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ESTUDO 2 UM OLHAR SOBRE O EMPREENDEDORISMO

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RESUMO

O presente artigo mostra-nos o impacto do Empreendedorismo Feminino no Distrito de Vila Real. Na sequência do estudo 1 realizado e apresentado na parte II desta dissertação, apresentamos o estudo 2, onde foi elaborada um guião de entrevista com base nas dimensões resultantes no estudo bibliométrico. Com uma amostra de cerca de 23 mulheres que foram entrevistadas, e com parâmetros específicos como: a sede da empresa fosse registada no Distrito, e que a empreendedora fosse detentora de pelo menos de 50% da empresa. Foram abrangidos vários ramos de atividade como por exemplo: restauração, comércio, hotelaria, educação, entre outros; e grande parte dos municípios. A escolha do interior Norte, é essencialmente devido ao facto de diferenciar a mulher empreendedora do meio rural e urbano, por ser uma região com baixa densidade populacional, mas em desenvolvimento, e devido aos seus recursos naturais. Foi utilizado na análise de conteúdo, um software específico, wordclouds, que nos permitiu avaliar as repostas às questões através de nuvens de palavras. A maioria das entrevistadas, estão satisfeitas com a atividade empreendedora e acrescentam que a questão de vida familiar não prejudica o fato de serem detentoras do seu próprio negócio.

PALAVRAS-CHAVE

Empreendedorismo Feminino, Oportunidade vs Necessidade, Motivação, Duplicidade de Papéis, Meio Rural vs Urbano

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INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, Portugal tem assistido a uma crise económica, aquela que conhecemos como mundial, mas que tem afetado com maior impacto, alguns em particular na Europa, como Espanha, Itália, Grécia, por exemplo. O desemprego disparou, o poder de compra das famílias diminuiu e existiu uma crescente mudança o que transforma necessidades em oportunidades.

Na literatura este conceito denomina-se de “empreendedorismo”, assume diversas definições do ponto de vista de diferentes autores, no entanto a nossa perceção é que representa um conceito diferente dependendo de cada autor.

É nesta fase que voltamos a salientar a questão do género, o papel da mulher na temática, e sabemos que os direitos e deveres seja qual for o género, não foi comum no decorrer do tempo, e o papel da mulher na sociedade evoluiu e Portugal também merece o seu destaque, não nos ditasse essa regra a nossa constituição da Republica Portuguesa, no seu artigo 13º, com o Principio da igualdade:

1. Todos os cidadãos, têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.

2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções politicas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição económica, condição sexual ou orientação sexual.

(Constituição da Republica Portuguesa, 1976) Focamo-nos, no presente artigo, no papel da mulher, no mundo empresarial, isto é, no empreendedorismo feminino. Percebemos no decorrer desta investigação que é um tema emergente e com uma evolução significativa nos últimos anos, daí que resulta de um trabalho contínuo de alguns meses, utilizando numa amostra mulheres empreendedoras no Distrito de Vila Real. Distrito este pertencente à província de Trás- os-Montes e Alto Douro, constituído por 14 municípios (ver figura 1). Incidimos nos mais variados ramos de atividade3 e idades, onde os requisitos obrigatórios seriam: que o negócio em causa teria de pertencer em pelo menos 50% à mulher empreendedora e que a sede da empresa se situasse dentro da região.

3 Ramos de Atividade abrangentes do estudo: Restauração e Hotelaria; Saúde e Bem-estar; Comércio e venda a Retalho; Confeção; Prestação de serviços; outras atividades artísticas; agrícola e Turismo da Natureza.

40 Atualmente, o empreendedorismo atinge, também, diferentes dimensões territoriais. A natureza da atividade empreendedora diversifica-se entre regiões, que têm diferenças ao nível demográfico, de saúde, de ocupação, de infraestruturas e de outros fatores. Assim, empreendedorismo é fortemente afetado pelos contextos locais, económicos e institucionais (Martins, 2006).

Figura 1: Distrito de Vila Real

Fonte: http://www.mapas-portugal.com/Mapa_Distrito_Vila_Real_Portugal.htm

Em Portugal, vários estudos referem que o empreendedorismo é limitado pela cultura nacional, na medida em que a população portuguesa é bastante relutante ao risco, é atribuída importância ao fracasso dos empreendedores, contrariamente ao que acontece em países como o Reino Unido e os Estados Unidos, onde se encara o fracasso e os erros como oportunidade de melhoria dos serviços oferecidos. Desta forma, a população caracteriza-se por uma falta de capacidade empreendedora que se traduz nas oportunidades de sucesso dos empreendedores (Sociedade Portuguesa de Inovação, 2004, p.19).

Na questão da educação, em Portugal o empreendedorismo é recente no currículo das instituições de ensino superior (Redford, 2006). Este mesmo autor, por sua vez, acrescenta que existe um despertar para o estudo do empreendedorismo em Portugal, e que houve um investimento por parte da União Europeia e do governo português. Os estudos publicados revelam que estamos a crescer no estudo desta temática, os apoios ao

41 empreendedorismo, empresas que se dedicam a apoiar a criação de negócios, assim como instituições de ensino com cursos específicos na área.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nesta altura, é a fase de refazer uma revisão sobre temas mais relevantes, acerca desta investigação, falamos de conceitos que complementam o tema abordado, onde se destaca o empreendedorismo em Portugal, as mulheres empreendedoras têm características diferentes dependendo do meio-envolvente em que se inserem, de fatores psicológicos, motivacionais e financeiros.

Apesar de todo o caminho percorrido em direção à igualdade, participação das mulheres na economia é ainda vulnerável, o que pode ser comprovado pelos maiores índices de desemprego e prevalência de contratos de trabalho de duração limitada, níveis salariais inferiores, reduzida ocupação de cargos de chefia e de topo, e menores possibilidades de progressão na carreira (Marques & Moreira, 2011).

Portugal já coleciona alguns estudos na área, e torna-se aqui importante falar de uma plataforma de estudo de empreendedorismo onde o nosso país tem vindo a participar, junto de países de todo o mundo o GEM – Global Entrepreneurship Monitor.

O GEM – Global Entrepreneurship Monitor – conceitua empreendedorismo como sendo “Qualquer tentativa de criação de um novo negócio ou novo empreendimento, como por exemplo, uma atividade autónoma, uma nova empresa ou uma expansão de um empreendimento existente por um individuo, grupos de indivíduos ou por empresa já estabelecida” (GEM 2008, p. 103).

O Global Entrepreneurship Monitor, é um projeto que realiza avaliações anuais da atividade empreendedora, das aspirações e das dificuldades dos indivíduos englobando um grande conjunto de países. Atualmente é o maior estudo sobre dinâmicas empreendedoras do mundo e Portugal integra este projeto.

A análise da atividade empreendedora debruça-se sobre vários parâmetros à criação e cessão de negócios, dando origem ao principal índice criado e monitorizado pelo estudo GEM – a taxa de Atividade Empreendedora Early-Stage Total (TEA) – que mede a proporção de indivíduos com idades compreendidas entre os 18 e os 64 anos envolvidos

42 na criação e gestão de negócios que proporcionam remunerações por um período de tempo ate 3 meses (negócios nascentes) ou por um período de tempo entre os 3 os 42 meses (negócios novos). Estes indivíduos são denominados early-stage.

A evolução da taxa TEA é possivelmente, a mais interessante dinâmica analisada ao longo dos últimos anos de estudos em Portugal, uma vez que traduz o nível concreto de empreendedorismo early-stage no país. Nesse sentido destacam-se alguns dos principais resultados associados à atividade empreendedora em Portugal, do relatório do GEM Portugal 2013 (tabela 1).

Tabela 1. Dados do GEM 2013, em Portugal

Ano 2013 TEA = 8.2%

Este resultado inseriu-se numa tendência de aumento que se verificou em 2010. A taxa TEA de Portugal demonstrou consistentemente valores próximos da média das economias orientadas para a inovação, sendo que, desde 2010, essa consistência é particularmente robusta. Portugal ocupou o 47º lugar, no ranking com a taxa TEA mais elevada, entre 67 países que completaram a sondagem à população adulta.

O 10º lugar, marcou a ocupação de Portugal, com a taxa mais elevada no quadro das economias orientada para a inovação (que engloba 26 economias).

Setor da Industria

O setor onde se registou maior percentagem de atividade empreendedora, nascente ou nova, é o orientado para o consumidor (que inclui todos os negócios direcionados para o consumidor final) reunindo 44.4% dos empreendedores early-stage.

O setor orientado para o cliente organizacional (que abrange todas as atividades onde o cliente primário é outro negócio) é o que regista a segunda maior percentagem de empreendedoras early-stage com 2.8%.

Oportunidade vs necessidade

75% dos empreendedores early-stage criam negócios motivados pela oportunidade;

21.4% motivados pela necessidade;

3.5% alegam uma combinação de motivações para a criação da empresa ou negócio.

Faixa Etária

A faixa etária que regista maior incidência de atividade empreendedora early-stage com uma taxa TEA=11.9% é entre os 25 e os 34anos, uma tendência que esta alinhada com o que acontece nos

43 três tipos de economias estudadas (orientadas para a produção, para a eficiência e para a inovação)

O relatório do GEM de 2015/2016, revela-nos dados ainda mais interessantes acerca desta área das ciências sociais, Portugal, volta a fazer parte do grupo de análise com a participação total de 60 países de todo o mundo.

Na figura 2, apresentamos os resultados de Portugal no estudo do GEM 2015- 2016, e verificamos algumas diferenças relativamente ao estudo de 2013, apresentado anteriormente, começando logo pela taxa TEA com 9.5% no ano de 2015 num ranking de 60 países.

Figura 2: GEM 2015/2016 – Portugal

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METODOLOGIA

Um olhar sobre o Empreendedorismo Feminino no distrito de Vila real: um estudo qualitativo, é um estudo com uma metodologia complementar. O nosso meio envolvente escolhido foi como já referido anteriormente, o Distrito de Vila Real, onde entrevistamos 23 mulheres empreendedoras.

Esta é talvez uma das fases mais trabalhosas do estudo, uma vez que a concretização não depende de nós, mas sim de quem aceita participar na amostra.

A seleção das mulheres empreendedoras a entrevistar, inicialmente foi por afinidade, portanto empresas familiares de amigos que se enquadravam no estudo; posteriormente por contactos de instituições públicas, Câmaras Municipais, Associações, entre outras. Estas encaminhavam para departamentos específicos, ou facultavam já uma breve seleção de possíveis candidatas. No presente artigo a recolha foi efetuada de várias formas, entre elas:

- Por meios eletrónicos (via e-mail, redes sociais, telemóvel, etc) - Por intermédio de amigos e conhecidos

- Por deslocação física às empresas

A entrevista realizada (ver anexo1), era composta por 5 partes, sendo que abrangia alguns dos conceitos obrigatórios que o tema exige. A Ponto I, referia-se a uma breve apresentação socioeconómica da mulher, desde a sua identificação, estado civil, nº filhos, rendimentos auferidos antes de pós atividade empreendedora, bem como a sua situação profissional no antes de iniciar atividade empreendedora; O Ponto II, dirigido especialmente à motivação para a criação do negócio e motivação para a formalização do negócio; O Ponto III, talvez um dos mais debatidos por interferir com a vida pessoal das mulheres empreendedora: a Duplicidade de papéis; O ponto IV, foca a caracterização do negócio e por fim, o ponto V, relaciona-se com o meio-envolvente.

A fase posterior, ou seja, análise de conteúdo foi realizada através de inserção de dados de caracterização socio económica das mulheres, em Excel, da qual obtivemos os primeiros resultados. Posteriormente, a restante informação foi analisada através de um

45 software denominado por wordclouds, que nos permite fazer análise através de nuvens de palavras.

RESULTADOS

A análise de resultados é já a parte final do nosso trabalho, onde se verifica na realidade todo o processo para o qual trabalhamos. O resultado de uns meses de trabalho, permite-nos tirar algumas conclusões e avaliar as várias características envolventes no estudo.

Temos 23 entrevistas incluídas no estudo, que abrangem 14 municípios do Distrito de Vila Real, na figura 3, e que mostram o número de mulheres empreendedoras que atenciosamente responderam à nossa entrevista, por município.

Figura 3. Nº de mulheres empreendedoras por município

Fonte: Elaborado com base nos dados obtidos nas entrevistas

Assim sendo, participaram nas entrevistas mulheres empreendedoras, repartidas pelos municípios: Município de Vila Real com 6 mulheres, Montalegre com 4, Mesão Frio com 3, Vila Pouca de Aguiar, Peso da Régua e Alijó com 2, e por fim, Santa Marta de Penaguião, Sabrosa, Mondim de Basto e Chaves apenas com 1 entrevista respondida. Os municípios de Ribeira de Pena, Murça, Boticas e Valpaços, não foi possível obter respostas, apesar do esforço para tal, através de vários meios, inclusive instituições públicas.

46 [21-29] 22% [30-39] 56% [40-49] 22% [21-29] [30-39] [40-49] CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÓMICA

Apresentada a amostra, e voltando as atenções para a análise de conteúdo das entrevistas, focamos a caracterização socioeconómica. Abordamos numa primeira instância, a faixa etária mais frequente, na figura 4, onde nos é de fácil analise verificar que a maioria das mulheres empreendedoras situa-se na faixa etária entre os 30-39 anos, o que representa 56%. Quer isto dizer que, são as mulheres numa fase de maturidade que mais arriscam, no Distrito de Vila Real para criarem o seu próprio negócio. As faixas etárias entre os 21-29 anos e 40-49 anos têm a mesma percentagem de participação.

Figura 4 : Faixa Etária das Mulheres Empreendedoras (em anos)

Fonte: realizado pela autora da dissertação.

Numa perspetiva de avaliar todo o perfil das mulheres, o estado civil, e número de filhos, foi também abordado nesta entrevista, como podemos ver através de observação da figura 5 e 6 respetivamente. No caso do estado civil, verifica-se uma maioria de mulheres casadas, com 48% e logo de seguida com 26% de mulheres empreendedoras solteiras. O número de filhos, ganha aqui algum destaque, uma vez que 65% das mulheres, têm entre 1 a 3 filhos. Estes dois fatores, levam-nos a concluir que a maioria das mulheres entrevistas constituíram família (marido e filhos).

47 Solteira 26% Divorciada 9% Viúva 4% Casada 48% União de fato 13% Solteira Divorciada Viúva Casada União de fato sem filhos 35% com filhos (1 a 3) 65% sem filhos com filhos (1 a 3) Figura 5: Estado Civil

Figura 6: Nº de filhos

Na próxima figura nº 7, ilustramos o meio envolvente, isto é, em que municípios residem as entrevistadas, e se a sede da empresa se situa no mesmo município ou nas proximidades. A ilustração é de fácil análise, na medida em que a mulher representa a sede da empresa e o número de mulheres por município que respondeu à nossa entrevista, e a habitação com cor vermelha indica-nos que a sua habitação familiar se situa no mesmo município. Por sua vez, e a única habitação de cor azul, indica-nos que apenas uma das entrevistadas do município de Montalegre reside fora do município e do Distrito, estando em zona limítrofe de divisão de localidade.

48 Figura 7: Localidade de sede da empresa e de habitação familiar.

Fonte: Realizado pela autora da dissertação

Um outro aspeto, refere-se ao nível de literacia (figura 8), onde temos um panorama muito equivalente, embora que com pouca diferença a maioria possui nível de literacia superior, apenas 35% possui entre o 9º e o 12º ano de escolaridade. O que revela, que as mulheres cada vez mais investem na sua formação superior.

Figura 8: Habilitações literárias

9º Ano ao 12º Ano 35% Bacharelato/ Licenciatura 31% Pós- Graduação/ Mestrado 30% Doutoramento 4% 9º Ano ao 12º Ano Bacharelato/Licenciatur a Pós- Graduação/Mestrado Doutoramento

49 No plano financeiro, e situação profissional, o panorama revela-se interessante. A percentagem de mulheres desempregadas antes de iniciarem a atividade empreendedora e as que nunca tiveram outra profissional, que não empresárias é igual, com 39%; apenas 18% trabalhou por conta de outrem antes de criar o seu próprio negócio. A aversão ao risco também é um fator resultante de apenas 4% das empreendedoras iniciou atividade própria depois de concluir os estudos (ver figura 9). O grau de satisfação relativamente à atual situação profissional é elevado, o que significa que ao nível profissional as mulheres empreendedoras sentem-se realizadas, como podemos verificar na figura 10.

Figura 9: Situação Profissional antes de iniciar atividade empreendedora

Figura 10: Grau de satisfação relativamente á situação profissional atual

Desemprega da 39% Empregado por conta de outrem 18% Empresário/P rofissional liberal 39% Estudante 4% Desempregada

Empregado por conta de outrem Empresário/Profission al liberal Estudante 0 2 4 6 8 10 12 14 nada satisfeita satisfeita totalmente satisfeita Série1

50 Não auferia qualquer rendimento 22% Até 530 euros 52% 531 a 650 euros 0% 651 a 750 euros 13% 751 a 850 euros 0% 851 a 950 euros 13%

Não auferia qualquer rendimento Até 530 euros 531 a 650 euros 651 a 750 euros 751 a 850 euros 851 a 950 euros Até 530 euros 30% 531 a 650 euros 10% 651 a 750 euros 35% 751 a 850 euros 5% 851 a 950 euros 5% mais de 950 euros 15% Até 530 euros 531 a 650 euros 651 a 750 euros 751 a 850 euros 851 a 950 euros mais de 950 euros

Por sua vez, no plano financeiro, salienta-se a percentagem de mulheres que auferiam apenas do salário mínimo nacional antes de iniciar a atividade empreendedora, com 52%, contra 22% que não recebiam qualquer apoio financeiro (figura 11). Entende-se por estes valores que um dos fatores responsáveis pelo avanço na criação do seu próprio negócio fosse devido à insatisfação financeira. Pelo que podemos comprovar, na figura 12, que a situação económica altera após início da atividade empreendedora.

Figura 11: Rendimentos auferidos antes de iniciar atividade empreendedora

Figura 12: Rendimentos auferidos após iniciar atividade empreendedora

Na figura 13, podemos verificar estas alterações de rendimentos auferidos de forma mais sintética, pelo que se valoriza o aumento de rendimento, no entanto, é notório que a

51 percentagem de empreendedoras que auferem, o equivalente às suas habilitações literárias, não é considerável, uma questão que está relacionada com o setor de atividade.

Figura 13: Rendimentos auferidos pré e pós atividade empreendedora

ANÁLISE DE ENTREVISTAS

Para a análise qualitativa das questões abertas do questionário aplicado às mulheres empreendedoras recorreu-se ao software Wordclouds para replicar nuvens de palavras, sendo que quanto maior a dimensão do termo na nuvem, maior a frequência com que foi mencionado. Esta informação gráfica é precedida da padronização e uniformização dos termos contidos no discurso dos respondentes. Sempre que possível dividiram-se as respostas tipo e a forma como as mesmas se ramificam no seu conteúdo. Em primeiro lugar procede-se à apresentação de alguns dados de caracterização dos negócios das empreendedoras. Na tabela 2, apresentamos os ramos de atividade onde se inserem os negócios do nosso estudo, quase metade dos negócios (47,4%) correspondem às atividades de restauração, cabeleireiros, confeção, comércio de vestuário e educação (centro de estudos, ATL,..). Sabe-se também (ver tabela 3) que grande parte dos negócios foram iniciados em 2014. Verifica-se através da tabela 4, que 47,8% das mulheres empreendedoras recorreram a ajudas (como por exemplo: benefícios sociais, compras e vendas em conjunto, acesso a créditos e/ou microcréditos) antes de iniciar negócio, principalmente recorrendo a estudos de mercado. Verifica-se, também,

0 2 4 6 8 10 12

Não auferia qualquer… Até 530 euros 531 a 650 euros 651 a 750 euros 751 a 850 euros 851 a 950 euros mais de 950 euros depois antes

52 que apenas 39,1% das empreendedoras elaboraram planos de negócio e que apenas 26,1% fez formação em gestão antes de iniciar o negócio (ver tabela 5 e 6 respetivamente).

Tabela 2: Ramo de atividade

Tabela 3: Ano de início atividade Ano de Inicio atividade Frequências absolutas (n) Frequências relativas (%) 1998 1 4,4 2000 1 4,4 2003 1 4,4 2004 2 8,6 2009 2 8,6 2010 2 8,6 2012 1 4,4 2013 1 4,4 2014 11 47,8 2016 1 4,4

Ramo de atividade Frequências

absolutas (n) Frequências relativas (%) Restauração 3 13,0 Cabeleireiro 2 8,6 Comércio de vestuário 2 8,6 Educação 2 8,6 Confeção 2 8,6 Comércio a retalho 1 4,4 Hotelaria 1 4,4 Medicina dentária 1 4,4

Outras atividades artísticas

1 4,4

Comércio a retalho

1 4,4

Informática e telecomunicações

1 4,4

Prestação de serviços e Venda a

retalho 1 4,4 Saúde e bem-estar 1 4,4 Serviços 1 4,4 Agrícola 1 4,4 Contabilidade e acessoria 1 4,4 Turismo de Natureza 1 4,4

53 Tabela 4: Apoios na criação de negócio

Frequências absolutas (n)

Frequências relativas (%)

Apoios antes de iniciar

o negócio 11 47,8 Estudos de mercado 5 46 Consultoria 2 8,6 Ajuda familiar 2 8,6 EDP 1 4,4 IEFP 1 4,4 Universidade do Minho 1 4,4

Tabela 5: Elaboração de um plano de negócio Frequências absolutas (n) Frequências relativas (%) Elaborou plano de negócio 9 39,1

Tabela 6: Formação em Gestão antes de iniciar o negócio Frequências

absolutas (n)

Frequências relativas (%) Formação em gestão antes de iniciar

o negócio

6 26,1

Nas tabelas seguintes, é apresentada a análise das questões realizadas às mulheres empreendedoras. Esta análise foi repartida por dimensões: Motivação para a criação do negócio; Motivação para a formalização do negócio; Duplicidade de Papéis e Meio envolvente.

Na tabela 7, analisando a questão 1, verificamos que foi mais a necessidade de ter emprego e de ter um meio de subsistência que motivou as empreendedoras a criar o seu próprio negócio. Existem também respostas em que as entrevistadas mencionaram as duas razões em simultâneo (“Acho que foi as duas coisas. Mesmo antes de ficar desempregada já pensava criar o meu próprio negócio. Queria voltar para a minha terra e a oferta de emprego é pouca, então decidi que a solução era criar o meu posto de trabalho”).

54 Na questão 2, de um modo geral, as entrevistadas responderam ter facilidade em

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