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Capítulo I: Inclusão Sociodigital

1.3 Estudos referenciais das iniciativas investigadas

Há uma vasta bibliografia sobre as características e os resultados de experiências sobre inclusão digital. Para representar minimamente o cenário mundial, foram tomados como referência três estudos, visando fundamentar o mapeamento das iniciativas de inclusão digital da cidade de Cuiabá. Os estudos são:

a) o projeto "Soluções de Telecomunicações para Inclusão Digital", do CPqD;

b) o livro de Mark Warschauer "Tecnologia e Inclusão Social: a exclusão digital em debate”;

c) e os livros “Claves de la Alfabetización Digital” (de Rafael Casado) e “Las redes de Telecentros en España: una historia por contar” o levantamento encomendado pelo governo de Astúrias, na Españnha, de Rubio (2007).

a) O estudo do CPqD

O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações apresentou, em 2006, o projeto "Soluções de Telecomunicações para Inclusão Digital" (STID), com o objetivo de se tornar referência metodológica no planejamento de soluções de telecomunicações aos futuros projetos governamentais de inclusão digital no Brasil. Além disso, o projeto visava mapear os tipos de serviços oferecidos e a infra-estrutura disponível para atender aos usuários. Entre as experiências de inclusão digital, internacionais e nacionais, detectadas, foram selecionadas as que

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apresentaram soluções inovadoras em algum nível de inclusão. (TAMBASCIA et al, 2006a; MARQUES et al, 2006)

Os níveis representam as barreiras a serem ultrapassadas para a promoção da inclusão digital. Hierarquicamente, são: acesso à infra-estrutura computacional e de rede (disponibilidade de acesso); superação das limitações cognitivas, físicas, motoras e psicológicas dos usuários (usabilidade e acessibilidade); adaptação dos conteúdos e interfaces da realidade cultural e lingüística da comunidade (Inteligibilidade); apoio de acesso ao conteúdo e produção de obra multicultural (sociedade informacional). As Soluções de Apoio e Gestão à inclusão digital perpassam os diferentes níveis e dinamizam o processo de inclusão. (TAMBASCIA et al, 2006a)

Figura 1.1

Barreiras à Inclusão

Fonte: Tambascia et al, 2006ª

As inovações observadas nas experiências, de projeto STID foram classificadas quanto a: produto (gera novo produto ou melhora de produto já existente para atender a clientela); método ou processos (nova articulação de recursos ou procedimentos que proporcionam alteração interna na iniciativa); gestão (mudanças gerenciais, organizacionais ou estratégicas). As inovações detectadas na experiência foram estruturadas em três categorias: incremental (aprimoramento de características das experiências); distinta (atributos que inserem novas características ou funções); e ruptura (diferenciação significativa das características para atender a uma demanda) (MARQUES et al, 2006: 10).

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O projeto STID constatou baixa pontuação no nível de usabilidade e acessibilidade nas iniciativas investigadas, sendo que mais da metade destas foram idealizadas para atender especialmente aos portadores de deficiências20.

b) Estudo de Mark Warschauer;

O trabalho de pesquisa do professor e pesquisador Mark Warschauer foi realizado em diferentes países e áreas desenvolvidos ou em desenvolvimento, como, China, Índia, Brasil, Estados Unidos, Egito, Finlândia, Irlanda e Havaí. Entre os resultados, a pesquisa mostra que inclusão digital não é apenas ter acesso aos recursos tecnológicos, mas depende diretamente dos esforços coletivos da sociedade civil, de empresas e dos governos.

Warschauer avança no debate sobre inclusão digital, ampliando a discussão sobre as TICs na sociedade.

O acesso significativo às TICs abrange muito mais do que meramente fornecer computadores e conexões à Internet. Pelo contrário, insere-se num complexo conjunto de fatores, abrangendo recursos e relacionamentos físicos, digitais, humanos e sociais. Para proporcionar acesso significativo a novas tecnologias, o conteúdo, a língua, o letramento, a educação e as estruturas comunitárias e institucionais devem todos ser levados em consideração. (WARSCHAUER, 2006:21).

c) Os estudos feitos na Espanha

O levantamento “Las Redes de Telecentros en España” é referência às imersões e reflexão sobre os programas de inclusão digital nesse país. Esse trabalho traz importantes informações sobre como, onde e por que constituir Telecentros. Ele apresenta um panorama das principais iniciativas espanholas de inclusão digital, os diversos estágios de formação, os principais obstáculos, a dinâmica de superação das dificuldades cotidianas dos Telecentros. Esse levantamento tem como objetivo “presentar el teletrabajo como una solución para muchos de los

20 Relação das alternativas de inclusão digital no Brasil

mapeadas pelo projeto STID: Casa Brasil, Cidadão Digital, Comitê para Democratização da Informática (CDI), Comitê para Popularização da Informática, CorreiosNet, EducaRede de Telefonia, Estação Futuro, Garagem Digital, Gesac, Infocentro_Acessa São Paulo, Ouro Preto: Cidade Digital, Piraí Digital, Programa de Inclusão Digital do Banco do Brasil, Rede Floresta – Topawa’Ka, Rede Jovem, Rede SACI, Saúde e Alegria da Amazônia, Telecentro Informação e Negócio, Telecentro Instituto Efort, Telecentro Para Deficientes (Curitiba), Telecentros Prefeitura de SP e Tele CEU.

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problemas de aislamiento o de falta de comunicación que se localizaban en la zonas rurales y en las que estaban más alejadas de los núcleos urbanos” (RUBIO, 2007: 8).

A finalidade do Telecentro apresentada por Rubio (2007) norteia este trabalho de dissertação, pois o autor entende que, na maioria dos casos, os Telecentros contribuem para o desenvolvimento social, econômico e cultural da região em que se encontram instalados. Entende-se por Telecentro um espaço público, gratuito, com equipamentos conectados à rede mundial e com pessoas dedicadas ao gerenciamento, atendimento aos usuários e planejamento de atividades que proporcionem conhecimento.

Existem cerca de 4.500 pontos de acesso às TICs gratuitos na Espanha. Destacam-se os projetos: Kzgunea do governo Basco; Xarxa de Telecentres da Catalunya; Cibercentros de Castilla e Leon; Guadalinfo; Nuevos Centros del Conocimiento de Extremadura; Instituto Tecnológico de Aragon; Red de Telecentros de Cantabria; Red.es en Valor; e Red de Telecentros Rurales.

Reservando destaque às iniciativas de Guadalinfo e Extremadura:

a) Guadalinfo

Espaços públicos de livre acesso às TICs: aí os cidadãos e as organizações sócias dispõem de computadores conectados à Internet, para que aprendam, conheçam, experimentem o que as TICs possibilitam. A comunidade define esse espaço como: “una herramienta de aprendizaje al servicio de la sociedad, que es mucho más que solo un lugar físico o una sala de ordenadores”; “Un centro de reunión y contacto de diferentes colectivos donde se generan iniciativas alrededor de las TICs, se intercambia información y se difunde en Internet la cultura local y regional.”; ou ainda, “ Un espacio físico y virtual, libre y social” (RUBIO, 2007:28).

b) Extremadura21

O Nuevos Centros del Conocimiento (NCC ) desenvolve o Plano de Alfabetização Tecnológica y Software Livre de Extremadura. É considerado uma ação estratégica para aproximar e capacitar a população desfavorecida (imigrante, idosos, deficientes, desempregados, mulheres e jovens excluídos) para o uso das TICs. O NCC possui uma metodologia inovadora denominada de “participação tecnológica”.

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