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São chamados no art. 9º, Lei 6.938/81 de avaliação de impactos ambientais (AIA). A intenção da LPNMA era tratar a AIA como estudos ambientais. Estudos ambientais ou AIA é gênero com várias espécies, sendo uma delas o estudo de impacto ambiental (EIA) ou estudo prévio de impacto ambiental (EPIA). O EIA é o estudo ambiental mais complexo, sendo o único previsto no art. 225, CF.

A Resolução CONAMA n ° 237/97 traz, em seu art. 1º, a definição de estudos ambientais.

Art. 1º, III - Estudos Ambientais: são todos e quaisquer

estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco.

EIA – incumbe ao poder público “exigir, na forma da lei, para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade” (art. 225, §1º, IV, CF). Essa lei nunca foi editada. Ante a inexistência de uma lei federal específica para disciplinar o EIA, ele continua sendo tratado pela Resolução CONAMA n° 1/1986 (resolução muito cobrada em concursos). Não é qualquer atividade sujeita a licenciamento ambiental que o órgão ambiental competente irá exigir do proponente do projeto a elaboração do EIA. Esse estudo é guardado para empreendimentos com aptidão efetiva ou potencial de geração de significativa degradação ambiental. O EIA tem como característica o fato de ser

prévio, seno elaborado no começo do licenciamento ambiental (antes inclusive da licença prévia). O EIA também tem como característica a publicidade (um EIA sigiloso atenta contra a CF). Não há, porém, interesse público em devastar o sigilo industrial da empresa (a publicidade será das informações ambientais e não do sigilo industrial da empresa). A regulamentação do EIA é dada pela Resolução CONAMA n° 01/86. O art. 2º dessa resolução traz uma listagem de empreendimentos que o próprio CONAMA presume aptidão de gerar significativa degradação ambiental (esse rol é meramente exemplificativo).

Artigo 2º - Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental - RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA e1n caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como:

I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;

II - Ferrovias;

III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;

IV - Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do Decreto-Lei nº 32, de 18.11.66;

V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários;

VI - Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV;

VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques;

VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de Mineração;

X - Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos;

Xl - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de 10MW;

XII - Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos);

XIII - Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI;

XIV - Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental;

XV - Projetos urbanísticos, acima de 100ha ou em áreas consideradas de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e estaduais competentes; XVI - Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a dez toneladas por dia.

XVII – Projetos Agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000 ha ou menores, neste caso, quando se tratar de áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental, inclusive nas áreas de proteção ambiental;

XVIII – Empreendimentos potencialmente lesivos ao patrimônio espeleológico nacional.

O professor Paulo Afonso Leme Machado entende que a presunção de necessidade de EIA nas atividades trazidas por esse artigo e absoluta, mas há entendimentos respeitáveis em sentido contrário (Edis Milaré).

Vamos supor que o órgão ambiental dispensou o EIA de forma fundamentada. Essa decisão é vinculada ou é discricionária? A doutrina ambiental majoritária entende que essa decisão é vinculada, cabendo pleno controle judicial da decisão administrativa do órgão licenciador que avalia no caso concreto se o empreendimento pode ou não gerar significativa degradação ambiental. STJ: “O órgão estadual afastou a necessidade de realização do estudo prévio de impacto ambiental no caso, decisão passível de análise pelo Poder Judiciário, diante do princípio da inafastabilidade da jurisdição”.

O EIA será elaborado por responsabilidade do proponente do projeto, cabendo a ele contratar uma equipe técnica multidisciplinar para elaborar o EIA. Assim, não é o órgão

ambiental que elabora o EIA, cabendo ao órgão apenas o apreciar quando a ele for apresentado. Essa equipe multidisciplinar será responsável solidária com o proponente do projeto pelas informações do EIA (essa responsabilidade se espalha nas três esferas: civil, administrativa e criminal ambiental).

O EIA tem um conteúdo mínimo já previamente definido na Resolução CONAMA n° 01/86: diagnóstico de toda a área do projeto (descrever toda a área que irá sofrer a influência do projeto); arrolar os impactos positivos e negativos aguardados pelo empreendimento (impacto positivo é benefício ambiental; impacto negativo é dano ambiental); medidas mitigadoras dos impactos ambientais negativos; medidas de monitoramento e acompanhamento de todo o empreendimento; manifestação (por meio da ponderação dos impactos positivos e negativos) pela viabilidade ambiental do empreendimento quando os benefícios sociais/impactos positivos justificarem os impactos negativos ou, quando houver desproporcionalidade (quando os impactos ambientais negativos forem desproporcionais aos positivos) a conclusão pode ser pela inviabilidade do empreendimento. O EIA terá a conclusão pela viabilidade ambiental ou não do empreendimento. Essa conclusão vincula o órgão ambiental licenciador? Não (mesmo que o estudo diga que o empreendimento é viável, o órgão ambiental poderá negar a LP de forma fundamentada).

É famosa a expressão EIA – RIMA (estudo de impacto ambiental e relatório de impacto ambiental). O RIMA não foi expressamente previsto no art. 225, CF. O EIA é o documento técnico. O RIMA, por seu turno, é o do documento voltado para o povo, sendo seu grande objetivo a acessibilidade pública. O RIMA conterá apenas as conclusões do EIA, em linguagem simples para que qualquer do povo possa entender, podendo, inclusive, ter gravuras (sua grande missão é ser debatido em audiência pública). Resolução CONAMA n° 09/1987 (disciplina a audiência pública no estudo de impacto ambiental para debater o RIMA). É possível a marcação de uma ou de mais de uma audiência pública. Essa audiência pública acontecerá nas situações previstas na resolução do CONAMA. Quando o órgão ambiental a entender necessária, o próprio órgão ambiental irá designá-la. Será também obrigatória se houver requerimento do MP, de entidade civil ou se houver um abaixo-assinado subscrito por, pelo menos, 50 cidadãos (pessoas em gozo dos seus direitos políticos). Assim, nem sempre será obrigatória a audiência pública para debater o RIMA. Quando obrigatória, a audiência pública irá funcionar como condição de validade da licença ambiental. A manifestação da comunidade não vincula.

ADI 1505: a CE do Espírito Santo dizia que todo RIMA tinha que ser aprovada por um órgão da assembleia legislativa daquele estado. Como isso não existe no âmbito federal, o

STF julgou o dispositivo inconstitucional, pois isso não é função típica do legislativo. “É inconstitucional preceito da Constituição do Estado do Espírito Santo que submete o Relatório de Impacto Ambiental – RIMA – ao crivo de comissão permanente e específica da Assembleia Legislativa. A concessão de autorização para desenvolvimento de atividade potencialmente danosa ao meio ambiente consubstancia ato do Poder de Polícia – ato da Administração Pública - entenda-se ato do Poder Executivo.”

ADI 1086: “A norma impugnada, ao dispensar a elaboração de Estudo Prévio de Impacto Ambiental no caso de áreas de florestamento ou reflorestamento para fins empresariais, cria exceção incompatível com o disposto no mencionado inciso IV do §1º do artigo 225 da Constituição Federal.” Assim, não é aceita norma estadual que dispense a elaboração de EIA.

 Espaços Territoriais Especialmente Protegidos pelo Poder Público:

Art. 225, III, CF: III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

Temos aqui uma exceção ao paralelismo das formas, pois mesmo que uma área de proteção tenha sido criada por meio de decreto, ela não poderá ser extinta ou alterada (de forma prejudicial, que diminua a sua proteção) por outro decreto (necessidade de lei do ente que a instituiu).

A delimitação dos espaços territoriais protegidos pode ser feita por decreto ou por lei, sendo esta imprescindível apenas quando se trate de alteração ou supressão desses espaços.

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