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4 ANÁLISE DE DADOS E RESULTADOS

4.2 A rede formada para resposta ao acidente do voo 447 da Air France

4.2.2 Estrutura da rede em Recife/PE

4.2.2.1 Etapa de preparação

Quando a notícia do desaparecimento da aeronave foi divulgada, e as informações de que o último contato dos pilotos tinha sido feito no Ponto Tasil, cujo tráfego aéreo é controlado pelo CINDACTA III – Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo, que tem sua base em Recife/PE, imediatamente algumas instituições começaram a se mobilizar, pois existia grande probabilidade de que ocorrera um acidente e

o ponto de queda seria circunscrição do CINDACTA III. Portanto, a responsabilidade do atendimento ao evento, e outras demandas, recairia sobre as instituições de Pernambuco.

No dia 1 de junho, representantes da Superintendência da Polícia Federal em Pernambuco e da Secretaria de Defesa Social do mesmo estado se reuniram, começaram a montar um Gabinete de Crise e a traçar cenários sobre o evento e buscar as atividades em que as instituições seriam inseridas. Com isso elaboraram um primeiro planejamento que poderia ser posto em prática, a depender do cenário real encontrado.

“A primeira reunião foi entre a Superintendência da Polícia Federal em Pernambuco e a Secretaria de Defesa Social, uma reunião local, para fazer o planejamento, mas sem informações, notícias da queda da aeronave, local onde teria acontecido e confirmação.” (Ent.3)

Nesse mesmo dia, também se reuniam, em outro local, representantes do Ministério da Defesa, Aeronáutica e Marinha com objetivo de também delinear as ações dessas instituições.

“O Ministro da Defesa esteve em Recife no primeiro dia após o acidente. Reuniu-se com os Comandantes da Marinha e da Aeronáutica e delinearam como seria, em visão macro, a Operação, delimitando responsabilidades e atribuições.” (Ent.10)

Em Brasília, a Diretoria Técnico-Científica da Polícia Federal, após reuniões internas para alinhamento de conhecimento sobre o evento, montou uma equipe de Peritos Criminais Federais e Papiloscopistas Policiais Fedeais, que se deslocaram para Recife/PE no dia 2 de junho. No dia seguinte essa equipe se apresentou ao Superintendente da Polícia Federal em Pernambuco, como base de apoio às atividades de planejamento, que estavam sendo discutidas para cumprimento da missão que se avizinhava. Compunham essa equipe inicial da DITEC, quatro peritos, sendo dois da área de medicina, um da área de odontologia e um da área de DNA, e um papiloscopista.

Nos dias que se seguiram, aconteceram diversas reuniões do Gabinete de Crise para definição do planejamento, da definição das atribuições de cada instituição, da forma de integração entre as instituições, do alinhamento de procedimentos, dentre muitos outros assuntos, vislumbrando-se três cenários com relação as vítimas que porventura fossem encontradas, tendo em vista que naquele momento já tinham sido encontrados destroços da aeronave, o que ocorreu no dia 2 de junho. Pelo menos em algum momento, participaram das reuniões as seguintes instituições: Polícia Federal, representada pela Superintendência da Polícia Federal em Pernambuco e pela equipe de policiais, peritos e papiloscopista, da

DITEC, a Secretaria Executiva da Secretaria de Defesa Social, o Instituto Médico Legal, a Polícia Civil, o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar, todos de Pernambuco, e as Forças Armadas, representadas pela Aeronáutica e a Marinha.

O primeiro cenário previa o encontro de poucos corpos, e espaçado no tempo. A identificação desses corpos seria absorvida pela rotina do IML de Recife. Então toda a logística ficaria sob a responsabilidade ds Secretaria de Defesa Social de PE, a quem o IML está vinculado.

O segundo cenário previa o encontro de um número considerável de corpos, mas também espaçado no tempo, e acabou sendo o que se configurou na realidade, pois foram encontrados cinquenta corpos. Nesse cenário, foi inserido um novo teatro de operações, a Ilha de Fernando de Noronha, onde seria montada estrutura para que uma equipe de peritos, papiloscopistas, auxiliares de necrópsia e médicos-legistas, recebecem os corpos e fizessem a pré-identificação.

O terceiro cenário previa o encontro maciço de corpos, que exigiria uma resposta gigantesca para os duzentos e vinte oito corpos, ou algo em torno disso. Para este caso o planejamento previa a inserção de novos atores distribuídos por outros estados da federação e/ou a construção de um IML de campanha nas dependências do 3º COMAR.

“O plano A seria a levada dos corpos diretamente para Recife, porque teríamos uma situação de um corpo, dois corpos. Seria uma coisa da rotina do IML. O plano B, estrategicamente, teria como melhor situação, ficar na Ilha de Fernando de Noronha. (...) no cenário C (...), a construção e montagem de um IML de campanha no espaço do 3º COMAR.” (Ent.5)

“Ficaria muito difícil de fossem resgatados todos os corpos. (...) Talvez pudesse até mesmo envolver outro estado, ao invés de sair da ilha e ir para Pernambuco, se fosse um número maior de corpos localizados. Discutimos no planejamento, cenários diferentes.” (Ent.3)

Essa etapa de preparação perdurou, basicamente, até o dia 6 de junho, quando uma equipe interinstitucional formada por quatro Peritos Criminais Federais, um Papiloscopista Policial Federal, um Médico-Legista e um Auxiliar de Necrópsia do IML de Pernambuco e um Papiloscopista da Polícia Civil de Pernambuco, se deslocou em avião da Aeronáutica para a Ilha de Fernando de Noronha, para analisar a situação local e montar a estrutura para recebimento dos corpos resgatados.

Tabela 6: Resumo das fases administrativas em Recife/PE, na etapa de preparação.

Data Ocorrência

2/6/2009 Deslocamento da equipe de quatro Peritos Criminais Federais e um Papiloscopista Policial Federal de Brasília/DF para Recife/PE 3 a 5/6/2009 Reuniões interinstitucionais para elaboração do planejamento da missão.

6/6/2009

Deslocamento de uma equipe interinstitucional composta de quatro Peritos Criminais Federais, um Papiloscopista Policial Federal, um Papiloscopista da Polícia Civil de Pernambuco, um Médico-Legista e um Auxiliar de Necrópsias do IML de Pernambuco,

para a Ilha de Fernando de Noronha/PE Fontes: Documentos internos da Diretoria Técnico-Científica da Polícia Federal.

Figura 5: Estrutura de rede montada em Recife/PE, na etapa de prepação.