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Existem poucos estudos tratando do tema goodwill com foco específico no contexto brasileiro. O assunto é considerado complexo, os autores Santos e Schmidt (2003) ressaltam que a definição de goodwill, a sua natureza, a sua característica de não ser separável do negócio como um todo e o seu tratamento contábil estão entre os objetos de estudo mais difíceis da teoria da contabilidade.

Um trabalho bibliográfico realizado por Santos et al. (2003) objetivou apresentar os principais conceitos, natureza e importância do goodwill na avaliação dos ativos intangíveis, bem como demonstrar o seu tratamento contábil nas principais comunidades em nível internacional. Eles concluíram que a inconsistência conceitual é um dos maiores problemas relativos ao goodwill, problema esse também relatado na pesquisa de Martins et al. (2010).

Gouveia e Martins (2007) realizaram um estudo de caráter teórico visando verificar os pontos positivos da amortização e do impairment test relativo ao goodwill sob a luz das características qualitativas da informação contábil. Os autores concluíram que o impairment test se mostra a melhor alternativa na maioria das características qualitativas, dentre elas a relevância devido à utilidade da informação para o usuário.

Martins et al. (2010) desenvolveram uma pesquisa que objetivou verificar se o conceito de goodwill utilizado no desenvolvimento de pesquisas publicadas nos principais periódicos internacionais e nacionais, bem como na elaboração de dissertações e teses na área da contabilidade, é aquele referendado pela literatura contábil como correto. Os autores observaram que dentre as 47 empresas que apresentaram a definição de goodwill, 18 estavam incorretas. Em 61% dos casos de erro, o cálculo do goodwill foi exposto como a diferença entre o valor de mercado (pago ou não) e o valor contábil do patrimônio.

Em face aos seus resultados, Martins et al. (2010) ressaltaram que os erros conceituais na apuração do goodwill podem resultar em conclusões incorretas, invalidação dos resultados e problemas de ordem prática como deformações nas informações apresentadas nas demonstrações contábeis que podem acarretar em erros na realização de investimentos e nas análises financeiras.

O estudo de Reimann e Schmidt (2010) buscou descrever o processo de mensuração do goodwill através da análise de alguns acontecimentos que podem ocorrer logo após a combinação de negócios e que podem sinalizar que o valor contábil deste ativo é maior do que o seu valor recuperável, tornando necessária a execução de um teste de impairment além do exigido anualmente. Através de uma pesquisa bibliográfica, os autores concluíram que o cenário atual das normas que tratam o goodwill é visto como uma oportunidade para a gestão das companhias, visto que, anteriormente, este ativo gradualmente iria ser reconhecido no resultado através da amortização e agora existe a oportunidade de mantê-lo por tempo indeterminado. Na concepção deles, para que esta oportunidade seja aproveitada, pessoas especializadas devem atuar no momento de negociação das aquisições e fusões e também no planejamento estratégico e operacional da nova companhia que será formada após a transação.

Dalmácio et al. (2011), abordando o value relevance do goodwill e analisando um período entre 1998-2006 no Brasil, verificou

que o goodwill, calculado com base nas metodologias de mensuração dos ativos intangíveis e goodwill de Lev (2004) e Stewart (1998), se mostrou significativo apenas ao nível de 10%. Em adição, os autores realizaram uma análise complementar considerando apenas as empresas com ativo diferido superior a zero, nessa análise adicional, o goodwill por ação não apresentou significância estatística.

Costa, Paulo e Barbosa (2011) realizaram uma pesquisa com o objetivo de verificar se o reconhecimento e mensuração do goodwill numa combinação de negócios, de acordo com a norma IFRS 3 e Pronunciamento Técnico CPC-15 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, possuem diferenças conforme a forma de pagamento utilizada (ações ou dinheiro), apesar da realidade econômica da adquirida ser a mesma. Os autores observaram que quando o pagamento ocorreu em ações, o goodwill subsequente variou numa faixa de 25% para menos e quando o valor do goodwill reconhecido foi proveniente de pagamento em dinheiro houve uma variação de 12% para mais. Assim, eles concluíram que, à luz da IFRS 3 e do CPC-15, na mensuração subsequente que pode ocorrer em até um ano após a data da transação, existem diferenças no reconhecimento e na mensuração do goodwill dependendo da forma de pagamento.

Santos, Dani e Klann (2015) verificam se a concentração de propriedade interfere na tomada de decisão em relação à aplicação do teste de impairment sobre o goodwill em empresas brasileiras. Os autores também investigaram se a divulgação de informações acessórias sobre o goodwill e a adesão de níveis diferenciados de governança corporativa está associada ao teste de impairment sobre o goodwill. Por meio da aplicação de estatística não paramétrica, no que tange à concentração de propriedade, eles constataram não existir diferença entre o grupo de companhias que realizaram o impairment loss e o grupo que não realizou o teste de recuperabilidade. Em seguida, os autores verificaram que tanto a divulgação acessória acerca do goodwill como a adesão a níveis diferenciados de governança corporativa não estão associados ao teste de impairment sobre o goodwill.

É possível notar no contexto brasileiro que uma das principais dificuldades relatadas diz respeito ao conceito de goodwill, sendo um consenso entre autores (Santos et al., 2003; Gouveia e Martins 2007; Martins et al. 2010; Reimann e Schmidt, 2010), cujos trabalhos são, em sua maioria, de cunho bibliográfico.

3 METODOLOGIA

Neste capítulo estão apresentados os procedimentos

metodológicos utilizados para atingir os objetivos delineados neste estudo, bem como a amostra analisada nesta pesquisa.

3.1 Delineamento da pesquisa

O presente estudo enquadra-se como exploratório-descritivo. A pesquisa exploratória procura descobrir relações entre os fenômenos. Nessa intenção, realiza-se o estudo não somente para conhecer o tipo de relação existente, mas principalmente para verificar se existe alguma relação (RICHARDSON, 2014). Já os estudos descritivos visam descrever um fenômeno investigado (ACEVEDO; NOHARA, 2013).

No que concerne à abordagem do problema, o presente trabalho engloba avaliações de cunho quantitativo e qualitativo. Para medir o nível de evidenciação das combinações de negócios foi necessário: i) elaboração da métrica; e ii) levantamento e análise dos dados contidos nas notas explicativas das empresas. Este trabalho foi unicamente realizado pela autora, e consiste na parte qualitativa desta pesquisa.

A pesquisa qualitativa abrange compreensões, descrições, interpretações e análises na coleta dos dados, em que o pesquisador é essencial no processo (MARTINS; THEÓPHILO, 2009).

Já para fornecer resposta às hipóteses de pesquisa, se existe relação entre o preço da ação e o nível de disclosure das combinações de negócios realizadas pelas empresas (H1), e se os investidores consideram o valor do goodwill reconhecido nessas transações em suas avaliações pertinentes ao preço da ação (H2), utilizou-se de técnica estatística para obtenção desses resultados, essa etapa endossa o conceito de pesquisa quantitativa.

O método quantitativo caracteriza-se pelo emprego de técnicas estatísticas para responder o problema de pesquisa (RICHARDSON, 2014). Nas pesquisas quantitativas os dados são filtrados, organizados e tabulados para serem submetidos a testes estatísticos (MARTINS; THEÓPHILO, 2009).

Em relação à obtenção dos dados, o estudo se enquadra no conceito de pesquisa documental. Martins e Theóphilo (2009) explicam que pesquisas dessa natureza utilizam documentos como fonte de dados, informações e evidências.

Para atender os objetivos desta pesquisa, foi necessário medir o nível de disclosure das companhias abertas que realizaram alguma combinação de negócios no período entre 2010 e 2013. A obtenção dos dados para cálculo do índice para medir o nível de evidenciação foi por meio das notas explicativas publicadas pelas empresas, respeitando em cada caso, o respectivo ano que ocorreu cada combinação de negócios. Dessa maneira, se uma combinação de negócios teve sua data de aquisição em 15 de outubro de 2010, a análise do nível de disclosure foi verificada nas notas explicativas integrantes das demonstrações financeiras padronizadas (DFPs) relativas ao exercício social findo em 2010.