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Etapa 2 – Definição do Modelo Conceptual

3 METODOLOGIA

3.3 Plano de Investigação

3.3.2 Etapa 2 – Definição do Modelo Conceptual

Constituída por 5 tarefas, (tarefas de 2.1 a 2.5), teve como objetivo construir o sistema de indicadores para a proposta de modelo do IDCAI, a partir do conceito de envelhecimento ativo e seus determinantes, adotado pela OMS e usado como modelo para o desenvolvimento de cidades amigas das pessoas idosas (OMS, 2009, p. 5), dos tópicos discutidos no Guia das Cidades Amigas do Idoso e da Rede Global de Cidades Amigas dos Idosos.

Tarefa 2.1: Definição da Matriz Discursiva

A segunda etapa da metodologia adotada nesta pesquisa compreendeu, inicialmente, a definição da matriz discursiva que lhe serve de inspiração, ou seja, a conceptualização de envelhecimento ativo e seus determinantes, o Guia das Cidades Amigas do Idoso e a Rede Global de Cidades Amigas dos Idosos, seguida de uma busca por experiências com dados e informações sobre sistemas de indicadores, com abrangência em níveis nacional e internacional, como o Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (SIDS/Portugal), Cidades Saudáveis da OMS, Urban Audit do EUROSTAT, Global

AgeWatch Index, Active Ageing Index (AAI) da União Europeia, e o Índice Futuridade do

Tarefa 2.2: Seleção dos Indicadores (variáveis do modelo)

Teve como objetivo selecionar um conjunto de indicadores que sejam relevantes na monitoração e avaliação das políticas e práticas para tornar as cidades amigas dos idosos. A identificação e seleção dos indicadores partiu da conceptualização de envelhecimento ativo da OMS, adotando como dimensões do modelo, os três pilares da estrutura política para o conceito, quais sejam: Segurança, Saúde e Participação. Para cada dimensão foram então identificados temas e indicadores.

A identificação dos indicadores foram buscadas através da pesquisa bibliográfica por dados secundários em bases de dados de organismos de estatísticas oficiais e seus diversos inquéritos (censo, inquérito nacional de saúde, inquérito às famílias, dados das câmaras municipais, etc.), documentos e iniciativas desenvolvidas pelos organismos nacionais e internacionais, como ONU, OMS, OCDE, UE, EUROSTAT, INE,entre outros.

Os critérios adotados na seleção dos indicadores foram:

 Coerência com a realidade local;

 Relevância política;

 Clareza na comunicação;

 Capacidade de mensuração ao longo do tempo;

 Consistência científica;

 Confiabilidade da fonte; e,

 Capacidade de síntese do indicador.

Outro motivador na escolha dos indicadores foi sua disponibilidade para todos os municípios do continente português.

Tarefa 2.3: Formação da Equipa de Especialistas

O objetivo desta tarefa foi formar uma equipa multidisciplinar capaz de contribuir na construção e validação do modelo conceptual do IDCAI.

O conceito de especialista aqui adotado, conforme Esher et al. (2012), é aquele que possui experiência, habilidade ou determinados conhecimentos técnicos, científicos ou práticos sobre um tema específico. Nesta perspetiva ampliada, o conceito de especialista inclui desde a experiência académica até a vivência de pessoas bem informadas comprometidas com a questão estudada.

O critério de inclusão do especialista foi a área de pesquisa/atuação e sua ligação à temática, além de se buscar uma composição que atendesse a uma paridade entre pesquisadores e pessoal com vivência e atuação prática e que desempenham ou desempenharam atividades ligadas à temática do envelhecimento populacional.

Para a definição do quantitativo de especialistas a participar na validação dos indicadores, foi adotada a amostragem não probabilística intencional ou objetiva, onde foram convidados dois especialistas de cada uma das seguintes áreas de atuação: Demografia, Direito, Estatística, Gestão Pública, Planeamento Urbano, Saúde (medicina, enfermagem e

psicologia), Segurança Ocupacional e Viária, e Sociologia do Envelhecimento, perfazendo um total de 20 especialistas.

Tarefa 2.4: Análise e Validação dos Indicadores pelos Especialistas

Esta tarefa tinha como objetivo principal definir a relevância dos indicadores ao modelo conceptual, além de definir a relação de cada indicador com o índice.

Para a consulta aos especialistas fez-se uma adaptação do “Método de Validação de Conteúdo” de Fehring (1987), conforme aplicado por Almeida, Seganfredo & Unicovsky (2010) na “validação de indicadores para classificação de resultados de enfermagem para pacientes com problemas ortopédicos”. A técnica consistiu na construção de um questionário (anexo A), em escala likert de cinco pontos, onde os especialistas receberam a proposta do modelo conceptual, sendo solicitado que julgassem a relevância e relação dos indicadores ao modelo conceptual.

Nos questionários com Escala Likert (Quadro 9) os entrevistados especificam seu nível de concordância com uma afirmação proposta em um item do questionário (assertiva atitudinal), mediante um critério que pode ser objetivo ou subjetivo. Assim, se mede o nível de concordância ou não concordância à afirmação proposta (Matthiensen, 2011).

Quadro 9 – Escala likert de validação do modelo conceptual

Não Relevante Pouco Relevante Relevante Muito Relevante Extremamente Relevante

1 2 3 4 5

O pressuposto na aplicação deste método de validação é que o julgamento coletivo, ao ser bem organizado, é melhor que a opinião de um só indivíduo.

O instrumento de coleta de dados foi entregue pessoalmente aos especialistas pelo pesquisador, tendo sido por meio informático (email) em apenas 2 casos, onde se explicou os objetivos da pesquisa, como deveria ser preenchido o questionário e esclareceram-se dúvidas. O prazo para a devolução do instrumento foi pactuado com cada especialista de acordo com sua disponibilidade. Esta tarefa foi realizada nos meses, de junho, setembro e outubro de 2012.

Para a adequação dos indicadores os dados foram analisados por estatística descritiva. Utilizou-se a média aritmética ponderada das notas atribuídas pelos especialistas para cada indicador, em que se consideraram os seguintes pesos para o cálculo dos valores, de acordo com o método de validação de conteúdo de Fehing (Quadro 10):

Quadro 10 – escala de ponderação na validação dos indicadores do modelo conceptual

Valor 1 2 3 4 5

Peso 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Na classificação dos indicadores, adotou-se a seguinte escala: os indicadores com média ponderada ≥ 0,80 foram classificados como indicadores principais; os indicadores com média ponderada maior que 0,60 e menor que 0,80 (0,60 < x < 0,80), como indicadores

suplementares; os indicadores com média ponderada ≤ 0,60 foram descartados. Cabe destacar que a escala adotada por Fehring (1987) aplica o descarte para os valores ≤ 0,50. Porém, na tentativa de uma aplicação mais rigorosa, adotou-se, para esta pesquisa, os valores ≤ 0,60 para descarte dos indicadores.

Análise de confiabilidade do instrumento de validação

Nesta pesquisa, buscou-se estimar a confiabilidade da consistência interna do questionário e também a estimativa da confiabilidade entre avaliadores, a partir da análise do coeficiente Alfa (α) de Cronbach. Essa técnica foi apresentada em 1951 por Lee J. Cronbach como uma das estimativas da confiabilidade de um questionário que tenha sido aplicado em uma pesquisa (Hora, Monteiro & Arica, 2010).

O uso de medidas de confiabilidade, como o α de Cronbach, não garante unidimensionalidade ao questionário, mas assume que ela existe. A unidimensionalidade é uma caraterística de um conjunto de indicadores que tem apenas um conceito em comum (Hair Junior et al., 2005).

De uma forma geral, o Coeficiente α de Cronbach mede a correlação entre as respostas em um questionário através da análise do perfil das respostas dadas pelos avaliadores (Hora, Monteiro & Arica, 2010). É calculado a partir do somatório da variância dos itens individuais e da soma da variância de cada avaliador, pela expressão (9):

Onde:

k – corresponde ao número de itens (perguntas) do questionário; Si2 – corresponde à variância de cada item;

St2 – corresponde à variância total do questionário.

Os valores de α variam de 0 a 1 e, quanto mais próximo de 1, maior confiabilidade. Segundo alguns pesquisadores ainda não existe um consenso acerca da interpretação da confiabilidade de um questionário obtida a partir do valor deste coeficiente (Martins et al., 2011; Hora, Monteiro & Arica, 2010; Gliem & Gliem, 2003). Assim, quanto menor for a soma das variâncias dos itens (Si2) relativamente à variância total dos sujeitos (St2), mais o coeficiente se aproxima de 1, significando ser mais consistente e, consequentemente, mais fiável o instrumento (Maroco & Garcia-Marques, 2006, p.73).

George e Mallery (2003, p.231), sugerem a classificação da confiabilidade a partir do cálculo do α de Cronbach de acordo com os limites apresentados no Quadro 11.

Quadro 11 – Classificação da confiabilidade a partir do coeficiente α de Cronbach

Confiabilidade Inaceitável Questionável Aceitável Boa Excelente

Valor de Alfa (α) α ≤ 0,50 0,50 < α ≤ 0,60 0,60 < α ≤ 0,80 0,80 < α ≤ 0,90 α > 0,90 Fonte: George & Mallery (2003, p. 231)

De acordo com a tabela acima, é possível considerar como satisfatórios os questionários que apresentem valor de α > 0,60. Entretanto, valores superiores de alfa poderão indicar graus de confiabilidade ainda melhores e a decisão a respeito do valor mínimo de confiabilidade de um questionário fica a critério do pesquisador (Freitas e Rodrigues, 2005).

Tarefa 2.5: Relação do Indicador com o modelo conceptual (positiva ou negativa)

A relação de cada indicador com o modelo conceptual foi identificada pelos especialistas de acordo com o comportamento do indicador, sendo que, se aumentar o seu valor, favorece ou desfavorece o desempenho da cidade.

A relação será positiva ao se verificar que, quanto maior o indicador melhor o índice e quanto menor o indicador pior o índice. Por outro lado, a relação será negativa quando se observar que, quanto maior o indicador pior for o índice e, quanto menor o indicador, melhor o índice (Martins e Cândido, 2008, p.47).