Inclusões podem ser quantificadas por vários softwares que estão disponíveis comercialmente no mercado. Geralmente possuem custo elevado e são de difícil operação necessitando treinamento aprofundado. A vantagem do software ImageJ é o fato do mesmo ser isento de custo financeiro, além disso, é possível medir e classificar as inclusões por distribuição de tamanhos e forma de maneira simplificada e rápida.
No mercado, além das técnicas por microscopia optica pagas, existe inclusive, outras também automatizadas que utilizam microscopia eletrônica de varredura acoplada a dispositivos e softwares que permitem quantificar e analisar as inclusões por tipo.
Porém, a desvantagem destes processos é o custo extremamente elevado. Além disso, muitas inclusões de menor tamanho não são identificadas. Um exemplo é o relato de Pandle et al (2011), onde inclusões menores que 2 m não puderam ser detectadas. Além disso, não existem relatos de estudos utilizando microscopia eletrônica de varredura com sistemas automatizados capazes de medir inclusões menores que 1 m. Sem falar, no aspecto de que estes sistemas podem além de descartar, pequenas inclusões considerar outras muito próximas como uma inclusão sem distinção. A figura 28, retirada do artigo de MARIANO et al (2022) mostra imagens de algumas partículas de inclusões registradas pelo sistema ASCAT mostrando a forma de contar que às vezes pode juntar dois círculos como um só.
Figura 28 – Imagem de inclusões registrada pelo sistema ASCAT.
Fonte: MARIANO, R (2022)
Assim, neste trabalho, o sistema usando o software ImageJ, mostrou-se capaz de quantificar as inclusões com tamanhos a partir de 1,5 μm. Podemos dizer que os resultados são estatisticamente confiáveis. Contudo, está claro que ainda são necessários alguns ajustes para melhorar o método de modo que ele responda com o mesmo resultado sob diferentes aumentos. Estas limitações poderão ser abordadas e melhoradas em estudos futuros.
4.5 MACRO INCLUSÕES
Um resultado interessante que foi obtido neste estudo foi a identificação de algumas macros inclusões. Na figura 29 é possível observar inclusões oxido globular de cálcio- alumina. Estas inclusões evidenciam que o aço estudado provavelmente passou por um processo de tratamento com Ca tendo em vista a forma globular. Estas inclusões foram formadas provavelmente durante a etapa de desoxidação do aço.
Figura 29 – Inclusões globulares. (a) presença de fases cristalinas da solidificação, parte da inclusão foi removida durante o polimento; (b) Imagem de uma inclusão completa também mostrando presença de fases cristalinas.
Fonte: Elaborado pelo autor (2022).
5 CONCLUSÃO
Assim, do presente trabalho podemos assim concluir:
A calibração do software ImageJ apresentado nesse presente trabalho permitiu a quantificação das inclusões contidas na amostra analisada, exibindo resultados satisfatórios nos aumentos de 200X e 500X. Porém, melhorias estatísticas precisam ser feitas para obter-se resultados equivalentes.
O software ImageJ mostrou-se eficiente para medir os tamanhos das inclusões para o aumento de 200X e 500X.
Foi possível também medir o fator de forma F das inclusões. Os resultados mostraram que para maiores aumentos temos um fator F mais elevado. Visto que consegue pegar inclusões pequenas, que acabam sendo medidas como um número maior de esfericidade dado ao menor tamanho. No entanto perde-se a estatística, pois poucas inclusões de tamanhos maiores são contadas. Logo, conclui-se que seria necessário aumentar a quantidade de imagens a ser analisada, para melhorar estatisticamente os resultados.
A amostra deste estudo provavelmente refere-se a um aço que passou por tratamento com Ca tendo em vista a identificação de macro inclusões globulares.
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Citado na página 33
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