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Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária. Farmácia Aliança. Diogo André Teixeira Fernandes

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Academic year: 2021

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(1)

2020-2021

Farmácia Aliança

(2)

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Aliança

Setembro de 2020 a março de 2021

Diogo André Teixeira Fernandes

Orientador: Dr. Carlos Cunha

Tutor FFUP: Professora Doutora Helena Carmo

(3)

DECLARAÇÃO

DE

INTEGRIDADE

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e autoplágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 25 de março de 2021.

(4)

Agradecimentos

Terminado o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas gostaria de agradecer a todas as pessoas cujo apoio foi fundamental para terminar esta etapa da minha vida.

Em relação ao meu estágio gostaria de agradecer ao Dr. Carlos Cunha pela oportunidade de estagiar na sua farmácia e fazer parte da sua equipa. Além disso, agradeço por todos os ensinamentos de gestão, finanças e economia que me foi proporcionando ao longo destes 6 meses, e que serão importantes no futuro.

À Dr. Sónia Correia e à Dr. Susana Castro pela paciência e insistência que permitiu alargar o meu conhecimento e pela ajuda que me deram ao realizar os projetos do estágio.

À Paula por toda a experiência partilhada e por, mais uma vez, ter paciência comigo. Ao Marco, ao Pedro e á Fátima pela boa disposição, pela assistência que me ofereciam sempre que precisava, como também aos momentos de descontração que proporcionaram ao longo do estágio.

Um especial agradecimento à Dra. Rita Rocha uma vez que acompanhou de perto o meu estágio, auxiliando e ensinando tudo o que achava pertinente, refletindo num melhor resultado final.

Aos professores que passaram pelo meu percurso académico, agradeço todo o conhecimento transmitido e toda a preocupação em nos tornar, um dia, bons profissionais, especialmente a Professora Dra. Susana Casal pela sua ajuda ao longo do meu estágio.

Por fim, uma especial atenção aos meus pais e ao meu irmão, bem como ao meu grupo de amigos, uma vez que foi devido a eles que nunca desisti, uma vez que me apoiaram desde o início e que sem eles nada disto seria possível. Estou-vos eternamente agradecido, por tudo.

(5)

Resumo

Ao terminar o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas temos, como última fase, a realização de estágio profissionalizante. O meu estágio foi realizado durante 6 meses em farmácia comunitária, tendo início em setembro e terminando em março, na Farmácia Aliança, pertencente ao grupo FastFarma, Farmácias Lda.

Ao longo do estágio, foram me propostas as mais diversas funções, desde a organização dos produtos da farmácia, realização de testes bioquímicos e medição da pressão arterial, dar entrada de encomendas, atendimento ao público e a preparação individualizada de medicamentos para uma residência geriátrica, tendo sido a melhor experiência que poderia ter tido antes de efetivamente entrar para o mundo do trabalho. O presente relatório relata sinteticamente a minha experiência e aprendizagem, bem como as atividades desenvolvidas ao longo do estágio curricular em farmácia comunitária, encontrando-se dividido em duas partes. A parte I visa a descrição das competências adquiridas, tarefas realizadas e experiências vivenciadas no decorrer do estágio. Associados à descrição dos procedimentos, existem também comentários relacionados com a minha experiência pessoal, pelo que este relatório é uma compilação de todas as atividades com que tive oportunidade de contactar na Farmácia Aliança. A parte II é referente aos temas desenvolvidos no âmbito da atividade farmacêutica, os quais pretenderam ser uma mais-valia para os utentes e para os profissionais presentes na Farmácia Aliança.

O projeto I, sobre o tema “Nutrição em doentes oncológicos”, teve por base a realização de uma formação interna à equipa da farmácia Aliança. O projeto II consistiu na realização de um panfleto informativo relativo à “Diferença entre Azia e Doença do Refluxo Gastroesofágico”, com o intuito de ser distribuído à comunidade. No entanto, devido à situação pandémica atual não foi possível realizar a distribuição dos mesmos.

(6)

Í

NDICE

Parte 1 – Farmácia Aliança

1. Introdução ...1

2. Farmácia Aliança e Grupo FastFarma, Farmácias Lda. ...2

3. Organização do Espaço Físico e Funcional da Farmácia Aliança...2

3.1 Localização, público-alvo e horário de funcionamento. ...2

3.2 Descrição do espaço físico exterior ...3

3.3 Descrição do espaço físico interior ...3

3.4 Recursos humanos ...4

4. Fontes de informação ...4

5. Gestão e administração farmacêutica ...4

5.1 Sistema Informático ...4

5.2 Gestão de Stocks ...5

5.3 Realização de encomendas...6

5.4 Receção e verificação de encomendas ...6

5.5 Marcação de preços ...7

5.6 Armazenamento ...7

5.7 Controlo dos prazos de validade ...8

5.8 Gestão de devoluções ...9

6. Dispensa de medicamentos e produtos farmacêuticos ...9

6.1 Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ...9

6.1.1

Receita eletrónica materializada ... 9

6.1.2

Receita eletrónica desmaterializada ... 10

6.1.3

Receita manual ... 10

6.1.4

Psicotrópicos e estupefacientes ... 11

6.1.5

Sistema de comparticipação ... 11

6.2 Medicamentos não Sujeitos a Receita Médica ...12

6.3 Medicamentos e produtos homeopáticos ...12

6.4 Medicamentos manipulados ...12

6.5 Produtos fitoterapêuticos...13

6.6 Medicamentos e produtos de uso veterinário ...13

6.7 Produtos cosméticos e de higiene corporal ...14

6.8 Produtos de puericultura ...14

(7)

7. Serviços prestados pela Farmácia Aliança ...15

8. Serviços Farmacêuticos Prestados na DomusVi Júlio Dinis ...15

Parte 2

– Apresentação dos projetos desenvolvidos em Farmácia

Comunitária

Projeto I – Formação interna subordinada ao tema “Nutrição em doentes

oncológicos”

1. Enquadramento teórico ...17

1.1 Avaliação Subjetiva Global...17

1.2 Cancro no Sistema Digestivo. ...18

1.3 Consequências do tratamento ...19

1.4 Tratamento nutricional...20

2. Enquadramento Prático, Objetivos e Métodos ...21

3. Resultados, Discussão e Conclusão ...21

Projeto II – Panfleto relativo à “diferença entre azia e doença do refluxo gastroesofágico” 1. Enquadramento teórico ...23

1.1 Doença do Refluxo Gastroesofágico ...23

1.2 Sintomas clínicos ...23

1.3 Fatores de Risco...24

1.4 Inibidores da bomba de protões ...24

1.5 Alginatos ...25

1.6 Azia ...25

1.7 Modificações no estilo de vida ...25

2. Enquadramento Prático, Objetivo e Métodos ...25

3. Resultados, Discussão e Conclusão ...26

(8)

Lista de Abreviaturas

ANF - Associação Nacional de Farmácias

BPF – Boas Práticas de Farmácia

CEDIME - Centro de Documentação e Informação de Medicamentos

CIM - Centro de Informação do Medicamento

CNP - Código Nacional de Produto

DRGE – Doença do Refluxo Gastroesofágico

DGAV - Direção-Geral de Alimentação e Veterinária

DL - Decreto-Lei

DG- Distribuidores Grossistas

DT - Diretor Técnico

FA - Farmácia Aliança

FSA - Farmácia Santo António

INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde

IBP – Inibidor da bomba de protões

IVA - Imposto de Valor Acrescentado

MM - Medicamento Manipulado

MNSRM - Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

MP - Matéria Prima

MSRM - Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

PCHC – Produtos de cosmética e higiene corporal

PIM

– Preparação Individualizada de Medicamentos

PVA - Preço de Venda ao Armazenista

PVF - Preço de Venda à Farmácia

PVP - Preço de Venda ao Público

PV

– Prazo de Validade

RM - Receita Médica

SI – Sistema Informático

(9)

Lista de Anexos

Anexo I

– Apresentação à equipa da farmácia sobre o tema “Nutrição em

doentes oncológicos”

Anexo II - Formulário da Avaliação Subjetiva Global

Anexo III -

Panfleto sobre “Diferença entre Azia e Doença do Refluxo

Gastroesófágico”

Lista de Tabelas

Tabela 1. Cronograma das atividades desenvolvidas

(10)

Parte 1 – Farmácia Aliança

1.

I

NTRODUÇÃO

De modo a finalizar os estudos no Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF), segue-se uma última etapa no curso, sendo esta a realização de um estágio profissionalizante em Farmácia Comunitária (FC), de modo a adquirir as competências indispensáveis para o mundo do trabalho. Além das componentes científicas ministradas ao longo destes 5 anos, a experiência de trabalhar numa farmácia foi fulcral, quer seja na aplicação do conhecimento no atendimento, ou a dar entrada de encomendas e arrumar stock, de modo a desenvolver as capacidades sociais de lidar com a equipa e com os utentes, sendo estas valências muito procuradas por empregadores no mercado de trabalho.

O meu estágio teve a duração de 6 meses, desde 14 de setembro de 2020 até 19 de março de 2021, apresentando um horário variado devido à presente situação de pandemia, podendo trabalhar nos turnos da manhã, tarde e ocasionalmente aos sábados. O presente relatório tem como objetivo demonstrar as minhas experiências ao longo deste período, tal como a minha evolução de modo a me tornar um profissional de farmácia. Desta maneira, as atividades realizadas na Farmácia Aliança (FA) foram distribuídas temporalmente de modo a adquirir o máximo de conhecimento e a serem feitas da maneira mais eficiente possível. As tarefas por mim realizadas encontram-se representadas na Tabela.1, de modo que seja percetível a minha evolução ao longo do estágio.

(11)

Tabela 1. Cronograma de atividades desenvolvidas

Atividades Meses

Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Armazenamento dos medicamentos Receção e conferência de encomendas Controlo de prazos de validade Medição de parâmetros fisiológicos e bioquímicos Observação de atendimentos Atendimento ao balcão com

supervisão Atendimento ao balcão autónomo Realização de PIM Projeto I Projeto II

2.

F

ARMÁCIA

A

LIANÇA E

G

RUPO

F

AST

F

ARMA

,

F

ARMÁCIAS

L

DA

.

A farmácia Aliança (FA) é uma das farmácias mais antigas da baixa do Porto, que remonta ao ano de 1909 e atualmente está sob a Direção-Técnica do Dr. Carlos Cunha desde 1984. Além desta, o Grupo FastFarma é composto pela Farmácia Santo António (FSA) em rio Meão e o Espaço Saúde Lionesa. Foi possível observar uma constante comunicação entre os diversos espaços permitindo fornecer um serviço mais completo em qualquer um dos três locais. 1

3.

O

RGANIZAÇÃO DO

E

SPAÇO

F

ÍSICO E

F

UNCIONAL DA

F

ARMÁCIA

A

LIANÇA

3.1

L

OCALIZAÇÃO

,

PÚBLICO

-

ALVO E HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO

.

Localizada na baixa do Porto, a FA situa-se na Rua da Conceição 2-18. Devido à sua localização, a FA é muito procurada por turistas mas, no entanto, devido à atual pandemia, houve uma quebra elevada na procura por parte dos turistas. Desta maneira, a FA contava mais com os trabalhadores de negócios vizinhos, pessoas fidelizadas que

(12)

já frequentam a farmácia há anos tanto devido aos serviços que são prestados bem como à qualidade de atendimento dos funcionários que estão a fornecê-los. A FA também é muito procurada uma vez que é a única em Portugal certificada em homeopatia pela ISO9001:2015, sendo que muitos utentes se recorrem FA a procura de produtos homeopáticos específicos.

Em relação ao horário de funcionamento, a FA apresentava-se aberta ao público das 08.30h até as 22:00h, no entanto, devido ao estado de emergência implementado em Portugal, a farmácia viu-se obrigada a fechar mais cedo, sendo que a hora de fecho passou a ser às 20:00h, até terminar o estado de emergência. 2

3.2

D

ESCRIÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO EXTERIOR

A FA está de acordo com as Boas Práticas de Farmácia (BPF), ou seja, está identificada com a designação “FARMÁCIA” e com o símbolo “cruz verde” iluminado durante o período em que a farmácia está a funcionar. Possui na sua entrada uma placa com o nome da farmácia, bem como do respetivo Diretor Técnico e o horário de funcionamento próprio. Além disso, a FA requisita os serviços a uma decoradora profissional que prepara as montras de acordo com as estações do ano ou em caso de promoções especiais. 3

Desta maneira a FA está divida em duas áreas individualizadas, com três portas de acesso, duas para a parte de FC, uma porta principal para os utentes e outra porta para as mercadorias e puericultura e, por fim, uma terceira entrada para a zona de ortopedia. Esta possui também uma janela na zona do armazém que é utilizada para os dias de serviço permanente.

3.3

D

ESCRIÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO INTERIOR

A FA encontra-se divida em dois pisos, o piso térreo onde se encontra a zona de atendimento ao público, sendo esta uma área bem iluminada, com um ambiente profissional e calmo, reunindo as condições necessárias para uma relação de satisfação entre o utente e a farmácia. Possui 4 balcões para atendimento ao publico devidamente espaçados para proporcionar privacidade aos utentes. Neste piso está também presente uma área para a realização de testes bioquímicos, administração de vacinas ou outros serviços de enfermagem e por fim um armazém onde são recebidas as encomendas. Por outro lado, no piso superior encontra-se um laboratório onde são produzidos os produtos homeopáticos, um escritório pertencente ao DT, um remodelado gabinete de dermocosmética, e por fim, um armazém onde são guardados os produtos de dermocosmética e suplementos alimentares.

(13)

3.4

R

ECURSOS HUMANOS

A FA é constituída por três profissionais no quadro farmacêutico, incluindo o DT, e três no quadro não farmacêutico. Além destes, colaboram em regime de prestação de serviços, duas farmacêuticas, uma enfermeira, uma esteticista, uma podóloga, uma estafeta e uma funcionária de limpeza.

A direção técnica da FA encontra-se ao encargo do Dr. Carlos Cunha de acordo com Decreto-Lei nº 307/2007, referente ao regime jurídico das farmácias de oficina, artigo 21º. 4

Para além disto, tive o prazer de estagiar com outros colegas, de faculdades diferentes e de ERASMUS, permitindo aprender um pouco sobre a realidade de cada um, possibilitando uma dinâmica única entre funcionários e estagiários.

4.

F

ONTES DE INFORMAÇÃO

A farmácia Aliança está em conformidade com o Artigo nº37 do DL nº307/2007 de 31 de agosto e com as Boas Práticas de Farmácia (BPF), dispondo de um conjunto de fontes de informação como o Prontuário Terapêutico, as BPF, o Mapa Terapêutico, o Índice Nacional Terapêutico, a Farmacopeia Portuguesa, o Formulário Galénico Português. Para além disto existem também ferramentas eletrónicas como o Sifarma®2000, o Centro de Documentação e Informação de Medicamentos (CEDIME), a Associação Nacional de Farmácias (ANF), o Centro de Informação do Medicamento (CIM), a Ordem dos Farmacêuticos e ainda a o próprio INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P., permitindo os farmacêuticos e técnicos de farmácia manterem-se atualizados dos avanços no setor da saúde, sendo este um dever profissional importante, de modo a oferecer o melhor aconselhamento farmacêutico possível. 3,4

Nesta farmácia estão presentes farmacêuticos com formação em Homeopatia e Naturopatia, possibilitando um aconselhamento diferenciado nestas áreas.

5.

G

ESTÃO E ADMINISTRAÇÃO FARMACÊUTICA

5.1

S

ISTEMA

I

NFORMÁTICO

O sistema informático utilizado atualmente para a gestão da FA é o Sifarma®2000, instalado e monitorizado pela Glintt®, sendo utilizado por 90% das Farmácias portuguesas. Este sistema informático (SI) é uma ferramenta muito benéfica, sendo que alia a componente comercial à componente científica, ajudando o farmacêutico a

(14)

realizar um melhor aconselhamento. Permite assim a execução de atividades relacionadas com a gestão da farmácia, nomeadamente criação e receção de encomendas, devolução e reserva de produtos e controlo de Prazos de Validade (PV). Possibilita também estabelecer os stocks máximos e mínimos dos produtos e calcular estatísticas relativas à saída desses mesmos artigos, permitindo uma melhor gestão de stocks, como também melhorar a noção da quantidade a encomendar e acompanhar o circuito do medicamento, desde o momento em que é encomendado, até ao momento em que é vendido. 5,6

Este SI possibilita também a atribuição de credencias a cada um dos funcionários, de modo a rastrear os procedimentos a cada utilizador, de modo a minimizar a ocorrência de erros e, quando estes ocorrem, permite saber a origem do mesmo erro. Durante o estágio utilizei a credencial que é dada a todos os estudantes que estagiam na FA, que permite interagir com a maioria do SI, no entanto explorei mais as informações científicas (posologia, interações, indicações) presentes nas fichas dos produtos, que facilitavam no atendimento ao utente.

5.2

G

ESTÃO DE

S

TOCKS

Uma das partes fulcrais para o melhor funcionamento e sustentabilidade de qualquer farmácia é de facto a gestão dos stocks, permitindo um equilíbrio entre as compras e as vendas, evitando ficar com produtos parados no armazém, havendo excesso de stock. Desta maneira, o principal objetivo na gestão de stocks é ter a quantidade mínima necessária de cada produto para satisfazer as necessidades de cada utente, evitando ruturas de stock. Esta gestão é realizada através do Sifarma®2000, em que são criadas fichas de cada um dos produtos, com informação acerca dos stocks mínimos e máximos, determinados com base no perfil do utente habitual, na sazonalidade, na

média de saída do produto, na rapidez de entrega das encomendas por parte dos fornecedores e nas vantagens financeiras oferecidas pelos mesmos.

Desta maneira, ao atingir o stock mínimo de um produto é realizada uma encomenda automática, sendo que esta encomenda pode ser avaliada e alterada pelo responsável de modo a manter uma boa gestão dos stocks. No entanto este sistema não é infalível, havendo erros de stock. De modo a evitar estas situações é imperativo manter uma gestão física dos stocks de forma a garantir que os produtos se encontrem concordantes com a informação fornecida pelo programa. Verifiquei igualmente que cada elemento da FA é responsável pela gestão de certo tipo de produtos, o que demonstrou a importância e envolvimento de cada um dos profissionais na gestão da farmácia.

(15)

5.3

R

EALIZAÇÃO DE ENCOMENDAS

De modo a complementar a necessidade dos utentes é necessário realizar encomendas diariamente que podem ser feitas aos Distribuidores Grossistas (DG) ou diretamente aos laboratórios. No que toca aos DG é vantajoso ter uma variedade de parceiros, de forma a poder conseguir as melhores condições na compra, no que diz respeito à quantidade de produto disponível, à rapidez de entrega e às condições económicas fornecidas. Assim sendo, a FA coopera essencialmente com três fornecedores: Cooprofar, OCP PORTUGAL e EMPIFARMA, sendo a Cooprofar o principal fornecedor, uma vez que o DT, Dr. Carlos Cunha, faz parte da direção. As encomendas realizadas diariamente são geradas automaticamente através do Sifarma 2000®, tendo por base os valores de stock máximo e mínimo definidos para cada produto. Podem ser realizadas encomendas por Via Verde, quando se trata de produtos que apresentem quota limitada, ou seja, produtos que nem sempre se apresentam disponíveis. Por fim podem também ser realizadas encomendas instantâneas, destinando-se a produtos específicos que a farmácia não possui numa situação normal. Este tipo de encomendas é feito durante o atendimento, sendo que é indicado pelo fornecedor o momento previsto da chegada do produto em questão à farmácia. Este tipo de encomendas pode ser feito pelo SI ou por telefone diretamente ao fornecedor.

5.4

R

ECEÇÃO E VERIFICAÇÃO DE ENCOMENDAS

O processo de verificação e receção de encomendas é essencial para uma boa gestão do stock da farmácia, de modo a evitar erros relativamente ao mesmo. Cada encomenda é seguida da fatura (original, duplicado e triplicado em alguns casos), onde consta a identificação do fornecedor e farmácia, deve estar descrito o número e data da fatura, o valor total a ser cobrado à farmácia, assim como algumas informações relativas aos produtos que devem constar na fatura são: o Código Nacional do Produto (CNP) de cada produto encomendado, o nome, forma farmacêutica, dosagem e tamanho deste, a quantidade pedida e a quantidade enviada, informação sobre a falta de produtos (esgotados, não comercializados, retirados do mercado), o Preço de Venda ao Público (PVP), o Preço de Venda à Farmácia (PVF), Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) aplicado e o número da “banheira” na qual se encontra. Os psicotrópicos estão sujeitos a um controlo especial pelo INFARMED, pelo que necessitam de uma guia de requisição especifica, também em duplicado, devidamente assinada pelo farmacêutico responsável. Quando é enviado um produto que se encontra em mau estado de conservação ou que não foi pedido, a farmácia emite uma nota de devolução, devolvendo o produto ao distribuidor.

(16)

Caso se trate de um produto novo, é necessário criar uma ficha de produto nova no SI, onde é necessário inserir o nome do produto, prazo de validade, o CNP e códigos alternativos, o PVF, as margens de lucro, as condições de conservação e a família a que o produto pertence. Por último, os produtos encomendados, mas não recebidos, são novamente encomendados a outro fornecedor.

5.5

M

ARCAÇÃO DE PREÇOS

De acordo com DL n.º 97/2015 de 1 de junho 6, os preços dos medicamentos dependem do Preço de Venda ao Armazenista (PVA), a margem de comercialização ao distribuidor grossista, a margem de comercialização do retalhista, a taxa de comercialização de medicamentos e o IVA. Assim sendo os MSRM têm o seu PVP estabelecido de acordo com margens fixadas e regulamentadas pelo INFARMED, que se encontram descritas no DL nº 152/2012, de 12 de julho. 7

Os produtos de venda livre têm o seu PVP definido pela farmácia, com base numa margem de comercialização por si estabelecida, sendo que esta margem de lucro varia de acordo com a classificação dos produtos e com o IVA. Assim sendo, o PVP destes produtos tem como base o preço da fatura, a margem de lucro e o IVA.

De forma a facilitar este processo, a FA elabora uma tabela onde constam fatores multiplicativos dos vários segmentos de produtos, sendo que estes fatores permitem calcular o PVP dos mesmos.

5.6

A

RMAZENAMENTO

É fulcral que este passo seja realizado corretamente, de forma a não só minimizar perdas de tempo durante o atendimento, mas também para garantir que as condições de armazenamento são cumpridas. As condições de iluminação, temperatura, humidade e ventilação das zonas de armazenamento devem respeitar as exigências específicas dos medicamentos: no caso de medicamentos de conservação à temperatura ambiente, temperatura e humidade inferiores a 25ºC e 65%, respetivamente, luminosidade e ventilação adequadas; no caso dos medicamentos de frio, armazenamento em frigorífico, a uma temperatura entre 2 e 8ºC. 3

Assim sendo os parâmetros de temperatura e humidade na FA são controlados pela presença de um termohigrómetros, no entanto, o frigorífico está equipado com termómetro, associado a um alarme que alerta caso a temperatura atinja valores fora do intervalo definido.

Na FA os medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) encontram-se fora da vista e do alcance dos utentes, enquanto os medicamentos visíveis mas não de acesso

(17)

livre, os produtos de dermocosmética, os bucodentários, os dietéticos, os produtos de puericultura e os dispositivos médicos de ortopedia, se encontram expostos ao utente, de modo a captar a sua atenção e possível aquisição.

No armazém, encontram-se os medicamentos apresentados sob a forma de semissólidos, xaropes, gotas, granulados e ainda injetáveis, medicamentos de veterinária, medicamentos de uso externo, produtos de higiene e dispositivos médicos. No frigorifico são armazenadas vacinas e certos medicamentos que necessitam temperaturas mais baixas e controladas. No caso particular dos psicotrópicos e estupefacientes, a legislação obriga a que estes medicamentos sejam acondicionados num local separado, não identificado e de difícil acesso.

O armazenamento foi uma das primeiras atividades que realizei no início do estágio, o que por um lado ajudou-me imenso quando comecei a fazer atendimento uma vez que já sabia onde se encontrava cada tipo de produto, agilizando, dessa forma, o processo de atendimento. Por outro lado, ao armazenar os produtos, associava os nomes comercias às substâncias ativas facilitando na compreensão de algumas das suas indicações terapêuticas.

5.7

C

ONTROLO DOS PRAZOS DE VALIDADE

O controlo dos prazos de validade é feito separadamente em duas ocasiões, primeiramente na receção das encomendas e, em segundo lugar, no final de cada mês, através da emissão de uma listagem de todos os produtos existentes na farmácia. Este controlo é imprescindível de modo a garantir que não sejam dispensados produtos fora do prazo, nem produtos cujo prazo de validade se encontra perto do seu término.

Assim sendo, na FA são emitidas mensalmente listagens dos produtos que perderão a validade no prazo de dois meses, sendo que estas listas são obtidas através do SI, segundo a informação introduzida aquando da receção dos mesmos.

Ao consultar esta lista procede-se a uma confirmação dos produtos em stock e dos respetivos prazos de validade. Ao longo deste processo, produtos que efetivamente apresentam uma validade compreendida no prazo definido são separados a fim de serem devolvidos ao respetivo fornecedor com a correspondente nota de devolução, cuja emissão retira os produtos em questão do stock da farmácia. Além disto faz-se também a contagem física dos produtos para verificar se estão de acordo com o sistema informático.

Este é um dos trabalhos mais realizados pelos estagiários, o que permite uma maior familiarização com o sítio de cada produto.

(18)

5.8

G

ESTÃO DE DEVOLUÇÕES

Quando os produtos apresentam um PV a expirar, alguma alteração, a embalagem está danificada, quando o produto recebido não foi encomendado ou se o INFARMED requisitar a retirada do produto do mercado, é necessário recorrer à sua devolução. Assim sendo, é criada uma nota de devolução através do SIFARMA que manifesta ao fornecedor, os produtos a devolver e o motivo de devolução. Esta nota é impressa em triplicado, sendo que a original e o duplicado são enviadas ao fornecedor enquanto o triplicado fica na farmácia.

A nota de devolução pode ser aceite ou não, e, se esta for aceite, a devolução pode ser regularizada através de uma nota de crédito ou por troca de produtos. Caso a sua devolução não seja aceite, é de a responsabilidade da FA encaminhar os produtos para a Valormed ou e proceder à quebra do produto, como devolução não aceite pelo laboratório ou fornecedor.

6.

D

ISPENSA DE MEDICAMENTOS E PRODUTOS FARMACÊUTICOS

Compete ao farmacêutico o processo de dispensa de medicamentos, sendo este envolvimento com o utente um momento fulcral para passar uma ideia de confiança para a utilização dos medicamentos, como também para advertir para o bom uso dos mesmos, cedendo informações como a posologia, contraindicações ou até mesmo interações medicamentosas que possam existir com outros fármacos, de modo a evitar efeitos indesejados relacionados com o uso inadequado de medicamentos.

Assim sendo, é fundamental que, durante a dispensa de medicação e principalmente em casos de automedicação, o farmacêutico forneça toda a informação correta em relação ao medicamento numa linguagem simples e objetiva.

6.1

M

EDICAMENTOS

S

UJEITOS A

R

ECEITA

M

ÉDICA

MSRM tal como o nome indica são aqueles que apenas podem ser dispensados mediante a apresentação da devida receita, uma vez que poderão constituir um risco para a saúde do utente em situações em que são administrados sem vigilância médica ou para fins diferentes do que aqueles a que eles se destinam. 8

6.1.1 R

ECEITA ELETRÓNICA MATERIALIZADA

Este tipo de receita pode ser renovável ou não renovável. A receita é renovável no caso de tratamento de determinadas doenças ou tratamentos de longa duração, que possam ser adquiridos mais que uma vez sem necessidade de nova prescrição médica, desde que não haja comprometimento da segurança da sua utilização. Por receita podem ser prescritas um máximo de 2 embalagens do mesmo medicamento, até atingir

(19)

um total de 4 embalagens por RM. Além disso, podem ser prescritos até 4 medicamentos diferentes por RM. No caso de embalagens unitárias, poderão ser prescritas até um máximo de 4 embalagens do mesmo medicamento ou, em caso de doença ou tratamento prolongado, até 12 embalagens, distribuídas pelas 3 vias. 9

6.1.2 R

ECEITA ELETRÓNICA DESMATERIALIZADA

Nos dias que correm é o tipo de RM mais frequente, sendo que a partir de 1 de abril de 2016 tornou-se obrigatória a prescrição de medicamentos exclusivamente a partir da RM eletrónica desmaterializada, com o objetivo de aumentar a segurança nos processos de prescrição e dispensa de medicamentos, tornando-os mais otimizados, de forma sustentável. 10

Este modelo de receita permite ao utente adquirir a medicação prescrita através da apresentação do número da receita, código de acesso ou código de direito de opção. Deste modo, o farmacêutico acede à prescrição através do SI, estando automaticamente definidos o sistema de comparticipação e os medicamentos prescritos. Estas receitas podem ter uma validade até 6 meses com 6 embalagens em cada linha de prescrição. 11

Uma vez emitida, é possível aceder à receita do utente através de uma mensagem enviado para o telemóvel do mesmo ou através do guia de tratamento, enviado para o e-mail ou disponível na Área do Cidadão do Portal do Sistema Nacional de Saúde (SNS), e que é muitas vezes impresso, devido à preferência do utente em visualizar o que lhe é prescrito em papel.

6.1.3 R

ECEITA MANUAL

Atualmente, este tipo de receita cai em desuso, no entanto ainda podem ser utilizadas em casos específicos como: falência do SI, inadaptação fundamentada do prescritor, prescrição no domicílio, ou nos casos em que o número de prescrições é igual ou inferior a 40 receitas por mês. Este tipo de receita exige uma atenção especial da parte do dispensador desde a validação à dispensa dos medicamentos nela contidos. Requerem, igualmente, a verificação dos parâmetros apontados para as receitas eletrónicas e ainda, a identificação da exceção, a validade de prescrição, o número de embalagens e a identificação do médico prescritor, com assinatura obrigatória e manuscrita. 9

Estas receitas apresentam uma validade de 30 dias após prescrição, não sendo renováveis. Por receita podem ser prescritas um máximo de 2 embalagens do mesmo medicamento, até atingir um total de 4 embalagens. Para além disso, podem ser

(20)

prescritos até 4 medicamentos diferentes por RM. Caso se trate de embalagens unitárias, poderão ser prescritas até um máximo de 4 embalagens do mesmo medicamento. 9,10

6.1.4 P

SICOTRÓPICOS E ESTUPEFACIENTES

Devido à sua influência no Sistema Nervoso Central, bem como às suas propriedades calmantes ou excitatórias, estes medicamentos podem ser responsáveis por situações de abuso e dependência, sendo desta maneira crucial manter estes medicamentos sob supervisão rigorosa. 12

Assim sendo, para a dispensa destes medicamentos é necessário preencher determinados campos, tais como o número do bilhete de identidade ou cartão de cidadão e a sua respetiva validade, a data de nascimento e morada, bem como o código postal. No ato da prescrição, os psicotrópicos e/ou estupefacientes deverão ser prescritos numa RM isolada, quando se trata de uma receita manual ou eletrónica materializada.

No caso de uma receita manual ou eletrónica materializada, a farmácia terá de arquivar uma cópia durante 3 anos, juntamente com o comprovativo de venda, sendo que o arquivo deverá estar organizado por ordem de aviamento. 9

Realizei a dispensa de medicamentos psicotrópicos com a assistência de uma das farmacêuticas o que me permitiu observar os cuidados que são necessários ao fazer relativamente a este tipo de dispensa.

6.1.5 S

ISTEMA DE COMPARTICIPAÇÃO

De acordo com o Decreto-Lei nº19/2014, a comparticipação de medicamentos pelo Sistema Nacional de Saúde (SNS) é definida como sendo o financiamento por parte do Estado de uma determinada percentagem de PVP de um medicamento, sendo a restante parte paga pelo utente. Esta percentagem pode variar consoante o tipo de escalão, sendo estes definidos com base no grupo farmacoterapêutico, o custo do medicamento e critérios de justiça social. 13

Apesar do Serviço Nacional de Saúde (SNS) ser o sistema de comparticipação mais utilizado pela maioria dos cidadãos, nem todos o utilizam em regime de exclusividade. Alguns utentes beneficiam de um regime de complementaridade. Na FA é comum contactar com algumas destas entidades, nomeadamente CGD (Caixa Geral de Depósitos), SAMS (Serviços de Assistência Médico-Social).

(21)

Para poder usufruir deste benefício, o utente deve apresentar o cartão, que após leitura ótica e introdução do organismo correspondente, o SI comunica diretamente ao SNS, validando assim a comparticipação do subsistema de saúde.

Ao longo do estágio, tive a oportunidade de contactar com diversos regimes complementaridade, havendo alguns destes que tornam a medicação do utente gratuita (SAMS Quadros).

6.2

M

EDICAMENTOS NÃO

S

UJEITOS A

R

ECEITA

M

ÉDICA

MNSRM são todos aqueles que não satisfazem os requisitos para serem considerados MSRM, não sendo comparticipáveis, exceto as situações descritas na legislação que define o regime de comparticipação do Estado no preço dos medicamentos, de acordo com DL nº176/2006, de 30 de agosto. Devem possuir indicações terapêuticas capazes de tratar ou atenuar alterações patológicas de

grandeza menor. Estes são comercializados em Farmácias ou locais autorizados pelo INFARMED. 8

Dentro desta classe existem os Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Dispensa Exclusiva em Farmácias (MNSRM-EF) que, apesar de poderem ser dispensados sem RM, a sua dispensa requer a intervenção do farmacêutico. 14

Assim sendo, o farmacêutico encarrega-se mais uma vez de um papel importante na dispensa dos MNSRM, devendo este ser o mais apropriado às exigências do utente.

6.3

M

EDICAMENTOS E PRODUTOS HOMEOPÁTICOS

De acordo com legislação em vigor, medicamento homeopático é um “medicamento obtido a partir de substâncias denominadas stocks ou matérias-primas homeopáticas, de acordo com um processo de fabrico descrito na farmacopeia europeia ou, na sua falta, em farmacopeia utilizada de modo oficial num estado-membro, e que pode conter vários princípios”.

Este tipo de medicamentos pode conter vários princípios, sendo que a sua preparação envolve diluições sucessivas de quantidades mínimas de substâncias ativas que mimetizam os sintomas das doenças que se pretende combater.

Uma vez que FA possui o seu próprio laboratório certificado de medicamentos homeopáticos, a dispensa destes demonstra-se crescente e bastante requisitada, uma vez que os utentes procuram cada vez mais alternativas não-farmacológicas para o tratamento de certas doenças.

6.4

M

EDICAMENTOS MANIPULADOS

De acordo com o DL nº 90/2004, de 20 de abril, os medicamentos manipulados são descritos como qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal e dispensado sob

(22)

a responsabilidade do farmacêutico. É da responsabilidade do médico, no momento da prescrição, assegurar-se da sua eficácia, segurança e da possibilidade de ocorrerem interações, sendo que a responsabilidade de verificar a segurança do medicamento é partilhada com o farmacêutico que o prepara. 15

Relativamente ao PVP dos MM, este baseia-se no valor dos honorários da preparação, no preço das matérias-primas e no preço dos materiais de embalagem, tal como indicado na Portaria nº769/2004, de 1 de julho.

6.5

P

RODUTOS FITOTERAPÊUTICOS

Estes produtos incluem medicamentos e preparações à base de plantas, substâncias derivadas de plantas e medicamentos tradicionais à base de plantas. Um produto natural é “qualquer medicamento que tenha exclusivamente como substâncias ativas uma ou mais substâncias derivadas de plantas, uma ou mais preparações à base de plantas ou uma ou mais substâncias derivadas de plantas em associação com uma ou mais preparações à base de plantas”. 8

Visto que contêm substâncias ativas capazes de provocar efeitos adversos, é relevante advertir a importância da transmissão ao utente que estes produtos não são inofensivos, devendo ter um uso controlado e ponderado.

Na FA, estão presentes duas farmacêuticas especialistas em naturopatia e fitoterapia, principais responsáveis pelo aconselhamento destes produtos. Deste modo, fui capaz de desenvolver capacidades de aconselhamento acerca deste tipo de produtos seja para o fortalecimento do sistema imunitário, para a perda de peso ou até para o tratamento de distúrbios de sono e ansiedade.

6.6

M

EDICAMENTOS E PRODUTOS DE USO VETERINÁRIO

Este tipo de medicamentos, segundo a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), são todas as substâncias ou associações de substâncias que contêm propriedades preventivas ou curativas de doenças ou dos sintomas de animais. Incluem-se também, nesta classe, as que podem ser usadas ou administradas nos animais com o objetivo de obter um diagnóstico ou de restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas através de uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica. 16

A FA usufrui do serviço Espaço Animal da Globalvet® que permite um aconselhamento responsável na área veterinária, o que foi particularmente útil devido à falta de profunda abordagem sobre este tema ao longo do curso.

(23)

6.7

P

RODUTOS COSMÉTICOS E DE HIGIENE CORPORAL

De acordo com o DL nº 296/98, de 25 de setembro, consideram-se produtos cosméticos e de higiene corporal os produtos destinados “ao contacto com as diversas partes superficiais do corpo humano, designadamente epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos, ou com os dentes e as mucosas bucais”, tendo como finalidade limpar, perfumar, modificar o aspeto, proteger e conservar o bom estado ou corrigir os odores corporais. 17

Segundo a lei, estes produtos não podem constituir perigo para a saúde pública, devendo qualquer reação secundária à utilização destes produtos ser notificada ao INFARMED. 18

A FA apresenta uma enorme variedade de PCHC expostos, e profissionais com uma vasta experiência nesta área proporcionando aos utentes um acompanhamento personalizado. No entanto, o farmacêutico deve manter-se informado de maneira a aconselhar os produtos mais adequados a cada utente.

De entre os produtos de PCHC presentes na FA estavam marcas como Vichy®, Caudalie®, Isdin®, SkinCeuticals®, Uriage® e La Roche-Posay®. Além disso, A FA presenteia produtos de higiene oral, como G.U.M.®, Hextril® e Elgydium® e higiene íntima como Lactacyd®.

É de realçar que trabalhar com este tipo de produtos foi uma das minhas maiores dificuldades durante o estágio uma vez que este tipo de informação não é aprofundado ao longo do curso, o que torna difícil um bom aconselhamento ao utente.

6.8

P

RODUTOS DE PUERICULTURA

Este tipo de produto está especialmente direcionado para um público-alvo, nomeadamente a população desde recém-nascido até a fase de infância, sendo que visam satisfazer as necessidades específicas nesta fase. Estendem-se desde a alimentação a cuidados de higiene, havendo ainda produtos específicos destinados a grávidas e no pós-parto, incluindo-se produtos auxiliares à amamentação.

No entanto, devido à separação entre a farmácia e a parte de ortopedia/puericultura, a minha interação com utentes que procuravam este tipo de produtos foi rara.

6.9

S

UPLEMENTOS

A

LIMENTARES

Os suplementos alimentares são fontes concentradas de nutrientes com objetivo de complementar e/ou a suplementar um regime de alimentação equilibrado. Apesar de terem um efeito benéfico e de se apresentarem de forma doseada (comprimidos,

(24)

cápsulas e saquetas), os SA são considerados géneros alimentícios e não medicamentos.

Assim sendo, estes devem ser utilizados de modo a suprir alguma necessidade nutricional acrescida e como complemento de uma alimentação saudável e equilibrada, e não como substitutos alimentares.

Ao longo do estágio pude verificar uma elevada procura por estes suplementos, particularmente os mais recomendados para reforço de memória, reforço imunitário, reforço de articulações ou até mesmo suplementos para ajudar em problemas menores de sono.

7.

S

ERVIÇOS PRESTADOS PELA

F

ARMÁCIA

A

LIANÇA

Apesar do ponto forte das farmácias ser a dispensa de medicamentos, esta não se limita apenas a este fator, podendo prestar outro tipo de serviços como é o caso da FA. Durante o estágio, verifiquei a vasta gama de prestação de serviços e a qualidade com que estes eram prestados pelas prestigiadas farmacêuticas da FA, sendo que os utentes a escolhiam para serem atendidos pelas mesmas profissionais.

Assim sendo, a FA disponibiliza vários serviços tais como entrega ao domicílio, administração de injetáveis e prestação de outros serviços de enfermagem, realizados por uma equipa de enfermeiras. Ainda possibilita a recolha de medicamentos através da Valormed®, a determinação e posterior monitorização de parâmetros bioquímicos e fisiológicos e, por fim, consultas de nutrição terapêutica. Atendendo aos tempos atuais, a FA começou também a realizar testes rápidos antigénicos de pesquisa de COVID-19, com enfermeiras qualificadas e em espaço próprio para o efeito.

8.

S

ERVIÇOS

F

ARMACÊUTICOS

P

RESTADOS NA

D

OMUS

V

I

J

ÚLIO

D

INIS

Durante o meu estágio, tive o prazer de acompanhar, e por sua vez experienciar, os serviços farmacêuticos prestados na DomusVi. Após um período de habituação, foi me solicitado pelo DT para ficar responsável pelos serviços farmacêuticos durante o período de férias da farmacêutica responsável pelos mesmos.

Assim sendo, realizei esta tarefa nos finais de novembro e voltei a fazê-lo no início de janeiro, o que se tornou uma oportunidade incrível uma vez que não tive oportunidade de fazer estágio hospitalar, assemelhando-se, assim, a essa experiência

Desta forma, a DomusVi pode ser descrita como uma unidade residencial geriátrica com serviço hoteleiro e em ambiente hospitalar, especializada na compensação do envelhecimento natural, na reabilitação e no cuidado de doentes com doenças incuráveis ou degenerativas. A FA apresenta uma parceria com a DomusVi,

(25)

assegurando o fornecimento e o transporte de medicamentos, PIM e outros produtos disponíveis na farmácia e requisitados pelos hóspedes, quer por escolha própria, quer por indicação do médico.

Cada hóspede apresenta um plano terapêutico, organizado por refeições, consoante as condições médicas, sendo de responsabilidade do farmacêutico garantir que os mesmos recebem toda a medicação através da Preparação Individualizada de Medicamentos (PIM).

A PIM é geralmente feita com recurso a um aparelho que embala e etiqueta os medicamentos, organizados por refeição. Na etiqueta consta o nome dos medicamentos, a dose, o nome do doente e o seu piso. O facto de os medicamentos ficarem envolvidos por um blister, diminui possíveis erros no processo de distribuição, tais como a troca de medicamentos. Para além disso, ocorre uma dupla verificação desta medicação por parte do farmacêutico e do enfermeiro. A PIM é realizada para um período de 7 dias, sendo depois distribuída por piso.

De modo a decorrer sem problemas, são necessários uma ótima comunicação entre a farmacêutica responsável e os enfermeiros de serviço, sendo que os mesmos comunicam as alterações feitas pelo médico numa folha de Excel online ou até mesmo pessoalmente. No entanto, verifiquei que muitas vezes esta comunicação não era feita da forma mais adequada, sendo que muito tempo era dispensado para perceber o que realmente falhou durante a comunicação.

Foi uma experiência bastante desafiante e exigente, no entanto considero que foi uma mais-valia para a minha formação. Pôs igualmente à prova as minhas capacidades de lidar com a elevada responsabilidade inerente a este cargo, sendo que foi muito gratificante ter um feedback positivo acerca do meu trabalho realizado.

(26)

Parte 2

– Apresentação dos projetos desenvolvidos em Farmácia

Comunitária

Projeto I – Formação interna subordinada ao tema “Nutrição em doentes

oncológicos”

1.

E

NQUADRAMENTO TEÓRICO

O cancro é uma doença muito complexa, sendo uma das principais causas de mortalidade e morbilidade no mundo, especialmente na população geriátrica. Durante o meu estágio na FA, tive oportunidade de contactar com alguns doentes oncológicos, tanto na farmácia, como na residência geriátrica DomusVi. Deste modo, foi possível perceber que nem todas as pessoas tinham a perceção da influência de um bom estado nutricional no prognóstico da doença.

Assim sendo, fiz esta formação com o intuito de sensibilizar os profissionais da FA, esperando que, estes consigam fazer um melhor aconselhamento aos doentes oncológicos, tal como às pessoas que prestam cuidados a estes doentes, de modo a contribuir ativamente para melhorar o prognóstico da doença do utente.

Os pacientes oncológicos são particularmente suscetíveis a uma deficiência a nível nutricional devido não apenas à doença, como também ao tratamento envolvido. Desta maneira, existe uma elevada prevalência de casos de malnutrição que têm como consequência um aumento do risco de resultados clínicos adversos, o que irá ter como consequência uma má resposta a nível terapêutico, diminuição da tolerância à terapia anticancerígena, aumento do tempo de internamento hospitalar, baixa qualidade de vida e até mesmo menores taxas de sobrevivência.

1.1 A

VALIAÇÃO

S

UBJETIVA

G

LOBAL

A Avaliação Subjetiva Global, ou PG – SGA (anexo II), é considerada a ferramenta mais adequada para detetar casos de malnutrição em doentes com cancro, especialmente em doentes com tumores malignos derivados do trato gastrointestinal. 19 Assim sendo, é um formulário que avalia a capacidade nutricional do paciente através de critérios como peso, ingestão alimentar, sintomas, capacidade funcional, progresso da doença como também stress metabólico. 20

Este formulário consiste em 2 componentes, uma que diz respeito ao doente (anexo II) e outra ao profissional de saúde, seja médico, enfermeiro ou nutricionista. No caso do paciente, este tem que preencher quatro caixas de texto, nas quais o mesmo relata as mudanças de peso corporal (caixa 1); alterações na ingestão alimentar (caixa

(27)

2); sintomas devido ao impacto nutricional e fatores que possam influenciar negativamente a normal nutrição (caixa 3); atividade e capacidade física (caixa 4); desta maneira, a componente preenchida pelo utente tem uma pontuação que varia de 0 a 36, se a pontuação for maior do que 9 o paciente está em risco de malnutrição e pode precisar de intervenção farmacológica. 20

Por outro lado, a outra componente que deve ser preenchida pelo médico durante uma consulta médica, compreende aspetos como stress e componentes físicas como a perda de gordura subcutânea, perda de massa muscular, edema ou até mesmo ascite. 20,21

A utilização deste formulário permite uma maior disponibilidade por parte do médico uma vez que este só tem que preencher uma parte do formulário na presença no paciente, assim como um maior envolvimento do doente sendo que é o mesmo que preenche a parte inicial do formulário. 20 Assim sendo o profissional de saúde pode perceber a causa de malnutrição, e por sua vez tratar o paciente para otimizar o seu estado nutricional, o que poderá então levar a um melhor prognóstico da doença. 20

1.2

C

ANCRO NO

S

ISTEMA

D

IGESTIVO

.

O cancro é uma das doenças com maior mortalidade no mundo e, apesar dos consideráveis progressos na redução da sua incidência e mortalidade, o cancro gastrointestinal é a segunda principal causa de mortalidade relacionada com cancro a nível mundial.21 Os tipos de cancro do trato gastrointestinal superior, como o cancro esofágico, gástrico e pancreático, representam 11,4% da incidência global de cancro e 18% da mortalidade, sendo que apesar dos avanços nos tratamentos oncológicos e cirúrgicos, as taxas de morbidade e mortalidade nestes tipos de cancro permanecem altas. 23

A malnutrição pode afetar até 80% dos pacientes com cancro gastrointestinal, sendo que os efeitos metabólicos do cancro e os tratamentos associados podem influenciar a normal utilização dos nutrientes e por sua vez exacerbar o declínio nutricional. 23 Entre estes doentes, os que foram diagnosticados com cancro esofágico são os que apresentam maior risco de malnutrição. 22

Os pacientes com cancro gastrointestinal podem apresentar síndrome de anorexia-caquexia, sendo que esta deve-se principalmente à obstrução do trato digestivo superior, o que leva a uma diminuição da ingestão de alimentos, hipoalbuminémia, perda de massa muscular estando estes efeitos associados ao

(28)

aumento de morbidade e mortalidade.24 Esta síndrome, em conjunto com os diversos efeitos secundários da terapia anticancerígena como náuseas, vómitos, falta de apetite, disfagia vão assim levar a uma maior predisposição para a ocorrência de malnutrição relacionada com o cancro. Desta maneira, identificar casos de malnutrição em pacientes com cancro gastrointestinal é imperativo para um bom prognóstico da doença. 24

1.3 C

ONSEQUÊNCIAS DO TRATAMENTO

A quimioterapia provoca lesões no tubo digestivo, podendo surgir lesões na boca e garganta (mucosite oral), náuseas, vómitos, alterações do paladar e olfato, diarreia, obstipação e, muito frequentemente, perda de peso não intencional. 25

Assim sendo, é essencial garantir que o doente consiga ingerir uma adequada quantidade de proteínas, vitaminas e minerais, como também é aconselhado ingerir regularmente fluidos para evitar estados de desidratação. 25

Na tabela 2 estão presentes as condições que podem ser despoletadas pelo tratamento anticancerígeno, como também as sugestões que o paciente deve seguir e/ou evitar de modo a ter a melhor qualidade de vida possível evitando estados de malnutrição.

(29)

Tabela 2. Consequências do tratamento anticancerígeno 21.22.23

1.4 T

RATAMENTO NUTRICIONAL

O objetivo da terapia nutricional é melhorar o estado nutricional do paciente, o seu metabolismo, a adesão à terapêutica anti-tumoral, como também proporcionar uma melhor qualidade de vida no decurso da doença.24 Assim sendo o suporte nutricional é recomendado, especialmente a pacientes submetidos a cirurgia e aqueles com tumor irressecável, sendo que pode ser realizado por nutrição oral, entérica ou parenteral. 24

A nutrição oral baseia-se na dieta e suplementação oral. 24 Por outro lado, a nutrição entérica é caracterizada como alimentação por tubo, incluindo gastrostomia endoscópica percutânea, gastrostomia radiológica percutânea e jejunostomia endoscópica percutânea. Assim, a nutrição entérica preserva a integridade estrutural e funcional do trato gastrointestinal, sendo que é uma opção a considerar para pacientes com disfagia ou obstrução quando a ingestão oral não satisfaz os requerimentos nutricionais.26 Por fim, a nutrição parenteral é mandatória em pacientes com a função

Condições Recomendado A evitar

Falta de apetite

Ingerir alimentos mais calóricos e proteicos, adicionar fruta, frutos secos, manteiga de amendoim ou mel, e fazer pequenas refeições ricas em nutrientes.

Ingerir líquidos em excesso e alimentos de baixo valor nutritivo.

Mucosite e Estomatite

Manter a boca humedecida e os lábios protegidos com o uso de um creme

hidratante.

Ingerir alimentos com textura mais suave como purés, empadões ou sopas.

Ingerir alimentos picantes, crocantes, ou até mesmo acídicos como batata frita, amendoim, tostas, bolachas, citrinos, maçã

e tomate.

Xerostomia

Ingerir alimentos líquidos, húmidos e cremosos como iogurte, leite, sopas e

pudins.

Beber água ao longo do dia para contrair o este sintoma.

Ingerir alimentos picantes, crocantes ou secos como batata frita, amendoim, bolachas. Também bebidas alcoólicas,

café e sumos ácidos.

Náuseas e Vómitos

Promover cuidados na higiene oral. Infusões de gengibre para aliviar as

náuseas.

Ingerir alimentos com elevado teor de gordura e fritos, como também ingerir líquidos durante as refeições ou até mesmo ficar muito tempo sem comer. Evitar também cozinhar, especialmente alimentos com odores fortes como peixe,

cebola ou alho. Obstipação

Ingerir alimentos como cereais integrais, frutas frescas, vegetais, frutos secos, arroz

integral e farelo de trigo. Aumentar a ingestão de líquidos, dando

prioridade a água, infusões de ervas, sumos de fruta natural.

Ingerir alimentos com efeito obstipante como arroz, massas, pão branco, banana e

cenoura.

Diarreia

Ingerir líquidos em abundância como chás, gelados e até mesmo gelatinas. Promover

também alimentos como a banana para repor os níveis de potássio e o gengibre, que ajudam a diminuir o peristaltismo

intestinal.

Ingerir alimentos como pão integral, casca de fruta, vegetais crus, derivados de

(30)

gastrointestinal prejudicada. Apesar desta garantir uma nutrição ideal, uma vez que a nutrição é feita pelas veias centrais e periféricas, este tipo de nutrição aumenta o risco de infeções quando comparado com a nutrição entérica.27

2.

E

NQUADRAMENTO

P

RÁTICO

,

O

BJETIVOS E

M

ÉTODOS

A profissão de um Farmacêutico requer que o mesmo se mantenha atualizado de modo a dar a informação mais fiável quando é questionado. Assim sendo, decidi desenvolver este projeto com o objetivo de informar os profissionais da farmácia em que estagiei sobre a importância da nutrição e o seu contributo na doença oncológica, e a forma como algumas alterações na alimentação e no estilo de vida podem ter uma influência tão marcante no prognóstico dos pacientes sob tratamento oncológico.

Para realçar a importância que as alterações na dieta podem ter sobre um doente oncológico, informei a equipa da FA sobre o formulário de Avaliação Subjetiva Global (anexo II), que avalia o estado nutricional do paciente, sendo que o farmacêutico pode alertar para o uso deste formulário, que em associação a um acompanhamento médico, tem como objetivo evitar estados de malnutrição.

Para além disto, quis reforçar a ideia de que devido ao contacto tão próximo e personalizado do farmacêutico com o utente, este deve estar atento a possíveis hábitos alimentares que possam colocar em risco uma boa resposta à terapêutica, como também possíveis alterações que o utente possa fazer para ultrapassar as consequências dos efeitos secundários provocados pela terapia anticancerígena. O método utilizado para atingir os objetivos propostos foi uma apresentação em formato de PowerPoint (anexo I), ferramenta de Microsoft, que realizei à equipa da farmácia (9 membros), no dia 6 de janeiro de 2021, dividida em 3 apresentações de 15 minutos. Foram abordados tópicos como alterações nos hábitos alimentares para combater os efeitos secundários, suplementação para otimizar o estado nutricional do utente, como também a importância que um sistema imunitário fortalecido tem, especialmente em doentes oncológicos.

3.

R

ESULTADOS

,

D

ISCUSSÃO E

C

ONCLUSÃO

O cancro tem um comprovado impacto nocivo no estado nutricional do paciente oncológico. Deste modo, a nutrição revela-se um fator fundamental em oncologia, tendo especial importância no prognóstico da doença, na sintomatologia intrínseca ao tumor, bem como na resposta à terapêutica e na recuperação após o tratamento.

(31)

O feedback da equipa da farmácia em relação à apresentação foi muito positivo, por se tratar de um tema que ainda não havia sido abordado, contribuindo para a formação da equipa no sentido de prestar um melhor atendimento aos utentes oncológicos, podendo informar sobre alterações que estes podem fazer nos seus hábitos alimentares.

Pessoalmente, o projeto foi bastante enriquecedor, uma vez que era um tema no qual não me sentia muito à vontade e sobre o qual aprendi muito ao longo da pesquisa. Permitiu também que pudesse informar os utentes com quem interagi ao longo do estágio das possíveis alterações que podiam fazer na sua alimentação, que tipo de alimentos eram mais adequados para cada efeito adverso provocado pela terapia anticancerígena. Aprendi também sobre os suplementos alimentares que podem ser utilizados, seja em casos de disfagia em que o utente não consegue engolir os alimentos, como também suplementos utilizados para otimizar o estado nutricional.

Concluindo, uma intervenção nutricional adequada e individualizada no doente oncológico pode melhorar a sintomatologia, reduzir significativamente a morbilidade e mortalidade, apresentando um prognóstico final mais favorável.

Projeto II – Panfleto relativo à “diferença entre azia e doença do refluxo

gastroesofágico”

(32)

1.

E

NQUADRAMENTO TEÓRICO

Durante o período em que estagiei na FA, era comum atender utentes que procuravam antiácidos eficazes no combate da azia, uma vez que manifestavam este sintoma frequentemente. Desta forma, foi possível compreender que muitos utentes não têm uma completa perceção da diferença entre um simples sintoma que é a azia e a doença do refluxo gastroesofágico. Esta situação pode ter um impacto nocivo sobre a sua saúde e bem-estar, sendo que, neste caso, pode ser necessário consultar um profissional de saúde, de forma a obter um tratamento farmacológico adequado.

Assim sendo, elaborei o panfleto (anexo III), com o intuito de informar os utentes da FA relativamente às diferenças entre as duas condições, e como prevenir e tratar ambas as situações, com o objetivo de lhes proporcionar uma melhor qualidade de vida.

1.1 D

OENÇA DO

R

EFLUXO

G

ASTROESOFÁGICO

A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é definida como o movimento do conteúdo do estomacal para o esófago ou boca causando sintomas incomodativos e até mesmo complicações como esofagite erosiva, hemorragias ou até mesmo estenose péptica. Apesar destes sintomas se tornarem menos comuns ao longo do tempo, os indivíduos com sintomas de DRGE tem um decréscimo na sua qualidade de vida. 28

Esta doença pode ser dividida em 2 categorias, doença do refluxo erosiva e não erosiva. A categoria erosiva inclui sintomas com evidências de dano na mucosa do esófago como esofagite de refluxo, estenose de refluxo, esófago de Barrett e adenocarcinoma esofágico, sendo que para o seu tratamento são utilizados inibidores da bomba de protões (IBP). Por outro lado, a doença não erosiva envolve sintomas como regurgitação, azia ou ardor no peito, não havendo, no entanto, evidência de lesões na mucosa, sendo que a taxa de resposta farmacológica aos IBPs é mais baixa nestes casos. 28,29

Assim sendo, para diagnosticar esta doença e consequentemente tratá-la é necessário reconhecer os fatores de risco epidemiológicos, a variedade de sintomas apresentados e a probabilidade de estes representarem refluxo patológico e por fim qual o potencial desta doença mascarar a outras doenças gastrointestinais. 28

1.2 S

INTOMAS CLÍNICOS

Na DRGE os pacientes geralmente descrevem uma sensação de ardor no peito, que pode irradiar para as extremidades da parte superior do corpo, especialmente para a zona do pescoço. Ocorre pós-refeição, especialmente refeições com elevado teor de

(33)

álcool. Esta sensação piora se estiver numa posição curva ou supina, podendo provocar azia noturna e por sua vez dificuldades para dormir.29

A DRGE pode ser diagnosticada com base na frequência dos sintomas, como a ocorrência de azia 2 ou mais dias por semana, no entanto estes podem ser menos frequentes e ter efeitos adversos sobre o bem-estar, sendo que a frequência e severidade da azia não estão diretamente associadas ao grau de dano da mucosa esofágica.29

Certos pacientes descrevem também casos de regurgitação, associada a esofagite, tornando esta associação de sintomas mais difícil de tratar clinicamente. Isto torna-se um problema porque, devido à falta de um padrão para diagnosticar DRGE, torna-se difícil distinguir com precisão um refluxo típico de azia, de um caso de regurgitação preocupante. 29

1.3 F

ATORES DE

R

ISCO

Os fatores de risco mais comprovados são as associações entre a DRGE e o índice de massa corporal, histórico familiar e a ingestão de álcool. No entanto, existem também outros fatores de risco como a gravidez, problemas esofágicos, medicamentos e alimentos que diminuem a pressão do esfíncter esofágico ou causam irritação na mucosa.28 De entre os medicamentos que podem desenvolver sintomas de DRGE estão incluídos fármacos como AINEs (como por exemplo, a aspirina), bloqueadores dos canais de cálcio, anticolinérgicos, antidepressivos, sildenafil e albuterol. Por outro lado, alimentos que podem contribuir para o agravamento dos sintomas desta doença incluem café, chocolate, refrigerantes carbonatados, a ingestão de refeições com elevado teor de gordura ou comer demasiado depressa.28

1.4 I

NIBIDORES DA BOMBA DE PROTÕES

Uma consideração inicial e fulcral a considerar é a adesão dos pacientes à terapia com IBPs, uma vez que a administração regular do medicamento é essencial para e eficácia do mesmo. De acordo com a bibliografia a maioria dos pacientes não tem a melhor adesão a esta terapêutica, principalmente devido a não levar o tratamento até ao fim. Para além disto, muitos pacientes descontinuam o uso de IBPs quando os sintomas se atenuam.32

Por outro lado, este tipo de medicação também pode ser usada em excesso, sendo que muitos dos pacientes fazem automedicação com falta de uma indicação para esta terapia baseada em evidências. Além disso, não são comuns consultas de

(34)

acompanhamento para avaliar a necessidade terapêutica destes medicamentos, sendo que a terapia com IBPs é raramente descontinuada após iniciada.34

1.5 A

LGINATOS

Os alginatos, ou polissacarídeos aniónicos, conseguem localizar a bolsa acídica, sendo que precipitam num gel viscoso de baixa densidade e pH neutro, que flutua sobre o conteúdo estomacal impedindo o refluxo. Assim, a combinação de alginatos com um IBP como por exemplo o omeprazol demonstrou melhoria significativa dos sintomas em relação à terapia apenas com omeprazol.32

1.6 A

ZIA

De acordo com a bibliografia, a azia é definida como desconforto ou ardor na zona do externo, sem evidência de refluxo continuo ou distúrbios de motilidade, não sendo aliviada com terapia anti-secretora.32 Assim sendo, a azia pode ser diferenciada da hipersensibilidade ao refluxo analisando o pH esofágico. Estima-se assim que 30% a 40% dos pacientes que não respondem à terapia com IBPs duas vezes por dia podem apresentar azia funcional.31

Os mecanismos subjacentes à azia não são totalmente conhecidos, no entanto parecem não estar relacionados com DRGE. Consequentemente, medicamentos e terapias com objetivo de controlar o refluxo não devem ser prescritos para pacientes com azia.30

1.7 M

ODIFICAÇÕES NO ESTILO DE VIDA

De modo a contrariar a azia o paciente pode fazer alterações no seu dia a dia, de modo a obter uma melhor qualidade de vida. Assim sendo, de entre as modificações que pode fazer estão a elevação da cabeceira da cama, uma vez que a posição supina pode piorar este sintoma. Perder peso, evitar posição de decúbito dorsal por várias horas, evitar comer antes de dormir, limitar a ingestão de alimentos com elevado teor de gordura, tabaco e bebidas alcoólicas.30

2.

E

NQUADRAMENTO

P

RÁTICO

,

O

BJETIVO E

M

ÉTODOS

Em virtude do estado atual de pandemia decidi desenvolver este projeto uma vez que a população permanece mais tempo em casa, o que consequentemente leva a alterações na alimentação que podem não ser benéficas para as mesmas. Isto, concomitantemente com falta de exercício e aumento do peso e gordura corporal podem

Referências

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