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DIREITO AMBIENTAL CADERNO ADVOCACIA PÚBLICA

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DIREITO AMBIENTAL

CADERNO ADVOCACIA

PÚBLICA

Baseado nas aulas Advocacia Pública CERS 2015 – Prof. Frederico Amado

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Direito Ambiental

Professor Frederico Amado CERS (Advocacia Pública) – 2015

1. Definição e Modalidades de Meio Ambiente:

Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81). O direito ambiental, como um conjunto de regras e princípios harmônicos, com campo próprio e objeto próprio de estudo só surgiu com o advento dessa lei. Antes disso, já existiam leis ambientais, mas eram esparsas e, muitas vezes, contraditórias. Definição de meio ambiente:

Art. 3º, I, Lei 6.938/81: meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;

O meio ambiente é uno e indivisível, mas, para fins didáticos, é possível o fragmentar em: meio ambiente natural, meio ambiente cultural, meio ambiente artificial e meio ambiente do trabalho (previsão expressa no art. 200, CF).

O meio ambiente natural é formado pelos bens da natureza (bens com vida = bióticos; e bens sem vida = abióticos). São os bens da natureza que existem independentemente de intermediação do ser humano, como a fauna, a flora, os recursos hídricos e minerais, o ar, o solo, o subsolo.

O meio ambiente cultural, artificial e do trabalho são formados por bens corpóreos ou incorpóreos criados pelo homem. O meio ambiente cultural é formado por bens corpóreos ou incorpóreos ligados à ação e à formação dos diferentes grupos da sociedade brasileira. O meio ambiente do trabalho (art. 200, CF) é composto por bens que buscam viabilizar o exercício digno e seguro de atividades laborativas pelos trabalhadores. O meio ambiente artificial fica com uma composição residual, pois os bens que não fazem parte do meio ambiente do trabalho nem do meio ambiente cultural acabam integrando o meio ambiente artificial.

Cabe ao direito ambiental, com suas regras e princípios, disciplinar as condutas humanas que possam afetar o meio ambiente (em qualquer de suas modalidades). O objetivo do direito ambiental é a proteção e o uso ecologicamente sustentável do meio ambiente. É um ramo jurídico transversal, pois existem regras ambientais em todas as áreas do direito.

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2. Competências:

As competências dividem-se em materiais e legislativas. As competências materiais (também chamadas de administrativas) são competências para a prática de atos executivos na proteção ao meio ambiente. Temos essas regras materiais principalmente dentro do art. 23, CF. Esse artigo compartilhou/distribui entre todas as esferas de governo a competência para a proteção ambiental.

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:

III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;

IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;

VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;

VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;

XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios;

Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.

Todos os entes da federação possuirão competência para exercer o poder de polícia ambiental. Todos os entes da federação terão as suas competências para promover o processo administrativo de licenciamento ambiental, a fim de controlar a poluição e de a manter dentro dos padrões de tolerância. Inciso VI, art. 23, CF.

A regulamentação tem que se dá por meio de lei complementar, conforme exige o parágrafo único, do art. 23, CF. A lei complementar que regulamenta a divisão de competências administrativas ambientais entre as esferas de governo é a LC 140/2011.

Art. 3º, LC 140/11: Constituem objetivos fundamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no

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exercício da competência comum a que se refere esta Lei Complementar:

I - proteger, defender e conservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado, promovendo gestão descentralizada, democrática e eficiente;

II - garantir o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico com a proteção do meio ambiente, observando a dignidade da pessoa humana, a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades sociais e regionais;

III - harmonizar as políticas e ações administrativas para evitar a sobreposição de atuação entre os entes federativos, de forma a evitar conflitos de atribuições e garantir uma atuação administrativa eficiente;

IV - garantir a uniformidade da política ambiental para todo o País, respeitadas as peculiaridades regionais e locais. Gestão descentralizada = vai abarcar todas as esferas de governo na proteção ambiental.

Gestão democrática = envolve o princípio da participação popular ou princípio democrático (a legislação ambiental deve inserir/criar institutos que privilegiem a participação popular). Gestão eficiente = decorre do princípio da ecoeficiência (sempre se buscar alternativas para o crescimento da economia com a redução da degradação ambiental, por meio de tecnologias menos impactantes ao meio ambiente).

O objetivo do inciso II é uma decorrência do princípio do desenvolvimento sustentável. É necessário buscar um equilíbrio entre o crescimento da economia e a proteção ambiental. Esse desenvolvimento sustentável objetiva reduzir a miséria, sendo essa a acepção social do princípio do desenvolvimento sustentável.

No inciso III, temos a grande razão de existir dessa LC. Necessidade de atuação harmônica, evitando o conflito de atribuição entre órgãos ambientais de diferentes esferas de governo.

O inciso IV, traz a necessidade de respeito às peculiaridades regionais e locais que se dá principalmente por meio da aprovação pelos estados da política estadual do meio ambiente e pelos municípios da política municipal de meio ambiente, desde que compatíveis com a política nacional do meio ambiente.

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A LC 140/11, em seu art. 4º, traz um rol meramente exemplificativo de instrumentos que os entes da federação deverão utilizar para atingir seus objetivos fundamentais.

Art. 4o Os entes federativos podem valer-se, entre outros, dos seguintes instrumentos de cooperação institucional: I - consórcios públicos, nos termos da legislação em vigor; II - convênios, acordos de cooperação técnica e outros instrumentos similares com órgãos e entidades do Poder Público, respeitado o art. 241 da Constituição Federal;

III - Comissão Tripartite Nacional, Comissões Tripartites Estaduais e Comissão Bipartite do Distrito Federal;

IV - fundos públicos e privados e outros instrumentos econômicos;

V - delegação de atribuições de um ente federativo a outro, respeitados os requisitos previstos nesta Lei Complementar; VI - delegação da execução de ações administrativas de um ente federativo a outro, respeitados os requisitos previstos nesta Lei Complementar.

§ 1o Os instrumentos mencionados no inciso II do caput podem ser firmados com prazo indeterminado.

§ 2o A Comissão Tripartite Nacional será formada, paritariamente, por representantes dos Poderes Executivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com o objetivo de fomentar a gestão ambiental compartilhada e descentralizada entre os entes federativos.

§ 3o As Comissões Tripartites Estaduais serão formadas, paritariamente, por representantes dos Poderes Executivos da União, dos Estados e dos Municípios, com o objetivo de fomentar a gestão ambiental compartilhada e descentralizada entre os entes federativos.

§ 4o A Comissão Bipartite do Distrito Federal será formada, paritariamente, por representantes dos Poderes Executivos da União e do Distrito Federal, com o objetivo de fomentar a gestão ambiental compartilhada e descentralizada entre esses entes federativos.

§ 5o As Comissões Tripartites e a Comissão Bipartite do Distrito Federal terão sua organização e funcionamento regidos pelos respectivos regimentos internos.

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Art. 5º: O ente federativo poderá delegar, mediante convênio, a execução de ações administrativas a ele atribuídas nesta Lei Complementar, desde que o ente destinatário da delegação disponha de órgão ambiental capacitado a executar as ações administrativas a serem delegadas e de conselho de meio ambiente.

Parágrafo único. Considera-se órgão ambiental capacitado, para os efeitos do disposto no caput, aquele que possui técnicos próprios ou em consórcio, devidamente habilitados e em número compatível com a demanda das ações administrativas a serem delegadas.

O objetivo das comissões é se tornarem uma instância de deliberação para evitar conflito de atribuições no âmbito federal, estadual e municipal nas questões ambientais e em especial na parte de licenciamento ambiental.

O principal fundo público ambiental é o Fundo Nacional do Meio Ambiente, onde são depositadas as multas ambientais impostas pelo IBAMA na fiscalização ambiental. A iniciativa privada também poderá criar fundos para converter em proteção ao meio ambiente.

Competência legiferante para editar leis ambientais: União, estados e DF possuem competência concorrente para editar leis envolvendo o meio ambiente. Essa regra geral está no art. 24, CF, sendo que ele não prevê os municípios, mas há jurisprudência do STF e do STJ dizendo que o município tem sim competência para editar leis de proteção ao meio ambiente (essa competência é extraída do art. 30, I e II, CF e não do art. 24, CF).

A União fica responsável pela edição de normas gerais sobre o meio ambiente. Uma normatização geral exauriente implica invasão de competência estadual e municipal. A legislação estadual não pode ser mais flexível na proteção ambiental, não podendo violar a legislação da União para flexibilizar as normas de proteção ao meio ambiente. Quando sobre determinado tema ainda não houver lei geral dada pela União, será possível aos estados exercerem competência suplementar, tratando integralmente do tema.

Cuidado: estados e municípios não podem legislar sobre crimes ambientais, pois compete privativamente à União legislar sobre direito penal.

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O STF entende que estados e municípios não podem legislar sobre meio ambiente do trabalho, pois compete privativamente à União legislar sobre direito do trabalho.

Alguns temas de direito ambiental, porém, por exceção, estados, DF e municípios não poderão editar normas jurídicas: o direito de águas, energias, atividades nucleares de qualquer natureza, minas, jazidas e outros recursos minerais.

Não há direito adquirido a poluir ou degradar o meio ambiente. O tempo é incapaz de curar ilegalidades ambientais de natureza permanente, pois parte dos sujeitos tutelados – as gerações futuras – carece de voz e de representantes que falem ou se omitam em seu nome. STJ. Em tema ambiental, não se admite a teoria do fato consumado. A teoria do fato consumado não pode ser invocada para conceder direito inexistente sob a alegação de consolidação da situação fática pelo decurso do tempo. Esse é o entendimento consolidado por ambas as turmas da STF.

As normas ambientais devem atender aos fins sociais a que se destinam, ou seja, necessária a interpretação e a integração de acordo com o princípio hermenêutico in dubio pro natura. Sempre que possível, devemos prestigiar a interpretação mais favorável à proteção ambiental.

Se o ente federativo não tiver competência, a norma mais mais protetiva não deverá prevalecer. Exemplo: conflito entre norma federal e norma estadual. A norma estadual é mais favorável que a federal, porém o estado não tem competência para legislar sobre aquele ponto. A norma federal deverá prevalecer, mesmo sendo menos protetiva. Hoje esse é o entendimento do STF. Se houver invasão de competência, mesmo a norma sendo mais protetiva ela não irá prevalecer.

3. Princípios Ambientais:

Lei 11.428/2006 (regula o bioma mata atlântica) elenca o princípio da função socioambiental da propriedade, da equidade intergeracional, da prevenção, da precaução, do usuário-pagador, da transparência das informações e atos, da gestão democrática, da celeridade procedimental, da gratuidade dos serviços administrativos prestados ao pequeno produtor rural e às populações tradicionais e do respeito ao direito de propriedade.

A Lei 12.187/2009 (trata da política nacional de mudanças do clima) traz os seguintes princípios: da precaução, da prevenção, da participação cidadã, do desenvolvimento

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sustentável e das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, este último, no âmbito internacional.

Esses são alguns princípios expressos.

Os princípios da precaução e da prevenção buscam evitar danos ao meio ambiente ou reduzi-los ao máximo, mas não se confundem. O princípio da prevenção envolve a certeza, a convicção científica (risco certo, conhecido, concreto) dos males ambientais (de sua extensão e de sua natureza). O princípio da precaução só trabalha com situação controversa, com dúvida científica (risco incerto, abstrato, potencial), envolvendo atividades que normalmente decorrem de inovação tecnológica. A dúvida (a controvérsia científica) aqui sempre deve militar em favor do meio ambiente.

Declaração dos 27 princípios ambientais da ECO 92, princípio 15 é o princípio da precaução: “De modo a proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deve ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta certeza científica não deve ser utilizada com razão para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para precaver a degradação ambiental”.

Três características das medidas de precaução ambiental: proporcionalidade (relaciona-se com os custos do empreendimento controverso que está sendo licenciado), coerência (as medidas devem estar coerentes, correlacionadas com os males que poderão advir) e precariedade (como o risco é incerto, acaso, no futuro, ele não se constate/concretize, não haverá mais motivo para impor as medidas de precaução, podendo as medidas serem revogadas a qualquer momento).

O risco ambiental pode ser enfrentado. Já o perigo ambiental não. O perigo é algo bem mais radical que o risco ambiental. Com base no princípio da precaução, é possível aplicar a inversão do ônus da prova em ações civis públicas de reparação de dano ambiental, sendo esse o fundamento substancial para a inversão do ônus da prova (também é utilizado como fundamento para essa inversão o art. 28, CDC, que seria aplicável a todos os direitos difusos e coletivos e não apenas às normas protetivas do consumidor).

O princípio da precaução também tem sido utilizado para fundamentar a revogação de licença ambiental.

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Princípio do desenvolvimento sustentável: foi na Conferência de Estocolmo que tivemos a difusão da doutrina do desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento sustentável é aquele que controla a poluição para garantir o mínimo de recursos ambientais para o equilíbrio ecológico e para a saúde das pessoas. Desenvolvimento sustentável é aquele que atende as necessidades das presentes gerações sem privar as futuras gerações de suas porções de recursos ambientais. É crescer a economia, observando a proteção ambiental, investindo em tecnologias menos impactantes ao meio ambiente. O princípio do desenvolvimento sustentável está implicitamente consagrado em nossa CF (art. 170, VI, CF c/c art. 225, CF). Art. 225, CF: direito fundamental de terceira dimensão difuso por natureza que é o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado que deve ser realizado por todo o setor público e privado não só para as presentes, mas também para as futuras gerações. É o Princípio 4 da Declaração do Rio: “Para se alcançar um desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental deve constituir parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada separadamente”.

Economia verde (economia do meio ambiente): cada vez mais, temos instrumentos econômicos para a proteção ambiental. Busca de instrumentos para que as pessoas ganhem dinheiro com a proteção do meio ambiente. PSA = pagamento pelos serviços ambientais, para fomentar uma economia mais ecologicamente sustentável.

Princípio do poluidor-pagador ou da responsabilidade (ou, ainda, princípio do predador- pagador): decorre da principal externalidade negativa (danos causado ao meio ambiente) das atividades econômicas poluidoras. Aqueles que desenvolvem atividades econômicas na produção de bens ou na prestação de serviços impactantes ao ambiente devem responder pelas externalidades negativas oriundas da degradação causada, pois não seria justo privatizar o lucro e socializar o dano causado ao meio ambiente. Um exemplo genérico de aplicação desse princípio é a incidência do regime de responsabilidade civil objetiva (pelo risco integral) pela reparação do dano causado aos meio ambiente (a licença ambiental concedida e cumprida afasta a responsabilidade criminal ambiental e a responsabilidade administrativa, mas não desonera o poluidor de reparar o dano ambiental). É o princípio 16 da Declaração do Rio.

Cuidado: o princípio é do poluidor-pagador e não do pagador-poluidor. O poluidor é substantivo e não adjetivo. Esse princípio não é uma abertura incondicionada à degradação desde que se pague por ela.

Princípio do usuário-pagador: é mais amplo, chegando a englobar o princípio do poluidor- pagador. Pelo princípio do usuário-pagador, todos aqueles que utilizam bens da natureza

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devem pagar pela sua utilização, havendo poluição ou não. O bem não é extraído da natureza sem nenhum custo, ele tem economicidade, ele acaba afetando o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. A expressão usuário é mais ampla que poluidor (nem todo mundo que está utilizando está poluindo). A poluição é uma espécie de degradação ambiental com fonte humana. O pagamento pela água que a gente bebe é um exemplo do princípio do usuário-pagador, mas não é um exemplo do princípio do poluidor-pagador. Um dos objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente é

“a imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos, nos moldes do inciso VII, do artigo 4º, da Lei 6.938/1981.

O princípio do protetor-recebedor foi positivado no ordenamento jurídico brasileiro no âmbito da lei da política nacional de resíduos sólidos (Lei 12.305/2010). É a outra face da mesma moeda que contém o princípio do poluidor-pagador. Aqueles que protegem o meio ambiente têm que ser beneficiados quer pelo setor público quer pelo setor privado, pois estão prestando um serviço ambiental que irá aproveitar não só a eles, mas a toda a coletividade. Em concretização ao princípio do protetor-recebedor, o art. 41, novo Código Florestal brasileiro previu o programa de apoio e incentivo à preservação e recuperação do meio ambiente, com a possibilidade de pagamento ou incentivo a serviços ambientais com retribuição, monetária ou não, às atividades de conservação e melhoria dos ecossistemas e que gerem serviços ambientais, tais como, isolada ou cumulativamente...

Princípio da cooperação entre os povos: não é um princípio exclusivo do direito ambiental. É um princípio que fundamenta a República Federativa do Brasil. As nações têm que cooperar para o controle global da poluição. Isso se dá, por exemplo, por meio de convenções internacionais.

Princípio da solidariedade intergeracional ou da equidade (também conhecido como pacto entre gerações): esse princípio inspirou a segunda metade do caput do art. 225, CF. Princípio da natureza pública da proteção ambiental (ou obrigatoriedade da proteção ambiental): está também presente na parte final do caput do art. 225, CF. A CF cria uma obrigação, um dever ambiental, não se tratando de uma mera faculdade. É uma obrigatoriedade voltada tanto para o setor público quanto para o privado. O poder de polícia ambiental, em regra, tem natureza vinculada.

Princípio da participação comunitária ou cidadã (também chamado e princípio democrático ou de participação popular): não é exclusivo do direito ambiental. Qualquer

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instrumento de inserção do povo na questão ambiental decorre desse princípio. É o princípio 10 da Declaração do Rio.

Princípio da função socioambiental da propriedade (ecologização da propriedade): Tanto a propriedade urbana quanto a rural só realizarão a sua função social se as normas ambientais forem cumpridas. Art. 1.228, §1º, CC.

Princípio da informação: para que as pessoas possam se manifestar nos instrumentos democráticos de participação ambiental têm que ter acesso a boas informações ambientais que para chegarem ao seu conhecimento têm que ser publicizadas pelos órgãos ambientais. Lei 10.650/2003 (disciplina o acesso aos órgãos ambientais de todas as esferas de governo) – regime grande de publicidade.

Princípio do limite ou do controle: os órgãos ambientais têm que editar padrões máximos de poluição para controlá-la.

Princípio da responsabilidade comum, mas diferenciada: é um princípio internacional ambiental voltado às mudanças climáticas. Tanto é previsto no protocolo de Quioto quanto na lei brasileira de mudanças climáticas (Lei 12.187/2009). Existe uma responsabilidade comum a todas as nações para controlar a emissão de gazes de carbono. Embora comum, essa responsabilidade é diferenciada, pois algumas nações emitem mais gazes de carbono que outras, tendo, assim, maior responsabilidade no controle da emissão desses gazes.

Princípio do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e o princípio do direito à sadia qualidade de vida: vêm do art. 225, CF. Todos nós somos ao mesmo tempo credores e devedores. O equilíbrio ambiental e a saúde são indissociáveis. Se você não tem um meio ambiente ecologicamente equilibrado, também não terá uma sadia qualidade de vida.

Princípio da proibição do retrocesso ecológico ou da vedação ao retrocesso ambiental: esse princípio foi violado com a edição do Código Florestal de 2012, pois o antigo código era mais protetivo ao meio ambiente.

Princípio do mínimo existencial ecológico: é necessário que o poder público garanta o mínimo de condições ambientais dignas. Se isso não ocorrer, estará prejudicada a própria dignidade da pessoa humana.

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AULA 2:

 Política Nacional do Meio Ambiente:

Lei 6.938/1981 é considerada por muitos a certidão de nascimento do direito ambiental no Brasil, porque antes dela existiam normas ambientais, mas elas eram esparsas. Essa lei criou o SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente), que é formado por órgãos e entidades ambientais de todas as esferas de governo com a missão de implementar a política nacional do meio ambiente.

A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente não surgiu voluntariamente. Vivíamos em uma ditadura e existia uma pressão internacional muito grande para criarmos uma lei geral de proteção ambiental. Essa lei foi, então, fruto dessa pressão internacional. O art. 1º do Decreto 99.274/90 traz competências que devem ser desenvolvidas por todas as esferas de governo na implementação da política nacional do meio ambiente.

Art. 1º Na execução da Política Nacional do Meio Ambiente, cumpre ao Poder Público, nos seus diferentes níveis de governo:

I - manter a fiscalização permanente dos recursos ambientais, visando à compatibilização do desenvolvimento econômico com a proteção do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;

II - proteger as áreas representativas de ecossistemas mediante a implantação de unidades de conservação e preservação ecológica;

III - manter, através de órgãos especializados da administração, o controle permanente das atividades potencial ou efetivamente poluidoras, de modo a compatibilizá-las com os critérios vigentes de proteção ambiental;

IV - incentivar o estudo e a pesquisa de tecnologias para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais, utilizando nesse sentido os planos e programas regionais ou setoriais de desenvolvimento industrial e agrícola;

V - implantar, na áreas críticas de poluição, um sistema permanente de acompanhamento dos índices locais de qualidade ambiental;

VI - identificar e informar aos órgãos e entidades do Sistema Nacional do Meio Ambiente sobre a existência de áreas

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degradadas, ou ameaçadas de degradação, propondo medidas para sua recuperação;

VIl - orientar a educação, em todos os níveis, para a participação ativa do cidadão e da comunidade na defesa do meio ambiente, cuidando para que os currículos escolares das diversas matérias obrigatórias contemplem o estudo da ecologia.

Inciso I: princípio do desenvolvimento sustentável. Há também a determinação do exercício do poder de polícia constantemente por todas as esferas de governo. União, estados, DF e municípios têm a obrigação de exercer constantemente e regularmente o poder de polícia ambiental (art. 23, CF) para controlar as atividades poluidoras lícitas (isso se dá principalmente por meio do licenciamento ambiental) e para combater as atividades poluidoras ilícitas.

Inciso II: áreas que possuem características ambientais diferenciadas devem ter um regime especial protetivo, inclusive esta determinação foi parar na CF, em seu art. 225,

§1º, III (determina que o poder público, em todas as unidades da federação, constitua espaços com regime especial de proteção, quando houver características ambientais diferenciadas sua justifiquem sua proteção). Aqui é cotada a unidade de conservação da natureza, que constituem uma modalidade de espaço ambiental protegido, existindo lei federal sobre o tema (Lei 9.985/2000 – Lei do SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza)).

Inciso III: determina a criação de órgãos ou autarquias de meio ambiente no âmbito das entidades políticas para controlar a poluição por meio do processo administrativo de licenciamento ambiental (importante instrumento da PNMA).

Inciso IV: incentivo à busca de tecnologias menos impactantes ao meio ambiente. Inciso V: preocupação de acompanhar e controlar os níveis de poluição.

Inciso VI: toda entidade ou órgão da administração pública, mesmo que não seja da área ambiental, deve informar aos órgãos ambientais, áreas degradadas ou na iminência de degradação para a adoção das providências específicas.

Inciso VII: necessidade de práticas sustentáveis para a economia dos recursos naturais. Necessidade de educação ambiental. O art. 225, CF determina a efetivação da educação

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ambiental em todos os níveis de ensino. Para regulamentar esse importante instrumento, foi aprovada em 1999 a Lei da PNEA (Lei 9795/99) que aprovou a Política Nacional de Educação Ambiental (essa lei não traz o meio ambiente como disciplina autônoma). A educação ambiental é definida como o processo por meio do qual o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente. A educação ambiental é classificada como formal (aquela ministrada nas escolas), mas há também a educação ambiental informal. O art. 225, §1º, CF aduz que para efetivar o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, incumbe ao Poder Público promover a educação ambiental em todos os níveis de de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente.

O art. 2º traz princípios de implementação da PNMA. Esses princípios são verdadeiras diretrizes que os órgãos ambientais do SISNAMA irão observar na implementação da PNMA.

Art. 2º. A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:

I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;

II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;

V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;

VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais;

VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental; VIII - recuperação de áreas degradadas; (Regulamento)

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IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;

X - educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.

Inciso I: o meio ambiente é um patrimônio público (patrimônio público aqui não quer dizer patrimônio de uma pessoa jurídica de direito público, pois o meio ambiente é um bem difuso, sendo, portanto, um patrimônio da coletividade) – necessidade de interpretação mais ampla. Inciso II: redução dos desperdícios. Inciso III: planejar e programar previamente para evitar, por exemplo, falta de água. Inciso IV: espaços ambientais especialmente protegidos pelo poder público. Inciso V: controle por meio do processo administrativo de licenciamento ambiental e por meio de zoneamento ambiental (é um instrumento de ordenação territorial com o objetivo de preservar o meio ambiente e de promover o desenvolvimento econômico sustentável. Inciso VII: aqui iremos tratar de um instrumento da PNMA chamado de padrão de qualidade do meio ambiente, em que são medidos os estados de qualidade dos bens da natureza.

O objetivo geral da PNMA é preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental. Os objetivos específicos de implementação da PNMA estão no art. 4º.

Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:

I - à compatibilização do desenvolvimento econômico social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;

II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, do Territórios e dos Municípios;

III - ao estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;

IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologia s nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais;

V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de

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preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico;

VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;

VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados, e ao usuário, de contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

Inciso I: trata do desenvolvimento sustentável. Inciso V: educação ambiental, princípio da publicidade, princípio da informação (Lei 10.650/2003, que trata do acesso público às informações dos bancos de dados dos órgãos ambientais). Inciso VII: princípio do poluidor-pagador e do usuário-pagador.

O art. 6º trata da composição do SISNAMA. O art. 8º trata das competências do CONAMA.

O art. 9º traz um rol abstrato de instrumentos de implementação da PNMA. O art. 10 trata do licenciamento ambiental. Esses são os artigos mais importantes dessa lei.

Para a implementação da PNMA, foi criado o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). Ele é composto por órgãos e entidades ambientais de todas as esferas de governo. Sua atribuição é implementar a PNMA.

Art. 6º Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, assim estruturado:

I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990)

II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade de assessorar,

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estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990)

III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990) IV - órgãos executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes, com a finalidade de executar e fazer executar a política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, de acordo com as respectivas competências; (Redação dada pela Lei nº 12.856, de 2013) V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental; (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)

VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)

§ 1º - Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdição, elaborarão normas supletivas e complementares e padrões relacionados com o meio ambiente, observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA.

§ 2º O s Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais, também poderão elaborar as normas mencionadas no parágrafo anterior.

§ 3º Os órgãos central, setoriais, seccionais e locais mencionados neste artigo deverão fornecer os resultados das

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análises efetuadas e sua fundamentação, quando solicitados por pessoa legitimamente interessada.

§ 4º De acordo com a legislação em vigor, é o Poder Executivo autorizado a criar uma Fundação de apoio técnico científico às atividades do IBAMA. (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)

Inciso I: o Conselho de Governo é o órgão de cúpula do SISNAMA. Trata-se de um órgão que faz parte da estrutura direta da presidência da república e que é formado por todos os ministros de estado. A PNMA é formulada pelo presidente da república, e compete ao Conselho de Governo assessorar essa formulação na condição de órgão de cúpula do SISNAMA. Existe dentro da estrutura desse conselho uma câmara ambiental.

Inciso II: aqui nós temos um órgão colegiado muito importante que é o CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente). Os estados terão conselhos estaduais e os municípios terão conselhos municipais. O CONAMA entra aqui como órgão colegiado consultivo e deliberativo no âmbito do SISNAMA. O CONAMA assessora o Conselho de Governo. Suas competências administrativas estão no art. 8º. A sua principal atuação é uma atuação normativa, por meio da edição de resoluções. Essas resoluções tratam de diversos temas. Ele também tem competência para determinar a realização de estudos ambientais, para autorizar conversão de multas em serviços ambientais. Antes de começarmos o estudo do art. 8º, é importante mencionar que algumas de suas disposições estão desatualizadas, mas, caso apareça na prova a literalidade da lei, marcar como correta a opção.

Art. 8º Compete ao CONAMA: (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990)

I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA; (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)

II - determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das possíveis conseqüências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem assim a entidades privadas, as informações indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto ambiental, e

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respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradas patrimônio nacional. (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990)

III - (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009)

IV - homologar acordos visando à transformação de penalidades pecuniárias na obrigação de executar medidas de interesse para a proteção ambiental; (VETADO);

V - determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)

VI - estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante audiência dos Ministérios competentes;

VII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos.

Parágrafo único. O Secretário do Meio Ambiente é, sem prejuízo de suas funções, o Presidente do Conama. (Incluído pela Lei nº 8.028, de 1990)

Inciso I: competência normativa (para que o CONAMA baixe resoluções acerca do licenciamento ambiental). A principal é a Resolução CONAMA n° 237/97 (é a normatização do CONAMA sobre licenciamento ambiental). A parte final desse inciso está desatualizada, porque hoje temos autonomia das esferas de governo para promover licenciamento ambiental (se vier igual a letra da lei, marcar como verdadeira).

Inciso II: está parcialmente desatualizado, porque o CONAMA não é órgão ambiental licenciador. Na esfera da União, a entidade licenciadora é o IBAMA. Se copiarem e colarem na prova, considerar como correto. Inciso III: foi revogado em 2009 (colocava o CONAMA como última instância para julgar as multas do IBAMA em grau de recurso). Inciso IV: está desatualizado, pois o próprio IBAMA faz essa conversão. Inciso V: não está desatualizado (continua sendo assim). Inciso VI: para regulamentar o tema desse inciso,

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temos o PROCONVE (Programa Nacional de Controle da Poluição de Veículos Automotores). Inciso VII: caso polêmico, pois dá um poder normativo aberto ao CONAMA para editar normas para controle da poluição. Não raras as vezes, com base nesse inciso, as resoluções do CONAMA acabam criando deveres ambientais sem que uma lei (pelo menos não literalmente) tenha essa previsão. Mesmo sem ter uma lei específica vedando a importação de pneus usados, a resolução do CONAMA que estabelecia essa vedação foi mantida pelo STF (a vedação teria fundamentação diretamente na CF, no direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e no direito fundamente à saúde).

Voltaremos agora ao estudo do art. 4º e seus incisos. Inciso III: “Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República” foi extinta em 1992, sendo suas atribuições desempenhadas pelo Ministério do Meio Ambiente. Se tiver na prova, porém, alternativa dizendo que a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República é órgão central do CONAMA e não tiver nenhuma outra alternativa verdadeira, marque essa como correta porque você está diante de um examinador despreparado. O Ministério do Meio Ambiente fica apenas coordenando, supervisionando e controlando a implementação da PNMA. Inciso IV: sofreu uma alteração em 2013. Trata dos órgãos executores. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade foi inserido nesse inciso em 2013. A expressão órgãos nesse inciso é equivocada, pois se tratam de autarquias federais. O IBAMA tinha três funções administrativas principais: exercício do poder de polícia ambiental no âmbito da União; desenvolvimento da competência administrativa de licenciamento ambiental e gestão das unidades de conservação constituídas pela União. As duas primeiras funções continuam, mas a essa terceira função, em razão do surgimento, em 2007, de uma nova autarquia federal (Instituto Chico Mendes, que também é vinculado ao Ministério do Meio Ambiente), deixou de ser competência do IBAMA e passou a ser competência do Instituto Chico Mendes. Inciso V: órgãos seccionais são os órgãos e entidades do meio ambiente dos estados da federação e, por analogia, do DF.

Essas entidades do SISNAMA precisam de instrumentos para implementação. Aqui entra o art. 9º, que traz um rol meramente exemplificativo de instrumentos para a implementação da PNMA.

Art. 9º - São Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:

I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; II - o zoneamento ambiental; (Regulamento)

III - a avaliação de impactos ambientais;

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IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;

V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;

VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)

VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;

VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento de Defesa Ambiental;

IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.

X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)

XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzí-las, quando inexistentes; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989) XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais. (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)

XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

Inciso I: É possível definir os padrões de qualidade ambiental como o reflexo do estado ambiental de determinado ou determinados recursos ambientais, usualmente fixados numericamente em normas ambientais lastreadas em fundamentos técnicos, com o objetivo de manter o equilíbrio ambiental e a saúde humana. Para controlar qualitativa e quantitativamente, é comum que o poder público crie padrões de qualidade ambiental.

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Inciso II: temos o zoneamento ambiental. No Brasil, não há uma lei federal genérica para disciplinar o zoneamento ambiental (nós temos uma lei específica, mas que é muito pontual porque trata do zoneamento de indústrias). Nós nos utilizamos do Decreto Federal 4297/2002, que trata do zoneamento ecológico e econômico. Zonear é ordenar o território. O zoneamento ambiental se dá quando essa ordenação territorial se opera por meio de critérios que objetivam a proteção ao meio ambiente, a sua preservação e o desenvolvimento sustentável. As regras do zoneamento ambiental são vinculantes tanto para o setor público quanto para o setor privado. O Decreto 4297/2002 traz definição do zoneamento ecológico e econômico em seu art. 2º, vejamos:

Art. 2o O ZEE, instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas, estabelece medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população.

De acordo com o artigo 3º desse decreto, o ZEE tem por objetivo geral organizar, de forma vinculada, as decisões dos agentes públicos e privados quanto a planos, programas, projetos e atividades que, direta ou indiretamente, utilizem recursos naturais, assegurando a plena manutenção do capital e dos serviços ambientais dos ecossistemas.

O zoneamento ambiental é um instrumento de controle da poluição. Assim sendo, é possível concluir que União, estados, DF e municípios têm competência para o zoneamento ambiental. Ocorre que, na LC 140, em seu art. 9º (que trata das competências municipais) não há, pelo menos expressamente, competência dos municípios para promover zoneamento ambiental. A competência da União e dos estados é expressa (competirá à União, na forma do seu artigo 7º, inciso IX, elaborar o zoneamento ambiental de âmbito nacional e regional. Já os estados terão a incumbência de elaborar o zoneamento ambiental de âmbito estadual, em conformidade com os zoneamentos de âmbito nacional e regional). O professor defende que os municípios têm sim competência para elaborar zoneamento ambiental de âmbito local, embora não haja previsão expressa nesse sentido.

Inciso III: temos a avaliação de impactos ambientais (conhecida como AIA). Aqui pode ser entendida como sinônimo de estudos ambientais.

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Inciso IV: aqui foi previsto genericamente o licenciamento ambiental para qualquer atividade poluidora que possa gerar degradação ambiental, com regulamentação na Resolução do CONAMA n° 237/97.

Inciso V: investimentos e incentivos para a busca de tecnologias menos impactantes ao meio ambiente; tributação ambiental – utilização do caráter extrafiscal do tributo quer para inibir condutas poluidoras quer para fomentar condutas favoráveis à preservação ambiental.

Inciso VI: temos aqui três exemplos de unidades de conservação. Esse instrumento é tão importante que foi parar na CF (art. 225, §1º, III).

Inciso VII: temos aqui o SINIMA (Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente) = é um banco de dados mantidos na estrutura do ministério do meio ambiente e que é abastecido por todas as esferas de governo (embora na prática isso não funciona muito bem) para ajudar na formação das políticas públicas ambientais. Ele foi reforçado pelo Código Florestal de 2012 (um dos avanços desse código foi a criação de um cadastro ambiental rural – CAR = trata-se de um registro obrigatório para que todos os proprietários e possuidores rurais inscrevam as suas fazendas nesse CAR, sendo esse cadastro compulsório, sendo que esse cadastro faz parte do SINIMA – ver art. 29, Código Florestal).

Inciso VIII: existem dois cadastros técnicos federais, que na verdade constituem registro que deve ser feito no IBAMA, sendo que o primeiro deles é o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental = esse cadastro é obrigatório para que pessoas naturais ou jurídicas desenvolvam as atividades de consultoria ambiental, sendo que ele é regulado na própria Lei de PNMA no art. 17. O segundo cadastro técnico federal é para a pessoa física ou jurídica que vai desenvolver a atividade poluidora (é o cadastro técnico federal de atividades poluidoras ou utilizadoras de recursos ambientais) = está previsto no inciso XII e também é regulamentado no art. 17.

Inciso IX: sanções administrativas que serão impostas aos infratores (quer pessoas naturais quer pessoas jurídicas) pelo descumprimento das leis ambientais.

Inciso X: é o único que não foi regulamentado. É conhecido como RQMA (Relatório de Qualidade do Meio Ambiente) e deve ser divulgado anualmente pelo IBAMA. Até hoje ainda não saiu nenhum relatório de qualidade ambiental.

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Inciso XI: princípio da informação e Lei 10.650/03.

Inciso XIII: foi inserido em 2006. Instrumento econômico é aquele que demonstra a intervenção do Estado na economia. A concessão florestal é uma modalidade de concessão administrativa especial, em que o poder público (União, estados, DF e municípios) realiza uma licitação (sempre na modalidade concorrência, sendo proibida a inexigibilidade) para contratar pessoas jurídicas brasileiras consorciadas ou não para celebrar o contrato temporário concessão Florestal. Trata-se de uma exploração florestal sustentável, por meio do corte seletivo de árvores com um projeto de manejo florestal sustentável aprovado pelo órgão ambiental da respectiva esfera de governo. Essa concessão florestal é sempre temporária e só irá transferir o direito a empresa brasileira vencedora para a exploração sustentável das florestas públicas. Temos também a servidão ambiental, que é uma espécie de servidão administrativa, em que o prédio dominante é o interesse público ambiental. Pela servidão ambiental, o proprietário ou o possuidor de um imóvel urbano ou rural que possua recursos ambientais conservados ou pelo menos em processo de regeneração se quiser poderá constituir uma servidão ambiental, por meio da qual voluntariamente ele irá renunciar ao direito de explorar os recursos ambientais de sua propriedade ou de parte dela (ele quem irá definir o conteúdo da renúncia de exploração dos recursos ambientais de sua propriedade, mas a lei fixa um padrão mínimo

= mesmo regime de proteção das áreas de reserva legal). Essa servidão ambiental pode ser perpétua ou temporária. A temporária tem que ser de pelo menos 15 anos. A servidão deve ser registrada no cartório de imóveis por se tratar de um direito real. A servidão ambiental pode gerar o direito à cota de reserva ambiental (CRA) que é vendida inclusive em bolsa de valores. No antigo código florestal, existia uma servidão florestal, que era mais restrita que a servidão ambiental, porque a servidão ambiental abarca todos os bens da natureza e a servidão florestal apenas a vegetação. Com a extinção da servidão florestal, em razão da mudança do antigo para o novo código florestal, as antigas servidões florestais foram automaticamente convertidas em servidões ambientais. Os artigos 9º-A, 9º-B e 9º-C, da LPNMA trata da servidão ambiental.

Art. 9o-A. O proprietário ou possuidor de imóvel, pessoa natural ou jurídica, pode, por instrumento público ou particular ou por termo administrativo firmado perante órgão integrante do Sisnama, limitar o uso de toda a sua propriedade ou de parte dela para preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais existentes, instituindo servidão ambiental. (Redação dada pela Lei nº 12.651/2012)

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§ 2o A servidão ambiental não se aplica às Áreas de Preservação Permanente e à Reserva Legal mínima exigida. (Redação dada pela Lei nº 12.651/2012)

§ 3o A restrição ao uso ou à exploração da vegetação da área sob servidão ambiental deve ser, no mínimo, a mesma estabelecida para a Reserva Legal. (Redação dada pela Lei nº 12.651/2012)

§ 5o Na hipótese de compensação de Reserva Legal, a servidão ambiental deve ser averbada na matrícula de todos os imóveis envolvidos. (Redação dada pela Lei nº 12.651/2012)

§ 6o É vedada, durante o prazo de vigência da servidão ambiental, a alteração da destinação da área, nos casos de transmissão do imóvel a qualquer título, de desmembramento ou de retificação dos limites do imóvel. (Redação dada pela Lei nº 12.651/2012)

§ 7o As áreas que tenham sido instituídas na forma de servidão florestal, nos termos do art. 44-A da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, passam a ser consideradas, pelo efeito desta Lei, como de servidão ambiental. (Redação dada pela Lei nº 12.651/2012)

Art. 9o-B. A servidão ambiental poderá ser onerosa ou gratuita, temporária ou perpétua. (Incluído pela Lei nº 12.651/2012)

§ 1o O prazo mínimo da servidão ambiental temporária é de 15 (quinze) anos.

§ 2o A servidão ambiental perpétua equivale, para fins creditícios, tributários e de acesso aos recursos de fundos públicos, à Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN, definida no art. 21 da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000.

§ 3o O detentor da servidão ambiental poderá aliená-la, cedê-la ou transferi-la, total ou parcialmente, por prazo determinado ou em caráter definitivo, em favor de outro proprietário ou de entidade pública ou privada que tenha a conservação ambiental como fim social.

1. Licenciamento Ambiental:

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Previsão legal genérica para o licenciamento ambiental no art. 10, Lei 6.938/81. O licenciamento ambiental é promovido por todas as esferas do governo, já que todos os entes da federação possuem competência para controlar a poluição. O objetivo do licenciamento ambiental é controlar a poluição para mantê-la dentro dos padrões aceitáveis e adotar medidas de mitigação para reduzir o impacto ambiental negativo ao mínimo possível. Quando o projeto for inviável ou ilegal, teremos a negativa do licenciamento.

Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento ambiental. (Redação dada pela Lei Complementar nº 140, de 2011)

§ 1o Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão serão publicados no jornal oficial, bem como em periódico regional ou local de grande circulação, ou em meio eletrônico de comunicação mantido pelo órgão ambiental competente. (Redação dada pela Lei Complementar nº 140, de 2011)

A lei prevê excepcionalmente uma hipótese de atividade poluidora que pode ser desenvolvida sem licença ambiental, sendo que essa único caso está no novo Código Florestal: em razão da relevância e urgência, algumas atividades, em área de preservação permanente, podem ser desenvolvidas sem autorização ou licença ambiental (art. 8º, §3º, Código Florestal).

Art. 8º, §3º: É dispensada a autorização do órgão ambiental competente para a execução, em caráter de urgência, de atividades de segurança nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas à prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas.

O licenciamento ambiental é um procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente vai licenciar a localização, a instalação, a operação ou mesmo a ampliação de atividades poluidoras ou que possam gerar de alguma maneira uma degradação ambiental. Para regulamentar esse instrumento, temos a Resolução CONAMA n° 237/97.

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Art. 1º - Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições:

I - Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.

Essa resolução contém um anexo (meramente exemplificativo, podendo ser complementado pela legislação estadual e municipal) com as atividades que precisam de licenciamento ambiental. A LC 140/2011 também traz uma definição de licenciamento ambiental, sendo que uma definição não exclui a outra.

Art. 2o Para os fins desta Lei Complementar, consideram-se: I - licenciamento ambiental: o procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental;

O empreendedor tanto pode ser pessoa física quanto pessoa jurídica (inclusive pessoa jurídica de direito público).

Enquanto licenciamento ambiental é um procedimento administrativo, a licença ambiental é o ato administrativo praticado pelo órgão ambiental pelo qual ele irá deferir/reconhecer o direito de ampliar, instalar, localizar e operar um projeto. O art. 1º, Resolução CONAMA 237/97 também traz a definição de licença ambiental.

Art. 1º, II - Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais

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consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.

A competência para o licenciamento ambiental não se confunde com a competência para promover a fiscalização. A competência de uma esfera de governo não impede as demais de exercerem a fiscalização ambiental. Para evitar o duplo ou triplo sancionamento (o bis in idem), caso haja duplicidade ou triplicidade de autuações, irá prevalecer a autuação promovida pela esfera de governo que licenciou. Vejamos o art. 17, LC 140/2011:

Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização, conforme o caso, de um empreendimento ou atividade, lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo para a apuração de infrações à legislação ambiental cometidas pelo empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada.

§ 3o O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes federativos da atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere o caput.

O art. 17-B da Lei 6.938/81 institui a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA), cujo fato gerador é o exercício regular do poder de polícia conferido ao IBAMA para controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos naturais. Estados e municípios, caso exerçam efetivamente o poder de polícia ambiental também poderão cobrar suas taxas por meio de leis próprias.

AULA 3:

O regime jurídico da licença ambiental é sui generis (é diferenciado em comparação à tradicional licença administrativa). A licença ambiental não gera direito adquirido, ela tem precariedade. Em regra, nós temos um procedimento trifásico de licença ambiental (licença prévia, licença de instalação e licença de operação). A licença ambiental

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obrigatoriamente deve consignar prazo de validade. A licença ambiental, em regra, requer a apresentação de um estudo ambiental pelo proponente do projeto para subsidiar a sua concessão. Existem, como regra geral, três espécies de licenças ambientais. O procedimento é trifásico, podendo as licenças serem concedidas isoladas ou sucessivamente (a depender da atividade poluidora).

A primeira licença ambiental é a licença prévia (conhecida como LP). A segunda, chama-se licença de instalação (conhecida como LI). A terceira, é intitulada licença de operação (conhecida como LO). Essa procedimento é estabelecido dentro do art. 8º da Resolução CONAMA n° 237/97.

Se todo projeto apresentado pelo proponente estiver de acordo com a legislação ambiental, será deferida a LP. O projeto será aprovado, pronunciando-se a sua viabilidade ambiental; aprova-se a localização daquele projeto; contém condicionantes, que são exigências que deverão ser satisfeitas pelo proponente para que ele possa conseguir a próxima licença (que e a LI).

Art. 8º - O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças:

I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação;

II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante;

III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação.

Parágrafo único - As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo com a

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natureza, características e fase do empreendimento ou atividade.

O conteúdo jurídico da LI é basicamente liberar a implantação do empreendimento (apenas a implantação; ele ainda não poderá funcionar). Além de liberar a implantação do empreendimento, a LI terá novos condicionantes, que serão checados pelo órgão ambiental.

Somente após a expedição da LO, o empreendimento poderá entrar em funcionamento.

Em atividades de baixo impacto ambiental, afasta-se o procedimento trifásico para se conceder licença única, que alguns estados chamam de licença simplificada. Outra ressalva é que existem resoluções especiais para licenciamentos ambientais específicos.

Toda licença ambiental deve ter consignado p seu prazo de validade. Prazos de validade para as licenças ambientais contempladas dentro da Resolução CONAMA 237:

o O prazo máximo de validade da LP é de até 5 anos; o O prazo máximo da LI é de até 6 anos;

o A LO tem o prazo mínimo de 4 anos e o prazo máximo de 10 anos. Todos esses prazos são prorrogáveis.

A licença ambiental, antes de seu deferimento, vai exigir a apresentação pelo proponente do projeto de algum tipo de estudo ambiental. Temos o estudo ambiental que está na CF e é o mais complexo que é o estudo de impacto ambiental (só para atividades com grande grau poluidor, que a CF chama de significativa degradação ambiental). Quando o empreendimento é mais simples, é possível pedir um estudo ambiental mais simples, como um relatório ambiental, um diagnóstico ambiental, um plano de recuperação de área degradada e tantos outros.

Mesmo que o outorgado não tenha praticado nenhum ato ilegal e mesmo durante o prazo de validade, o órgão ambiental poderá unilateralmente suspender, alterar condicionantes ou, em situações extremas, cancelar licença ambiental. A legislação é totalmente omissa em relação ao dever ou não de indenizar nesses casos.

Art. 19. O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas

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