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A competência em informação é uma área emergente nos ambientes organizacionais e requer maior compreensão, com ênfase no gerenciamento da informação e do conhecimento e sua aplicabilidade aos processos decisórios.

Desde suas origens, de acordo com Belluzzo (2005), várias terminologias foram utilizadas inicialmente para o termo competência em informação, dentre elas podemos citar: information literacy, competência informacional ou informativa.

Um dos primeiros conceitos sobre competência em informação surgiu em 1989, com a American Library Association (ALA) que buscou ampla divulgação e conseguiu a aceitação. Para melhor compreensão do conceito, observa-se que:

Para ser alfabetizada em informação, uma pessoa deve ser capaz de reconhecer quando a informação é necessária e possuir a capacidade de localizar, avaliar e utilizar eficazmente a informação necessária. [...] Em última análise, as pessoas alfabetizadas em informação são aquelas que aprenderam a aprender. Eles sabem como aprender porque sabe como o conhecimento é organizado, como encontrar a informação e como usar as informações de tal forma que outras pessoas possam aprender com eles. São pessoas preparadas para a aprendizagem ao longo da vida, porque eles

sempre podem encontrar em mãos as informações necessárias para qualquer tarefa ou decisão (ALA, 1989, p. 1, tradução nossa).9

Nos Estados Unidos, em 1974, Paul Zurkowski, economista, ex-presidente do U.S. Information Industry Association, for the National Commission for Libraries and Information Science (NCLIS), foi responsável por criar a terminologia Information Literacy; de acordo com o autor, nem todas as pessoas são alfabetizadas e capacitadas no sentido de suprir sua necessidade de informação, ressaltando a

importância da “information literate” para o desenvolvimento das habilidades no

acesso e uso dos recursos informacionais para aquisição das informações, resultando em base para soluções econômicas e geração de riqueza do país (NATIONAL..., 2014a).

Também em 1989, foi fundado o National Forum on Information Literacy (Fórum Nacional de Informação em Alfabetização - NFIL), promovendo reflexões e discussões voltadas à era da informação, acesso, uso da informação, economia e sociedade e os seus desafios implícitos em todos os ambientes; hoje são mais de 93 organizações nacionais e internacionais que trabalham para busca, acesso e compreensão da informação, cujo desenvolvimento de competências podem auxiliar decisões em todos os âmbitos da vida (NATIONAL..., 2014b).

Diante disso a International Federation of Library Associations (IFLA) preparou as Diretrizes sobre Desenvolvimento de Habilidades em Informação (DHI); a proposta se refere a uma estrutura prática para os profissionais da informação, voltada à identificação das suas necessidades e programas de desenvolvimento das habilidades em informação devido à atuação desses profissionais nas diversas áreas educativas (LAU, 2007).

Estar atuando nas diversas áreas profissionais exige do profissional da informação os mesmos requisitos de capacitação dos outros profissionais, ressaltando-se que este profissional hábil trabalha com o processo de seleção, tratamento, compartilhamento e armazenamento da informação que propicia criar

9Texto original: “To be information literate, a person must be able to recognize when information is

needed and have the ability to locate, evaluate, and use effectively the needed information. […]

Ultimately, information literate person are those who have learned how to learn. They know how to learn because they know knowledge is organized, how to find information, and how to use information in such a way that others can learn from them. They are people prepared for lifelong learning, because they can always find the information needed for any task or decision at hand” (AMERICAN LIBRARY ASSOCIATION, 1989).

novos conhecimentos; portanto, é necessária a preparação contínua desses profissionais na execução de suas atividades.

Também Pontes Junior e Tálamo (2009) ressaltam a necessidade de o profissional da informação estar se atualizando diariamente, conforme registrado a seguir:

Portanto, o profissional da informação passa a atuar em uma área restrita e técnica, fazendo parte de uma gama de profissionais que também deverão trabalhar com o conhecimento e possuir habilidades individuais e coletivas no que diz respeito ao uso, recuperação e na aplicação da informação, seja em ambientes profissionais, acadêmicos e pessoais; caso ele esteja preparado para esta nova etapa, assim como em qualquer outra profissão, ou ele se atualiza ou será mais um excluído da Sociedade da Informação (PONTES JUNIOR; TÁLAMO, 2009, p. 89).

Ainda os autores mencionados abordam que existe a necessidade do profissional para realizar a mediação desse processo:

A mediação está presente, de maneira não explicitada, na seleção, na escolha dos materiais que farão parte do acervo da biblioteca, em todo o trabalho de processamento técnico, nas atividades de desenvolvimento de coleções e, também, no serviço de referência [...] Nessa perspectiva, a mediação da informação pode ser dividida em: explícita e implícita. A primeira dá-se nas atividades fins dos equipamentos informacionais, principalmente no chamado Serviço de Informação e Referência (preferimos essa expressão no lugar da comumente empregada, Serviço de Referência e Informação, buscando privilegiar a palavra Informação). A outra, mediação implícita ocorre nas atividades meio, como a aquisição, o processamento técnico, etc. (ALMEIDA JÚNIOR; BORTOLIN, 2007, p. 6-7).

Como compreensão a esta afirmação, Cavalcante (2009) ressalta o papel do profissional da informação; este não possui uma função meramente assistencialista, em contrapartida ele é o agente na interferência direta do comportamento e da necessidade informacional dos indivíduos, também da busca pela apropriação da informação, buscando suprir suas necessidades informacionais dentro da organização, auxiliando na construção de seu conhecimento (CAVALCANTE, 2009).

O Quadro 19, adaptado de Dudziak (2010), Markless e Streatfield (2007) permite conhecer alguns dos fundadores e pesquisadores da área de information literacy e os artigos divulgados no período de 1974 a 2006:

Quadro 19 Autores internacionais pioneiros da pesquisa sobre information literacy

Autores Artigos Datas

ZURKOWSKI, P.G. Information services environment relationships and priorities. 1974 BURCHINAL, L.G. The communications revolution: America's third century

challenge. 1976

HAMELINK, C. An alternative to news. 1976

OWENS, M.R. State government and Libraries. 1976

TAYLOR, R. S. Reminiscing about the Future: Professional Education and the

Information Environment. 1979

BREIVIK, P. Putting libraries back in the information society. 1985 BRAKE, T. Tools for learning: information skills and learning to learn in

secondary schools. 1986

TABBERER, R. Study and information skills in schools. 1987

KUHLTHAU, C.C. Information skills for an information society: a review of

research. 1987

American Library Association (ALA)

Report of the Presidential Committee on Information Literacy:

Final Report. 1989

NISBET, J.;

SCHUCKSMITH, J. Learning strategies. 1989

EISENBERG, M. B.; BERKOWITZ, R. E.

Information problem-solving: the Big Six skills approach to

library and information skills instruction. 1990

BEHRENS, S.J. Librarians and Information Literacy. 1992

KUHLTHAU, C. C. Seeking meaning: a process approach to library and

information services. 1993

DOYLE, C. Information Literacy in an Information Society: a concept for the

information age. 1994

HERRING, J. Teaching information skills in schools. 1996

BEYER, B. K. Improving student thinking: a comprehensive approach. 1997

BRUCE, C. The seven faces of information literacy. 1997

WRAY, D.; LEWIS, M.

Extending literacy: reading and writing non-fiction in the primary

school. 1997

Association of College and Research Libraries (ACRL)

Information literacy competency standards for higher education. 2000 TODD, R.J. Transitions for preferred futures of school libraries. 2001 BRUCE, C. Information literacy as a catalyst for educational change: a

background paper. 2002

Department for

Education and Skills Literacy across the curriculum. 2002

HEINSTROM, J.

Fast surfers, broad scanners and deep divers as users of information technology:

relating information preferences to personality traits.

2003 JOHNSTON, B.;

WEBBER, S.

Information literacy in higher education: a review and case

study. 2003

TODD, R. J. library media specialists. Sconul Society of

College, National and University Libraries

The Seven Pillars of Information Literacy model. 2004

BUNDY, A. Australian and New Zealand information literacy framework

principles, standards and practice. 2004

FOSTER, A. A model of non-linear information seeking behaviour. 2004 LIMBERG, L. Experiencing information seeking and learning: research on

patterns of variation. 2005

LANCE, K.;

LOERTSCHER, D.V.

Powering achievement: school library media programs make a

difference. 2005

ANDRETTA, S. Information literacy: a practitioner’s guide. 2005 BUNDY, A. Changing and connecting the educational silos: the potential of

the information literacy framework. 2005

International Research

Sympoium (CISS-IMLS) The impact of school libraries on student learning 2005 GROTZER, T. A. Transferring structural knowledge about the nature of causality

to isomorphic andnon-isomorphic topics 2005

Learning Resources

Action Group Developing student self-assessment of information skills. 2006 Ofsted Good School

Libraries Making a difference to learning. 2006

Fonte: Adaptado de Dudziak (2010, p. 9) e Markless e Streatfield (2007, p. 15-36)

O Quadro 19 demonstra a evolução da information literacy durante um período de 32 anos, proporcionando uma variedade de estudos, conceitos, relatórios e indicadores acerca do assunto que autores respeitados e reconhecidos na área produziram, permitindo que leitores, organizações e a sociedade pudessem acessar essas informações, auxiliando o desenvolvimento e aquisição de conhecimentos, trazendo visão ampla sobre os novos tempos, período esses em que as habilidades inerentes e as habilidades desenvolvidas dos indivíduos, em todos os segmentos, alcançaram o sucesso nos diferentes contextos de coexistência.

Corroborando esses dados Campello (2009) em sua tese de doutorado permite conhecer alguns autores nacionais que contribuíram com a introdução desse conceito e seus trabalhos no Brasil, conforme indicado nas seguintes palavras:

O termo e o conceito foram introduzidos no país por Caregnato, em 2000, e vêm sendo, desde então, trabalhados por diversos autores. Alguns utilizaram o termo no original: information literacy (DUDZIAK, 2003; BELLUZZO,2001 e 2004); outros o traduziram por alfabetização informacional (CAREGNATO, 2000), competência informacional (CAMPELLO, 2003; LECARDELLI; PRADO, 2006; MELO, 2002; ARAÚJO, 2007; SILVA et al., 2005; FIALHO; MOURA, 2005), e letramento informacional (CAMPELLO, 2003; GASQUE;

TESCAROLO, 2007), tendo sido outros termos sugeridos por Dudziak (2003), tais como, fluência informacional e competência em informação. A maioria dos textos explora o conceito com base na literatura já existente sobre o tema, identificando vertentes e buscando entender sua origem, seu significado, sua importância e seu impacto na biblioteconomia/ciência da informação (CAMPELLO, 2009, p. 35).

Também Campello (2009) aborda que, no início de 1980, os estudos de Kuhlthau influenciaram outros autores de diferentes países, inclusive ela própria; em 1990, Christina Doyle e Christine Bruce também realizaram suas pesquisas teóricas, enfatizando e apoiando o letramento informacional por meio da compreensão e identificação do indivíduo competente no uso da informação.

No que tange às contribuições acerca do letramento informacional, em 1999, em Londres, durante a realização da Conference of National and University Libraries (Conferência Nacional das Bibliotecas Universitárias) propiciou a validação e divulgação dos Sete Pilares da information literacy, sobre os quais Pontes Junior e Tálamo (2009, p. 83) analisam:

Os pilares mostram uma interação através da qual o usuário progride na competência e capacidade de julgar com perícia a informação de que ele necessita, ao mesmo tempo, ele pratica as habilidades, elevando-as de acordo com as competências adquiridas ao longo do processo.

O desenvolvimento da capacidade para identificar a necessidade de informação, a fim de selecionar a informação necessária para suprir a carência informacional, propicia ao usuário competência e aquisição de habilidades atreladas à prática e domínio no decorrer das operações organizacionais. Desse modo, Pontes Júnior e Tálamo (2009) trazem ao conhecimento os 7 pilares, abordados na figura 7:

Figura 7 – Os Sete Pilares da Competência em Informação

Fonte: Pontes Junior e Tálamo (2009, p. 83)

A Figura 7 mostra que os Sete Pilares da Competência em Informação visam o desenvolvimento das habilidades e competências dos usuários, desde o nível básico/inicial até o maior nível expert, onde o usuário vai demonstrar domínio na busca, acesso e uso da informação de forma eficiente e inteligente, implementadas em suas decisões, julgamentos e soluções oferecidas; possui como base duas áreas distintas: biblioteca básica de habilidades e as habilidades em tecnologias de informação. No primeiro pilar, o usuário reconhece a necessidade de informação e está atrelado ao processo educacional, onde o indivíduo possui a percepção para identificar suas necessidades; no segundo pilar, o usuário consegue distinguir

maneiras de eliminar os “gaps” ou as lacunas na busca e acesso à informação; no terceiro pilar, o usuário está apto a construir estratégias de busca na aquisição e uso da informação; no quarto pilar, o indivíduo localiza e acessa, por meio de consulta das bases de dados e tecnologia da informação; no quinto pilar, compara e analisa a informação e consegue relacionar as informações que possui de maneira crítica, optando pela de maior valor para obter êxito em suas decisões; no sexto pilar, o

indivíduo organiza, comunica e aplica, por meio da habilidade e capacidade em identificar, diagnosticar, selecionar e organizar a informação, compartilhada na comunicação e aplicada na resolução de problemas referentes às decisões organizacionais; no sétimo pilar, os usuários detêm a capacidade de sintetizar e criar as informações, fazendo excelente uso das fontes de informação para gerar um novo conhecimento, consolidando a tomada de decisões.

Corroborando os estudos, Doyle (1992, p. 4) cita que: “[...] letramento informacional é a habilidade de acessar, avaliar e usar informação de uma variedade

de fontes”. Para essa mesma autora, dez qualidades são atribuídas ao detentor, nas seguintes palavras:

A pessoa competente em informação é aquela capaz de: reconhecer a necessidade de informação; reconhecer que informação tratada e completa é a base para tomadas de decisões inteligentes, elaborar questões baseadas na necessidade de informação; identificar potenciais como fontes de informação; desenvolver estratégias de busca adequadas; acessar fontes de informação, inclusive eletrônicas; avaliar informação, organizar informação para aplicações práticas, integrar nova informação incorporando ao conhecimento existente; usar informação para refletir criticamente e para resolver problemas (DOYLE, 1992, p. 4, tradução nossa).

Em 1999, a The United Nations Educacional, Scientific and Cultural Organizacion (UNESCO) ou Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura estabeleceu o “The Information for All Programme” (IFAP) ou Programa de Informação para Todos. Esse programa é um compromisso firmado entre os governos do mundo para a Sociedade da Informação e visa uma sociedade mais igualitária e justa por meio do acesso à informação de qualidade, promovendo dessa forma o desenvolvimento e novas oportunidades para todas as pessoas. Esse plano possui indicadores que avaliam o conhecimento adquirido e desenvolvido nas sociedades, cujos estudos e pesquisas demonstram adequadamente quais os indicadores lógicos para uso das organizações.

O “Programa de Informação para Todos” da UNESCO (2000) possui os seguintes objetivos:

x Fomenta a reflexão e debate internacional acerca dos desafios enfrentados pela Sociedade da Informação, que envolvem os aspectos éticos, jurídicos e sociais;

x Fomenta o aumento no domínio público ao acesso à informação, por meio da preservação, digitalização e organização da informação;

x Aprova desde a formação, educação e aprendizagem ao longo da vida, priorizando as áreas de comunicação, informação e informática.

x Aprova a produção de conteúdo local, promovendo a alfabetização básica e alfabetização TIC aos indígenas, gerando educação e conhecimento;

x Fomenta o uso de normas internacionais, por meio das melhores práticas de comunicação, informação e informática em domínios de competência da UNESCO;

x Fomenta a informação em rede, tanto em âmbito local, quanto regional, nacional e internacional.

Em 2000, a Association for College and Research Libraries (ACRL, 2000) elaborou o documento intitulado Information Literacy Standards for Higher Education com foco em competência educacional para estudantes de nível superior na cidade de San Diego – Texas, com normas e padrões de competência, utilizando o termo

information literate” que também se reportava às habilidades individuais, que poderiam ser usadas não apenas na área educacional, mas também pela sociedade e outros profissionais. Assim, as seguintes palavras podem ser analisadas:

Information literate está relacionada com habilidades de tecnologia

da informação, mas tem implicações mais amplas para o indivíduo; o sistema educacional, e para a sociedade. Habilidades tecnológicas da informação permitem que um indivíduo possa utilizar os computadores, aplicativos de software, bancos de dados e outras tecnologias para alcançar uma grande variedade de Informações com objetivos acadêmicos, relacionados ao trabalho e pessoais (ACRL, 2000, p. 4, tradução nossa).

Belluzzo (2014) aborda que, desde 1990, diversos estudos foram elaborados, almejando compreender a CoInfo; esse universo envolvia desde definições conceituais mais claras, análises sobre o tema e se estendia até a criação de diretrizes e parâmetros, auxiliando o desenvolvimento de competências das pessoas, como se pode observar no seguinte registro:

Nesse sentido, nos últimos anos, diversos encontros vêm sendo realizados para a divulgação e exposição de trabalhos que estão sendo desenvolvidos sobre a CoInfo. Como resultado desses eventos, tem havido inúmeras reflexões e discussões entre os participantes que se concretizam em declarações e manifestos, tais como: Praga (2003), Alexandria (2005), Ljubjana (2006), Toledo

(2006), Lima (2009), Paramillo (2010), Murcia (2010), Maceió (2011), Havana (2012), Fez (2011), Florianópolis (2013) e, recentemente, a Carta de Marília (2014) esta última como resultado do “III Seminário de Competência em Informação: cenários e tendências” que evidencia a emergência e a importância da CoInfo para o Brasil nos últimos anos, o que indica fortemente a necessidade de compartilhamento de experimentações e vivências aplicáveis à realidade brasileira para o enfrentamento de desafios que exigem e implicam na redução das iniquidades sociais e desigualdades regionais no que diz respeito às políticas de acesso e uso da informação para o exercício da cidadania e o aprendizado ao longo da vida. (BELLUZZO, 2014, p. 57).

Toda essa evolução nos estudos, manifestos e declarações elencados pela autora a vem ao encontro da realidade transformadora, surgindo a necessidade de CoInfo nas empresas, na sociedade, para as pessoas e para o Brasil. A aquisição da CoInfo só ocorrerá à medida que a informação, acesso, uso e domínio da informação forem estruturados e sistematizados de forma política, organizacional e social, o que poderá ocorrer quando o governo disponibilizar recursos e gerar programas de qualidade implantados desde a infância; quando as organizações, puderem dispor de profissionais e viabilizarem a aprendizagem informacional; quando a sociedade com menor poder aquisitivo conseguir condições adequadas para exercer seus direitos como cidadãos que contribuem para um país mais justo, igualitário e preocupado com sua aprendizagem passada, presente e futura, suprindo suas necessidades informacionais, só assim o Brasil estará trilhando passos em direção à Coinfo.

Nesse sentido, situações desafiadoras tornam o desenvolvimento da competência em informação um fator de preocupação para todos os indivíduos, conforme Belluzzo (2013. p. 78) explana:

• Desconhecimento sobre as questões que envolvem a Competência em Informação e sua relação com os pilares da educação para o século XXI e o direito universal de acesso à informação, presentes em Manifestos da UNESCO e em políticas públicas nacionais e mundiais.

• Necessidade de sensibilização dos gestores públicos e de instituições privadas para a importância do desenvolvimento da Competência em Informação como parte integrante de uma ambiência de expressão e construção individual e coletiva e sua relação com o exercício da cidadania e com o aprendizado ao longo da vida.

• Criação e implantação de Programas de Desenvolvimento da Competência em Informação, apoiados na formação de Comunidades de Aprendizagem, que possam estar atuando com

efetividade na utilização de modelos de educação tradicionais e inovadores a fim de contribuir com a inclusão social no Brasil.

Desse modo, outras áreas que não possuem relação direta com a Biblioteconomia, Arquivologia e Ciência da Informação desconhecem as bases educacionais voltadas ao desenvolvimento da competência em informação; nas empresas públicas e privadas são escassos os profissionais que dominam a competência e informação e auxiliam a construção de conhecimento, manuseio efetivo das fontes de informação, bases de dados e da tecnologia da informação e da comunicação; quanto aos programas de desenvolvimento da competência em informação, há a necessidade permanente de implementar comunidades, grupos de estudos, parcerias voltadas à inovação e aprendizagem. Desta forma, quanto maior for a capacitação desenvolvida nos indivíduos, maior será as habilidades sociais, educacionais, pessoais e coletivas, promovendo a competência da informação e promovendo o progresso em todos os âmbitos.

A competência em informação começou a ganhar espaço e fazer parte da formação do indivíduo, abrangendo também aspectos sociais e socioeconômicos. Dudziak (2008) traz suas contribuições nas seguintes afirmações:

A competência em informação já é um movimento mundial. Muitas iniciativas têm sido documentadas. Seu caráter situacional e contextualizado torna-a pertencente e particular a cada sociedade e cultura. Sendo pervasiva a qualquer currículo ou formação, a competência informacional se constrói sobre um trabalho colaborativo que vai muito além dos limites da biblioteca e mesmo das instituições de ensino. Inserida no processo de emancipação humana, a competência informacional é diferencial de desenvolvimento socioeconômico e fator de promoção da inclusão social (DUDZIAK, 2008, p. 50).

Lau (2007) faz a seguinte abordagem sobre a competência em informação: um indivíduo competente é aquele que consegue perceber quais são suas reais necessidades e quais são os caminhos que irá adotar para suprir essa deficiência de informação, seja na forma de acessar, organizar, recuperar, analisar e avaliar; esse conhecimento será incorporado e agregado às suas experiências e conhecimento intrínseco.

Vale ressaltar que a competência em informação compreende “[...] habilidades para encontrar, avaliar, interpretar, criar e aplicar informação disponível

na geração de novos conhecimentos” (BELLUZZO; KOBAYASHI; FERES, 2004, p. 95).

Cada indivíduo dispõe de estratégias ou escolhas que acredita serem eficazes na busca de seus objetivos ou metas, então diariamente faz opções que resultam em atitudes e influenciam o comportamento, ações e aprendizagem. Morin (1999, p. 68) traz suas elucidações acerca do modo de adquirir saber: “[…] pode ser

na aquisição de informações; pode ser a descoberta de qualidades ou propriedades

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