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Inclusão Sociodigital segundo as entidades mapeadas

Capitulo III: Um olhar sobre questões cruciais das entidades mapeadas

3.2 Inclusão Sociodigital segundo as entidades mapeadas

Foi identificada uma considerável diversidade de focos nas diferentes iniciativas mapeadas, o que pode ser considerado um processo natural, afinal, existem entidades com ações de Inclusão Sociodigital com objetivos distintos. O interessante é que as definições de Inclusão Digital informadas convergem às apresentadas no capítulo I desta dissertação.

O quadro 3.1 apresenta as definições de Inclusão Digital apresentadas na ocasião da entrevista segundo as respectivas iniciativas.

Quadro 3.1 Definições de inclusão digital das entidades mapeadas

Iniciativa de ID Entrevistado (Função) Definição de ID apresentada pelos responsáveis

AACC

Nancy Aparecida da Silva Dallagnon

(Orientadora Pedagógica)

“É a maneira de incluir uma população aos meios atuais de comunicação. Acreditamos ser também uma ferramenta de terapia e de comunicação com a família. Existem crianças que querem saber mais sobre sua doença, e usam a Internet como ferramenta de pesquisa.”

HOSPITAL DO

CÂNCER Silvia “Para estas crianças do hospital é ter acesso à Internet, à pesquisa, a jogos e bate papo”. HOSPITAL

JÚLIO MÜLLER

Rosa Lúcia Pereceu (Coordenadora e

Professora)

“Processo de inserção do sujeito no mundo da Tecnologia da Informação e Comunicação, trazendo também a inclusão social”. INSTITUTO DOS CEGOS Maria Aparecida Lima. (Professora)

“Para mim a inclusão digital é fazer com que o cego participe desta nova tecnologia, usufrua desta tecnologia como todas as outras pessoas não deficientes. A inclusão digital foi muito importante para todos os segmentos da sociedade”.

AlimeMTo Dinaura Batista (Coordenadora) “Quando o maior número de pessoas, independente da classe social, é capaz de utilizar a tecnologia”.

AGOSTINHO COLLI Tereza Rosário de Arruda (Coordenadora e Voluntária da ONG Moradia e Cidadania)

“É proporcionar acesso à tecnologia e faz parte da inclusão social”.

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Continuação do Quadro 3.1 Definições de Inclusão Digital das entidades mapeadas CASA DA

UNIÃO

José Ricardo da Costa Campos

(Professor)

"Dá oportunidade ao jovem com menos recursos financeiros de conhecer o que é um micro e de saber que podemos conhecer o mundo através desta máquina, via Internet”. ESPAÇO

VITÓRIA

Erlon Bispo

(Coordenador) Em entrevista o coordenador não definiu o que é inclusão digital, porque [...] acredita que a expressão limita ou disfarça uma questão muito mais ampla, - a inclusão do cidadão como pessoa portadora de direitos.

FUNDAÇÃO BRADESCO

Marcos da Senna (Diretor da Fundação

Bradesco MT)

“É a responsabilidade com a formação plena do cidadão, com a evolução tecnológica. Nós não podemos permitir que os nossos alunos saiam daqui sem esta formação, para poder enfrentar o novo mercado. É a inclusão social andando em paralelo com a inclusão digital. Na verdade estamos preparando o cidadão para o mundo”.

ORATÓRIO

Carolina Cristina Garcia do Nascimento.

(Secretária)

“Promover o acesso ao meio de comunicação, isto é, ao aprendizado de como acessar o computador”.

PALÁCIO DA INSTRUÇÃO

Maria Auxiliadora

Campos É possibilitar o acesso à navegação ao maior número de pessoas, que não teriam normalmente esta oportunidade.

SÃO GONÇALO

Tatiana Ribeiro Bueno (Assistente Social)

“É uma oportunidade para as pessoas carentes. Hoje o mundo está todo informatizado e quem não está dentro desta

globalização, está fora do mercado de trabalho. Excluído do supermercado e por não saber olhar os preços nas

maquininhas, de ir ao banco e não saber tirar o extrato da conta [...]. O curso de computação vem dar esta oportunidade e é essencial a tudo que acontece no mundo”.

Professor Irênio Amaro da Silva. (Idealizador do Projeto e Representante da Comunidade)

“É um processo em que criamos uma oportunidade de acesso à informação e que a pessoa aprende não só a se comunicar com a máquina, mas com o mundo através da Internet, com outras comunidades”.

Henrique Barros (Professor e Diretor

do CEFETMT)

“É a oportunidade de você colocar as pessoas em contato com a máquina. [...] de colocar as pessoas que têm medo do computador de desenvolverem ali algum tipo de trabalho ou mesmo de se comunicarem. Nós dizemos que o mundo hoje é plano, no mesmo instante que está acontecendo alguma coisa no Japão, o mundo todo esta sabendo em tempo real”. Professora Mirian Ross Milani (Coordenadora do projeto CEFET Cidadão de Inclusão Digital)

“Ofertar a qualquer pessoa oportunidade de conhecer uma linguagem informatizada e com isso ter oportunidade de transformar a sua vida. [...] no sentido de sucesso profissional e principalmente pessoal”. CEFET CIDADÃO Priscila voluntária nas aulas de Informática. Atua na área de jornalismo.

“É estar seguro para desempenhar aquela atividade que o mercado exige. Inclusão digital para mim é inclusão social e o mercado exige o respeito um com outro, capacidade para dar solução aos problemas [...] O programa oferece e dá

oportunidade de preparação destes alunos”. CORAÇÃO

IMACULADO DE MARIA

Clóvis da Conceição

(Professor) “Levar o ensino digital para as pessoas que não têm acesso à informática”. Fonte: Elaboração Própria, julho 2008.

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Continuação do Quadro 3.1 Definições de inclusão digital das entidades mapeadas IMAR (Prof. e presidente Edson Miranda.

IMAR)

É mostrar para aquela pessoa que a inclusão digital é saber, que poderá ser utilizada em favor da sociedade e dela mesma.

UFMT Josiel M. Figueiredo. (Professor e Membro do FIDMT)

“É um programa que atende e insere as pessoas carentes a esta nova tecnologia: é uma oportunidade”.

BIMETAL Fernan Hudson (Analista de Sistemas)

“É a oportunidade para algumas pessoas que não teriam acesso a este serviço, ou por tempo ou por condição financeira é a informação ao alcance de todos”.

MICROSIGA Kelly Patrícia Delmendes. (Coordenadora)

“É poder colocar estes jovens dentro do mercado de trabalho na verdade, é proporcionar mais oportunidade no mercado de trabalho”. MODELO Daniela Cristina Gonçalves. (Recursos Humanos do Modelo)

É a pessoa ter pelo menos conhecimento mínimo e a partir disso, poder concorrer a uma vaga de emprego. Inclusão digital é uma questão de sobrevivência.

TODIMO

Ediberg de Britto Junior (Funcionário do RH)

“Inclusão digital é fazer o seu papel na sociedade, através do desenvolvimento de pessoas”. TV CENTRO AMÉRICA Soraya M. Q. Salvador. (Professora desde 2000)

“É a possibilidade de todas as pessoas estarem por dentro desta nova tecnologia, saber acessar a Internet e inserir-se no mundo que estamos vivendo atualmente”.

ESCOLA DA FAMÍLIA Ana Maria de Figueiredo. (Supervisora da Região Norte)

“Criar a possibilidade para que todos tenham o mesmo acesso à informação”. FIDMT Laura Cristina Montes Soares Boaventura. (Representante do FIDMT)

“É a inserção de pessoas dentro dessa nova sociedade que se formou com a chegada da tecnologia.”

GANHA TEMPO

Wagner de Souza Santos. (Coordenador)

“É mostrar à pessoa, o mínimo do mínimo, que representa o computador. Para que serve, o que isso vai facilitar a sua vida e que pode ter tanto no Brasil como no mundo uma melhoria de vida”. MT AÇÃO DIGITAL César Fernando B. Vidotto (Coordenador)

Constitui um braço forte da inclusão social, tratando-se de disponibilizar de maneira gratuita o meio de acesso às TICs. MORADIA E

CIDADANIA

Odélia M. C. Silva. (Representante da

ONG)

Dar oportunidade às pessoas de inserirem-se no ambiente de informática e proporcionar oportunidades para o mercado de trabalho.

UNIRONDON Profa.Aline Paulino D. de Souza. (Coordenadora)

“Acredito que seria proporcionar uma melhor mão-de-obra para o mercado e beneficiar a comunidade com menor rentabilidade”.

Fonte: Elaboração Própria, julho 2008.

As definições apresentadas pelos diferentes representantes e colaboradores das entidades de Inclusão Digital mapeadas convergem para as definições de Inclusão Digital que

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fundamentam essa investigação. Mais especificamente, as representadas por Silveira (2005), Bustamante (2006) e Warschauer (2006).

É essencial ressaltar que grande parte das iniciativas vê o processo de Inclusão Digital como uma possibilidade de inclusão social e de acesso às TICs, mesmo no caso do Espaço Vitória, em que o entrevistado não definiu o que é inclusão digital, considera que o termo é um artifício para encobrir o amplo debate sobre as questões que envolvem a inclusão social. Além disso, aponta que o objetivo específico desse termo (Inclusão Digital) é retirar o foco das questões sobre inclusão social e colocar atenção nas TICs.

Essa concepção de Inclusão Digital apresentada em entrevista no Espaço Vitória remete para o papel da informática na sociedade contemporânea. Segundo um dos autores apontados acima: “A informática não pode ser vista como uma ferramenta isolada, mas sim como parte de um pacote global”(WARSCHAUER, 2006: 276). É essencial observar como as pessoas utilizam esses equipamentos informáticos em favor da mudança e da inclusão social, em vez de simplesmente olhar para o equipamento (WARSCHAUER, 2006:278). Foi partindo desse princípio que pesquisadores nos EUA chegaram ao conceito das redes sociotécnicas. Esses pesquisadores perceberam que

“Os sistemas organizacionais criados para regular e controlar a informática eram muito mais importantes, assim como os pontos de vista, os interesses concorrentes, os mecanismos de financiamento e os conflitos dos atores principais, incluindo gerentes, formuladores de políticas, fornecedores, empregados e cidadãos. Os pesquisadores concluíram que não eram os tipos de equipamentos e instalações, mas sim os tipos de coisas que as pessoas faziam com eles que eram a chave para entender o sistema de informática de uma organização. (...) O modelo original relativo ao pacote informático ampliou-se, tornando-se o conceito referente a redes sociotécnicas, explicitado pelos modelos sociotécnicos muito bem sumarizados por Kling”. (WARSCHAUER, 2006:276-277).

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Quadro 3.2 Modelos-Padrão Versus Modelos Sociotécnicos das TICs

Modelos-padrão (ferramenta) Modelos sociotécnicos

A TIC é uma ferramenta. A TIC é uma rede sociotécnica.

Um modelo empresarial é suficiente. Uma visão ecológica também é necessária. As implantações da TIC são feitas todas de uma

vez.

As implantações da TIC são um processo social contínuo.

Os efeitos tecnológicos são diretos e imediatos. Os efeitos tecnológicos são indiretos e envolvem escalas de tempo diferentes.

As opiniões políticas são ruins ou irrelevantes. As opiniões políticas são essenciais e até habilitadoras.

Os estímulos à mudança não são problemáticos. Os estímulos podem requerer reestruturação (e podem estar em conflito).

Os relacionamentos são facilmente reformados. Os relacionamentos são complexos, negociados, polivalentes (incluindo confiança).

Os efeitos sociais da TIC são grandes, mas isolados e benignos.

Possivelmente, há grandes repercussões sociais a partir da TIC (não apenas qualidade de vida do trabalho, mas qualidade total de vida).

Os contextos são simples (alguns termos ou contextos demográficos-chave).

Os contextos são complexos (por exemplo, matrizes de negócios, serviços, pessoas, tecnologia, história, localização). O conhecimento e a expertise são facilmente

explicitados. O conhecimento e a expertise são inerentemente tácitos/implícitos. As infra-estruturas de TIC são plenamente

sustentáveis.

São necessárias habilidades e iniciativas adicionais para fazer a TIC funcionar.

Fonte: adaptação de Mark Warschauer de R. Kling. “Learning about Information Technologies and Social Change: the Contribution of Social Informatics”, em Information Society, 16(3), (2000:1-36).

A aplicação do modelo sociotécnico nas iniciativas de Inclusão Digital pode contribuir para a promoção da inclusão social, ampliar o acesso democrático às informações e promover novas alternativas de exercício da cidadania.

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