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De acordo com o SINASE (BRASIL, 2006), em concordância com o art. 88 do ECA, o significado da municipalização do atendimento no âmbito do sistema sócio- educativo é que tanto as medidas sócio-educativas quanto o atendimento inicial ao adolescente em conflito com a lei devem ser executados no limite geográfico do município, de modo a fortalecer o contato e o protagonismo da comunidade e da família dos adolescentes atendidos. (p.29).

No município de Vitória-ES, o Programa de Liberdade Assistida Comunitária foi municipalizado somente no ano de 2008, sendo que, anteriormente, a execução da medida estava diretamente ligada à Vara da Infância e da Juventude do município. A partir da municipalização do Programa, a Prefeitura de Vitória licitou uma entidade conveniada para a execução do mesmo. Sendo assim, a Prefeitura é responsável pela manutenção do espaço físico onde o Programa está localizado, enquanto que as demais funções administrativas e técnicas são responsabilidade da entidade conveniada com a qual o acordo foi firmado.

Durante o tempo em que estivemos “dentro” do Programa, na ocasião da coleta de dados, a entidade conveniada à Prefeitura era o Centro Salesiano do Menor (CESAM). Segundo informações obtidas no site7 da Instituição Salesiana (instituição educacional religiosa localizada em diversos países do mundo), o CESAM é uma entidade, vinculada a Rede Salesiana de Ação Social, sem fins lucrativos, cujo objetivo principal é

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atender e desenvolver atividades com adolescentes que se encontram em situação de risco social.

Dessa maneira, por meio de processo licitatório lançado pela Prefeitura de Vitória, em 2008, o CESAM foi apontado e formalizado como responsável pela execução do Programa de Liberdade Assistida Comunitária de Vitória-ES.

De modo geral, o programa objetiva a inserção dos adolescentes e seus familiares nos diversos serviços, programas e projetos governamentais e não-governamentais que compõem a rede de proteção social, além da realização de oficinas sócio-educativas no próprio local de funcionamento.

Os encaminhamentos para o Programa são feitos por meio da Vara Especializada da Infância e da Juventude de Vitória-ES e, no momento da coleta de dados, estavam sendo atendidos pelo Programa aproximadamente 170 adolescentes, incluídos os adolescentes que cumpriam medida sócio-educativa de Liberdade Assistida e Prestação de Serviços à Comunidade.

Para o acompanhamento destes adolescentes, o Programa contava com vinte e sete funcionários: uma coordenadora, dois assistentes sociais, duas psicólogas, uma pedagoga, dois auxiliares de serviços gerais, um assessor jurídico, três estagiários, uma recepcionista, seis oficineiros e oito educadores sociais.

Durante o período da coleta de dados, pôde-se acompanhar as atividades que eram desenvolvidas para e com os adolescentes em cumprimento de medida sócio- educativa. Cada adolescente que chegava ao programa, sempre acompanhado de algum responsável, participava de uma reunião de acolhimento, momento em que era explicado o funcionamento do programa e em que dúvidas eram sanadas. Além disso, era um momento em que os adolescentes escolhiam o dia e o turno em que estariam freqüentando o Programa e, assim sendo, também escolhiam as oficinas que eram oferecidas naquele dia e horário.

De modo geral, os adolescentes que cumpriam a medida sócio-educativa de Liberdade Assistida, freqüentavam a sede do programa uma vez na semana em determinado turno. Assim, havia atividades para oito turnos/grupos diferentes, uma vez que as

atividades eram oferecidas de segunda a quinta-feira nos turnos da manhã e da tarde. Já na sexta-feira, aconteciam reuniões dos funcionários e planejamento.

Além da reunião de acolhimento, outra atividade desenvolvida no programa eram os atendimentos, realizados por psicólogos, assistentes sociais, pedagoga e educadores sociais. Tal atendimento realizado por psicólogo não tem caráter terapêutico e sim de orientação e acompanhamento da rotina dos adolescentes.

Outra forma de atividades oferecidas aos adolescentes eram as oficinas. No período em que estivemos no programa, as oficinas oferecidas eram as seguintes: informática, artesanato, capoeira, educação física, fotografia e filosofia. Tais oficinas eram executadas por oficineiros.

Além dos oficineiros e técnicos sociais (assistentes sociais, psicólogos e pedagoga), o programa ainda contava com educadores sociais, responsáveis pelo acompanhamento direto dos adolescentes, por meio de atendimentos, controle da freqüência, auxílio em audiências judiciais e visitas domiciliares.

O programa conta ainda com a figura de um coordenador que gere o programa como um todo, de forma a acompanhar a execução das tarefas dos funcionários do serviço, bem como gerir assuntos de cunho administrativo.

No mês de fevereiro de 2010, no entanto, a entidade conveniada à Prefeitura de Vitória, o CESAM, por motivos financeiros, não renovou seu convênio. Sendo assim, até o final da coleta de dados desta pesquisa, a nova entidade conveniada responsável pela execução do Programa de Liberdade Assistida Comunitária era a Fundação Fé e Alegria. Nessa ocasião, ou seja, no momento de transição que acompanhamos em que o CESAM deixou de ser o responsável pelo Programa e passou para a responsabilidade da Fundação Fé e Alegria, observou-se uma redução na equipe de trabalho do LAC. A equipe reduzida passou a ser composta por uma coordenadora, uma psicóloga, uma assistente social, uma pedagoga, quatro educadores sociais e dois oficineiros.

A Fundação Fé e Alegria é uma entidade não-governamental de solidariedade social que está presente em vários países e tem por objetivo a criação e manutenção de serviços educativos e sociais nas periferias das grandes cidades e na realidade rural.8

Embora o Programa de Liberdade Assistida Comunitária de Vitória-ES seja executado por entidade conveniada, o Programa é administrado pela Gerência da Criança e do Adolescente (GCA) e possui, entre outros objetivos, o acompanhamento do adolescente em conflito com a lei, bem como de sua família com vistas a possibilitar aos adolescentes o fortalecimento dos vínculos comunitários e familiares.