• Nenhum resultado encontrado

ESTUDOS DE CASO: O QUE MOSTRAM AS VISITAS AOS LOCAIS

No documento Avaliação do Plano Nacional de Leitura (páginas 42-50)

Contactos com o PNL no terreno

A realização de um conjunto diversificado de estudos de caso permitiu a captação directa do modo como o PNL estava a ser concretizado e experimentado no terreno, por parte das principais entidades nele envolvidas, no decurso do primeiro ano do Plano.

Foram efectuados 46 estudos de caso, em diversos pontos do país, junto de 17 escolas (sobre- tudo jardins-de-infância e escolas de 1.º e 2.º ciclos), 14 bibliotecas escolares, 7 bibliotecas públicas e 8 câmaras municipais. O Quadro 4.1 lista as entidades que foram objecto de estudos de caso.

Estes estudos de caso foram concretizados através de visitas prolongadas, e por vezes repetidas, às referidas entidades, ao longo do primeiro semestre de 2007.

As visitas incluíram a realização de entrevistas, individuais e de grupo, a professores de contacto com o PNL nas escolas, a outros professores e educadores, a professores coordenadores de bibliotecas escolares e a funcionários auxiliares destas bibliotecas, a bibliotecários responsáveis e outros técnicos de bibliotecas públicas, a vereadores e quadros superiores de câmaras municipais. Incluíram igual- mente procedimentos de observação directa e recolha documental, aplicados nas escolas (salas de aulas, espaços comuns), nas bibliotecas escolares e nas bibliotecas públicas. No Anexo III estão incluídos os principais instrumentos metodológicos usados nos estudos de caso: planos de visita, guiões de entrevista e protocolos de observação.

Conseguiu-se, deste modo, obter informação pormenorizada e contextualizada acerca da maneira como o Plano estava a ser visto e protagonizado pelos actores sociais mais directamente ligados ao seu desenvolvimento concreto a nível local.

Foram entrevistadas 125 pessoas, sobretudo individualmente mas por vezes também em peque- nos grupos: 84 em escolas (17 professores de contacto com o PNL nas escolas e 67 outros professores ou educadores), 19 em bibliotecas escolares (14 coordenadores de BE e 5 auxiliares), 9 em bibliotecas públicas (7 bibliotecários responsáveis e 2 técnicos) e 13 em câmaras municipais (4 vereadores e 9 quadros superiores).

Quadro 4.1

Identificação dos estudos de caso

(continua)

Concelho Tipo de Caso Entidade Entrevistas

Matosinhos

Escola EB 2,3 de Leça da Palmeira

Professora de contacto com o PNL;

10 Professoras (7 da escola e 3 de outras escolas do agrupamento)

Biblioteca Escolar Biblioteca Escolar da EB 2,3 de Leça da Palmeira

Coordenadora da BE; Auxiliar da BE Biblioteca Pública Biblioteca Municipal Florbela

Espanca Bibliotecária Responsável

Câmara Municipal Câmara Municipal

de Matosinhos Vereador da Cultura

Porto

Santa Maria da Feira

Escola EB 1/JI da Torrinha

Professor de contacto com o PNL; 2 Professoras – 1.º ciclo;

Educadora – JI Biblioteca Escolar Biblioteca Escolar da EB 1/JI

da Torrinha Coordenadora da BE

Câmara Municipal Câmara Municipal do Porto

Directora do Departamento Municipal de Bibliotecas;

Chefe da Divisão Municipal da Rede de Leitura;

Bibliotecária Responsável da BM Almeida Garrett;

Directora do Departamento Municipal de Educação e Juventude;

Chefe da Divisão Municipal

de Promoção da Infância e Juventude; Técnica da Divisão Municipal de Promoção da Infância e Juventude Escola EB1 de Santo António

(Rio Meão)

Professora de contacto com o PNL; 3 Professoras – 1.º ciclo Biblioteca Escolar Biblioteca Escolar da EB 1 de Santo António (Rio Meão) Coordenadora da BE

Biblioteca Pública Biblioteca Municipal de Santa Maria da Feira

Bibliotecária Responsável;

Responsável do Núcleo Pedagógico da BM/Técnica de Animação Cultural

Câmara Municipal Câmara Municipal de Santa Maria da Feira

Vereador da Educação, Cultura, Desporto e Juventude;

(continuação)

Concelho Tipo de Caso Entidade Entrevistas

Fundão

Sintra

Escola EB 2,3 Serra da Gardunha Professor de contacto com o PNL; 6 Professores

Biblioteca Escolar Biblioteca Escolar da EB 2,3 Serra da Gardunha

Coordenador da BE; Auxiliar da BE Biblioteca Pública Biblioteca Municipal Eugénio

de Andrade Bibliotecária Responsável Câmara Municipal Câmara Municipal

do Fundão Vereador da Cultura

Escola EB 1 n.º 3 do Cacém Professora de contacto com o PNL; 10 Professoras

Biblioteca Escolar Biblioteca Escolar da EB 1

n.º 3 do Cacém Coordenadora da BE

Oeiras

Escola EB 1 Sofia de Carvalho Professora de contacto com o PNL; 10 Professoras

Biblioteca Escolar Biblioteca Escolar da EB 1

Sofia de Carvalho Coordenadora da BE Biblioteca Pública Biblioteca Municipal

de Oeiras Bibliotecário Responsável

Lisboa

Escola EB 1/JI Vasco da Gama

Biblioteca Escolar Biblioteca Escolar da EB 1/JI Vasco da Gama

Professor de contacto com o PNL; Educadora – JI;

Professora – 1.º ciclo Professora – 2.º ciclo Coordenador da BE

Escola Colégio Moderno

Professora de contacto com o PNL; Professora – 1.º ciclo

Professora – 2.º ciclo;

Coordenador do Departamento de Português Escola

EB 1 do concelho de Lisboa (esta escola solicitou não ser identificada)

Professora de contacto com o PNL; 2 Professoras – 1.º ciclo

Escola Externato “O Casulo” (JI e 1.º ciclo)

Professora de contacto com o PNL; Professora – 1.º ciclo

Escola EB 2,3 Francisco de Arruda Professora de contacto com o PNL; 2 Professores – 2.º ciclo

Biblioteca Escolar Biblioteca Escolar da EB 2,3 Francisco de Arruda

Coordenadora da BE; Auxiliar da BE Escola EB 3/S Luísa de Gusmão

Professora de contacto com o PNL; Professor – 3.º ciclo;

Professor – Secundário Biblioteca Escolar Biblioteca Escolar da EB 3/S

Luísa de Gusmão

Coordenadora da BE; Auxiliar da BE

(continuação)

Os depoimentos destes actores sociais constituem elementos de avaliação particularmente importantes, traduzindo as perspectivas sobre o PNL de quem trabalha nas escolas, bibliotecas escolares, bibliotecas públicas e câmaras municipais, tal como essas perspectivas puderam ser recolhi- das, de maneira aprofundada e reflexiva, no contexto directo da actividade desses actores sociais e do seu envolvimento no Plano.

Concelho Tipo de Caso Entidade Entrevistas

Loures

Setúbal

Évora

Escola EscolaEB1/JI de Santo António dos Cavaleiros

Professora de contacto com o PNL; 2 Professores – 1.º ciclo;

Educadora – JI Biblioteca Escolar

Biblioteca Escolar da EB1/JI de Santo António dos Cavaleiros

Coordenadora da BE

Biblioteca Pública Biblioteca Municipal

José Saramago Bibliotecária Responsável

Câmara Municipal Câmara Municipal de Loures Directora do Departamento Sócio-Cultural

Escola EB 1/JI de Arcos

Professora de contacto com o PNL; 2 Professoras – 1.º ciclo;

Educadora – JI Biblioteca Escolar Biblioteca Escolar da EB 1/JI

de Arcos Coordenadora da BE

Câmara Municipal Câmara Municipal de Setúbal Responsável do SABE

Escola EB 2,3 André de Resende Professora de contacto com o PNL; 2 Professores – 2.º ciclo

Biblioteca Escolar Biblioteca Escolar da EB 2,3 André de Resende

Coordenadora da BE; Auxiliar da BE

Biblioteca Pública Biblioteca Pública de Évora Bibliotecário Responsável Câmara Municipal Câmara Municipal de Évora Vereadora da Educação

Beja

Loulé

Escola EB 1/JI n.º 1 de Beja

Professora de contacto com o PNL; Responsável do Conselho Executivo; 2 Professoras – 1.º ciclo;

Educadora – JI Biblioteca Escolar Biblioteca Escolar da EB 1/JI

n.º 1 de Beja Coordenadora da BE Biblioteca Pública Biblioteca Municipal

José Saramago

Bibliotecário Responsável; Responsável do SABE Escola EBI de Salir

Professora de contacto com o PNL Educadora – JI

Professora – 1.º ciclo Biblioteca Escolar Biblioteca Escolar da EBI

de Salir Coordenadora da BE

Os estudos de caso pormenorizados, incluindo registos relativos a todas a dimensões de análise e transcrições ilustrativas das passagens mais significativas das entrevistas, encontram-se no Anexo III. De seguida, sintetizam-se os principais denominadores comuns e os traços mais salientes encontrados nesses depoimentos.

Escolas e Bibliotecas Escolares

Numa perspectiva de conjunto, estes estudos de caso permitiram verificar que nas escolas e bi- bliotecas escolares a opinião geral acerca do PNL é bastante positiva.

Foi muito sublinhada a importância de ser lançada uma iniciativa deste género num país com reconhecidas carências de leitura e literacia.

No plano da actividade escolar relativa à leitura, foram destacados aspectos como os de o PNL: • ter proporcionado a aquisição de livros e ter possibilitado a sua presença alargada nas salas

de aula, o contacto físico dos alunos com eles e a leitura orientada;

• ter incentivado uma maior organização e formalização das práticas de leitura realizadas na escola, as quais tendiam antes a ser menos intensas e a estar mais dispersas;

• τer consolidado e difundido boas práticas já anteriormente desenvolvidas por algumas escolas e alguns professores;

• ter implicado maior responsabilização dos professores e suscitado maior criatividade e dina- mismo nas escolas.

Complementarmente, as listas de livros sugeridas pelo PNL foram, de um modo geral, julgadas úteis para professores e pais, nomeadamente para a orientação das leituras, para a descoberta de obras e, mesmo, para os contactos com editoras.

Foi também referido ter o Plano estimulado maior colaboração entre professores e maior arti- culação entre áreas disciplinares, assim como ter tido repercussões positivas em actividades como o es- tudo acompanhado, a área de projecto e as aulas de substituição.

Outros dois aspectos mereceram sublinhado especial nas perspectivas sobre o PNL expressas pelos diversos actores sociais ouvidos pormenorizadamente no decurso dos estudos de caso.

Esses aspectos em destaque são os seguintes:

• o papel crucial das bibliotecas escolares (BE) e da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) no de- senvolvimento do PNL nas escolas;

• o efeito de atenção pública e legitimação social que o Plano veio trazer à leitura e à literacia, e às actividades desenvolvidas na respectiva promoção.

O primeiro ponto diz respeito às condições internas de geração e sustentação das actividades do PNL na esfera escolar (suporte organizacional).

O segundo ponto tem a ver com as condições externas, isto é, com a criação de um clima social mais favorável ao reconhecimento da importância da leitura e da literacia, e, por conseguinte, mais propício às actividades prosseguidas a esse respeito (envolvente social).

São, pois, dois aspectos que se situam em planos distintos, mas que foram ambos objecto de refe- rência generalizada e atribuição de importância elevada na avaliação destes actores sociais sobre o Plano. A relação previamente existente de professores e alunos com as bibliotecas escolares, conside- rada em geral bastante positiva, foi referida como um elemento favorável ao desenvolvimento do PNL nas escolas.

Além disso, nas entrevistas foi salientado o papel dos coordenadores das bibliotecas escolares na promoção e organização das actividades do Plano, assim como o conjunto de apoios a essas actividades proporcionado pela estrutura e pelos técnicos da Rede de Bibliotecas Escolares.

Pelo seu lado, o próprio PNL contribuiu para o reforço das bibliotecas escolares e das relações de professores e alunos com elas, segundo a apreciação de parte considerável dos entrevistados.

Também mereceram referências positivas as colaborações das bibliotecas públicas municipais, designadamente dos seus serviços de apoio às bibliotecas escolares (SABE). Foram observados, em geral, um incremento e uma consolidação de relações pré-existentes.

Num outro plano, como se referiu, foi considerado particularmente importante, praticamente por todos os entrevistados, o facto de o PNL ter proporcionado maior visibilidade e atenção pública à leitura e maior legitimidade à sua promoção.

Importa sublinhar o destaque dado pelos diversos interlocutores dos estudos de caso a este aspecto na sua apreciação do Plano. Segundo eles, o PNL veio aumentar o interesse público pela leitura e a li- teracia, o sentimento social da sua relevância nos dias de hoje, a valorização das actividades e dos agen- tes da sua promoção, e até mesmo, em certa medida, a disponibilidade de participação nessas actividades. Em conexão com este aspecto de visibilidade e aceitação pública, a marca Ler+foi referida muito apreciativamente.

Em termos de concepção, foi julgado positivo que o PNL:

• se tivesse posicionado em continuidade com algumas boas práticas já antes desenvolvidas em algumas escolas e por alguns professores;

• procurasse fornecer meios e informação que ajudassem ao reforço e generalização dessas boas práticas;

• tivesse colocado no cerne das suas actividades a leitura orientada em sala de aula.

Os professores consideram, em geral, que a leitura orientada em sala de aula pode, efectivamente, melhorar tanto as competências de leitura dos alunos como a sua relação afectiva com os livros e o seu interesse por eles.

Foram ainda valorizadas muito positivamente realizações como a Semana da Leitura, instrumentos como o sítio electrónico do PNL e, mesmo, as visitas de avaliação.

Aspectos menos positivos apontados por alguns professores incluem referências: • a atrasos na comunicação de iniciativas;

• à não inclusão de algumas escolas nos apoios financeiros; • a dificuldades na gestão dos tempos de leitura;

• a uma utilização do sítio electrónico do PNL pouco generalizada entre professores (só prati- cada em muitos casos pelo professor de contacto com o PNL);

• à articulação por vezes limitada entre escolas a nível de agrupamento;

• a uma certa instabilidade ou insuficiência dos recursos humanos de parte das bibliotecas escolares.

Também surgiram algumas críticas às listas de livros sugeridos no sítio electrónico do PNL: não tanto à existência das listas, cuja utilidade foi reconhecida generalizadamente, mas à presença ou ausência de certos títulos em concreto (aludindo-se, por vezes, à preferência por outros critérios). Em várias escolas, alguns professores fizeram questão de salientar que já desenvolviam antes actividades de promoção da leitura de algum modo análogas às sugeridas pelo PNL. A essa observa- ção vinha associado um sentido valorativo de algum modo ambivalente relativamente ao Plano.

Por um lado, poderia sugerir implicitamente alguma redundância ou mesmo inutilidade do PNL, face a professores que já fariam o que haveria de essencial a fazer no domínio da leitura. Mas, mesmo nesses casos, eram apontados aspectos positivos ao Plano; no mínimo, aspectos como o apoio finan- ceiro à aquisição de livros ou como a criação de um clima social amplo mais favorável à leitura.

Por outro lado, e em sentido valorativo contrário, a referida observação poderia sugerir o apreço pelo facto de o Plano se ter inspirado em boas práticas desenvolvidas anteriormente com êxito por alguns professores e algumas escolas. Em muitos casos, efectivamente, essa linha de continuidade, reforço e alargamento relativamente a boas práticas já antes experimentadas foi considerada de maneira muito positiva.

Tal aprovação vinha frequentemente acompanhada de referências bastante favoráveis relativa- mente ao facto de, deste ponto de vista, o Plano representar uma perspectiva de consolidação, difu- são e potenciação dessas boas práticas. Vinha muitas vezes acompanhada, igualmente, da menção a outros aspectos em geral considerados positivos no Plano, nomeadamente os apoios financeiros, as sugestões disponibilizadas (no sítio electrónico), os eventos (como a Semana da Leitura) ou a contri buição para um ambiente social mais atento à leitura e interessado na sua promoção.

Finalmente, do ponto de vista das recomendações, a que mais se destacou foi, sem dúvida, a de dar continuidade a este tipo de planos, programas e acções – continuidade a que é atribuída, de maneira generalizada, uma importância decisiva.

Bibliotecas Públicas e Câmaras Municipais

Nos contactos com as bibliotecas públicas e as câmaras municipais encontrou-se a mesma sinto- nia generalizada com os objectivos e a oportunidade do PNL.

Também para os entrevistados nestes contextos, como para os das escolas e bibliotecas escolares, essa oportunidade do Plano, e a sua importância, encontram especial justificação nos baixos níveis de leitura e literacia do país.

A prioridade dada pelo PNL aos mais jovens e às escolas merecem também aprovação por parte dos agentes contactados nestes estudos de caso.

Do mesmo modo, foi por eles destacado como muito positivo o efeito de visibilidade e legiti- mação públicas relativamente à leitura trazido pelo Plano.

Tanto as bibliotecas públicas como as câmaras municipais declaram-se empenhadas na promo- ção da leitura.

As bibliotecas públicas sentem, em vários casos, que poderiam ter sido mais directamente asso- ciadas ao PNL.

Salientam que desenvolvem habitualmente iniciativas de promoção da leitura e de colaboração com as escolas. O seu maior envolvimento no Plano poderia talvez traduzir-se em maior inovação e coordenação de esforços.

Consideram que poderiam ser ajudadas a utilizar instrumentos mais adequados de avaliação das actividades que desenvolvem e dos seus impactos nos níveis de literacia e nas práticas de leitura da população.

Apelam a que os apoios financeiros das câmaras municipais à leitura nas escolas, estabelecidos nos protocolos entre estas e o PNL, não tenham como contrapartida a redução do financiamento às bibliotecas públicas. Em certos casos, consideram que esses recursos são já relativamente escassos (noutros casos, não).

De um modo geral, em termos de recomendações, nas bibliotecas públicas e nas câmaras muni- cipais salienta-se, sobretudo, como nas escolas e bibliotecas escolares, a importância da continuidade e sustentabilidade dos planos e programas dirigidos à promoção da leitura.

5. BARÓMETRO DE OPINIÃO PÚBLICA: AS ATITUDES DOS PORTUGUESES

No documento Avaliação do Plano Nacional de Leitura (páginas 42-50)

Documentos relacionados