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ESTUDOS SOBRE DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE CAPITAL INTELECTUAL

No que se refere à investigação sobre a divulgação voluntária de informação sobre capital intelectual já foram publicados inúmeros artigos que abrangem uma diversidade de países como pode ser observado na Tabela 8-3 do Anexo C.

A maioria dos estudos são puramente descritivos e não apresentam tentativas de explicar as razões para os diferentes níveis de divulgação voluntária de informação sobre capital intelectual entre as empresas sendo identificado quais os estudos que fazem essa análise.

Na Tabela 8-4 do Anexo C, estão resumidos os resultados de estudos que utilizaram modelos modificados do modelo de Sveiby (1997) e pode se constatar que na grande

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maioria dos estudos a categoria de capital mais divulgado é a de capital externo ou relacional. Relativamente à segunda categoria nota-se que vai alternando entre a de capital interno ou estrutural e a de capital humano.

Guthrie e Petty (2000), Brennan (2001), Goh e Lim (2004), Guthrie et al. (2006), Kamath (2008), Sousa et al. (2008), Reina et al. (2009) e Bhasin (2011) concluíram que as divulgações de capital intelectual eram principalmente qualitativas e não tinham aspectos quantitativos.

Nos estudos de Guthrie e Petty (2000), Bozzolan et al. (2003), Xiao (2008), Joshi et al. (2010), Rashid (2010), Yi e Davey (2010), Bhasin (2011), Nurunnabi et al. (2011), Whiting e Woodcock (2011) e Li et al. (2012) os resultados indicam um significante reduzido grau de divulgação de informação sobre capital intelectual.

Bontis (2003) conclui que da lista de 39 elementos de capital intelectual apenas sete eram divulgados (Propriedade intelectual, Gestão do conhecimento, Capital humano, Produtividade do empregado, Valor acrescentado, Capital intelectual e Activos intelectuais). O item mais referido é Propriedade intelectual. Quando uma empresa referia um item apenas o fazia uma vez.

Guthrie e Petty (2000) concluíram que os componentes de capital intelectual são fracamente entendidos, identificados de forma inadequada, geridos de forma ineficiente e quando são divulgados o são sem a utilização de um modelo consistente.

Nos estudos de Williams (2001), Abdolmohammadi (2005), Abeysekera e Guthrie (2005), Oliveras et al. (2008) e Rashid (2010) conclui-se que o índice de divulgação de informação de capital intelectual aumentou ao longo dos anos em análise.

Os resultados do estudo de Abeysekera e Guthrie (2005), Oliveras et al. (2008), Whiting e Miller (2008), Sousa et al. (2008), Singh e Kansal (2011) e Whiting e Woodcock (2011) indicam que a categoria mais relatada é a de capital externo ou relacional.

Oliveira et al. (2006), Gomes et al. (2007), Schneider e Samkin (2008), Brüggen et al. (2009) e Reina et al. (2009) concluíram que a principal categoria divulgada é a categoria do capital interno.

73 Os resultados dos estudos de Oliveira et al. (2006) e Gomes et al. (2007) referentes a Portugal não são consistentes com os resultados apresentados por Ferreira (2008) e Branco et al. (2010) também referentes a Portugal. Branco et al. (2010) sugere a utilização da metodologia de análise de conteúdo como factor justificativo desta inconsistência, no entanto também os anos em análise são distintos.

O estudo de Reina et al. (2009) referente ao Brasil também não é consistente com os resultados apresentados por Sousa et al. (2008) e Reina et al. (2011) também referentes ao Brasil. A não consistência dos resultados pode ser justificada pelo facto dos anos e indústria analisados serem distintos. No estudo de Reina et al. (2011) foram analisados os anos de 2007 e 2009, no estudo de Reina et al. (2009) foi estudado o ano de 2006 e no estudo de Sousa et al. (2008) os anos estudados foram os anos de 2006 e 2007. No estudo de Reina et al. (2011) foram incluídas na amostra apenas empresas pertencentes aos sectores de Tecnologias da informação e Telecomunicações, no estudo de Reina et al. (2009) foram estudas as 30 empresas com maior valor do capital social e no estudo de Sousa et al. (2008) apenas foram incluídas na amostra 15 empresas do sector da energia eléctrica.

Os estudos de Steenkamp (2007), Branco et al. (2010), Chander e Mehra (2010), Khan e Ali (2010) e Rashid (2010) são os únicos que apresentam como categoria de capital intelectual mais relatada a categoria do capital humano. Este facto pode ser explicado pelo tipo de codificação feita na análise conteúdo em que a cada vez que o item é referido é codificado fazendo com que uma empresa se divulgar repetidamente um item faça aumentar a frequência do relato. Steenkamp (2007) indica como possível factor explicativo para que os valores de capital intelectual referentes ao capital humano sejam muito elevados a definição do item Empregados. Os administradores estão incluídos na definição deste item e a maioria das empresas tem em média 8 administradores e 26 empresas apresentam fotografias individuais de cada administrador (Steenkamp, 2007).

No estudo de Xiao (2008) considerando as divulgações voluntárias e obrigatórias a categoria mais divulgada é a de capital humano e a menos divulgada é a de capital externo. Considerando apenas as divulgações voluntárias a categoria de capital humano é a categoria menos divulgada e a mais divulgada é a categoria de capital interno.

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No estudo de Sousa (2009) constatou-se que quando as empresas divulgam pouca informação sobre capital intelectual nos relatórios anuais, parecem compensar essa falta de divulgação de informação nas suas páginas de internet. Neste mesmo estudo constatou-se que relativamente aos relatórios anuais e nas páginas de internet a categoria de capital intelectual menos divulgada é o capital interno e a categoria de capital intelectual mais divulgada é a categoria de capital humano.

No estudo de Guthrie et al. (1999) o elemento de capital intelectual mais divulgado é Espírito empreendedor e os itens menos divulgados (com uma divulgação) são Direitos de autor, Relações financeiras, Contratos favoráveis, Contratos de franchising e Qualificações vocacionais.

No estudo de April et al. (2003) os itens de capital intelectual mais divulgados, por ordem decrescente, são a Colaboração em negócios, Competências relacionadas com o trabalho, Processos de gestão, Clientes e Marcas comerciais. Os itens menos divulgados, por ordem crescente, são Direitos de autor, Patentes, Contratos de franchising, Contratos de licenças e Fidelização dos clientes.

No estudo de Bozzolan et al. (2003) o item mais divulgado quer por categoria de capital intelectual quer a nível global é Projectos de investigação. O item menos referido é Propriedade intelectual.

No estudo de Goh e Lim (2004) as divulgações são principalmente qualitativas e é sublinhado o facto de Patentes, Direitos de autor, Marcas, Contratos de franchising, Know-how e Qualificações vocacionais serem elementos fracamente divulgados.

No estudo de Abdolmohammadi (2005) verificou-se que relativamente ao período em estudo os elementos de capital intelectual que mais aumentaram a sua divulgação são Marca e Processos de propriedade.

Os resultados do estudo de Abeysekera e Guthrie (2005) indicam um aumento na frequência de divulgação de informação sobre capital intelectual durante os dois anos em estudo. A Marca é o item da categoria capital externo mais relatada. Construção da imagem corporativa é o segundo item mais referido e o menos referido é a Quota de mercado. Relações com os empregados é o item na categoria de capital humano mais relatado. O menos referido é o item de Bem-estar dos empregados. Na categoria de

75 capital interno, Processos é o item mais relatado, seguido do item Sistemas. O item menos relatado é Relações financeiras.

No estudo de García-Meca et al. (2005) relativamente ao ano de 2000 os itens sobre Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, e Capital humano são os menos divulgados. O risco de divulgar informação que possa ser benéfica para os concorrentes pode explicar as divulgações mínimas no item Inovação. A fraca divulgação de informação sobre capital humano pode significar que as empresas não pensam que alguns itens são relevantes ou essa informação não é confiável e válida. No ano de 2001 os níveis de divulgação em todos os sub-índices diminuem, especialmente em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. Esta categoria e os recursos humanos são novamente as categorias menos relatadas nesse ano.

Vandemaele et al. (2005) verificaram que as empresas suecas divulgaram mais informação sobre capital intelectual do que as empresas da Holanda e do Reino Unido.

No estudo de Vergauwen e Alem (2005) é verificado que existem diferenças na divulgação de informação sobre capital intelectual relativamente aos países estudados (Holanda, França e Alemanha) e é referido que o que motiva essa diferença é regulamentação específica de cada país e o conservadorismo dos auditores.

No estudo de Guthrie et al. (2006) o item mais referido é o Espírito empreendedor. Na categoria de capital interno ou estrutural os itens mais divulgados são Filosofia de gestão e Processos de gestão. Na categoria de capital externo ou relacional os itens mais divulgados são Colaboração em negócios e Marcas. Na categoria de capital humano os itens mais divulgados são Empregados e Conhecimento relacionado com o trabalho.

No estudo de Oliveira et al. (2006) os itens do capital intelectual mais divulgados são Processos de gestão, Investidores e Trabalhadores. Os itens menos relatados são Patentes, Direitos de autor e Marcas, Flexibilidade e Know-How.

No estudo de Ensslin e Carvalho (2007) os itens de capital intelectual da categoria capital externo mais relatados são Clientes e Marcas, da categoria capital interno são Processos de gestão e Cultura organizacional e do capital humano são Educação. Os

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itens menos relatados do capital externo são Contratos de franchising, do capital interno são Direitos de autor e do capital humano Know-how e Espírito empreendedor.

No estudo de Gomes et al. (2007) os itens mais relatados são, por ordem decrescente, Relações financeiras, Filosofia de gestão e Processos de gestão.

No estudo de Guthrie et al. (2007) relativamente à Austrália os itens mais divulgados do capital interno são a Filosofia de gestão, Processos de gestão, do capital externo são a Colaborações em negócios e Marcas e do capital humano são Empregados e Conhecimentos relacionados com o trabalho. Os elementos menos divulgados de capital intelectual são a Educação, Relações financeiras e Satisfação dos clientes. Relativamente a Hong Kong os itens mais divulgados do capital interno são a Informação/sistemas de rede e Filosofia de gestão, do capital externo são os Canais de distribuição e Colaboração em negócios e do capital humano são Empregados e Conhecimentos relacionados com o trabalho. Os elementos menos divulgados de capital intelectual são Propriedade intelectual, Contratos de licença e Relações financeiras.

No estudo de Abeysekera (2008) são identificadas diferenças entre as divulgações de capital intelectual do Sri Lanka e as empresas de Singapura, e sugerem como razões das diferenças as perspectivas do país.

No estudo de Ferreira (2008) os elementos do capital intelectual mais divulgados são Processos de gestão, Acordos de colaboração, Trabalhadores e Marcas. Os menos relatados são Patentes, Direitos de autor, Conhecimento relacionado com o trabalho e Espírito empreendedor.

No estudo de Kamath (2008) os resultados indicam um significativo reduzido grau de divulgação de informação sobre capital intelectual em empresas indianas. A indústria de tecnologia de informação é a que mais divulgou, seguida de perto pela indústria das telecomunicações. A indústria do entretenimento mostra níveis mínimos de divulgação de informação.

No estudo de Li et al. (2008) verificou-se que os elementos do capital humano mais divulgados são Número de empregados, Motivação, Competências relacionadas com o trabalho, e Outros. Os elementos do capital humano menos divulgados são

77 Qualificações vocacionais, Produtividade e Flexibilidade. Relativamente ao capital interno os elementos mais divulgados são Processo do negócio, Tecnologia, Investigação e desenvolvimento, Filosofia de gestão, Infra-estruturas e Distribuição. No que diz respeito ao capital externo encontramos os itens Clientes, Relações com os stakeholders, Presença no mercado, Relações com os clientes e Liderança no mercado.

No estudo de Sousa et al. (2008) entre os elementos de capital intelectual divulgados, predominam: Educação, Processos de gestão, Sistemas de informação, Contrato favorável, Fidelidade dos clientes e Cultura corporativa em 2006, enquanto em 2007, os elementos Filosofia de gestão, Processos de gestão, Sistemas de informações e Clientes são os elementos mais divulgados.

O estudo de Davey et al. (2009) confirmou as Marcas como um elemento de capital intelectual muito valioso e central para a competitividade e diferenciação na indústria da moda. No entanto, concluíram que as empresas da indústria da moda não valorizam o Papel do consumidor na dinâmica do valor da marca, Satisfação do cliente, nem a Lealdade do cliente como elementos de capital intelectual.

No estudo de Reina et al. (2009) observou-se os seguintes resultados: 93% das empresas divulgam elementos de capital intelectual; os elementos Processos de gestão, Filosofia de gestão e Clientes lideram a frequência de divulgação.

No estudo de Chander e Mehra (2010) verificou-se que os elementos mais divulgados são o Número de empregados, Formação, Quota de mercado, Marcas, Investigação e patentes. A categoria de capital intelectual mais divulgada é a de capital humano.

No estudo de Singh e Kansal (2011) verificou-se que os elementos mais divulgados são Marcas e Colaboração em negócios.

No estudo de Tailyang e Jusop (2011) verificou-se que a divulgação de informação sobre capital humano é reduzida (3,45%) e que a categoria mais divulgada é o capital estrutural ou interno. Dos 39 itens do modelo aplicado apenas 15 eram divulgados nos relatórios anuais.

Apesar do facto da importância do capital intelectual ter aumentado nos últimos tempos, há divulgações inadequadas de capital intelectual nas demonstrações financeiras das empresas (Brüggen et al., 2009).

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Os resultados destes estudos, uma vez que não são consistentes, mostram que ainda há necessidade de estudar melhor o capital intelectual. Estes estudos apresentam resultados diferentes, o que não permite ter conclusões definitivas.

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ESENHO DA INVESTIGAÇÃO

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