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Projeto I – Formação interna subordinada ao tema “Nutrição em doentes oncológicos”

3. R ESULTADOS , D ISCUSSÃO E C ONCLUSÃO

O cancro tem um comprovado impacto nocivo no estado nutricional do paciente oncológico. Deste modo, a nutrição revela-se um fator fundamental em oncologia, tendo especial importância no prognóstico da doença, na sintomatologia intrínseca ao tumor, bem como na resposta à terapêutica e na recuperação após o tratamento.

O feedback da equipa da farmácia em relação à apresentação foi muito positivo, por se tratar de um tema que ainda não havia sido abordado, contribuindo para a formação da equipa no sentido de prestar um melhor atendimento aos utentes oncológicos, podendo informar sobre alterações que estes podem fazer nos seus hábitos alimentares.

Pessoalmente, o projeto foi bastante enriquecedor, uma vez que era um tema no qual não me sentia muito à vontade e sobre o qual aprendi muito ao longo da pesquisa. Permitiu também que pudesse informar os utentes com quem interagi ao longo do estágio das possíveis alterações que podiam fazer na sua alimentação, que tipo de alimentos eram mais adequados para cada efeito adverso provocado pela terapia anticancerígena. Aprendi também sobre os suplementos alimentares que podem ser utilizados, seja em casos de disfagia em que o utente não consegue engolir os alimentos, como também suplementos utilizados para otimizar o estado nutricional.

Concluindo, uma intervenção nutricional adequada e individualizada no doente oncológico pode melhorar a sintomatologia, reduzir significativamente a morbilidade e mortalidade, apresentando um prognóstico final mais favorável.

Projeto II – Panfleto relativo à “diferença entre azia e doença do refluxo

gastroesofágico”

1.

E

NQUADRAMENTO TEÓRICO

Durante o período em que estagiei na FA, era comum atender utentes que procuravam antiácidos eficazes no combate da azia, uma vez que manifestavam este sintoma frequentemente. Desta forma, foi possível compreender que muitos utentes não têm uma completa perceção da diferença entre um simples sintoma que é a azia e a doença do refluxo gastroesofágico. Esta situação pode ter um impacto nocivo sobre a sua saúde e bem-estar, sendo que, neste caso, pode ser necessário consultar um profissional de saúde, de forma a obter um tratamento farmacológico adequado.

Assim sendo, elaborei o panfleto (anexo III), com o intuito de informar os utentes da FA relativamente às diferenças entre as duas condições, e como prevenir e tratar ambas as situações, com o objetivo de lhes proporcionar uma melhor qualidade de vida.

1.1 D

OENÇA DO

R

EFLUXO

G

ASTROESOFÁGICO

A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é definida como o movimento do conteúdo do estomacal para o esófago ou boca causando sintomas incomodativos e até mesmo complicações como esofagite erosiva, hemorragias ou até mesmo estenose péptica. Apesar destes sintomas se tornarem menos comuns ao longo do tempo, os indivíduos com sintomas de DRGE tem um decréscimo na sua qualidade de vida. 28

Esta doença pode ser dividida em 2 categorias, doença do refluxo erosiva e não erosiva. A categoria erosiva inclui sintomas com evidências de dano na mucosa do esófago como esofagite de refluxo, estenose de refluxo, esófago de Barrett e adenocarcinoma esofágico, sendo que para o seu tratamento são utilizados inibidores da bomba de protões (IBP). Por outro lado, a doença não erosiva envolve sintomas como regurgitação, azia ou ardor no peito, não havendo, no entanto, evidência de lesões na mucosa, sendo que a taxa de resposta farmacológica aos IBPs é mais baixa nestes casos. 28,29

Assim sendo, para diagnosticar esta doença e consequentemente tratá-la é necessário reconhecer os fatores de risco epidemiológicos, a variedade de sintomas apresentados e a probabilidade de estes representarem refluxo patológico e por fim qual o potencial desta doença mascarar a outras doenças gastrointestinais. 28

1.2 S

INTOMAS CLÍNICOS

Na DRGE os pacientes geralmente descrevem uma sensação de ardor no peito, que pode irradiar para as extremidades da parte superior do corpo, especialmente para a zona do pescoço. Ocorre pós-refeição, especialmente refeições com elevado teor de

álcool. Esta sensação piora se estiver numa posição curva ou supina, podendo provocar azia noturna e por sua vez dificuldades para dormir.29

A DRGE pode ser diagnosticada com base na frequência dos sintomas, como a ocorrência de azia 2 ou mais dias por semana, no entanto estes podem ser menos frequentes e ter efeitos adversos sobre o bem-estar, sendo que a frequência e severidade da azia não estão diretamente associadas ao grau de dano da mucosa esofágica.29

Certos pacientes descrevem também casos de regurgitação, associada a esofagite, tornando esta associação de sintomas mais difícil de tratar clinicamente. Isto torna-se um problema porque, devido à falta de um padrão para diagnosticar DRGE, torna-se difícil distinguir com precisão um refluxo típico de azia, de um caso de regurgitação preocupante. 29

1.3 F

ATORES DE

R

ISCO

Os fatores de risco mais comprovados são as associações entre a DRGE e o índice de massa corporal, histórico familiar e a ingestão de álcool. No entanto, existem também outros fatores de risco como a gravidez, problemas esofágicos, medicamentos e alimentos que diminuem a pressão do esfíncter esofágico ou causam irritação na mucosa.28 De entre os medicamentos que podem desenvolver sintomas de DRGE estão incluídos fármacos como AINEs (como por exemplo, a aspirina), bloqueadores dos canais de cálcio, anticolinérgicos, antidepressivos, sildenafil e albuterol. Por outro lado, alimentos que podem contribuir para o agravamento dos sintomas desta doença incluem café, chocolate, refrigerantes carbonatados, a ingestão de refeições com elevado teor de gordura ou comer demasiado depressa.28

1.4 I

NIBIDORES DA BOMBA DE PROTÕES

Uma consideração inicial e fulcral a considerar é a adesão dos pacientes à terapia com IBPs, uma vez que a administração regular do medicamento é essencial para e eficácia do mesmo. De acordo com a bibliografia a maioria dos pacientes não tem a melhor adesão a esta terapêutica, principalmente devido a não levar o tratamento até ao fim. Para além disto, muitos pacientes descontinuam o uso de IBPs quando os sintomas se atenuam.32

Por outro lado, este tipo de medicação também pode ser usada em excesso, sendo que muitos dos pacientes fazem automedicação com falta de uma indicação para esta terapia baseada em evidências. Além disso, não são comuns consultas de

acompanhamento para avaliar a necessidade terapêutica destes medicamentos, sendo que a terapia com IBPs é raramente descontinuada após iniciada.34

1.5 A

LGINATOS

Os alginatos, ou polissacarídeos aniónicos, conseguem localizar a bolsa acídica, sendo que precipitam num gel viscoso de baixa densidade e pH neutro, que flutua sobre o conteúdo estomacal impedindo o refluxo. Assim, a combinação de alginatos com um IBP como por exemplo o omeprazol demonstrou melhoria significativa dos sintomas em relação à terapia apenas com omeprazol.32

1.6 A

ZIA

De acordo com a bibliografia, a azia é definida como desconforto ou ardor na zona do externo, sem evidência de refluxo continuo ou distúrbios de motilidade, não sendo aliviada com terapia anti-secretora.32 Assim sendo, a azia pode ser diferenciada da hipersensibilidade ao refluxo analisando o pH esofágico. Estima-se assim que 30% a 40% dos pacientes que não respondem à terapia com IBPs duas vezes por dia podem apresentar azia funcional.31

Os mecanismos subjacentes à azia não são totalmente conhecidos, no entanto parecem não estar relacionados com DRGE. Consequentemente, medicamentos e terapias com objetivo de controlar o refluxo não devem ser prescritos para pacientes com azia.30

1.7 M

ODIFICAÇÕES NO ESTILO DE VIDA

De modo a contrariar a azia o paciente pode fazer alterações no seu dia a dia, de modo a obter uma melhor qualidade de vida. Assim sendo, de entre as modificações que pode fazer estão a elevação da cabeceira da cama, uma vez que a posição supina pode piorar este sintoma. Perder peso, evitar posição de decúbito dorsal por várias horas, evitar comer antes de dormir, limitar a ingestão de alimentos com elevado teor de gordura, tabaco e bebidas alcoólicas.30

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