da separação (EF) a partir da seguinte equação:

Onde, TA0 e TAf representam respectivamente o teor de água inicial da emulsão sintetizada e o teor de água da emulsão não resolvida.

Capítulo 4

4 Resultados e Discussões