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UM OLHAR SOBRE O EMPREENDEDORISMO FEMININO
NO DISTRITO DE VILA REAL
Dissertação de Mestrado em Gestão
ANA MARIA MOREIRA PINTO
Orientador: Prof.ª Doutora Carla Susana Marques
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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
UM OLHAR SOBRE O EMPREENDEDORISMO FEMININO NO
DISTRITO DE VILA REAL
Dissertação de Mestrado em Gestão
ANA MARIA MOREIRA PINTO
Orientador(a): Prof.ª Doutora Carla Susana Marques
Composição do Júri:
Professor(a) Doutor(a) Carmen Teresa Pereira Leal, DESG/ECHS/UTAD
Professor(a) Doutor(a) Alexandra Maria da Silva Braga, ESTGF, Politécnico do Porto
v Este trabalho foi elaborado como Dissertação para efeito de obtenção do grau de Mestre em Gestão, sendo apresentado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
vii “O sucesso não tem a ver com o lugar de onde você veio, e sim com a confiança que você tem e o esforço que você está disposto a investir”.
ix É chegado o momento de terminar mais uma etapa neste meu percurso académico. Como em tudo na vida, teve as suas dificuldades, mas sobretudo muitas discências.
O tema desta dissertação foi naturalmente de fácil escolha, na medida em que admiro cada vez mais, o papel da mulher na sociedade, a evolução dos últimos anos, leva-nos a uma descoberta sem fim, de conteúdos na área do Empreendedorismo Feminino. A presença do sexo feminino é cada vez mais frequente em todas as áreas, cargos políticos, religião, desporto, e a minha esperança é que a sociedade tome consciência de que somos capazes de alcançar os mesmos horizontes, e que isso não depende do sexo.
Não tenho uma ordem lógica par agradecer a quem esteve sempre ao meu lado, no fundo todos os que convivem comigo merecem um obrigado. Naturalmente terei de eleger os que se destacam na minha vida.
Sem qualquer filtro, agradeço à minha orientadora, Professora Doutora Carla Marques, pelo seu apoio e disposição na concretização deste estudo. Parabéns por ser a profissional que é, foi um gosto trabalhar consigo ao longo destes meses.
Ao meu namorado Sérgio, com quem partilho a vida diariamente, agradeço pelo apoio, paciência, carinho e Amor.
Aos meus pais, Manuel e Eugénia por todo o amor e sacrifício que fizeram para me dar sempre o melhor, e me terem transmitido os melhores valores. Eles são o exemplo de amor, carinho, luta, por tudo aquilo que vivenciaram e alcançaram.
Aos meus irmãos: Toni, Zé, Miguel, Cristina e Lúcia, aos meus sobrinhos, Eduardo, Carolina, César, Diana, Luana, Rodrigo, Lucas e Beatriz por me fazerem ainda mais feliz, aos respetivos cônjuges cunhadas Rosa, Cidália, e cunhados Miguel e Moisés. À minha avó Miquinhas, que já não está entre nós, mas que foi a que me viu crescer, foi a minha grande perda nos últimos tempos, ela já não percebia nada dos meus estudos, mas tinha sempre a esperteza de desejar que tudo corresse bem.
À minha Nani, é a irmã da vida, não de sangue, mas de coração, obrigada por estares comigo sempre, fazes sem qualquer dúvida, parte das mulheres da minha vida.
x Aos meus sogros e à Sandra; à Mica, à Tia Prazeres.
Aos meus amigos, de sempre, Marta, Paulo, Daniela, Sara, Ana, Paulinho, Magda, Rita, Maria.
A todas as empresas que não identifico por questões de privacidade, e intervenientes que me facilitaram contactos, para a concretização deste estudo. Destaco as instituições que prontamente se disponibilizaram para ajudar, CLDS 3G Vila Real, CLDS 3G Porta D’Ouro, localizada em Mesão Frio, Município de Montalegre, Município de Mondim de Basto e CLDS 3G Empreender Alijó
xi A presente investigação teve como objetivo principal perceber o que (não) sabemos sobre empreendedorismo feminino, englobando uma série de temáticas relacionadas com o tema, nomeadamente dividindo-se em dois estudos.
O primeiro estudo, baseia-se numa análise bibliométrica, realizado através de softwares: BibExcel e VOSViewer e bases de dados: como a Web of Science, e Excel. Através desta análise bibliométrica, conseguimos perceber as principais dimensões a abordar no estudo seguinte.
O estudo 2 por sua vez, permitiu-nos ter uma amostra de 23 mulheres empreendedoras, do Distrito de Vila Real, que se submeteram a uma entrevista, de onde foi objetivo perceber, de entre outras questões, o que mais as motivou para tomarem o caminho do empreendedorismo; a sua relação com a duplicidade de papéis e a importância do meio envolvente em que estão inseridas. Daí que o título desta investigação se intitula, um olhar sobre o empreendedorismo feminino no Distrito de Vila Real.
Foi um estudo produtivo, que nos permitiu perceber que se trata de uma região em desenvolvimento, com muitas áreas para explorar, e com grande potencial de criação de novas ideias de negócio apesar do seu baixo nível populacional.
Palavras-chave
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Abstract
The present investigation have as the main goal realize what we (don't) know about female entrepreneurship, including many themes related with that, split it in two studys.
The first one is based on a Bibliometric study, realized using software and data bases, such as Web of Science, BibExcel and VOSViewer. With the results we can figure out the main subjects that we need to adress in the next study.
The second study allows us to have a sample of 23 entrepreneurial women, in Vila Real, that were confronted with an interview which the goal was to perceive, among other things, what was motivating them, their relationship with the duality of roles and the importance of the environment in which they are inserted. That explains the title of this study, a look over the female entrepreneurship in Vila Real.
It was a productive study, that allow us to realize that Vila Real is a region in development, with many areas to explore, and with such a potencial for criation of new business ideas, despite the low population level.
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PARTE I – INTRODUÇÃO………...……….………...1
I.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS.……….………...2
I.2 JUSTIFICAÇÃO DA ESCOLHA………...……..4
I.3 OBJETIVOS E QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO………...……….7
I.4 METODOLOGIA E ESTRUTURA……….8
PARTE II – ESTUDO 1 - O QUE (NÃO) SABEMOS SOBRE EMPREENDEDORISMO FEMININO?...13
PARTE III - ESTUDO 2- UM OLHAR SOBRE O EMPREENDEDORISMO FEMININO NO DISTRITO DE VILA REAL: UM ESTUDO QUALITATIVO……..37
PARTE IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS………61
IV.1 CONCLUSÕES………62
IV.2 LIMITAÇÕES…………..………63
IV.3 SUGESTÕES PARA FUTURAS INVESTIGAÇÕES………64
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS………...……….66 ANEXOS
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ÍNDICE DE TABELAS, GRÁFICOS E FIGURAS PARTE I
Índice de Tabelas
Tabela 1. Dimensões do Estudo……….5
Índice de Figuras Figura 1. Estrutura da Dissertação………10
PARTE II Índice de Tabelas Tabela 1. Configuração da pesquisa………18
Tabela 2. Top 40 dos artigos mais citados na área do Empreendedorismo Feminino…...23
Tabela 3. Top das 10 revistas que mais publicam sobre Empreendedorismo Feminino…24 Tabela 4. Top 6 das revistas, por número de artigos publicados, autores e citações……..25
Índice de Figuras Figura 1. Processo de revisão sistemática da literatura……….17
Figura 2. Número de publicações e citações (1997-2015)……….………..20
Figura 3. Mapa de redes das palavras-chave……….28
Figura 4. Mapa densidade de co-autores………...29
Figura 5. Mapa de redes por referência citada (artigos com mínimo de 10 citações) ……30
Figura 6. Mapa de rede de Co-citações, 1ºautor como referência (mínimo 10 citações)...30
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PARTE III Índice Tabelas
Tabela 1. Dados do GEM 2013, em Portugal………42
Tabela 2. Ramo de atividade………52
Tabela 3. Ano de início de atividade……….52
Tabela 4. Apoios na criação de negócio………53
Tabela 5. Elaboração plano de negócio………53
Tabela 6. Formação em Gestão antes de iniciar o negócio………53
Tabela 7. Questões entrevista: Motivação para a criação do negócio………...54
Tabela 8. Questões entrevista: Motivação para a Formalização do negócio……….56
Tabela 9. Questões entrevista: Duplicidade de papéis………..57
Tabela 10. Questões entrevista: Meio-Envolvente………...59
Índice de Figuras Figura 1. Distrito de Vila Real………..40
Figura 2. GEM 2015/2016- Portugal………43
Figura 3. Número de mulheres empreendedoras por município………...45
Figura 4. Faixa etária das mulheres (em anos)………46
Figura 5. Estado Civil………..47
Figura 6. Número de filhos………..47
Figura 7. Localidade da sede da empresa e de habitação familiar……….48
Figura 8. Habilitações literárias………48
xviii Figura 10. Grau de satisfação relativamente à situação profissional atual………49 Figura 11. Rendimentos auferidos antes de iniciar atividade empreendedora………….50 Figura 12. Rendimentos auferidos após iniciar atividade empreendedora………50 Figura 13. Rendimentos auferidos pré e pós iniciar atividade empreendedora………….51
1
. PARTE I – INTRODUÇÃO
2
I.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Numa economia em constante mudança o empreendedorismo é nos dias de hoje, um tema emergente na sociedade, na medida em que é uma área em desenvolvimento e crescimento. A falta de uma definição bem aceite do empreendedorismo como campo de estudo, faz com que este conceito tenha diferentes focos, de acordo com o momento e contexto em que é analisado, isto é, as inúmeras formas de definir o conceito são consideradas válidas dependendo do contexto em que se inserem.
Na literatura, encontram‐se inúmeras definições, algumas até contraditórias, e cuja discussão é baseada, quer no ponto de vista científico e empírico, quer na pura especulação académica.
Foi entre os séculos XVIII e XIX que houve uma presença significativa da mulher no mercado de trabalho. Até essa época a mulher era considerada “incapaz” para trabalhar noutras atividades que não fossem as domésticas. Com a revolução industrial, a escassez de trabalhadores e consequente aumento da procura de mão-de-obra, as mulheres foram naturalmente incorporadas tendo havido nessa altura u aumento significativo das mesmas no mercado de trabalho. No entanto, sofriam de discriminação, quer na distribuição, quer nas condições de trabalho a que eram submetidas, situação que despoletou reivindicações de igualdade de direitos do trabalho por parte das mesmas, ainda que subtis (Amorim & Batista, 2010).
A 1ª e 2ª Guerras Mundiais – ocorridas entre 1914-1918 e 1939-1945, respetivamente – desempenham um papel fundamental na feminização do mercado de trabalho. Com a prolongada ausência e a elevada taxa de mortalidade da força de trabalho masculina, tornou-se imprescindível a contratação das mulheres para funções que antes eram desempenhadas exclusivamente por homens, permitindo-lhes um reforço da sua presença no mercado de trabalho, e, consequentemente, uma voz mais forte na defesa dos seus direitos e procura de igualdade de oportunidades (Olivieri, 2007).
Em Portugal, esta mudança, teve principal destaque, na década de 70, mais concretamente desde o 25 de Abril de 1974, com a implantação de um regime democrático e consequentemente, com o desenvolvimento da igualdade de oportunidades entre homens e mulheres. A igualdade de direitos passou por todas as mais variadas áreas, desde a saúde, a educação, direitos de cidadania, cargos políticos, entre outras.
3 Guerreiro & Pereira (2006), afirmam que a presença feminina no mercado de trabalho reforçou-se, tornando-se, não só comum, como também essencial, como forma de suprir as novas necessidades familiares. Isto deve-se ao fato de a par de todas as mudanças, com a revolução dos Cravos em Portugal, também o posicionamento da mulher no mercado de trabalho, assim como o tratamento jurídico e reconhecimento da igualdade de direitos entre homens e mulheres, sofreram alterações essenciais com a implementação da democracia em Portugal. A diminuição significativa das taxas de nupcialidade e de natalidade, acrescida de um aumento das taxas de divórcio e de novas formas familiares e de conjugalidade, transformaram o papel da mulher na sociedade, sendo que o contrato social de género em vigor foi ultrapassado.
Como é de fácil perceção, o presente trabalho foca-se essencialmente, no empreendedorismo feminino, pelo fato de o papel das mulheres no mundo dos negócios estar cada vez mais presente e historicamente ter alterado, sendo que a realização pessoal e profissional passou a ter importância vital.
Decidiu-se estudar “Um olhar sobre o empreendedorismo feminino no distrito de Vila Real” devido ao facto de Vila Real ser um distrito do interior Norte e as oportunidades de desenvolvimento local e económico serem diferentes de outros locais do país como a invicta e a capital. A Região de Trás-os-Montes e Alto Douro é rica, essencialmente, em recursos naturais, culturais e históricos que devidamente reaproveitados são o ponto fulcral para o seu desenvolvimento. Desenvolvimento esse que tem vindo a crescer e também a aproveitar e integrar no mercado de trabalho, os bons profissionais que se formam na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Pretende-se com este estudo ir de encontro a todas estas questões, o que Motiva as mulheres a serem empreendedoras? Quais os obstáculos? Qual a relação trabalho-família? Será o desemprego um fator de motivação para as mulheres empreendedoras? Este projeto permitiu perceber que o empreendedorismo abrange diversas dimensões, das quais é ainda importante aprofundar.
O empreendedorismo cria novas empresas quando os empreendedores têm a capacidade de inovar e identificar oportunidades de negócio, criando um ritmo de prática administrativa que pode ser apreendida. O empreendedor é uma pessoa com grande capacidade imaginativa, que é caraterizada pela capacidade de fixar alvos e objetivos. O
4 processo da economia e do empreendedor têm como eixo fundamental a inovação, distribuição e criatividade através do qual a riqueza é criada com as estruturas de mercados existentes, dando oportunidades aos empreendedores de introduzir novos produtos e serviços, tornando assim a inovação num fator importante que carateriza o empreendedorismo (Gupta, 2008; Santos 2011).
Pode concluir-se com a citação de Schumpeter, que menciona que empreendedor é o principal ativador do desenvolvimento económico graças à sua função de inovador (Schumpeter, 1942).
I.2 JUSTIFICAÇÃO DA ESCOLHA
A escolha do tema da dissertação que se segue, não foi pré-definida no decorrer do percurso académico, o tema foi despertando interesse com o decorrer do tempo. É interessante pois normalmente despertam interesse conteúdos mais práticos, mas o tema assumiu na vida das pessoas um interesse ambíguo.
A entrada no mundo do trabalho faz-nos dar um salto nas atitudes, mas também nos pensamentos. O papel que a mulher representa no mundo empresarial tem vindo a expandir-se, e a tomar proporções relevantes, embora que os grandes cargos continuem a ser ocupados por homens, a evolução é significativa.
“Um olhar sobre o empreendedorismo feminino no Distrito de Vila Real”, é um dos maiores desafios para estudar num percurso académico. De fato durante o meu percurso escolar não refleti o suficiente sobre o papel das mulheres na sociedade, talvez devido ao fato de todas as mulheres presentes na minha vida terem um percurso dito normal. À primeira vista, foram mais as mulheres que me ensinaram e educaram, não descartando todos os ensinamentos recebidos pelo sexo oposto, mas nunca questionei se o percurso delas terá sido opcional ou não. Possivelmente muitas delas, foram obrigadas a enveredar por profissões quase impostas, porque a classe social assim o exigia na altura, outras quantas terão atravessado a linha do risco e contrariando mentalidades.
Tal como diz Ahl (2006) um estudo necessita de uma área de investigação, mas também de um problema ou de algo desconhecido. É como base neste “desconhecido”
5 que este trabalho procura enunciar toda uma descoberta sobre a temática, envolta na questão: O que (não) sabemos sobre o Empreendedorismo Feminino?
Gatewood, Carter, Brush, Greene e Hart (2003) afirmam que o que aprendemos empiricamente, através de estudos já publicados, é que existem diferenças entre grupos de mulheres em termos de características base (e.g. psicológicas, demográficas), como crescem os seus negócios, a influência do meio, a localização do negócio, entre outras dimensões.
O estudo bibliométrico realizado no estudo 1, é o nosso ponto de partida para a definição de dimensões de estudo, que resultaram de um trabalho de pesquisa complementar através de artigos publicados na WEB OF SCIENCE. Na tabela 1, destacamos as dimensões estudadas, para podermos abordar conceitos obrigatórios. Como poderemos verificar mais à frente, no estudo 1, as dimensões resultaram de uma análise das palavras-chave.
Tabela 1 – Dimensões de Estudo
Dimensão 1 Foco no “EU” (Empreendedora) Perspetiva
Micro/individual
Dimensão 2 Foco na Criação e Gestão da
Empresa
Perspetiva da Empresa-Meso
Dimensão 3
Contexto e redes Perspetiva Macro Fonte: Elaborado com base na revisão de literatura
A dimensão 1 remete-nos para abordar conceitos relacionados com a empreendedora, falamos da motivação, das oportunidades, a experiência e a forma como concretizam ideias, o desafio e a relação trabalho família.
Alguns estudos têm mostrado que as mulheres criam empresas por diversos motivos, tais como: desejo de realização e independência, perceção de oportunidade de mercado, dificuldades em ascender na carreira profissional noutras empresas, necessidade
6 de sobrevivência e como uma maneira de conciliar trabalho e família (Machado et al., 2003). “O empreendedorismo representa um novo setor para atividade económica feminina. São agora oferecidos novos mercados e perspetivas de trabalho a mulheres para desenvolver o seu entusiasmo, energia, capacidades e competências. A flexibilidade relacionada com o trabalho é identificada como um fator encorajador adicional, especialmente para mulheres que necessitam desta flexibilidade no trabalho devido às suas responsabilidades para com a família” (Apergis & Economou, 2010, 371-387). A dimensão 2 torna-se o passo mais complementar, onde já o foco incide na criação e na gestão da empresa. Muitas vezes é, nesta fase, que muitos projetos empreendedores acabam por não vingar, devido ao fato de algumas áreas de negócio serem mais burocráticas que outras. É um passo que não depende da mulher empreendedora, mas de muitos intervenientes, os apoios à criação de negócios, os planos de negócio e de marketing, são questões essenciais na concretização da ideia de negócio.
A dimensão 3 é essencialmente relacionada com o meio-envolvente em que o negócio se insere. Referimo-nos aqui, desde local onde se insere o negócio, até à região onde se insere ao nível populacional. Nos dias de hoje o risco torna-se maior, devido a muitos locais do nosso país serem desertificados, o que não implica que detenham nichos de mercado, que explorados poderão ser sucesso garantido. É nesta dimensão que destacamos a questão da mulher empreendedora do meio rural vs urbano.
É com base nestas dimensões que os estudos apresentados, embora sejam resultado do estudo 1, complementam o estudo 2, na medida em que a escolha recaiu num local de baixa densidade populacional, o que permitiu selecionar as questões realizadas na entrevista às mulheres empreendedoras.
Jonathan (2007) mostra-nos da melhor forma a justificação para a escolha do tema, afirmando que muitos observadores do comportamento feminino atribuem às mulheres uma aptidão para pensar e fazer diversas tarefas simultaneamente e consideram a multiplicidade de papéis uma característica do universo feminino, neste sentido, torna-se necessário uma melhor compreensão acerca das formas utilizadas pelas mulheres para lidar com tal multiplicidade.
7
I.3 OBJETIVOS E QUESTÕES DE INVESTIG AÇÃO
Com este estudo pretende-se, essencialmente mostrar a evolução dos últimos anos da investigação sobre a temática, os autores que mais se destacaram e as dimensões a serem estudadas, na prática na nossa amostra. Daí que, esta investigação é composta por dois estudos, com objetivos diferentes.
O estudo 1, tanto em termos práticos como teóricos, tem como finalidade explorar e descrever a literatura científica existente sobre o empreendedorismo feminino, tendo como objetivos: a) descrever como este campo de investigação está organizado em termos de publicações, autores e fontes (revistas); b) identificar os principais termos e definições utilizadas; c) discutir como a literatura aqui referida representa desafios (oportunidades e dificuldades) para a bolsa de estudos sobre as mulheres empreendedoras.
No estudo 2, direcionado para a amostra estudada, numa região com baixa densidade populacional, mas com potencial económico de empreender, os objetivos são mais práticos: a) perceber o seu perfil e as suas motivações; b) compreender como gerem a duplicidade de papéis e c) o que leva as mulheres a apostar no meio envolvente em estudo.
O interior Norte é sem dúvida, a região que mais tem para crescer, devido aos seus recursos naturais e à qualidade de vida que proporciona, torna-se uma região em desenvolvimento, com nichos de mercado a serem explorados.
No que respeita à questão de investigação no caso do estudo 1, a pergunta que se coloca quando efetuamos uma revisão de literatura sobre esta temática é:
E1: será que as pesquisas efetuadas sobre as mulheres empreendedoras ao longo
das últimas três décadas tiveram algum impacto sobre a teoria geral do empreendedorismo e sobre a investigação?
O estudo 2, acaba por ser o estudo com base nos conhecimentos adquiridos ao longo do tempo, e que com base numa entrevista realizada a um nicho de 23 mulheres empreendedoras permitiu definir como questões de investigação as seguintes:
F1: A razão pela qual tomou a decisão de criar o negócio foi uma oportunidade
8
F2: Quais os motivos que mais pesam, quando pensam em criar um negócio? F3: Qual a relação entre o perfil da mulher empreendedora e a duplicidade de
papéis?
F4: Qual a relação entre o perfil da mulher empreendedora e o meio envolvente
em que se insere?
F5: O meio envolvente onde se situa o negócio interfere nas motivações que
levaram a criar os eu próprio negócio?
I.4 METODOLOGIA E ESTRUTURA
Gil (1999) afirma que um bom pesquisador necessita, além do conhecimento do assunto, ter curiosidade, criatividade, integridade intelectual e sensibilidade social. São igualmente importantes: a humildade para ter atitude autocorretiva, a imaginação disciplinada, a perseverança, a paciência e a confiança na experiência.
Numa primeira fase esta dissertação inicia com uma breve explicação do conteúdo abordado, os seus objetivos, a justificação da escolha do tema e a sua estrutura.
Posteriormente, vai dividir-se em dois artigos, ou seja, em duas metodologias diferentes, onde no artigo 1, foi realizado um estudo bibliométrico, dando resposta, à seguinte questão: “O que (não) sabemos sobre o empreendedorismo feminino?”. A unidade de análise foram artigos previamente selecionados de acordo com as seguintes palavras-chave: “female entrepreneur*”, or “wom?n entrepreneur*”, or “gender
entrepreneur*”, recorrendo ao
site: http://apps.webofknowledge.com/summary.do?product=UA&parentProduct=UA& search_mode=GeneralSearch&qid=2&SID=V1LzzaySbmbaC1tsRJt&page=1&action=c hangePageSize&pageSize=50, da Web of Science.
Entende-se por bibliometria, segundo Vanti (2002), um conjunto de métodos de pesquisa da área das ciências da Informação que utiliza análise quantitativa de dados, para mapear a estrutura de um campo científico e também como ferramenta para análise do comportamento dos pesquisadores ou suas decisões na construção deste conhecimento.
9 A base de dados obtida foi depois trabalhada com recursos a alguns programas, explícitos no estudo 1.
A segunda parte da investigação, estudo 2, trata-se de um estudo qualitativo, recorrendo a entrevistas a mulheres empreendedoras do Distrito de Vila Real, de forma a profundar o conhecimento desta temática. As entrevistas foram aplicadas a 23 mulheres - amostra intencional - abrangendo vários ramos de atividade e tipologias de empresas (micro, pequena, média empresa), detentoras de pelo menos 50% do capital da empresa e esta com sede no Distrito em estudo.
A expressão “pesquisa qualitativa” assume diferentes significados no campo das ciências sociais. Compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que servem para descrever e descodificar os componentes de um sistema complexo de significados. Tem por objetivo traduzir e expressar o sentido dos fenómenos do mundo social; trata-se de reduzir a distância entre indicador e indicado, entre teoria e dados, entre contexto e ação (Maanen, 1979 a, p.520).
Ainda relacionado com o estudo 2, apresentamos uma análise de conteúdo das entrevistas realizadas às 23 mulheres empreendedoras, e trata-se de uma metodologia usada frequentemente na área das ciências socias, partindo de uma perspetiva quantitativa. Bardin (1977) afirma que, a análise de conteúdo se constitui de várias técnicas onde se busca descrever o conteúdo emitido no processo de comunicação, seja ele por meio de falas ou de textos.
Para Oliveira (2008) a análise de conteúdo permite: o acesso a diversos conteúdos, explícitos ou não, presentes num texto, sejam eles expressos na axiologia subjacente ao texto analisado; na implicação do contexto político nos discursos; na exploração da moralidade de dada época; na análise das representações sociais sobre determinado objeto; inconsciente coletivo em determinado tema; repertório semântico ou sintático de determinado grupo social ou profissional; análise da comunicação quotidiana, seja ela verbal ou escrita, entre outros.
Neste caso concreto, esta análise foi realizada através do Excel, com a inserção dos dados de caraterização socioeconómica das mulheres empreendedoras entrevistadas, e também através de um software, Wordclouds. Este software permite criar nuvens de
10 palavras de acordo com as utlizadas em cada questão das entrevistas, onde a que mais se destaca é apresentada com maior dimensão.
A estrutura da presente dissertação apresenta-se na figura 1, e é composta por quatro partes.
Figura 1: Estrutura da Dissertação
Fonte: Realizado pela autora da dissertação
A Parte I é composta por todos os elementos iniciais de apresentação da investigação, designada como considerações iniciais, para além de abordar os conceitos que mais se destacam, inclui a justificação relativa à da escolha do tema, os seus objetivos e questões de investigação, a metodologia e a forma como está estruturada.
No que diz respeito ao primeiro estudo, integrado na parte II, trata-se de um trabalho realizado com base em bases de dados, uma análise de artigos que, conjuntamente, ofereceram como produto final um estudo bibliométrico intitulado como: “O que (não) sabemos sobre o Empreendedorismo Feminino?”.
Parte I
Considerações Iniciais
Parte II -
O que (não) sabemossobre empreendedorismo feminino?
Parte III -
Um olhar sobre o empreendedorismo feminino no distrito de Vila Real: um estudo qualitativo.Parte IV
-Considerações Finais11 Terminamos com as considerações finais, na parte IV da nossa dissertação, onde englobamos não só as limitações dos estudos, como as implicações, as sugestões para futuras investigações do tema e as conclusões de ambos os estudos tratados.
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PARTE II ESTUDO 1 – O QUE (NÃO) SABEMOS SOBRE EMPREENDEDORISMO FEMININO?
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RESUMO
O objetivo deste estudo é analisar a evolução do empreendedorismo feminino, e procurar respostas para a questão: O que (não) sabemos sobre empreendedorismo feminino? Existem inúmeros fatores à volta desta temática que, nos últimos anos, nos é tão familiar.
Neste capítulo, analisamos a temática através de um estudo bibliométrico, isto é, uma análise matemática e estatística de documentos com o objetivo de proporcionar um método relativamente robusto e menos subjetivo para analisar as bases de dados de publicações de uma disciplina (Wallin, 2012). Os estudos bibliométricos são usados por exemplo, para examinar os trabalhos mais citados, as redes de co-citação e ajudar a compreender a estrutura intelectual da literatura (Ramos-Rodriguez & Ruiz-Navarro, 2004). A análise de co-citações é muitas vezes usada para identificar artigos com maior impacto (Zitt & Bassecoulard, 1994).
Foram usados softwares de análise bibliométrica para o tratamento dos dados resultantes de uma base de dados indexada à Web of Science, entre os quais, destacamos, WOS, BibExcel e VOSViewer.
Palavras-chave: Empreendedorismo feminino, estudo bibliométrico, Co-citações,
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INTRODUÇÃO
Apesar da primeira publicação sobre empreendedorismo feminino numa revista indexada (SSCI) na área da Gestão ter acontecido apenas em 1976 (Schwartz, EB, Entrepreneurship - New Female Frontier, Journal of Contemporary Business), terá sido na década de 80 que os artigos sobre empreendedorismo feminino começaram a aparecer em maior número. Aliás, é necessário esperar 10 anos até que outro estudo seja publicado: Bowen, D.D. e Hisrich, R.D. (1986), The female entrepreneur - a career-development
perspective. Atualmente, investigações sobre esta temática são realizadas por
investigadores de todo o mundo e focam-se sobretudo nas mulheres que criam as suas próprias empresas e nas trabalhadoras por conta própria.
Existem alguns estudos sobre revisão de literatura tendo por base o empreendedorismo feminino (e.g., Bruin, Brush & Welter, 2006; Ahl & Marlow, 2012; Jennings & Brush, 2013). O estudo de Bruin et al. (2006) chama principalmente a atenção para a sub-representação de artigos publicados sobre as mulheres empresárias ao longo dos anos e um dos estudos, observando que os estudos sobre mulheres empreendedoras, representavam apenas 6-7% dos artigos publicados no total de estudos sobre empreendedorismo desde 1994 a 2005. O estudo de Ahl e Marlow (2012) concluiu que era necessário estudar o empreendedorismo como um todo, sem fazer distinção entre o feminino e o masculino. Foram várias as categorizações que foram feitas tendo em consideração os estudos realizados ao longo dos últimos 30 anos sobre empreendedorismo feminino (com análise de períodos diferentes) tendo em conta a quantidade, qualidade e importância dos mesmos (desde macro, micro e meso – tendo em atenção o nível ou anual, perpétuo e recente, entre outros).
De acordo com a revisão de literatura efetuada por Jennings e Brush (2013) estes estudos incidem maioritariamente sobre os motivos que levam as mulheres a empreender, as consequências de o fazerem, os fatores psicológicos e contextuais que facilitam ou inibem a sua atividade empresarial, e como esses processos e consequências diferem tendo em consideração o género.
A pergunta que se coloca quando efetuamos uma revisão de literatura sobre esta temática é: será que as pesquisas efetuadas sobre as mulheres empreendedoras ao longo
16 das últimas três décadas tiveram algum impacto sobre a teoria geral do empreendedorismo e sobre a investigação?
As mulheres fizeram gestão de empresas durante décadas, mas não eram realizados estudos sobre o empreendedorismo feminino. Jennings e Brush (2013) apontam três motivos para que esta temática não fosse alvo preferencial de investigação: (1) as mulheres não eram consideradas como um grupo de empresárias; (2) os negócios das mulheres eram essencialmente micro e pequenas empresas sem grande impacto e até interesse por parte dos media, logo não são motivo de estudo; e, (3) os estudos iniciais sobre empreendedorismo consideravam homens e mulheres empreendedores como um todo, logo não eram estudados separadamente.
De forma a conhecermos um pouco mais sobre o que tem sido escrito sobre esta temática apresentamos neste ponto um dos muitos possíveis exercícios de análise bibliométrica1. Dada a importância da temática, tanto em termos empíricos como teóricos, este ponto tem como objetivo explorar e descrever a literatura científica existente sobre empreendedorismo feminino, tendo como objetivos: a) descrever como este campo de investigação está organizada em termos de publicações, autores e fontes (revistas); b) identificar os principais termos e definições utilizadas; c) discutir como esta literatura aqui referida representa desafios (oportunidades e dificuldades) para a bolsa de estudos sobre as mulheres empreendedoras
Foi utilizada uma abordagem sistemática para realizar a revisão de literatura, fazendo uso de um rigoroso protocolo e definição de etapas para executar a pesquisa e análise da literatura baseada em artigos científicos publicados no ISI Web of Science. Os artigos identificados estão relacionados com o empreendedorismo feminino foram submetidos a uma análise bibliométrica. O conteúdo de um conjunto de artigos classificados que se podem selecionar e ajustar a diferentes objetivos de estudos pode ser analisado. Tanto a análise bibliométrica como a de conteúdo contribui para explorar e descrever a literatura científica existente sobre empreendedorismo feminino.
1 A Bibliometria é uma análise matemática e estatística de documentos com o objetivo de proporcionar um método relativamente
robusto e menos subjetivo para analisar as bases de dados de publicações de uma disciplina (Wallin, 2012). Os estudos bibliométricos podem ser usados para examinar, por exemplo, os trabalhos mais citados, as redes de co-citação e ajudar a compreender a estrutura intelectual da literatura (Ramos-Rodríguez & Ruiz-Navarro, 2004). A análise de co-citações é muitas vezes usada para identificar artigos com maior impacto (Zitt & Bassecoulard, 1994).
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METODOLOGIA
Uma pesquisa geral feita em qualquer motor de pesquisa académico ou base de dados de artigos sobre empreendedorismo feminino mostra uma extensa, mas fragmentada literatura, e a existência de estudos em várias disciplinas e áreas de investigação (sociologia, estudos sobre mulheres, antropologia, economia, gestão, …). Por conseguinte, para evitar desvios comuns que se cometem quando temos uma grande quantidade de literatura para analisar, podemos recorrer a uma abordagem sistemática focada com o objetivo de obter um resumo exaustivo da literatura mais relevante e com qualidade reconhecida internacionalmente (Tranfield, Denyer & Smart 2003). Esta abordagem metodológica tem sido muito utilizada nas ciências sociais, em diferentes áreas de investigação (e.g., Crossan & Apaydin, 2010; Keupp, Palmie & Gassmann, 2012; Liñán & Fayolle, 2015; Mary George et al., 2014). Muitas destas revisões sistemáticas são baseadas numa meta-análise quantitativa explícita de dados disponíveis, no entanto outras, em menos número, utilizam análises mais qualitativas (conteúdo) (Thomas et al., 2004). Neste ponto apenas iremos fazer a primeira abordagem, deixando em aberto a possibilidade dos vários estudos qualitativos que a (s) bases de dados bibliométricas permitem como sugestões de futuras investigações enquadradas neste estudo.
A Figura 1 mostra um processo que compreende cinco passos, em que os passos 1 e 3 são predominantemente objetivo, e os passos 1, 4 e 5 são predominantemente subjetivas. Nesta primeira parte apenas serão abordados os passos 1, 2 e 3.
Figura 1. Processo de Revisão sistemática da literatura
18 Perante um crescente interesse na área do empreendedorismo, este estudo foi realizado, com objetivo de recolher uma ampla revisão de artigos, que nos clarifiquem os fatores envolventes ao empreendedorismo feminino.
De forma a identificar os artigos sobre o tema da investigação, «Empreendedorismo Feminino», foi realizada uma pesquisa com as palavras-chaves (Tabela 1): “female entrepreneur*”, or “wom?n entrepreneur*”, or “gender entrepreneur*”, na base de dados indexada Web of Science2.
De acordo com as regras de pesquisa básica, são utilizados os carateres curinga (*,?), que representam na pesquisa caracteres desconhecidos. Sendo que o asterisco representa qualquer grupo de caracteres, incluindo nenhum caractere; o ponto de interrogação representa um único caractere. As aspas fazem com que a pesquisa inclua as duas palavras juntas. No que respeitas aos operadores booleanos, podem ser usados para combinar termos ou campos de forma a refinar ou ampliar a pesquisa, no caso da nossa investigação, incluímos o “or” para encontrar registos que contenham um dos termos separados pelo operador. (Informação recolhida em formação sobre bases de dados)
A base de dados indexada utilizada (Web of Science) contêm informação desde o início do século XX, com atualizações semanais, e uma das mais importantes ao nível das revistas científicas, e maior base de dados bibliométricos durante mais de 40 anos.
A Tabela 1 apresenta os critérios de pesquisa utilizados neste estudo – Passo 1.
Tabela 1: Configuração da pesquisa
Palavras-chave utilizadas na pesquisa Período Base de dados Domínio de investigação Áreas de investigação Tipo de documento Titulo: "female entrepreneur*" OR: "wom?n entrepreneur” OR: gender entrepreneur*” 1990-2015 Web of Science
Social Sciences Social Sciences Artigo
2 Base de dados indexada Web of Science
(http://apps.webofknowledge.com/summary.do?product=UA&parentProduct=UA&search_mode=GeneralSearch&qid=2&SID=V1 LzzaySbmbaC1tsRJt&page=1&action=changePageSize&pageSize=50).
19 A pesquisa é datada entre 1900-2015, definindo como domínio de pesquisa “Social Sciences”, o tipo de documento selecionado são “artigos”, sendo que a pesquisa é efetuada apenas pelo título dos mesmos. Obtemos então, uma pesquisa de 359 artigos, com um h-index igual a 36.
H-index surgiu inicialmente por E. Hirsch, com intuito de avaliar qualitativamente os pesquisadores da área da física. Posteriormente e de forma célere, estendeu-se a outras áreas, como forma de avaliar o impacto do pesquisador individualmente. Foi proposto por Hirsch (2005) na sua pesquisa denominada “An index to quantify an individual’s scientific research output” como forma de caracterizar a produção científica de um pesquisador. Hirsch (2005) parte do princípio de que, a quantificação do impacto e a relevância da produção científica individual são muitas vezes necessárias para a avaliação de pesquisadores e comparação de propósitos.
O h-index = 36, significa que a nossa pesquisa tem pelo menos, 36 artigos publicados, em que cada um deles, tem pelo menos 36 citações.
Com a pesquisa anterior, obtivemos o relatório de citações, que devido a incluir duas bases de dados indexadas diferentes, foi necessário recorrer aos softwares BibExcel e VOSViewer (Anexo 1 e 2).
BibExcel foi desenvolvido por Olle Persson (Persson et al., 2009) e é o software
mais utilizado para a realização de análise bibliométrica em gestão e organização. Este
software pode executar todos os métodos bibliométricos (co-citação, bibliographic coupling, co-autor e análise de co-palavras) e tem muitas características adicionais.
Com o refinamento da pesquisa, concluímos com um total de 316 artigos, sendo que 301 estão indexados na WOS (Web of Science) e 15 na SCIELO.
RESULTADOS
É de fácil perceção, a importância que o empreendedorismo feminino assumiu nos últimos anos, através da análise à figura 2. Confere que o aumento de itens publicados por ano, não foi constante, acentuando-se um aumento, em 2007. Posteriormente, em 2008, ocorreu uma descida, o que consequentemente provocou uma evolução da
20 discussão do tema. A maior concentração de publicações, acentuou-se sem qualquer dúvida no ano de 2015 em que dispara para uma média acima das 55 publicações por ano. É notório que a temática em questão é relativamente recente, e que foi nos últimos 8 anos que se tornou tema de discussão entre os investigadores da área.
Ao nível de citações, acentua-se uma evolução significativa a partir de 2010, com aproximadamente 400 citações, atingindo um patamar superior em 2015, com mais de 600, tal como mostra a figura 2.
Figura 2. Número de publicações e citações (1997-2015)
Os 359 artigos apresentam uma média de citações de 11.76, dos quais 10.03 % apresentam um h-index igual ou superior a 36, 54.3% abaixo de 36 e 35.66 % sem qualquer citação.
A Tabela 2 mostra-nos os 40 artigos mais citados da base de dados recolhida, no Web of Science, iniciando o Passo 3 do processo de revisão Bibliométrica.
21 Renzulli, L.A; Aldrich, H. e Moody, J. (2000), Family matters: Gender, networks, and entrepreneurial outcomes, In: Social Forces: 79 (2), 523-546. DOI 10.2307/2675508
Fischer, E.M.; Reuber, A.R. e Dyke, L.S. (1993), A Theoretical overview and extension of research on sex, gender, and entrepreneurship, In: Jornal of Business Venturing: 8(2) 151-168. DOI 10.1016/0883-9026(93)90017-Y.
Wilson, F.; Kickul, J. E Marlino, D. (2007). Gender, entrepreneurial self-efficacy, and entrepreneurial career intentions: Implications for entrepreneurship education, In: Journal Entrepreneurship Theory and Practice, 31(3) 387-406. DOI 10.1111/j.1540-6520.2007.00179.x.
Bruni, A; Gherardi, S; Poggio, B. (2004). Doing gender, doing entrepreneurship: An ethnographic account of intertwined practices, In: Journal Gender Work and Organization, 11(4) 406-429. DOI 10.1111/j.1468-0432.2004.00240.x.
Buttner, EH; Moore, DP. (1997) Women's organizational exodus to entrepreneurship: Self-reported motivations and correlates with success, In: Journal of Small Business Management, 35(1) 34-46.
O artigo mais citado “Family matters: Gender, networks, and entrepreneurial
outcomes”, explora vários fatores que podem ter influencia nas empresas star-up, tendo
como foco a diferença de género. Compara o capital social tanto de homens como de mulheres e a respetiva probabilidade de começarem um negócio próprio. Aborda dois aspetos principais: a proporção de heterogeneidade nas suas redes de discussão empresariais e a prevalência de familiares nos respetivos negócios.
Como segundo artigo mais citado temos “A Theoretical Overview and
Extension of Research on Sex, Gender, and Entrepreneurship”, onde é abordado o
crescente número de empresas pertencentes a mulheres e onde surge uma considerável pesquisa sobre a diferença na criação de negócios por mulheres e/ou homens. Destaque para duas perspetivas que apontam pistas para futuras investigações: feminismo liberal e feminismo social. Estes estudos têm documentado algumas diferenças de gênero consistentes e têm sugerido que essas diferenças que existem podem ter pouco impacto sobre o desempenho dos negócios.
22 Na terceira posição temos o “Gender, entrepreneurial self-efficacy, and entrepreneurial career intentions: Implications for entrepreneurship education”, onde a relação entre género, successor desperado e successor obtido foi examinada recorrendo a duas amostragens: adolescentes e adultos com estudos académicos relacionados com administração de empresas.
“Doing gender, doing entrepreneurship: An ethnographic account of intertwined practices”, é o quarto artigo mais citado da nossa base de dados em estudo, e faz a
distinção entre “homem” e “mulher” do ponto de vista das práticas empresariais, e classifica “empreendedor” sem distinção de género, com base num estudo etnográfico realizado em pequenas empresas de Itália. Mostra como o género e o empreendedorismo estão relacionados e como essa relação é mantida ou alterada. Particularmente dá importância a cinco processos de construção de género e empreendedorismo e de seguida, relaciona a análise efetuada com o propósito original da investigação, incidindo não só na forma como equiparamos o empreendedorismo por género, mas também quais as alternativas e formas possíveis de o empreendedorismo existir da mesma maneira sem que exista essa distinção de género.
A ocupar o quinto lugar de artigo mais citado, destacamos o Women's organizational exodus to entrepreneurship: Self-reported motivations and correlates with success. Este artigo analisa as razões que levaram 129 mulheres profissionais executivas, a abdicarem do seu trabalho em grandes organizações para serem mulheres empreendedoras e a forma como medem o seu sucesso.
23 Tabela 2. Top 40 dos artigos mais citados na área do empreendedorismo feminino
Autores/artigo Total de
Citações
Autores/artigo Total de
Citações 1 Renzulli, L.A. et al. (2000) 154 21 Burke et al. (2002) 57 2 Fischer, E.M. et al. (1993) 147 22 Cromie (1987) 52 3 Wilson, F. et al. (2007) 134 23 Fagenson (1983) 46 4 Bruni, A. et al. (2004) 115 24 Buttner and Rosen (1988) 45 5 Buttner & Moore (1997) 112 25 Carter et al. (2007) 44 6 Langowitz & Minniti (2007) 102 26 Essers & Benschop (2007) 44 7 Sexton & Bowmanupton
(1990)
102 27 Buttner (2001) 44
8 Marlow & Patton (2005) 91 28 Schwartz (1976) 44
9 Gundry & Welsch (2001) 87 29 Wagner (2007) 42
10 Lerner, M. et al. (1997) 74 30 Bowen & Hisrich (1986) 42 11 Bruni et al. (2004) 73 31 de Bruin et al. (2006) 41 12 DeMartino & Barbato
(2003)
73 32 Essers & Benschop (2009) 40
13 Verheul et al. (2006) 69 33 Shelton (2006) 40
14 Cowling & Taylor (2001) 69 34 Leegosselin & Grise (1990) 40 15 de Bruin et al. (2007) 66 35 Manolova et al. (2007) 39
16 Lewis (2006) 66 36 Dallalfar (1994) 37
17 Kourilsky & Walstad (1998) 61 37 Gupta et al. (2008) 35 18 Gupta et al. (2009) 60 38 McGehee et al., (2007) 35 19 Morris et al. (2006) 58 38 Weiler & Bernasek (2001) 35 20 Minniti & Nardone (2007) 57 40 Verheul et al. (2005) 34
Na Tabela 3, focamos as revistas que mais publicam sobre o empreendedorismo feminino, onde podemos verificar que Journal of Small Business Management, é a revista com maior número de citações, com 16 artigos publicados. Seguindo-se o Small Business
Management com 15 artigos, Journal of Business Venturing com 13 artigos publicados e Entrepreneurship Theory and Practice e International Entrepreneurship and Management Journal com 12 artigos e o African Journal of Business Management com
10 artigos publicados no período mencionado na pesquisa.
Apesar do Entrepreneurship Theory and Pratice não ocupar o primeiro lugar, com o maior número de artigos, este é uma das revistas mais apetecíveis por qualquer investigador da área do empreendedorismo para fazer a publicação dos seus estudos.
É interessante falar sobre uma outra forma de medida de citações, falamos assim do fator de impacto, criado por Eugene Garfield, fundador do Institute for Scientific
Information (ISI), hoje parte da Thomson Reuters Corporation. Desde 1972, os FI (Fator
24 no ISI (Institute for Scientific Information) e depois publicados no Journal Citation
Reports (JCR). O fator de impacto é uma medida que reflete o número médio de citações
de artigos científicos publicados em determinada publicação periódica. É utilizado frequentemente para avaliar a importância deste tipo de publicações na sua área sendo que aquelas que alcançam um maior FI (Fator de impacto) são consideradas as mais importantes e relevantes nos respetivos domínios científicos (http://www.iscte-iul.pt/biblioteca/recursos/factor_impacto_iscte.aspx).
Como podemos verificar dos “Journals” mais citados, o que se destaca com um maior fator de impacto, é o Journal of Business Venturing, com 4,204 e o
Entrepreneurship Theory and Practice com 3,414. Relativamente o International Small
Business Journal com 2,215, tem por sua vez, uma considerável diferença de citações comparativamente aos dois primeiros.
Tabela 3. Top 10 das Revistas que mais publicam sobre empreendedorismo feminino
Journal Total de citações Total de artigos Fator de Impacto 2015
Journal of Business Venturing 722 13 4.204
Entrepreneurship Theory and Practice 678 12 3.414
Small Business Economics 308 15 1.795
Journal of Small Business Management 280 16 1.937
Gender Work and Organization 203 7 1.325
Journal of Business Ethics 171 8 1.837
Entrepreneurship and Regional 124 8 1.629
International Entrepreneurship and Management JOURNAL 63 12 0.659
International Small Business Journal 49 8 2.215
African Journal of Business Management 19 10 -
A Tabela 4, mostra um breve apanhado acerca das revistas que se destacam na nossa pesquisa complementar. Foram selecionados os 6 “Jornals” mais citados, por número de artigos, os seus autores e o número respetivo de citações.
25 Tabela 4. Top 6 das revistas, por número de artigos publicados, autores e citações
REVISTAS TÍTULO ARTIGO AUTORES ANO/VOL./Nº
/PP CITAÇÕES JOURNAL OF SMALL BUSINESS MANAGEMENT
Women's organizational exodus to entrepreneurship: Self-reported motivations and correlates with success
Buttner, E.H. & Moore, D.P.
1997, 35(1): 34-46
112
The dilemma of growth: Understanding venture size choices of women entrepreneurs
Morris, M.H.; Miyasaki, N.N.; Watters, C.E. & Coombes, S.M.
2006, 44(2): 221-244
58
Female entrepreneurs, work-family conflict, and venture performance: New insights into the work-family interface
Shelton, L.M. 2006, 44(2): 285-297
40
Gender comparisons in strategic decision-making: An empirical analysis of the entrepreneurial strategy matrix Sonfield, M.; Lussier, R.N.; Corman, J. & McKinney, M. 2001, 39(2): 165-173 29
A profile of woman entrepreneurs and enterprises in Poland
Zapalska, A. 1997, 35(4): 76-82
17 Supporting women entrepreneurs in
transitioning economies Bliss, R.T. & Garratt, N.L. 2001, 39(4): 336-344 13 SMALL BUSINESS ECONOMICS
Entrepreneurial women and men: Two different species?
Cowling, M. & Taylor, M.
2001, 16(3): 167-175
69 Being in someone else's shoes: the
role of gender in nascent entrepreneurship Minniti, M. & Nardone, C. 2007, 28(2-3): 223-238 57
Self-employment wealth and job creation: The roles of gender, non-pecuniary motivation and entrepreneurial ability Burke, A.E.; FitzRoy, F.R. & Nolan, M.A. 2002, 19(3): 255-270 57
What a difference a Y makes-female and male nascent entrepreneurs in Germany
Wagner, J. 2007, 28(1): 1-21
42
Gender discrimination, entrepreneurial talent and self-employment Rosti, L.; Chelli, F. 2005, 24(2): 131-142 18
How do female entrepreneurs perform? Evidence from three developing regions Bardasi, E.; Sabarwal, S. & Terrell, K. 2011, 37(4): 417-441 12 JOURNAL OF BUSINESS VENTURING
A theoretical overview and extension of research on sex, gender, and entrepreneurship
FischeR, E.M.; Reuber, A.R. & Dyke, L.S.
1993, 8(2): 151-168
147
Female and male entrepreneurs - psychological characteristics and their role in gender-related discrimination Sexton, D.L. & Bowmanupton, N. 1990, 5(1): 29-36 102
The ambitions entrepreneur: High growth strategies of women-owned enterprises Gundry, L.K. & Welsch, H.P. 2001, 16(5): 453-470 87
Israeli women entrepreneurs: An examination of factors affecting performance Lerner, M.; Brush, C. & Hisrich, R. 1997, 12(4): 315-339 74
26 Differences between women and
men MBA entrepreneurs: exploring family flexibility and wealth creation as career motivators
DeMartino, R. & Barbato, R.
2003, 18(6): 815-832
73
Entrepreneurship and female youth: Knowledge, attitudes, gender differences, and educational practices Kourilsky, M.L. & Walstad, W.B. 1998, 13(1): 77-88 61 ENTREPRENEU RSHIP THEORY AND PRACTICE
Gender, entrepreneurial self-efficacy, and entrepreneurial career intentions: Implications for entrepreneurship education Wilson, F.; Kickul, J. & Marlino, D. 2007, 31(3): 387-406 134
The entrepreneurial propensity of women Langowitz, N. & Minniti, M. 2007, 31(3): 341-364 102 All credit to men?
Entrepreneurship, finance, and gender Marlow, S. & Patton, D. 2005, 29(6): 717-735 91
Advancing a framework for coherent research on women's entrepreneurship de Bruin, A.; Brush, C.G. & Welter, F. 2007, 31(3): 323-339 66
The Role of Gender Stereotypes in Perceptions of Entrepreneurs and Intentions to Become an Entrepreneur
Gupta, V.K..; Turban, D.B..; Wasti, S.A. &
Sikdar, A.
2009, 33(2): 397-417
60
Gender, entrepreneurship, and bank lending: The criteria and processes used by bank loan officers in assessing applications
Carter, S.; Shaw, E.; Lam, W. &
Wilson, F. 2007, 31(3): 427-444 44 INTERNATIONA L ENTREPRENEU RSHIP AND MANAGEMENT JOURNAL
Entrepreneurial intention: the role of gender Diaz-Garcia, Maria & Jimenez-Moreno, Juan 2010, 6(3): 261-283 18
Factors affecting the success of women entrepreneurs
Huarng, Kun-Huang; Mas-Tur,
Alicia & Yu, Tiffany
Hui-Kuang
2012, 8(4): 487-497
11
Women entrepreneurship in Middle East: Understanding barriers and use of ICT for entrepreneurship development
Mathew, V. 2010, 6(2): 163-181
10
A cross cultural study of gender-role orientation and entrepreneurial self-efficacy Mueller, Stephen L.; Dato-on, Mary Conway 2013, 9(1): 1-20 7
Gender and entrepreneurial orientation: a multi-country study
Lim, Seongbae; Envick, Brooke R. 2013, 9(3): 465-482 5
Socio-cultural factors and female entrepreneurship
Noguera, Maria; Alvarez, Claudia & Urbano, David
2013, 9(2): 183-197
4
Preliminary investigation of Emirati women entrepreneurs in the UAE
Erogul, Murat Sakir & McCrohan, Declan 2008,2(10): 177-185 7
Doing business with impudence: A focus on women entrepreneurship in Saudi Arabia
Sadi, Muhammad Asad & Al-Ghazali, Basheer Mohammad
27 Tal como se pode comprovar na tabela anterior, o “Journal” que mais se destaca é o Journal of Business Venturing com maior número de citações; os 6 artigos mais citados por este jornal, são datados entre o período 1990-2003. No que respeita ao jornal com maior número de artigos publicados, é o Journal of Small Business Management, com 16 artigos publicados maioritariamente entre 1997-2001.
O Entrepreneurial Theory and Practice neste estudo, em particular, destaca-se, mas com um número mais reduzido de artigos publicados, 12 no total. Especial destaque, também, para o African Journal of Business Management, e para o International
Entrepreneurship and Management Journal, na medida em que publicaram estudos mais
recentes, de autores menos citados, mas em contextos socioecónomicos diferenciados. Para a análise de palavras-chave, foram considerados os 316 artigos tendo análise incidido sobre o título e o resumo. Na seleção das mesmas foi considerado um número mínimo de 10 ocorrências por palavra, das quais foram selecionadas 60% das que apresentam o melhor score (obtido pelo numero de citações dos artigos onde aparecem). A Figura 3 mostra-nos o respetivo mapa de redes das palavras-chave, e a figura 4 o mapa de densidade, onde é percetível a presença de 3 clusters.
AFRICAN JOURNAL OF
BUSINESS MANAGEMENT
An assessment of the choice and performance of women entrepreneurs in technological and non-technological enterprises in southwestern Nigeria Aderemi, H. O.; Ilori, M. O.; Siyanbola, W. O.; Adegbite, S. A. & Abereijo, I. O. 2008, 2(10): 165-176 4 Influencing factors on entrepreneurial skills of rural women in Ilam City, Iran
Lashgarara, F.; Roshani, N.; Najafabadi, Maryam Omidi 2011, 5(14): 5536-5540 1
Assessing Nigerian female entrepreneur's access to finance for business start-up and growth
Adesua-Lincoln, Adebimpe
2011, 5(13): 5548-5355
1
Who is she? The Turkish Cypriot female entrepreneur
Eyupoglu, Serife Zihni & Saner, Tulen
2011, 5(15): 624-6255
28 Figura 3. Mapa de redes das palavra-chave
Por sua vez, a análise de co-autores examina as redes que os investigadores criaram colaborando em artigos científicos (Acedo, Barroso, Casanueva & Galan, 2006).
Na análise de co-autores foram considerados 3 artigos como número mínimo por autor. Obtivemos uma rede bastante simples e de fácil perceção, possível de visualizar no Mapa de densidade (Figura 4).
Podemos concluir que os autores Manalova e Brush constituem um grupo de autores que trabalham em rede, assim como, Marlow e Carter. Já Welter, distancia-se dos grupos em rede.
29 Figura 4. Mapa densidade de co-autores
A análise de Co-citações, segundo McCain (1990), é o uso de citações para a construção de medidas similares entre documentos, autores ou jornais. Co-citação é definida como a frequência com que duas unidades são citadas juntas (Small, 1973).
Podem ser utilizados diferentes tipos de co-citação, dependendo da unidade de análise: análise de co-citação de documentos, análise de co-citação de autores (McCain, 1990; Whine & Griffith, 1981; White & McCain, 1998), e análise co-citação de revistas (McCain, 1991).
No presente estudo, na análise de Co-citações foram consideradas 3 vertentes: análise por referência citada, por 1º autor e por fonte. Para cada vertente, foram ainda considerados diferentes critérios de inclusão conforme o número de ligações, descritos nos parágrafos seguintes.
A Figura 5 mostra-nos o Mapa de rede, por referência citada, com um critério de inclusão mínimo de 10 citações, resultando em 98 publicações.
30 Figura 5. Mapa de redes por referência citada (artigos com mínimo de 10 citações)
A Figura 6 corresponde ao Mapa de rede de Co-citações, por 1º autor de referência, respetivamente, e foi considerado como critério de inclusão mínimo de 10 citações, resultando em 208 publicações.
31 Por fim, a última análise, recai, nas Co-citações por fonte, com um critério de inclusão mínimo de 20 fontes. Os resultados são evidenciados pelo mapa de rede (Figura 7).
Figura 7. Rede de Co-citações por fonte
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este exercício de revisão bibliométrica utilizou apenas como base de dados de pesquisa o ISI Web of Science e envolve artigos internacionais exclusivamente atribuídos ao domínio de pesquisa “Social Sciences” no âmbito do empreendedorismo feminino. Não podemos deixar de salientar que este é um dos muitos exercícios envolvendo um estudo bibliométrico que se podem fazer com acesso a uma base de dados sobre a temática que se pretende estudar. Outras bases de dados podem ser utilizadas (e.g., SCOPUS, Scienc Direct), outras palavras-chave podem ser conjugadas, o alargamento ou restrição do domínio de pesquisa, bem como das áreas científicas também é possível. Dependendo do objetivo de investigação teremos uma base de dados diferente. O objetivo é mostrar que esta é uma forma muito eficiente, de qualidade e rápida para começar a fazer uma
32 revisão bibliográfica sobre a temática em estudo. O exercício pode ser ajustado e muito mais discutido em qualquer ocasião.
A análise dos 316 artigos científicos identificados neste exercício fornecem uma base teórica sólida para a compreensão de empreendedorismo feminino nas últimas (quase) quatro décadas, desde 1997 até 2015, a nível mundial. Como conclusão geral podemos afirmar que a publicação de estudos sobre esta temática tem aumentado nos últimos 10 anos, que apesar de serem em menor percentagem no universo de todos os artigos publicados sobre empreendedorismo, são publicados em revistas de grande qualidade na área e tendem a ser muito citados, esta conclusão reforça a do estudo realizado por Jennings e Brush (2013).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Bruni, A; Gherardi, S; Poggio, B. (2004). Doing gender, doing entrepreneurship: An ethnographic account of intertwined practices, In: Journal Gender Work and Organization, 11(4): 406-429. DOI 10.1111/j.1468-0432.2004.00240.x.
Brush, C.G.; Carter, N.M.; Gatewood, E.J.; Greene, P.G. & Hart, M.M. (eds.) (2006).
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Burke, AE; FitzRoy, FR; Nolan, MA (2002). Self-employment wealth and job creation: The roles of gender, non-pecuniary motivation and entrepreneurial ability, In: Small Business Economics, 19 (3): 255-270. DOI: 10.1023/A:1019698607772.
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