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Capítulo II- Fundamentação teórica

5. Estudos empíricos

Este ponto tem como objetivo apresentar e discutir ideias de alguns estudos empíricos que evidenciam similaridades com este. A presente investigação tem como foco a compreensão do desempenho e das atitudes dos alunos no âmbito das isometrias, através de um trilho matemático virtual, realizado com o Google Maps. Em Portugal, os estudos empíricos que envolvam o Google Maps, como suporte para a aprendizagem das isometrias são inexistentes. Esta aplicação tem inúmeras utilizações em diversas áreas, inclusive na Matemática, mas é mais evidente a sua ligação à Geografia, devido às potencialidades que evidencia na utilização de mapas, escalas e tarefas de orientação. Porém, existem estudos centrados na realização de trilhos matemáticos virtuais através de outras aplicações tecnológicas como o GPS ou o MathCityMap (MCM). MCM é uma aplicação disponível nas plataformas digitais (Play Store ou Apple Store) que identifica o local onde o utilizador se encontra a partir do GPS do dispositivo móvel que permite criar trilhos matemáticos automáticos, marcando várias estações de paragem com tarefas matemáticas para resolver. Este aplicativo foi criado e desenvolvido dentro pelo grupo de trabalho MATIS 1 no Instituto de Ensino de Matemática e Ciência da computação na Universidade de Frankfurt am Main Goethe.

Neste seguimento, em pesquisas realizadas foram identificados três estudos considerados relevantes dada a proximidade com o presente estudo.

O primeiro foi realizado em 2018 por um grupo de trabalho na Indonésia, na cidade de Semarang, envolvendo 30 estudantes do 2.˚ ciclo (Fessakis, Karta & Kozas, 2018). O objetivo do estudo foi explorar o potencial do uso da tecnologia móvel através da aplicação MathCityMap, na aprendizagem da matemática. Nesta aplicação as tarefas estavam associadas a um mapa digital, cada uma continha uma pergunta breve, informações sobre o objeto, as ferramentas necessárias para a resolução, sugestões de resposta, caso necessário, e a opção de feedback sobre as respostas dadas. Os alunos envolvidos realizaram um trilho matemático na cidade com a aplicação MathCityMap. A aplicação continha treze trilhos à escolha com um total de oitenta e sete tarefas matemáticas ao ar livre na cidade de Semarang. A recolha de dados foi realizada a partir da observação do trabalho dos alunos e através de entrevistas. Concluíram que o uso da tecnologia, neste

52 caso os telemóveis, na realização de trilhos matemáticos promoveu a aprendizagem da matemática e o compromisso dos alunos com a disciplina. Concluíram também que a aplicação móvel pode desempenhar um papel fundamental nas capacidades de orientação e autonomia dos alunos neste tipo de atividades visto que a aplicação dispunha de: recursos de navegação, botões de ajuda e feedback direto. As dificuldades retratadas envolviam objetos ou situações particulares que estariam desatualizadas na cidade.

O segundo estudo que se apresenta foi realizado em 2016 na Universidade de Barcelona por duas alunas brasileiras do Rio Grande do Sul (Breda & Humme, 2016).Teve como finalidade apresentar uma proposta de ensino e aprendizagem sobre a geometria plana, incidindo principalmente nas relações de paralelismo, perpendicularidade, retas concorrentes, proporcionalidade e ângulos, com uma turma do 7. ˚ ano de escolaridade de um colégio da cidade de Porto Alegre. O principal recurso utilizado foi o Google Maps através de tablets. As investigadoras procuraram aproximar a realidade geográfica de cada aluno com o ensino da geometria plana utilizando um recurso tecnológico. Desta forma os alunos foram capazes de estabelecer relações de alguns conceitos geométricos com o lugar onde moravam. As autoras defendem que o Google Maps possibilitou que os alunos observassem a área da sua residência, medissem distâncias, identificassem percursos com foco nas formas e transformassem medidas (escalas). As dificuldades identificadas foram a nível tecnológico, ou seja, em relação à utilização e às limitações do tablet. Os alunos também demonstraram dificuldades em representar no papel aquilo que estavam a observar devido à complexidade do mapa. As autoras concluíram que as tarefas que envolviam a tecnologia e recursos pouco usados na sala de aula, como o tablet, despertam o interesse dos alunos, pelas suas potencialidades gráficas. A partir do uso da tecnologia foi possível estimular a criatividade, a concentração, a relação entre a localização real e a localização virtual e, consequentemente, estimular a relação e associação da realidade com conceitos relacionados com a geometria.

O terceiro estudo foi apresentado em 2015, por um aluno da Universidade Federal de Alagoas na cidade de Maceió no Brasil (Brito, 2015). Incidiu numa turma do 1.˚ ano, numa turma de 2.˚ ano e numa turma do 3.˚ ano do 1.˚ ciclo. Nesta investigação foi utilizada a aplicação Google Earth para apresentar tarefas matemáticas que consistam na resolução

53 de problemas através de imagens terrestres retiradas da aplicação, com foco nos temas: números e funções, geometria e medida e análise de dados. Todas as tarefas apresentavam uma vertente social que consistia em relacionar conceitos matemáticos com o quotidiano e práticas sociais. Foi concluído que este recurso digital contribuiu de forma significativa para a melhoria do ensino e aprendizagem da matemática e para aproximar o ambiente escolar às formas contemporâneas dos princípios científicos.

Para além destes trabalhos, também é importante destacar um conjunto de estudos empíricos, realizados no 2.˚ CEB, centrados na aprendizagem de conceitos geométricos com recurso a um trilho matemático (Castro, 2015; Madalena, 2018; Oliveira, 2018; Soares, 2020).Houve um conjunto de resultados similares no que refere à identificação da entreajuda entre os alunos, o gosto pela matemática, a confiança e envolvimento na resolução das tarefas, muito devidos ao contexto não formal do trilho matemático. Foram também identificadas algumas dificuldades na resolução de algumas tarefas pelo facto de alguns conceitos geométricos não estarem completamente interiorizados.

Também a investigação concretizada por Fernandes (2019) tinha como objetivo trabalhar a resolução de tarefas matemáticas em contextos não formais de aprendizagem com uma turma do 3.˚ ano. A autora procurou compreender o desempenho e o envolvimento da turma na realização de três trilhos matemáticos. Optou por uma investigação de carácter qualitativo, na modalidade de estudo de caso. A recolha de dados foi realizadas a partir de observações, questionários, entrevistas, registos de áudio e fotográficos. Conclui-se que, ao longo das resoluções das tarefas, os alunos foram capazes de superar algumas dificuldades, como por exemplo, a compreensão dos enunciados. Os alunos demonstraram um envolvimento com balanço positivo, mostrando evidencias de atenção, esforço e persistência. De forma a finalizar, a autora afirma que os trilhos contribuíram positivamente para o desenvolvimento do raciocínio dos alunos na resolução das tarefas, a comunicação matemática dos mesmos, a criação de conexões com o meio envolvente, a colaboração entre eles, a sua autonomia e orientação no espaço.

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