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Etapa II: Coleta das percepções para validação do modelo lógico e construção de novos

3. MÉTODO

3.2 As etapas de pesquisa

3.2.2 Etapa II: Coleta das percepções para validação do modelo lógico e construção de novos

De posse do questionário bidimensional, do questionário sociodemográfico e do instrumento de entrevista, contendo as questões indutoras, o MLP e o GL, partimos para sua aplicação aos egressos, professores e servidores da SES-Go envolvidos com o programa MPSC-UFG. A aplicação de ambos se deu de forma concomitante (Creswel, 2007; Creswell e Clark, 2013), durante os meses de agosto, setembro e outubro de 2015.

O convite ocorreu, primeiramente, por telefone e, subsidiariamente, por email. No caso específico dos professores, ocorreu, também, um aviso prévio via coordenação do curso de mestrado. Realizado o contato telefônico, um email foi enviado, reforçando-se o convite para a participação como respondente do questionário e da entrevista e apresentando o questionário (seções 1-Questionário bidimensional e 2-Questionário sociodemográfico) e o Termo de Consentimento Livre Esclarecido-TCLE (Apêndice H) para conhecimento e devolutiva, como confirmação da participação. Foi dado o prazo de cinco dias para a devolutiva, quando novo email e novo telefonema foram realizados solicitando manifestação. Cinco dias após o último email, foi enviado um terceiro email e realizado novo telefonema e assim, consecutivamente, com o apoio do telefone. Emails e telefonemas foram realizados até o limite da percepção de que agendamentos e respostas não mais ocorreriam, quando enviamos uma mensagem agradecendo a atenção e participação e encerrando o convite.

No total, foram, aproximadamente, três meses de tentativas, entre agosto e outubro de 2015, durante os quais, entrevistas agendadas iam já ocorrendo e questionários iam sendo recebidos. Foi um total aproximado de um email e um telefonema por semana para os respondentes que não haviam, ainda, dado a devolutiva ou se negado a participar, explicitamente. Quando um telefonema não era atendido, ocorriam repetições dentro da semana. Alguns dos respondentes, principalmente, egressos, não foram localizados por telefone, nem responderam aos emails, outros explicitaram sua impossibilidade em participar.

Paralelamente à aplicação e recebimento dos questionários, entrevistas foram sendo agendadas e realizadas, algumas com os mesmos respondentes, que se dispunham a participar das duas fases de investigação. Em conformidade com Lüdke e André (1986), a

entrevista semiestruturada é aquela em que se possui um roteiro mais ou menos flexível para o diálogo entre o entrevistador e o(s) entrevistado(s), de forma que ele nem se constitua como um jogo rígido e objetivo de perguntas e respostas (entrevista estruturada), nem um diálogo muito aberto, orientado apenas pelas intenções de pesquisa e no qual o roteiro vai se reconfigurando, livremente, no decorrer do processo (entrevista não- estruturada). Independentemente do modelo adotado, a entrevista é uma técnica que, bem aplicada, permite a extração dos mais variados tipos de informações, dos mais diversos tipos de informantes, sendo, conforme Flick (2009), Minayo (2009b) e Creswell e Clark (2013) um dos métodos mais utilizados em pesquisa qualitativa e mais eficientes para a obtenção de dados subjetivos e, inclusive, para a elaboração de critérios e indicadores. Perseguindo essa meta, foi realizada uma série de entrevistas semiestruturadas em consonância com o instrumento elaborado.

Após as devidas apresentações e explicações aos respondentes sobre a pesquisa e a liberdade de participar ou não dos trabalhos que ali se iniciavam, as entrevistas ocorreram nos locais mais convenientes aos entrevistados. A entrevista se deu com base nos organizadores gráficos (Gráfico Lógico-GL e Mapa Lógico Preliminar-MLP) e nas questões indutoras do roteiro, que seguiram princípios semelhantes aos utilizados para a elaboração das focais utilizadas em mapas conceituais, técnica que orientou a construção do MLP e que pode ser consultada na obra de autores como Cicuto, Dazzani e Trivelato (2011), Lourenço, Hernandes, Costa e Hartwig (2012) e Aguiar e Correia (2013). Cada sessão de entrevista consistiu na entrega de folhas de papel contendo os organizadores gráficos e as questões, solicitando-lhes que, referenciados nas questões, também apresentadas oralmente durante a entrevista, se manifestassem quanto à estrutura e conteúdo do MLP, bem como realizassem a seu critério o registro das intervenções nas folhas entregues, como julgassem necessário durante a sessão, que foi gravada para posterior transcrição. Assim, a apresentação das estruturas ex-ante (problema-gerador, insumos, retorno social, objetivos), in curso (processos) e ex-post (resultados) do programa, possibilitou aos entrevistados a visualização dos fluxos e relações lógicas (correlações) para que as julgassem. As entrevistas duraram, em média 75 minutos.

Deve ser registrada a ciência sobre uma possível interveniência cruzada entre as entrevistas e os questionários. Contudo, em conformidade com Borges-Andrade (2002), esse é um problema comum, inclusive, em outros tipos de delineamentos, como na aplicação de questionário fechado seguido de um aberto ou entrevista. O autor diz, ainda,

que limitações como essa são dilemas persistentes e precisam ser consideradas no conjunto de variáveis do contexto e nas conclusões obtidas, o que, em nosso entendimento, reafirma a ideia de causalidade relativa entre os objetivos e procedimentos de um programa ou outra intervenção e os resultados colhidos em um processo de sua avaliação, contestando qualquer noção empírico-positivista de causa certa determinística.

a. Critérios de inclusão e exclusão dos participantes

A presente pesquisa teve como foco a primeira turma do programa de mestrado profissional em Saúde Coletiva (MPSC), ofertada no período compreendido entre 2010 e 2012, pela Universidade Federal de Goiás (UFG) em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-Go). O convite para participação foi realizado a todos os 24 egressos dessa primeira turma, bem como aos 20 professores que nela atuaram na orientação e coorientação de estudantes à época (dois professores não foram localizados). No caso dos servidores, foram selecionados aqueles que atuaram como professores ou que participaram da elaboração do projeto de curso em algum nível e, ainda, permaneciam na ativa junto ao programa (cinco, no total), sendo-lhes solicitada a indicação de nomes de pessoal técnico responsável pelo apoio à coordenação ou que possuíssem contado direto com egressos do curso dentro da SES-Go. A cidade de residência e exercício profissional não foi contabilizada como critério.